Alojo-me num bungalow algures no extenso areal de Mui Ne, Vietname, e deixo-me enfeitiçar pela beleza típica de um paraíso tropical. Um lugar onde o tempo passa bem devagar e de onde não apetece sair.
Mui Ne ainda não faz parte do roteiro de grande parte dos viajantes que percorrem o Vietname de norte a sul. Muitos preferem a agitação de Nha Trang, quatro horas de viagem para norte, uma típica cidade de veraneio, com inúmeras e diversificadas ofertas no que concerne a alojamento, restaurantes, bares, vida nocturna e a sua dose de gatunos e prostitutas. E seguem depois para Ho Chi Minh (Saigão), mais a sul, directamente. Eu parei em Nha Trang apenas o tempo suficiente para tomar contacto com a localidade e dar os primeiros mergulhos em mar aberto desde que saí de Portugal. Poucos dias depois, estava instalado num autocarro rumo à pacata localidade de Mui Ne. Enquanto o turismo de massas não chega lá.
Antevejo que, dentro em breve, Mui Ne estará transformada num mega resort turístico onde grupos numerosos de reformados turistas franceses passarão dias de repouso absoluto, entre um copo de tinto Bordeaux e uma baforada de cachimbo, à beira-mar. Ainda não é o caso, felizmente. Mas pouco faltará. Muitos hotéis de maior dimensão e melhor qualidade estão já instalados na área. Um mau prenúncio para quem prefere um tipo de turismo mais básico, contacto com a natureza, sossego e ausência de néon nas ruas.
Enquanto a transformação não se torna definitiva, Mui Ne é apenas uma bela língua de areia que se estende por cerca de vinte quilómetros, repleta de pousadas básicas mas acolhedoras, bungalows em cima da praia e um punhado dos tais hotéis mais luxuosos, não destinados aos viajantes independentes. E ainda mantém o charme daqueles paraísos tropicais onde o tempo passa bem devagar e de onde não apetece sair. Lugares onde os mais intensos prazeres são coisas tão simples como ler um livro sob a sombra refrescante de um coqueiro. Ou sair da cama directamente para um mergulho no mar, vinte metros adiante. Ou, mais cedo ainda, apreciar o nascer do sol sentado na areia, enquanto dezenas de barcos regressam da faina diária e pescadores locais puxam as redes para terra firme. Ou, à noite, deliciar-se com um apetitoso peixe grelhado tendo como candeeiro a lua e como música ambiente o som intermitente da ondulação.
Experimentei tudo isso, é certo, mas não se pense que nada se pode fazer para além de relaxar e desfrutar desses pequenos nadas. Para os viajantes mais activos, aliás, Mui Ne é um excelente local para passar uns dias exercitando arduamente os músculos do corpo. Especialmente para os amantes de desportos aquáticos dependentes da qualidade do vento, como o kite-surf e o windsurf. Os ventos são fortes durante quase todo o dia, proporcionando óptimas condições para a prática desses desportos. O simples facto de se observar os praticantes de kite-surf levantarem voo com as suas pranchas, fazendo piruetas inacreditáveis alguns metros acima da água é, por si só, um espectáculo único. Experimentá-lo, por outro lado, tem o seu preço. Uma hora de aprendizagem com um instrutor qualificado custa 75 dólares, o que, para o comum dos viajantes independentes, equivale ao orçamento disponível para vários dias de viagem no Vietname.
Tal como alguns estrangeiros que se apaixonaram por esta pequena localidade e não mais a deixaram, também eu sinto que poderia ficar em Mui Ne por muito mais tempo. Mas experiências mais intensas me aguardam no extremo sul do Vietname. Depois do perfume do mar, preparo-me para a terrível herança que a guerra deixou neste belo país.
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