De todas as viagens que já fiz, aquela que requereu um planeamento mais preciso foi, sem dúvida alguma, a recente viagem de 18 dias ao Japão. Primeiro, porque as opções de itinerário são quase infinitas e é preciso fazer escolhas difíceis; depois porque convém reservar alojamento com antecedência (logo, é preciso definir um itinerário); não menos relevante, porque todas as estações do ano são diferentes e apelativas; por último, é preciso decidir se, em função do itinerário, vale ou não a pena comprar o Japan Rail Pass.
É precisamente sobre estes – e outros – pontos que me quero debruçar neste post, para o ajudar a planear a sua viagem ao Japão e perder menos tempo à procura de informação.
Planear viagem ao Japão: por onde começar
Decidir quando ir ao Japão
Antes de mais, tenha consciência que o Japão tem quatro estações do ano bem vincadas, cada uma com a suas características, vantagens e desvantagens. Se tiver essa flexibilidade, deve adaptar a época do ano em função dos destinos a visitar e/ou atividades que quer presenciar.
Eu optei por viajar no inverno e não me arrependo, apesar de haver coisas que gostaria de ter feito ou visto caso tivesse viajado noutra época do ano. Ou seja, quando voltar ao Japão, provavelmente fá-lo-ei na primavera ou outono, tentando ainda assim fugir do pico máximo do turismo por causa de eventos como a sakura ou a koyo.
Como é natural, algumas atividades têm épocas específicas que deverá ter em conta na hora de decidir quando visitar o Japão:
- Se pretende subir o Monte Fuji, terá de o fazer entre 1 de julho e 31 de agosto;
- Para assistir à sakura no Japão (o espetáculo das cerejeiras em flor), abril é em teoria o melhor mês;
- Para a igualmente famosa koyo (ver as cores das folhas de outono), planeie a viagem para fim de setembro ou outubro;
- Para evitar multidões, a época que vai do início de novembro a meados de dezembro é uma excelente opção;
- Para atividades invernais, como fazer esqui, escolha janeiro e fevereiro;
- Se visitar os macacos das neves em Jigokudani é uma prioridade, escolha também os meses de inverno (a partir de meados de dezembro começa regra geral a nevar na região);
- Seja como for, evite viajar para o Japão durante os meses de julho e agosto (é um período demasiado quente e húmido).
Como definir um itinerário
Uma das principais dificuldades que senti ao planear a viagem ao Japão foi a definição do itinerário. Há tantas opções que, sendo o tempo limitado, é inevitável deixar coisas muito interessantes de fora.
No meu caso, acabei por cortar nos macacos das neves (apesar de depois lá ter ido) e na ida ao Monte Koya – decisão que, até hoje, não sei se foi a melhor. Mas foi a única possível, já que a Turkish Airlines alterou as datas dos meus voos quando já tinha todos os alojamentos marcados. O último dia da viagem, dia em que era suposto ir a Koyasan, foi cortado. E tirar dias a Kyoto não me pareceu boa solução.
Serve este exemplo para enfatizar que vai sempre deixar coisas de fora. Mentalize-se.
Preparei um texto com o roteiro da minha viagem de 18 dias ao Japão, onde explico detalhadamente o que fiz durante esse período. Vai ajudá-lo a tomar decisões!
Quantos dias deve ficar em Tóquio e Kyoto
Ainda a propósito da definição do roteiro de viagem, uma das grandes dúvidas que me ocorreu durante o planeamento foi quanto tempo destinar às duas principais bases da viagem: Tóquio e Kyoto.
Eu gosto de viajar devagar mas, como é natural, nem sempre é possível ficar tantos dias quanto desejaria. Sendo prático:
- No caso de Tóquio, e incluindo dois destes três passeios para fora da cidade – Nikko, Kamakura e/ou Monte Fuji -, acho que precisa de ficar pelo menos cinco noites na capital japonesa. Caso fique menos, terá de cortar nos passeios exteriores à cidade e/ou limitar os bairros a visitar em Tóquio. Veja o roteiro de 5 dias em Tóquio.
- No caso de Kyoto, e incluindo pelo menos um passeio de um dia a Nara, cinco noites são fundamentais. Kyoto é uma cidade deslumbrante mas só com o tempo consegue penetrar debaixo da sua pele. Se tiver uma semana, fique uma semana – não se vai arrepender! Veja o que fazer em Kyoto.
Japan Rail Pass: calcular se vale a pena
Os transportes no Japão são caros. Muito caros. Viajar de Shinkansen, o comboio-bala japonês, é uma boa experiência, mas uma viagem entre Tóquio e Kyoto no Shinkansen pode custar ¥13.080 (mais de 100€), pelo que é necessário ponderar bem as deslocações e respetivo custo. E é aqui que entra o Japan Rail Pass, uma das principais razões por que é tão importante definir um roteiro e fazer contas.
O passe é vendido apenas no estrangeiro (não pode comprar o Japan Rail Pass no Japão) e permite usar inúmeros comboios (não todos) dentro do Japão durante 7, 14 ou 21 dias. É caro, mas mesmo assim pode permitir poupar muito dinheiro. Mas também pode acabar por gastar mais do que se comprasse as viagens individualmente!
A pensar nessas dúvidas, preparei um guia para entender o que é e como funciona o Japan Rail Pass, onde apresento detalhadamente o meu caso, com contas viagem a viagem, e explico porque era para não ter comprado o Japan Rail Pass mas decidi fazê-lo quando mudei o meu itinerário. No final, explicito quanto poupei por ter comprado o passe. Mas nem sempre compensa (especialmente se considerar a hipótese de viajar de autocarro).
Alojamento (reservar com antecedência)
O Japão é seguramente um dos países onde vale a pena pesquisar hotéis até à exaustão, na tentativa de reduzir o orçamento de viagem. Na minha viagem ao Japão, uma vez tendo o roteiro definido, acabei por reservar todos os alojamentos com antecedência. E fi-lo por duas razões:
- Para aproveitar promoções esporádicas que aparecem no booking e conseguir quartos em hotéis acessíveis (o alojamento no Japão é caro)
- Para não ter de perder tempo a procurar hotéis durante a viagem
Como sabem, uso sempre o airbnb e o booking nas minhas viagens, e o caso do Japão não foi exceção. Dou primazia ao booking, porque quase sempre permite cancelar as reservas sem custos. E isso deve ser uma prioridade para permitir mudar o itinerário caso necessário.
Deixo, por isso, ligações para posts que o podem ajudar a tomar decisões importantes sobre onde ficar, nomeadamente nas grandes cidades de Tóquio e Kyoto. Acrescento alguns textos sobre hotéis que adorei e recomendo vivamente, e nos quais pode reservar à confiança porque valem mesmo a pena.
Quanto custa viajar no Japão
Esta é a “pergunta do milhão de dólares” e, como é óbvio, não tem uma resposta simples. Todos ouvimos dizer que o Japão é um destino de viagem muito caro, da mesma forma que ouvimos de quem o visitou que pode ser um país relativamente acessível. Tudo depende das escolhas, claro, mas nunca será tão barato como a Índia.
Ora, uma leitora pediu-me especificamente para desconstruir os custos de viagem no Japão e escrever um post sobre o assunto, e eu aceitei o desafio. Por essa razão, anotei todos os gastos da viagem, separados por categoria (dormida, transportes, comida, entradas em monumentos).
Com essa informação, deduzi os custos irrelevantes para o caso (prendas) e cheguei ao custo da minha viagem ao Japão, que pode usar como referência para a sua orçamentação. Para tornar o texto mais útil, elaborei ainda uma lista de itens onde poderia ter poupado dinheiro, e recalculei o custo da viagem sem esses pequenos luxos. Espero que seja útil.
Veja Quanto custa viajar no Japão.
Mais dicas para planear viagem ao Japão
O Japão é um país culturalmente muito distante de Portugal ou do Brasil. É uma sociedade muito respeitadora do próximo e da Natureza, com costumes muito enraizados que, para nós, podem parecer estranhos. Um exemplo: não há caixotes de lixo nas ruas. E tudo tem a sua razão.
Ora, convém que esteja familiarizado com este e outros pequenos pormenores, razão pela qual compilei uma lista de costumes japoneses que o vão surpreender (sabia, por exemplo, que não se fuma nas ruas? Ou que ninguém fala ao telemóvel nos transportes públicos?), e mais algumas dicas úteis para melhor usufruir da estadia em solo nipónico.
É disso exemplo a app HyperDia, de instalação obrigatória.
Sites úteis para planear uma viagem ao Japão
Para além, naturalmente, de todos os posts sobre o Japão publicados no Alma de Viajante, incluindo o já referido guia de Tóquio, aconselho a visita a alguns blogs que eu próprio utilizei durante o planeamento da viagem. Foram muito úteis para planear a viagem ao Japão (sites em inglês).
- Boutique Japan
- Japan Guide
- Inside Kyoto
- Truly Tokyo
- Tokyo Cheapo
- JRPass (em português)
Conclusão
Planear uma viagem ao Japão é um exercício exigente. Requer tempo, paciência e vontade. Há quem planeie muito e quem viaje ao sabor do vento mas, no caso do Japão, julgo que planear compensa. Para mim, aliás, o planeamento é uma parte quase tão agradável como a própria viagem. Pesquisar, encontrar lugares sobre os quais nunca tinha ouvido falar, decidir onde ir e o que fazer; mas deixando margem para o imprevisto e sem perder a espontaneidade para mudar tudo na estrada.
Com tudo isto, espero contribuir para que desfrute ao máximo da sua viagem ao Japão.
Seguro de viagem
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