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O dia em que fui impedido de embarcar num voo da Emirates

Por Filipe Morato Gomes | Aviação Inspiração
Atualizado em 5.05.2023 | Tempo de leitura: 5 minutos

Cartão de crédito
Pormenor de um cartão de crédito

Já lhe aconteceu chegar ao aeroporto e não o deixarem embarcar no voo porque o seu bilhete foi comprado com o cartão de crédito de outra pessoa (esposa, marido, patrão, amigo)?

A mim já. E não é bom. Esta é a história de uma noite negra no aeroporto de Kuala Lumpur.

Estava a caminho do Irão em trabalho, para liderar mais uma edição da viagem Segredos da Pérsia da Nomad. De Bali, a ilha dos deuses, tinha apanhado um voo low cost para Kuala Lumpur onde, algumas horas depois, deveria embarcar num avião da Emirates rumo a Teerão, com escala no Dubai. E digo “deveria” porque, na verdade, não me deixaram embarcar.

Foram, provavelmente, as duas horas mais frustrantes (e dispendiosas) que já passei num aeroporto. Deixem-me contar o que aconteceu, em Kuala Lumpur, nesse dia de abril de 2012.

Faltavam cerca de duas horas para a partida do voo EK343 com destino ao Dubai. Dirigi-me ao balcão de check-in da Emirates, apresentei como habitualmente o meu passaporte e aguardei. Quando a funcionária me pediu o cartão de crédito usado para pagar o bilhete comprado online, respondi com naturalidade: “Foi comprado pela empresa, por isso não tenho o cartão comigo”.

Estranhei um pouco quando ela sugeriu que eu aguardasse até que o supervisor chegasse, mas sentei-me nos bancos mais próximos do check-in e esperei. Não me ocorreu que estivessem mesmo dispostos a impedir-me de embarcar no voo. No fim de contas, a passagem aérea tinha sido comprada pela Nomad e eu viajava ao serviço da agência. Não havia qualquer fraude.

Eram talvez onze da noite. Ao fim de 30 minutos, o supervisor da Emirates apareceu no balcão, a funcionária pô-lo a par do problema e eu reapareci tranquilamente.

Foi então que ele me disse: “Se não me mostrar o cartão de crédito não o poderei deixar embarcar“. Justificou-se com o facto de esse ser um procedimento da companhia para prevenir as fraudes online e que, aliás, a informação era “visível” durante o processo de compra em www.emirates.com.

“Mas o bilhete foi comprado pela empresa onde trabalho”, repeti o argumento. “O cartão de crédito utilizado não é meu, é da empresa”, insisti, tentando fazer ver que, dadas as circunstâncias, estranho seria se eu tivesse um cartão que não era meu na minha posse. O argumento não o demoveu.

Sugeri telefonar ao proprietário do cartão para ele atestar a ausência de qualquer fraude, mas o supervisor mostrou-se irredutível. “Só se ligar para a central de reservas mundial e lá autorizarem; eu aqui não posso fazer nada”. Foi quando percebi que a situação era mesmo séria.

Daí a 72 horas um grupo de viajantes contava comigo no aeroporto Imam Khomeini para iniciarmos duas semanas de viagem pelo Irão, e ali estava eu em Kuala Lumpur sem conseguir embarcar para Teerão.

Liguei à agência a explicar o problema. Enviei o número de contacto da central de reservas e abri o computador portátil em cima do balcão do check-in. A situação tornou-se um pouco surreal: em Portugal, o Pedro Gonçalves, da Nomad, ligava para o contact center da Emirates provavelmente instalado algures na Índia, ao mesmo tempo que me informava de todos os passos via Skype, em tempo real, a mim que estava no balcão de check-in com o portátil aberto e auscultadores nos ouvidos, enquanto, do outro lado do balcão o supervisor aguardava impávido, limitando-se a confirmar, a espaços, que nada podia fazer sem autorização da central de reservas.

Longos minutos depois, a informação mais temida chegou via Skype: “eles insistem que não podem fazer nada, só se o supervisor autorizar”. Passo imediatamente a mensagem ao supervisor, que reage negativamente, repetindo que sem cartão de crédito não poderá ser facilitado o embarque. Que “eles” é que tinham de autorizar. Estava num beco sem saída, faltavam 65 minutos para a partida do avião e o check-in estava, nesta altura, praticamente a fechar.

“Só se comprar outro bilhete“, sugeriu. Tinha de ser rápido a decidir.

Deu-me um preço de 1.500 €, cerca do dobro da passagem aérea original. Sem alternativas aparentes, e com a anuência do pessoal da Nomad que continuava online via Skype, assenti, com a esperança que o custo do voo inicial pudesse ser recuperado depois.

A 60 minutos da hora do voo, dirigi-me ao balcão de venda da Emirates, metros adiante, já com a nova reserva confirmada. Bastava pagar com o meu cartão de crédito para a situação ficar resolvida e finalmente rumar a Teerão. Mas havia um cliente a ser atendido que nunca mais se despachava: 2 minutos; 5 minutos; o tempo parecia uma eternidade. Ironia das ironias, eram os seus cartões de crédito que estavam a ser recusados pelo terminal de pagamento.

Enquanto esperava e desesperava vendo o tempo a passar, tive uma ideia. Reabri o portátil e entrei no site do Skyscanner para ver as hipóteses de voos naquele mesmo dia para Teerão. Era apenas uma espécie de descargo de consciência, mas a surpresa veio segundos depois: Qatar Airways, 730€, ida e volta, daí a poucas horas. Bingo! Era metade do preço pedido pela Emirates.

Pela primeira vez, sorri ao balcão da Emirates. Dirigi-me ao supervisor e disse-lhe que tinha mudado de ideias e não ia embarcar naquele voo. Cumprimentámo-nos cordialmente (mas com vontade de o esganar) e afastei-me. Era uma espécie de mal menor.

Moral da história?

Pague os voos com um cartão de crédito seu (e leve-o consigo), ou compre os bilhetes a uma agência de viagens

Ter um bilhete comprado online por outra pessoa (e pago com o seu próprio cartão de crédito) foi, porventura, um erro incompreensível para um viajante experiente. Mas a verdade é que pode acontecer a qualquer um.

Basta estar na pele de alguém a quem ofereceram um voo, pago online com cartão de crédito. E não faltam situações em que isso pode acontecer. Pais em comemoração de bodas de prata a quem foi oferecida uma viagem; filhos adolescentes em férias depois de um ano escolar bem-sucedido; um voo para lua-de-mel oferecido por um grupo de amigos; ou mesmo um funcionário em viagem de trabalho cujo voo foi tratado pela empresa.

Com o argumento das fraudes, muitas companhias avisam expressamente que “o cartão de crédito deve estar em nome de um dos passageiros”. Mas, até essa noite, nunca pensei que a regra fosse seguida de forma tão rigorosa ao ponto de proibir um passageiro de embarcar. Agora já sei.

Desde então, nunca mais deixei que alguém comprasse os meus voos.

Este post refere-se ao caso em que outra pessoa paga o seu voo. Se for uma agência de viagens a emitir os voos, não tem qualquer problema, porque a questão do cartão de crédito não se coloca na relação da agência de viagens com a companhia aérea.

O episódio acabou comigo a comprar um voo da Qatar Airways e a embarcar duas horas depois para Teerão. O dinheiro do bilhete da Emirates nunca chegou a ser devolvido.

Já lhe aconteceu algo semelhante? Estou curioso… 🙂

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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