Escrevo-vos de casa. Era suposto estar em Belgrado. Tinha voo marcado para as 6:00 desta manhã; estaria de regresso daqui a 3 semanas, oriundo de Bucareste. Mas não fui.
Talvez achem estranho. Eu também. Mas limitei-me a seguir um feeling. Estava sem entusiasmo, com inúmeras coisas para resolver profissionalmente e uma filha a perguntar, de olhar triste: “quando é que o pai vai viajar outra vez?”. Não sei porque fiquei, a verdade é que vos escrevo de casa em vez de um hostel na Rua Skadarska, em Belgrado.
Não é a primeira vez que me acontece – é a quarta.
As duas primeiras em que me recordo de não ter ido para o aeroporto embarcar num voo marcado, tinha a minha filha poucos meses de idade, já lá vai o ano de 2007. Nessa época, não fui para uma escapada a Dublin num voo low cost que me tinha custado a módica quantia de 0.02€. Semanas depois, não consegui embarcar numa viagem para o Mali e Burkina Faso, e aí perdi algumas centenas de euros em passagens aéreas não reembolsáveis. O pior é que ainda hoje estou em dívida para com aquela região de África – até hoje não concretizei essa viagem.
Em ambos os casos, foi um sentimento concreto que me fez ficar, coisa que só quem tem filhos conseguirá entender: não consegui “abandonar” a minha filha recém-nascida. Não fui capaz. Segui o meu coração e não parti. Tomei a decisão certa – mas só soube disso no momento em que a tomei.
Em 2011, com a mochila à porta de casa e pronto para sair rumo à Suécia, não tive coragem de deixar um familiar muito próximo que se deparava com uma situação de saúde emocionalmente complicada. Mais uma vez, desfiz a mochila e fiquei em Portugal, feliz com a decisão tomada à última hora, minutos antes de sair para o aeroporto.
A quarta vez foi hoje. E esta é mais difícil de explicar, porque nem eu sei bem porque não fui. Sei que decidi cancelar o hostel, liguei para a Lufthansa a pedir o reembolso possível (de algumas taxas) e não pus o despertador.
A viagem estava marcada há muito (mais uma vez aproveitando uma promoção – é assim que compro voos baratos). Tinha planos para conhecer Belgrado e explorar com algum tempo a Roménia. Há várias regiões dos Balcãs onde quero ir. Mas escrevo-vos de casa.
Não sei porque escrevo isto. Acho que é simplesmente a humildade de querer ser honesto e transparente com quem, como é o seu caso, acompanha as minhas (muitas) viagens. Adoro viajar. Vivo para viajar. Mas hoje foi o dia em que não me apeteceu viajar.
Se nada de anormal acontecer, voltarei à estrada em breve para um resto de ano recheado de viagens. A próxima será uma escapadinha a Paris, em família; depois uma incursão a uma outra África (disso falarei no tempo certo); e até ao fim do ano ainda farei um trekking no Nepal, conhecerei o Butão e regressarei mais duas vezes ao Irão.
Hoje é que vos escrevo de casa. Acontece. Mas isto passa!
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Leitora assídua. Há momentos. 😉
Há sinais que devemos seguir. E, como tudo, acredito eu, acontece por alguma razão… boa Filipe.
Legal, Filipe! Você seguiu (sabiamente) a sua intuição. .