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Planear viagem ao Japão: principais dificuldades e como ultrapassá-las

Por Filipe Morato Gomes
Maiko, Kyoto
Uma maiko (aprendiz de geisha) em Kyoto

De todas as viagens que já fiz, aquela que requereu um planeamento mais preciso foi, sem dúvida alguma, a recente viagem de 18 dias ao Japão. Primeiro, porque as opções de itinerário são quase infinitas e é preciso fazer escolhas difíceis; depois porque convém reservar alojamento com antecedência (logo, é preciso definir um itinerário); não menos relevante, porque todas as estações do ano são diferentes e apelativas; por último, é preciso decidir se, em função do itinerário, vale ou não a pena comprar o Japan Rail Pass.

É precisamente sobre estes – e outros – pontos que me quero debruçar neste post, para o ajudar a planear a sua viagem ao Japão e perder menos tempo à procura de informação.

Planear viagem ao Japão: por onde começar

Decidir quando ir ao Japão

Macaco das neves em Jigokudani, Japão
Um macaco das neves em Jigokudani, Japão

Antes de mais, tenha consciência que o Japão tem quatro estações do ano bem vincadas, cada uma com a suas características, vantagens e desvantagens. Se tiver essa flexibilidade, deve adaptar a época do ano em função dos destinos a visitar e/ou atividades que quer presenciar.

Eu optei por viajar no inverno e não me arrependo, apesar de haver coisas que gostaria de ter feito ou visto caso tivesse viajado noutra época do ano. Ou seja, quando voltar ao Japão, provavelmente fá-lo-ei na primavera ou outono, tentando ainda assim fugir do pico máximo do turismo por causa de eventos como a sakura ou a koyo.

Como é natural, algumas atividades têm épocas específicas que deverá ter em conta na hora de decidir quando visitar o Japão:

  • Se pretende subir o Monte Fuji, terá de o fazer entre 1 de julho e 31 de agosto;
  • Para assistir à sakura no Japão (o espetáculo das cerejeiras em flor), abril é em teoria o melhor mês;
  • Para a igualmente famosa koyo (ver as cores das folhas de outono), planeie a viagem para fim de setembro ou outubro;
  • Para evitar multidões, a época que vai do início de novembro a meados de dezembro é uma excelente opção;
  • Para atividades invernais, como fazer esqui, escolha janeiro e fevereiro;
  • Se visitar os macacos das neves em Jigokudani é uma prioridade, escolha também os meses de inverno (a partir de meados de dezembro começa regra geral a nevar na região);
  • Seja como for, evite viajar para o Japão durante os meses de julho e agosto (é um período demasiado quente e húmido).

Como definir um itinerário

Centro histórico de Kanazawa, Japão
Centro histórico de Kanazawa, uma das cidades que recomendo num roteiro de viagem ao Japão

Uma das principais dificuldades que senti ao planear a viagem ao Japão foi a definição do itinerário. Há tantas opções que, sendo o tempo limitado, é inevitável deixar coisas muito interessantes de fora.

No meu caso, acabei por cortar nos macacos das neves (apesar de depois lá ter ido) e na ida ao Monte Koya – decisão que, até hoje, não sei se foi a melhor. Mas foi a única possível, já que a Turkish Airlines alterou as datas dos meus voos quando já tinha todos os alojamentos marcados. O último dia da viagem, dia em que era suposto ir a Koyasan, foi cortado. E tirar dias a Kyoto não me pareceu boa solução.

Serve este exemplo para enfatizar que vai sempre deixar coisas de fora. Mentalize-se.

Preparei um texto com o roteiro da minha viagem de 18 dias ao Japão, onde explico detalhadamente o que fiz durante esse período. Vai ajudá-lo a tomar decisões!

Quantos dias deve ficar em Tóquio e Kyoto

Mulheres de kimono, Tóquio
Jovens usando os seus kimonos no santuário xintoísta Meiji Jingu

Ainda a propósito da definição do roteiro de viagem, uma das grandes dúvidas que me ocorreu durante o planeamento foi quanto tempo destinar às duas principais bases da viagem: Tóquio e Kyoto.

Eu gosto de viajar devagar mas, como é natural, nem sempre é possível ficar tantos dias quanto desejaria. Sendo prático:

  • No caso de Tóquio, e incluindo dois destes três passeios para fora da cidade – Nikko, Kamakura e/ou Monte Fuji -, acho que precisa de ficar pelo menos cinco noites na capital japonesa. Caso fique menos, terá de cortar nos passeios exteriores à cidade e/ou limitar os bairros a visitar em Tóquio. Veja o roteiro de 5 dias em Tóquio.
  • No caso de Kyoto, e incluindo pelo menos um passeio de um dia a Nara, cinco noites são fundamentais. Kyoto é uma cidade deslumbrante mas só com o tempo consegue penetrar debaixo da sua pele. Se tiver uma semana, fique uma semana – não se vai arrepender! Veja o que fazer em Kyoto.

Japan Rail Pass: calcular se vale a pena

Japan Rail Pass
Capa dos bilhetes Japan Rail Pass, enviados por correio para minha casa

Os transportes no Japão são caros. Muito caros. Viajar de Shinkansen, o comboio-bala japonês, é uma boa experiência, mas uma viagem entre Tóquio e Kyoto no Shinkansen pode custar ¥13.080 (mais de 100€), pelo que é necessário ponderar bem as deslocações e respetivo custo. E é aqui que entra o Japan Rail Pass, uma das principais razões por que é tão importante definir um roteiro e fazer contas.

O passe é vendido apenas no estrangeiro (não pode comprar o Japan Rail Pass no Japão) e permite usar inúmeros comboios (não todos) dentro do Japão durante 7, 14 ou 21 dias. É caro, mas mesmo assim pode permitir poupar muito dinheiro. Mas também pode acabar por gastar mais do que se comprasse as viagens individualmente!

A pensar nessas dúvidas, preparei um guia para entender o que é e como funciona o Japan Rail Pass, onde apresento detalhadamente o meu caso, com contas viagem a viagem, e explico porque era para não ter comprado o Japan Rail Pass mas decidi fazê-lo quando mudei o meu itinerário. No final, explicito quanto poupei por ter comprado o passe. Mas nem sempre compensa (especialmente se considerar a hipótese de viajar de autocarro).

Alojamento (reservar com antecedência)

Quarto de ryokan
Quarto do ryokan Minshuku Takizawa, nos Alpes japoneses

O Japão é seguramente um dos países onde vale a pena pesquisar hotéis até à exaustão, na tentativa de reduzir o orçamento de viagem. Na minha viagem ao Japão, uma vez tendo o roteiro definido, acabei por reservar todos os alojamentos com antecedência. E fi-lo por duas razões:

  • Para aproveitar promoções esporádicas que aparecem no booking e conseguir quartos em hotéis acessíveis (o alojamento no Japão é caro)
  • Para não ter de perder tempo a procurar hotéis durante a viagem

Como sabem, uso sempre o airbnb e o booking nas minhas viagens, e o caso do Japão não foi exceção. Dou primazia ao booking, porque quase sempre permite cancelar as reservas sem custos. E isso deve ser uma prioridade para permitir mudar o itinerário caso necessário.

Deixo, por isso, ligações para posts que o podem ajudar a tomar decisões importantes sobre onde ficar, nomeadamente nas grandes cidades de Tóquio e Kyoto. Acrescento alguns textos sobre hotéis que adorei e recomendo vivamente, e nos quais pode reservar à confiança porque valem mesmo a pena.

Reservar hotéis agora

Quanto custa viajar no Japão

Esta é a “pergunta do milhão de dólares” e, como é óbvio, não tem uma resposta simples. Todos ouvimos dizer que o Japão é um destino de viagem muito caro, da mesma forma que ouvimos de quem o visitou que pode ser um país relativamente acessível. Tudo depende das escolhas, claro, mas nunca será tão barato como a Índia.

Ora, uma leitora pediu-me especificamente para desconstruir os custos de viagem no Japão e escrever um post sobre o assunto, e eu aceitei o desafio. Por essa razão, anotei todos os gastos da viagem, separados por categoria (dormida, transportes, comida, entradas em monumentos).

Com essa informação, deduzi os custos irrelevantes para o caso (prendas) e cheguei ao custo da minha viagem ao Japão, que pode usar como referência para a sua orçamentação. Para tornar o texto mais útil, elaborei ainda uma lista de itens onde poderia ter poupado dinheiro, e recalculei o custo da viagem sem esses pequenos luxos. Espero que seja útil.

Veja Quanto custa viajar no Japão.

Mais dicas para planear viagem ao Japão

O Japão é um país culturalmente muito distante de Portugal ou do Brasil. É uma sociedade muito respeitadora do próximo e da Natureza, com costumes muito enraizados que, para nós, podem parecer estranhos. Um exemplo: não há caixotes de lixo nas ruas. E tudo tem a sua razão.

Ora, convém que esteja familiarizado com este e outros pequenos pormenores, razão pela qual compilei uma lista de costumes japoneses que o vão surpreender (sabia, por exemplo, que não se fuma nas ruas? Ou que ninguém fala ao telemóvel nos transportes públicos?), e mais algumas dicas úteis para melhor usufruir da estadia em solo nipónico.

É disso exemplo a app HyperDia, de instalação obrigatória.

Sites úteis para planear uma viagem ao Japão

Para além, naturalmente, de todos os posts sobre o Japão publicados no Alma de Viajante, incluindo o já referido guia de Tóquio, aconselho a visita a alguns blogs que eu próprio utilizei durante o planeamento da viagem. Foram muito úteis para planear a viagem ao Japão (sites em inglês).

Conclusão

Planear uma viagem ao Japão é um exercício exigente. Requer tempo, paciência e vontade. Há quem planeie muito e quem viaje ao sabor do vento mas, no caso do Japão, julgo que planear compensa. Para mim, aliás, o planeamento é uma parte quase tão agradável como a própria viagem. Pesquisar, encontrar lugares sobre os quais nunca tinha ouvido falar, decidir onde ir e o que fazer; mas deixando margem para o imprevisto e sem perder a espontaneidade para mudar tudo na estrada.

Com tudo isto, espero contribuir para que desfrute ao máximo da sua viagem ao Japão.

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Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.