Esparta, Olímpia, Arcádia, Corinto, Micenas – se há lugares que já conhecemos de nome desde os bancos da escola, um bom punhado deles situa-se na península grega do Peloponeso. E quase de certeza que são os mais belos. Viagem ao Peloponeso, Grécia.
Sobre a península do Peloponeso
Pátra é a cidade mais importante da atraiçoada península do Peloponeso – transformada em ilha pelo canal de Corinto desde 1893 -, mas não é, certamente, a mais interessante. Aliás, mesmo as históricas Corinto ou Argos, apesar das monumentais ruínas, pouco têm para prender o visitante. E Esparta, por escolha dos seus próprios arquitectos, nunca teve grandes monumentos ou fortalezas, já que “são os homens, e não as muralhas, que fazem uma cidade”.
É preciso procurar nos lugares pequenos, e nas paisagens afastadas dos caminhos principais, a admirável conjugação de história e beleza que o Peloponeso tem para oferecer. Podemos começar por Mystras, a apenas cinco quilómetros de Esparta que, juntamente com Monemvassia, mais a Sul, é uma espantosa cidade bizantina bem preservada e recuperada, onde as fortificações e as igrejas pintadas com frescos nos levam numa primeira viagem no tempo, a repetir um pouco por todo o lado.
Paisagens idílicas de Olímpia a Náfplio
Em Olímpia, por exemplo, a zona onde se situa, a Arcádia, é de tal modo idílica que deu origem ao conceito de paraíso rural, tão caro à literatura europeia renascentista. Vales e montes parecem desenhados pelos melhores paisagistas, com pequenos detalhes de casario em pedra por entre bosques de choupos, pinheiros, castanheiros e oliveiras.
A terra é fértil e avermelhada, destacando as riscas verdes das vinhas e os cinzentos de lagos escondidos por canaviais. Reina a harmonia e a abundância, e os ruídos são de pássaros, água, ou badalos de rebanhos distantes.
Alguns pastores espalham as manchas brancas das ovelhas pela paisagem onde se esconde Olímpia, onde durante um milénio se realizou a mais importante competição desportiva do mundo.
O lugar continua encantador e deixa-nos imaginar as competições no estádio, onde caberiam quarenta mil pessoas, ou os treinos dos atletas por entre as colunas da Palaestra. O formidável Templo de Zeus desabou, mas os seus pórticos trabalhados, com figuras maiores que o natural, e as enormes colunas tombadas, deixam aperceber uma obra construída por deuses, ou por quem pretendia imitá-los.
A paisagem continua a mesma até Náfplio, com extensos olivais e laranjais, de onde sobressaem as pontas aguçadas de ciprestes. São famosas, as azeitonas desta zona, e com este clima o tomate não sabe a água, o queijo Feta é dos melhores do mundo, há mel e vinho com fartura.
Ao fim do dia, depois de uma prolongada sesta que pode ir até às cinco da tarde, nesta agradável cidade abrem-se de novo as portas das lojas, e nas ruelas estreitas os restaurantes transbordam de mesinhas de madeira pintada. Náfplio chegou a ser por um breve período (1829-1834) a capital da Grécia moderna, e conserva muito da elegância arcaica desse período, com os seus cachos de buganvílias que escorregam das casas e as varandas de ferro forjado.
Epidauro, o mais bem preservado teatro da Grécia Antiga
Não muito longe fica Epidauro, o mais bem preservado dos teatros gregos. Ainda hoje é utilizado num festival anual, que se realiza durante o Verão e basta deixar cair uma moeda no centro do palco para que o som se espalhe, chegando claro e límpido aos últimos lugares do anfiteatro.
E ali próximo fica Micenas, as ruínas e os túmulos de um lugar místico, a cidade pré-histórica mais importante da Grécia.
O seu nome está para sempre associado à poderosa civilização Micénica, que floresceu nesta zona do Peloponeso, e que liderou a guerra de Tróia e a construção mais impressionante é o chamado Tesouro de Atreus: um extraordinário túmulo nu, como uma enorme cúpula assente no chão, e um portal de entrada digno de um gigante.
Se percorrermos depois a costa para Sul, rente a um mar de águas azuis, encontramos praias desertas como a de Leonidio, num enquadramento de falésias vermelhas encimadas por moinhos; no cimo fica um planalto de abetos, cedros, pinheiros e castanheiros. É nestes lugares que sabe bem ter o seu próprio meio de locomoção e partilhá-lo com os que pedem boleia, desesperados com a falta de transportes. Geralmente são velhinhos das aldeias mais próximas, e gostam de nos deixar nas mãos um bom punhado de figos ou de castanhas, acenando depois até desaparecermos nas curvas.
Visitando Apolo
A península de Mani é um lugar muito especial. Yíthio, antigo porto de Esparta, Flomokhóri, Váthia e Kítta são nomes de povoações, mas também de antigos feudos que se guerreavam até à morte, em vendettas inexplicáveis que duravam anos e dizimavam famílias.
A sua extraordinária arquitectura é disso testemunha: as casas-torre, onde se abrigavam dos ataques, levantam-se como agulheiros de pedra de uma paisagem excepcionalmente agreste e pedregosa. O grupo mais bonito e bem recuperado é o de Váthia, junto à bela baía de Porto Káyio.
Infelizmente, muitas destas aldeias tornaram-se museus ao ar livre, onde as únicas vozes que se ouvem são as dos que admiram mais esta particularidade do Peloponeso, onde ainda mora Apolo, o deus da beleza.
Guia de viagens ao Peloponeso
Este é um guia prático para viagens ao Peloponeso, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na península.
Quando ir
Todo o ano, mas chove mais no Inverno e é muito quente no Verão.
Onde ficar
Em Náfplio, o Hotel King Othon, na Rua Farmakopoulou, 2, com duplos que rondam os 80 euros; em Esparta, o Hotel Maniatis, na Rua Paleologou, 72.
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Restaurantes
Comer nunca é problema na Grécia: qualquer aldeia tem uma taverna ou estiatorio abertos. E se os gregos são maus a fazer pão, são excelentes em legumes de todos os tipos, peixe, assim como iogurtes e entradas frias. As sobremesas são boas mas dulcíssimas. Em Náfplio, gostámos da Palia Taverna, em frente ao mar, ou do Ellas, na Praça Syndagma, mas há uma escolha infinita.
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