Olhares de um andarilho #3: Esperança no reencontro, dois dias depois

Este é o terceiro post da série Olhares de um Andarilho. A 26 de dezembro de 2004, um violento maremoto com epicentro na costa oeste de Sumatra, na Indonésia, deu origem a um tsunami que devastou o litoral de inúmeros países, incluindo o Sri Lanka, a Índia, a Tailândia e a Indonésia. Na noite seguinte eu chegava a Phuket, na Tailândia, em serviço para o jornal Público. Quando amanheceu, estava tudo calmo. Estranhamente calmo. A fotografia foi tirada nessa manhã, 28 de dezembro de 2004.

Praia de Phuket, Tailândia, tsunami de 2004
Praia de Phuket, na Tailândia, dois dias depois do tsunami de 2004

Não foi a primeira vez que dormiu ao relento, é certo, mas nota que a praia acordou diferente.

Não sabe explicar, mas repara que o mar está de novo calmo, sem ondas. Nota até que recuperou o azul habitual, lindo, mais lindo que o branco da espuma revoltosa, mais lindo que o vazio invulgar de uma praia sem mar. Não se lembra como veio aqui parar. Pensa que não é costume estar sozinho, sem par, sem dono.

Olha em redor e observa que a praia se encontra deserta. Estranhamente deserta. E o barco, como não tinha ainda visto o barco no areal? Jura que já aqui passou centenas de vezes e nunca o casco ali estivera. Pára para refletir. Sente-se confuso. Afasta maus espíritos ao confirmar, com o olhar, a serenidade das águas.

Por momentos sorri, ao recordar a sua companheira de todas as horas, desde o tempo da prateleira da lojinha do bairro, nas vezes em que passeavam juntos, ela sempre à sua direita, um hábito que adquiriram não sabe bem desde quando. Onde estará ela?

Está certo que há-de voltar, não o iria abandonar assim, repentinamente, sem uma palavra. Decide aguardar. Sente-se melhor. Sorri ao pensar que apenas se desencontraram temporariamente. Invade-o a esperança. Que o mar hoje está calmo, sem ondas.

Nota: nunca, até hoje, mostrei fotos da tragédia a quem quer que seja (olhar para elas é demasiado doloroso). Mas escrevi uma interessante reflexão sobre a profissão de jornalista.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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