Está a tentar perceber se o Japan Rail Pass compensa? Pois bem, na hora de calcular quanto custa viajar no Japão, o preço do Japan Rail Pass pode assustar. Para ser honesto, comprar ou não o Japan Rail Pass foi das decisões mais demoradas e complexas que tive de tomar no planeamento da viagem ao Japão.
Felizmente, já sei a resposta: para a maioria dos casos, o passe para os comboios japoneses é indispensável (como diz o título do artigo!). Mas vou tentar ajudá-lo a tomar a melhor decisão, em função do seu roteiro no Japão. Vamos a isso.
O que é o Japan Rail Pass?
O Japan Rail Pass é um passe de comboios válido durante um período de 7, 14 ou 21 dias consecutivos, criado especificamente para viajantes estrangeiros que pretendam visitar o Japão com um visto de turismo (o chamado visto “visitante temporário”).
Serve, por isso, única e exclusivamente para fins turísticos e tem de ser comprado antes de chegar ao Japão. Se viaja com um visto de negócios não pode usar o Japan Rail Pass.
Quanto custa o Japan Rail Pass
O Japan Rail Pass não é barato. Atualmente, os preços (em Euros) são os seguintes:
- JR Pass 7 dias: 309€
- JR Pass 14 dias: 494€
- JR Pass 21 dias: 617€
Vale a pena comprar o JR Pass?
Conseguir responder a esta questão é uma das razões porque é tão importante definir um roteiro de viagem no Japão com os locais que quer visitar. Tendo o itinerário definido, tudo o que tem de fazer são contas.
Para isso, aceda ao site da HyperDia e some o preço de todas as deslocações de comboio que terá de fazer. Compare com o preço do JR Pass aplicável (7, 14 ou 21 dias) e decida-se pela opção mais barata.
Eis as situações em que utilizei o Japan Rail Pass durante a minha viagem ao Japão.
VIAGENS | PREÇO |
JR Metro em Tóquio | ¥1 600 |
Tóquio – Nikko – Tóquio | ¥9 900 |
Tóquio – Nagano | ¥6 600 |
Nagano – Matsumoto | ¥2 300 |
JR Bus em Kanazawa | ¥600 |
Kanazawa – Himeji | ¥9 400 |
Himeji – Hiroshima | ¥7 800 |
Hiroshima – ferry para Myiajima – Hiroshima | ¥1 200 |
Hiroshima – Kyoto | ¥10 500 |
JR Bus em Kyoto | ¥230 |
JR Train em Kyoto | ¥1 920 |
Kyoto – Nara – Kyoto | ¥1 420 |
Kyoto – Inari – Kyoto | ¥280 |
Kyoto – Osaka | ¥1 210 |
JR Metro em Osaka | ¥480 |
Osaka – aeroporto | ¥500 |
TOTAL | ¥55 940 |
Pelos meus cálculos, assumindo que viajaria nos mesmos comboios e autocarros caso não tivesse o passe, teria gasto ¥55.940 por pessoa. Com o preço do JR Pass fixado em ¥46.390, significa que poupei quase ¥10.000 por pessoa (equivalente a 82€) por ter comprado o Japan Rail Pass. Não é muito, mas é dinheiro.
Numa perspetiva mais realista, é evidente que, se não tivesse o passe, haveria vezes em que teria optado por viajar em comboios locais (em vez de usar os Shinkansen) ou em autocarros noturnos para poupar dinheiro. Ou seja, a poupança seria menor – o valor exato depende de quão disposto estaria a abdicar em termos de conforto (viagens noturnas) e de tempo (os comboios locais demoram mais).
Dito isto, há quem defenda que o Japan Rail Pass só compensa se viajar depressa; e que uma combinação de passes regionais e viagens de autocarro permite poupar dinheiro em viagem. Até porque alguns passes regionais permitem viajar em dias não consecutivos.
Como já percebeu, na verdade, decidir se compensa ou não comprar o JR Pass é uma questão matemática. Depende, fundamentalmente, do ritmo, da duração e do itinerário da viagem no Japão. Eu acabei por comprar o JR Pass porque, pelas minhas contas, compensava. Mas isso nem sempre acontece.
Visto à posteriori, estou contente com a minha escolha mas, para o JR Pass compensar ao máximo, o ideal seria a viagem ter 14 ou 21 dias e gostar de mudar de cidade rapidamente. No seu caso, se lhe parecer que não compensa considere, como alternativa, os passes regionais. Durante algum tempo, antes de optar definitivamente por comprar o Japan Rail Pass, pensei seriamente em apostar num ou noutro passe regional.
Dicas para calcular se compensa comprar o Japan Rail Pass
Eis algumas coisas que tive em conta na hora de decidir se valia ou não a pena comprar o Japan Rail Pass:
- Como a duração da minha viagem não era exatamente de 14 ou 21 dias, fixei como referência o passe de duas semanas. Para os cálculos, verifiquei que, caso o comprasse, era mais vantajoso não o ativar nos primeiros dias (ou seja, usava o passe nos últimos 14 dias de viagem). A ideia era conhecer Tóquio nos primeiros dias e, por isso, o prejuízo era mínimo.
- Enquanto o passe não fosse ativado, não iria fazer passeios para fora de Tóquio; assim que o passe ficasse válido, iria a Nikko.
- Eu queria percorrer a rota Matsumoto – Okuhida Onsen – Takayama – Shirakawa-go – Kanazawa, que não estava abrangida pelo JR Pass. Teria poupado muito dinheiro se tivesse ajustado o meu itinerário em conformidade e não tivesse visitado os Alpes Japoneses, mas nunca considerei verdadeiramente essa hipótese porque era uma região que queria muito conhecer.
- Após uma alteração forçada das datas dos voos, que me impediria de visitar o Monte Koya, acabei por incluir Hiroshima no roteiro da minha viagem ao Japão. Só a partir deste momento o Japan Rail Pass passou indubitavelmente a compensar.
Onde comprar o Japan Rail Pass
O Japan Rail Pass serve unicamente para fins turísticos e tem de ser comprado antes de viajar para o Japão.
Felizmente, há empresas idóneas que permitem comprar o Japan Rail Pass online, de forma fácil e em perfeita segurança. Há uma empresa chamada JR Pass que recomendo. Eles têm inclusivamente um site em português, muito útil, com respostas à maioria das questões que eu tinha. Ajudou-me muito a esclarecer qual dos passes era o mais indicado para mim (se o JRP ou os passes regionais).
O Japan Rail Pass chegou a minha casa ao fim de dois dias úteis, via FedEx, sem qualquer complicação ou problema. Trazia, ainda, um guia gratuito chamado Japan by Train – Travel Guide, que me pareceu muito útil. Para os interessados, o site em português é www.jrpass.com/pt-pt.
Na verdade, gostei tanto do site que decidi incluí-lo na lista dos sites fundamentais para planear uma viagem ao Japão. Se decidir comprar o Japan Rail Pass, recomendo esta empresa (use o link abaixo).
Dicas para usar o Japan Rail Pass
Como ativar o Japan Rail Pass
O processo de troca do voucher pelo Japan Rail Pass final é muito simples.
Pode fazê-lo à chegada ao aeroporto, nomeadamente nos aeroportos de Narita e Osaka. Ou posteriormente nas maiores estações de comboio de Tóquio, Kyoto, Osaka ou outras cidades servidas pela JR. Eu ativei-o depois, numa estação de Tóquio.
Em qualquer dos casos, deverá dirigir-se aos balcões da JR dedicados ao Japan Rail Pass e trocar o voucher pelo passe final. Nessa altura, terá de mostrar o passaporte (o nome escrito no Japan Rail Pass tem de ser exatamente igual ao do passaporte) e indicar a data em que pretende começar a usar o passe.
Quer isto dizer que, se a sua viagem tiver, por exemplo, 18 dias, pode ativar imediatamente o JR Pass de 14 dias (assumindo que comprou esse) em Narita e usá-lo para ir do aeroporto para o centro de Tóquio; ou indicar como data de início o quarto dia de viagem e nesses primeiros quatro dias pagar as viagens à parte.
Como são contados os dias de uso
A validade do Japan Rail Pass é contada em dias de calendário; e não por períodos de 24 horas a seguir à ativação. Assim, independentemente da hora a que começar a usar o passe (primeiro comboio), a validade termina sempre às 23:59 do último dia.
Por exemplo, se tiver um Japan Rail Pass de 14 dias e usar o primeiro comboio às 17:30 do dia 10 de abril, a validade termina às 23:59 de 23 de abril (e não às 17:30 do dia 24).
Procedimentos nas estações
Os comboios no Japão são incrivelmente eficientes e partem quase sempre no horário (na minha viagem de 18 dias ao Japão, apenas uma vez um comboio se atrasou). Além disso, nas principais estações do país, como Tokyo Station, Shinjuku ou Shin-Osaka, os edifícios são tão monumentais que, apesar da boa sinalização, pode demorar algum tempo a chegar à plataforma correta.
Dito isto, tendo o Japan Rail Pass na mão, não pode utilizar os torniquetes de acesso às plataformas. Tem de usar as passagens laterais e mostrar o passe aos fiscais (que, regra geral, olham apenas para confirmar a data de validade e mandam prosseguir).
Serve isto para aconselhar a chegar com alguma antecedência para não perder o comboio, especialmente no caso de querer reservar lugar.
Que comboios pode usar com o JR Pass
O Japan Rail Pass dá acesso a quase todos os comboios da operadora Japan Railways (JR) em todo o Japão. Mas há exceções. Ficam de fora os mais rápidos de todos os Shinkansen (os comboio-bala), como o Nozomi e o Mizuho.
Mais importante, o passe não permite usar comboios em linhas privadas. Ou seja, se viajar em rotas onde a empresa JR não opere, terá de pagar bilhete à parte; mesmo se tiver comprado um Japan Rail Pass.
Dito isto, na prática, o Japan Rail Pass cobre a maior parte das viagens num roteiro tradicional no Japão; incluindo as daytrips de Tóquio até Nikko e Kamakura, e de Kyoto até Nara. Mas não cobre uma ida ao Monte Koya, paragem habitual em muitos roteiros de duas semanas no Japão, nem permite fazer o troço Takayama – Shirakawa-go – Kanazawa.
A título exemplificativo, eis um roteiro onde o Japan Rail Pass funciona na perfeição: Tóquio – Nagano – Kanazawa – Himeji – Hiroshima – Miyajima – Osaka – Kyoto.
Reservar ou não reservar lugar nos comboios
A maioria dos comboios rápidos usados por turistas, incluindo os Shinkansen, têm dois tipos de carruagens: as exclusivamente compostas por lugares reservados, e aquelas que só têm lugares livres. No caso dos comboios locais, é raro haver lugares reservados.
Na minha viagem ao Japão, eu quase nunca reservei lugar. E tive sempre lugar sentado. Na maioria das vezes em que cheguei com antecedência às estações de caminho-de-ferro e tentei reservar, acabei por desistir porque estava a demorar bastante tempo e eu preferi arriscar viajar sem lugar marcado, em vez de esperar pelo comboio seguinte e ter lugar reservado (os comboios são muito frequentes). Poderá sentar-se em qualquer lugar livre nas carruagens marcadas como non reserved.
Dito isto, se viajar de comboio nos dias feriados ou em época alta (época da sakura ou durante a Golden Week, por exemplo), talvez seja mais seguro garantir um lugar sentado. Para reservar, basta dirigir-se aos balcões de reserva das estações de caminho-de-ferro nas linhas JR e apresentar o JR Pass. Não tem qualquer custo adicional.
Instalar app Hyperdia by Voice
Para descobrir quais os melhores comboios para usar com o Japan Rail Pass, o melhor método é instalar a HyperDia. É uma app absolutamente fundamental.
Use o JR Pass nos autocarros
Talvez não saiba mas o Japan Rail Pass também pode ser usado nos autocarros urbanos das empresas JR (mas não nos autocarros expresso). Eu não sabia! No terreno, acabei por usar autocarros JR nas cidades de Kanazawa e Kyoto – mesmo não sendo uma poupança significativa, permitiu diminuir em alguns euros o custo da viagem no Japão.
Conclusão
Espero que esta informação seja útil. Faça as suas contas e decida em conformidade. E, se optar por comprar o Japan Rail Pass, utilize o site www.jrpass.com, com versão em português para facilitar. Regra geral, o processo de compra decorre de forma intuitiva e eficiente – e costuma ser muito elogiado por isso mesmo.
Nota sobre a internet no Japão
Por algum motivo, as empresas que vendem o Japan Rail Pass alugam também dispositivos para ter Wi-fi durante a viagem ao Japão. Pode parecer estranho que um país tão desenvolvido não tenha uma rede de Wi-fi disponível nas cidades, ou mesmo em cafés e restaurantes, mas a verdade é que é mesmo assim.
Até há pouco tempo, a solução era alugar um Pocket Wi-fi durante a estada em terras japonesas. Não era barato, mas era a única solução.
Felizmente, nos últimos anos surgiram empresas que oferecem cartões telefónicos virtuais a preços competitivos. É, atualmente, uma forma mais prática de ter internet no Japão. Assim, atualmente recomendo comprar um eSim da Holafly (tem 5% de desconto usando este link), não só por ser muito prático mas também por oferecer dados móveis ilimitados.
Seguro de viagem para o Japão
Os cuidados de saúde no Japão são extremamente caros, pelo que é fundamental ter um seguro de viagem com boas coberturas para diminuir o prejuízo em caso de doença ou uma eventual hospitalização.
Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens. Tem cobertura para COVID-19, não tem limite de idade nem franquias, cobre até 1.000.000€ (um milhão) em gastos médicos e não é preciso adiantar dinheiro em consultas ou hospitalização. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos do mercado, ideais para viajar no Japão.