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Roterdão, o que fazer na capital da arquitetura

Por Filipe Morato Gomes
Ponte Erasmus, Roterdão
A emblemática Ponte Erasmus, em Roterdão

Procura o que visitar em Roterdão? Para além de abrigar o maior e mais importante porto da Europa e de ter longa tradição no comércio marítimo, Roterdão está associada à imagem de capital da arquitetura holandesa. E com razão. Mas a segunda maior cidade da Holanda é muito mais do que isso. E uma coisa é certa: não falta o que fazer em Roterdão numa escapadinha de 2 ou 3 dias.

Roterdão é, hoje, uma cidade vibrante, com a criatividade a pulsar intensamente nas suas artérias. Um viveiro de projetos “fora da caixa”, onde se permite misturar arranha-céus com hortas biológicas no topo de edifícios; que incentiva a transformação de uma piscina abandonada num restaurante; que cria pontes pedonais de madeira a unir zonas desfavorecidas da cidade, dando-lhes uma vida nova (e tudo financiado pela população); uma urbe que se reinventa a cada dia.

Projetos como o delicioso Market Hall, a eficiente Estação Central de Roterdão, as originais Casas Cubo ou a moderna Ponte Erasmus – e tantos outros – colocaram Roterdão no centro das atenções. Uma exuberância apaixonante, é certo, mas, para mim, difícil de compreender ao primeiro olhar. Porque o lema menos é mais não parece ter muitos seguidores em Roterdão.

Roterdão
Passagem em Delftsehof – uma antiga zona industrial de Roterdão -, a caminho da famosa ponte de madeira Luchtsingel

Eu, viajante apreciador de arquitetura moderna mas leigo no assunto, confesso que fiquei confuso ao visitar Roterdão. Há edifícios magníficos – e disso não restam dúvidas. Mas, por vezes, Roterdão pareceu-me um conjunto de projetos individualmente brilhantes mas sem um sentido estético global. Como uma incubadora de ideias onde tudo é permitido. A liberdade sem limites. Um brainstorming arquitetónico colocado imediatamente em prática. E isso, no fim de contas, agrada-me. Mas tem o seu preço na criação de uma identidade.

Sim, Roterdão pareceu-me uma anarquia visual; uma espécie de Disneylândia arquitetónica. Impressão injusta, porventura. Até porque gente mais qualificada nestas questões já chamou a Roterdão a Europes’s new capital of cool. Sim, talvez este seja o novo cool, da mesma forma que quatro cadeiras distintas em torno de uma mesa de café resultam na perfeição.

Até porque Roterdão é uma cidade incrivelmente cosmopolita. Nela vivem pessoas oriundas de mais de 170 países – o que a transforma num fascinante caldeirão cultural, só comparável a metrópoles como Nova Iorque ou São Paulo. É obra.

No meu roteiro em Roterdão – cidade onde dormi duas noites -, tive oportunidade de conhecer muitas dessas suas facetas. Eis, pois, sugestões com o que fazer em Roterdão – incluindo arquitetura e gastronomia, e ainda tempo para vaguear. Vamos a isso!

O que visitar em Roterdão

Oude haven (antigo porto de Roterdão)

O antigo porto junto ao hotel CitizenM, onde me alojei (e recomendo!), é “o único porto do centro histórico ainda em funcionamento”. Pelo menos foi o que me garantiu um jovem guia-arquiteto da UrbanGuides, meu cicerone durante as primeiras horas passadas a explorar Roterdão.

Fica no chamado Distrito Marítimo de Roterdão, integrado num pequeno canal junto ao qual foi construído um dos ícones mais surpreendentes da cidade: as Casas Cubo.

As Casas Cubo

Casas cubo Roterdão
As famosas casas cubo de Roterdão

Projetadas pelo arquiteto holandês Piet Blom em 1984, as Casas Cubo são uma das imagens mais reconhecíveis e surpreendentes de Roterdão. A inspiração terá sido a Ponte Vecchia de Florença, no sentido em que o arquiteto procurou resolver o problema de unir o porto com o centro histórico recorrendo a uma ponte com casas (tal como na ponte italiana). A explicação é do guia, dada ainda antes de eu entrar numa das casas, entretanto transformadas em museu.

Market Hall de Roterdão

Market Hall Roterdão
Interior do Market Hall de Roterdão

Não muito longe fica o Market Hall, um dos edifícios modernos mais bonitos de Roterdão. Foi construído para substituir um mercado de rua bissemanal, combinando debaixo do mesmo teto o novo mercado com casas de habitação.

Hoje em dia, tem principalmente produtos gastronómicos. Mistura refeições rápidas com venda de frutas e legumes. É um local obrigatório em qualquer lista com o que fazer em Roterdão.

Estação Central de Roterdão

O que visitar em Roterdão: Estação Central
Interior da Estação Central de Roterdão

É apenas uma estação de comboios, é certo; mas, como muitos outros edifícios modernos espalhados por Roterdão, a sua arquitetura impressiona. Muito provavelmente, terá oportunidade de a apreciar à chegada a Roterdão; se não for esse o caso, não deixe de a visitar, ainda que de forma fugaz. Vale a pena.

Ponte Erasmus

O que visitar em Roterdão: ponte Erasmus
Nascer do sol a observar a Ponte Erasmus de Roterdão

Provavelmente o local mais fotografado de Roterdão, a Ponte Erasmus sobre o Rio Novo Mosa foi desenhada pelo arquiteto Ben van Berkel. Devido à sua forma, ganhou a alcunha de “Cisne”; e tem em pano de fundo o edifício onde está instalado o fantástico hotel nhow.

Vá de manhã cedo, aos primeiros raios de sol, para usufruir do cativante ambiente industrial da zona em torno da Ponte Erasmus com uma luz inigualável.

Fenix Food Factory

Fenix Food Factory, Roterdão
Interior da Fenix Food Factory, em Roterdão

Indubitavelmente uma das minhas maiores descobertas em Roterdão, a Fenix Food Factory é um antigo armazém transformado em polo gastronómico alternativo. O projeto era para ser temporário mas rapidamente se tornou tão popular que, ao que consta, as autoridades dificilmente o encerrarão nos próximos tempos.

Vale muito a pena, principalmente à noite e aos fins de semana, quando o ambiente entra em ebulição cheio de habitantes de Roterdão (não é um local turístico). Vá por mim: é mesmo um dos lugares a visitar em Roterdão.

Por último, referir que no exterior do Fenix Food Factory se encontra o Posse, um dos restaurantes mais arrojados que vi nos últimos tempos. Experimente!

Kunstahal

Hiper-realismo no Kunstahal
Exposição de esculturas hiper-realistas no Kunstahal de Roterdão

Quando me encontrei com uma das responsáveis do Kunstahal de Roterdão, as suas primeiras palavras foram suficientemente enigmáticas para atiçar a minha curiosidade: “o Kunstahal não é um museu”. O “museu”, mesmo que com aspas, tem programação diversificada e “para todos os estratos sociais”. E a lógica é reveladora das suas intenções ecléticas: “há muitas exposições em simultâneo para tentar surpreender as pessoas que vêm para ver uma mostra específica e acabam por ver as outras”.

Dito isto, entrei de espírito aberto para beber o que de melhor as seis ou sete exposições patentes tinham para oferecer. E posso garantir que vi uma das mais fascinantes exposições dos últimos anos. Eram trabalhos tridimensionais que marcaram as últimas décadas da escultura hiper-realista; vários rostos e corpos nus, em tamanho real – um conjunto de réplicas humanas absolutamente arrepiantes.

Delftsehof

O que visitar em Roterdão: visitar Delftsehof
O novo hub cultural de Delftsehof

Outrora decadente e marginalizado, Delftsehof é hoje um hub cultural da “nova” Roterdão, com a instalação de muitos designers e projetos criativos; espaço para arte urbana; restaurantes como o Op Het Dak e bares alternativos. Mantém o ar industrial, ao ponto de me fazer lembrar, em certa medida, a lisboeta Lx Factory. E, cereja no topo do bolo, é lá que começa a famosa ponte de madeira Luchtsingel. Mais um lugar a incluir na lista com o que fazer em Roterdão!

Café Heilige Boontjes

Roterdão o que visitar: Café Heilige Boontjes
Interior do fantástico café Heilige Boontjes

Tal como no texto sobre o que fazer em Delft, não poderia terminar as recomendações para Roterdão sem referir um dos meus cafés preferidos (entre os que descobri): o Heilige Boontjes. Para quem, como eu, gosta de espaços alternativos e visualmente criativos, vale bem a pena. E o chá de menta é muito agradável!

E ainda… vida noturna em Witte de Withstraat

Por fim, para os amantes da vida noturna, nada como passar pela rua Witte de Withstraat, um dos epicentros da movida de Roterdão. É lá que fica, entre outros, o curioso Bazar, mas há muitas outras opções. Divirta-se!

Dicas para visitar Roterdão

Como chegar a Roterdão

Viajei de Lisboa para o aeroporto de Roterdão-Haia com a Transavia (voo direto). O aeroporto serve naturalmente Roterdão e Haia mas, na verdade, fica mais perto de Delft. Do Porto, não há, de momento, voos diretos para Roterdão-Haia. Alternativamente, pode sempre voar para Amesterdão, cidade que fica a 40 minutos de comboio de Roterdão.

Pesquisar voos para Roterdão-Haia

Transportes em Roterdão

Para além dos transportes públicos habituais – metro, elétrico e autocarro -, Roterdão tem outro tipo de transporte muito útil em determinados percursos: os barcos-táxi. Utilizei um para ir até ao Fenix Food Market e é muito eficiente. O preço, mais caro que os autocarros, ronda os 5€-8€ por pessoa (dependendo da distância).

Onde comer

Tive a sorte de conhecer alguns restaurantes de Roterdão com muito boa onda e comida deliciosa. Recomendo desde logo o Dierten, onde comi provavelmente a melhor refeição na cidade (atualização: o restaurante encerrou entretanto); o alternativo Op Het Dak, que tem uma horta biológica no topo de um prédio do criativo central district; e ainda o Aloha, localizado no local onde outrora havia a piscina interior Tropicana.

Por último, um dos mais surpreendentes restaurantes que vi nos últimos tempos dá pelo nome de Posse; acabei por não experimentar a comida enquanto estive em Roterdão, mas garantiram-me ser excelente.

Onde dormir

Para uma análise mais detalhada, veja o post sobre onde ficar em Roterdão. Seja como for, eu fiquei alojado no hotel CitizenM, um hotel hi-tech, prático, confortável e decorado com muito bom gosto, e uma localização praticamente imbatível no centro de Roterdão. Recomendo vivamente.

Outras opções muito boas são o curioso Alberti – Bed & Bike e o belíssimo nhow Rotterdam (este último um pouco mais afastado do centro, mas com vistas inigualáveis sobre Roterdão). Entre as várias unidades hoteleiras mais económicas para viajantes jovens de espírito, recomendo o muito confortável Sparks Hostel. Para conhecer todos os hotéis de Roterdão utilize o link abaixo.

Pesquisar hotéis em Roterdão

Seguro de viagem

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Viajei para Delft, Haia e Roterdão a convite da Transavia, com apoio dos organismos de turismo locais.

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.