Quando se olha da costa para o mar e se avista aquela massa rochosa, agarrada a terra apenas por uma língua de pedra, não se imagina o que lá está: um testemunho vivo da história grega, de Bizâncio à ocupação turca. O passado numa viagem a Monemvassia, no sul da península do Peloponeso, Grécia.
A fortaleza de Monemvassia
Do alto da fortaleza, onde subimos por uma curvilínea estradinha de pedra, a vista sobre o mar azul e liso é repousante.
Lá em baixo fica o casario que atravessámos: um bom punhado de igrejas e mesquitas, casas senhoriais, pátios decorados por jarrões de cerâmica de onde brotam buganvílias e gatos sonolentos, ruelas estreitíssimas e labirínticas com sombra permanente, o canhão que sobrou das muitas guerras, estacionado numa praça, restaurantes à sombra de parreiras.
Tudo rodeado por uma muralha que só tem um acesso; Moni Emvassis, de onde deriva o seu nome, significa mesmo “uma entrada”.
Cá em cima, onde zune o vento e quase nada sobra das casas protegidas pela fortaleza, reina a pedra, a mesma pedra amarela de que é feito o chão, de onde só nascem espontaneamente ervas douradas e cardos loiros. Velhas cisternas e ruínas da que foi a parte mais habitada da cidade espalham-se por todo o lado.
É difícil arranjar melhor cenário para um filme de época: damas de vestidos compridos e piratas turcos ficavam aqui a matar. Fundada no século VI pelos bizantinos, Monemvassia depressa se transformou num porto importante, mas os seus melhores anos tiveram lugar no século XIII, quando a cidade foi habitada por uma dúzia de famílias ricas, tendo sido a capital “de facto” do reino de Moreás, com uma população que chegou aos sessenta mil habitantes.
Mesmo depois da conquista do Peloponeso, Monemvassia conseguiu manter alguma independência com a ajuda de Veneza, mas em 1540 a derrota da frota veneziana transformou a cidade numa das mais importantes fortalezas turcas.
Hoje é caso único. Apesar do seu isolamento, que a protege dos turbilhões de turistas que invadem as ilhas gregas, a cidadela continua habitada todo o ano, o que lhe retira a atmosfera de museu que geralmente encontramos em locais históricos deste tipo. A ausência de praias apetecíveis selecciona os visitantes, trazendo para aqui os clássicos caçadores de história e os apreciadores de lugares calmos e com a classe que só chega com a patine dos séculos.
Mas o estridente sol grego e o movimento nas ruas não deixam parar os fantasmas dos ataques de piratas ou do massacre dos turcos quando da reconquista grega, em 1821.
As construções de pedra, perenes e austeras, são apenas testemunhos fiéis de todas as histórias da cidade, e estas continuam a acumular-se; só que agora são histórias sobre o prazer intenso de estar aqui e descobrir os seus recantos. Portas abertas abrem-se para pátios privados ou públicos, onde crescem buganvílias. Heras cobrem os muros altos e sinuosos que traçam o labirinto de ruelas estreitas e sombrias.
Se os fins-de-semana podem ser mais turbulentos, basta esperar pelo fim do dia para recuperar a paz que reina na velha cidade. As torres e cúpulas das igrejas, que antes eram mais de quarenta, destacam-se bem acima dos telhados vermelhos e na praça principal fica a mais antiga catedral medieval do país, que continuou em funções durante a ocupação turca.
Percorremos de novo o caminho que transforma a ilha numa península; é quase como caminhar sobre o mar. Ao longe, Monemvassia parece um enorme navio de pedra encalhado no tempo, transportando séculos de história.
Guia de viagens a Monemvassia
Este é um guia prático para viagens a Monemvassia, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região do Peloponeso.
Geografia do Peloponeso
Monemvassia é uma ilha transformada em península por uma estreita estrada, que substitui as antigas pontes de madeira, único acesso à fortaleza. Situa-se no Sul da península do Peloponeso, separada do resto da Grécia pelo estreito de Corinto.
O centro da península é constituído por colinas suaves, muito fértil e agrícola – as azeitonas de Kalamatá estão entre as melhores do mundo; o Norte, e também o Sul, onde se situa Monemvassia, são montanhosos e por vezes escarpados, mas há pequenas baías com praias de areia branca.
A fortaleza foi construída num gigantesco rochedo natural, a umas centenas de metros da costa, beneficiando assim de uma protecção natural contra os inimigos.
Como chegar a Monemvassia
Voar para Atenas pode ficar por cerca de 300 euros. Depois pode apanhar um autocarro no terminal que fica na Rua Kifissou, ou um autocarro até Esparta (Spárti), já na península do Peloponeso, onde pode ficar uma noite para visitar as ruínas bizantinas de Mystras. De Esparta saem, pelo menos, três autocarros diários. Existia um ferry directo do porto de Pireu (nos arredores de Atenas), mas aparentemente foi suspenso – pode sempre confirmar com o posto de turismo do aeroporto.
Alugar um automóvel para chegar a Monemvassia, visitando pelo caminho mais alguns dos inúmeros lugares históricos do Peloponeso (Micenas, Epidauro, Náfplio, etc.) é também uma excelente hipótese.
Hotéis em Monemvassia
Só há dois ou três hotéis na “rocha”, ficando os outros a um quilómetro ou pouco mais, “em terra”. Na fortaleza propriamente dita, o Hotel Malvasia (tel. 2732063007), a cerca de 300 metros da entrada, oferece o prazer de dormir numa das casas antigas recuperadas, com vista sobre o mar. Um duplo fica por cerca de 85 euros na época turística. Há mais opções na costa, por exemplo no Flower of Monemvassia (tel. 2732061391), na praia e com uma excelente vista sobre o rochedo. Um duplo fica por 80 euros na época alta.
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Gastronomia grega
Em Monemvassia há restaurantes muito agradáveis, como o Matoúla, o mais antigo, que tem uma bela esplanada, o To Kakoni e a Marianthas Taverna, para além de mais dois ou três cafés. A comida grega é excelente e abunda em peixe, queijo, azeite, vinho e legumes variados, para além de uma doçaria requintada. Qualquer lugar serve uma refrescante “salada grega”, de tomate, pepino, azeitonas e queijo feta.
Informações úteis sobre a Grécia
A Grécia é um dos países mais turísticos da Europa, onde toda a gente conhece algumas palavras de inglês. O custo de vida é equivalente ao do Algarve e não há bancos ou ATMs na cidadela, por isso terá de se prevenir em Atenas ou Esparta.
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