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Assistindo ao puja de Kataragama

Por Filipe Morato Gomes
Visitar Kataragama: ver o puja
Um peregrino coloca incensos a arder junto ao templo budista Kiri Vehera

O principal objetivo da passagem por Kataragama era assistir ao puja que, todos os dias, tem lugar no chamado Parque dos Santuários de Kataragama. Trata-se de um espaço amplo onde coabitam o templo budista Kiri Vehera, o templo hindu Ruhunu Maha Kataragama Devalaya e ainda uma mesquita. Maravilhoso!

Essa coabitação pacífica e harmoniosa entre as diferentes religiões e estilos de vida é, aliás, uma das coisas mais fascinantes do Sri Lanka. A harmonia nota-se um pouco por todo o país; mas, em Kataragama, parece ser ainda mais vincada.

Na verdade, Kataragama é um dos mais importantes locais de peregrinação do Sri Lanka, apenas suplantado pela subida ao Adam’s Peak; razão pela qual o puja de Kataragama – um ritual de adoração a uma ou mais divindades, praticado tanto por Hindus como por Budistas, e que inclui quase sempre oferendas em géneros alimentícios – é das mais concorridas do país. Tinha mesmo de assistir a tudo isso.

O puja em Kataragama

Venda de flores no templo Kataragama
Venda de flores de lótus (brancas, rosa e lilás) à entrada do complexo

A ideia original era sair do Gem River Edge, onde me alojei, de bicicleta; mas tinha chovido tanto que as estradas estavam pouco amigáveis para as duas rodas. Optei, por isso, pelo tuk tuk.

Eram seis da tarde de um dia véspera de lua cheia quando cheguei ao templo. Felizmente, o templo budista Kiri Vehera não estava caótico. Deu, por isso, para apreciar o puja sem incomodar ou ser demasiado intrusivo.

A maioria das pessoas vestia de branco. Descalços, aproximavam-se da enorme stupa, circundavam-na, e depositavam oferendas para Skanda Kumara – o chamado Deus de Kataragama, uma divindade muito popular no Sri Lanka e uma espécie de guardiã do país venerada pelos budistas cingaleses – em locais destinados para o efeito junto à base da stupa.

Puja de Kataragama: stupa do templo Kiri Vehera
Peregrinos circundam a stupa no templo budista Kiri Vehera

Nos pratos das oferendas havia quase sempre fruta – muita fruta -, para além de arroz cozinhado e outras iguarias. Fiquei feliz por saber que, no final, a comida não é desperdiçada; pelo contrário, uma parte fica para os monges, e a outra é distribuída e partilhada pelas pessoas presentes.

Não muito longe da stupa fica o sagrado Rio Gem, que muitos peregrinos usam para se purificarem antes de entrarem no templo (confesso que, na altura, não me apercebi de homens a tomarem banho no rio). Despedi-me da stupa, desci a curta escadaria e comecei a percorrer o caminho que une o templo budista Kiri Vehera ao templo hindu Ruhunu Maha Kataragama Devalaya.

Puja de Kataragama
Peregrinos durante o puja de Kataragama

No fundo da escadaria havia muita gente, de todas as idades, acendendo incensos e colocando-os nos recipientes espalhados pelo complexo para o efeito.

Aproximava-me do templo hindu quando comecei a ouvir o bater ritmado de um sino colocado no exterior. A porta estava ladeada por duas filas de visitantes. Três homens passaram por entre as filas levando algo que não consegui decifrar, e entraram no templo. O sino continuou a ser tocado durante muito tempo, mas não consegui ver o que se passava lá dentro.

Ver o puja em Kataragama
Pormenor do puja em Kataragama, sul do Sri Lanka

Foi por essa altura que começou a chover bastante e, sem informação sobre todo o processo que envolve a puja de Kataragama, preparei-me para abandonar o complexo de templos. Foi só aí que reparei num grupo de homens com cocos a arder nas suas mãos levantadas. Ficaram assim longos segundos, pediram um desejo e atiraram os cocos para um recipiente colocado no chão.

Pouco depois, refugiei-me da chuva e deixei para trás o puja de Kataragama. Só mais tarde soube que ainda havia muito para ver, incluindo música e danças. Foi pena.

Oferendas puja Kataragama
Venda de fruta para as oferendas a Skanda Kumara, o Deus de Kataragama

Guia para visitar Kataragama

Dicas para assistir ao puja em Kataragama

Respeito é a palavra chave. Lembre-se que está em solo sagrado, com pessoas a cumprir uma tarefa emocional, pelo que tente observar sem interferir. Não menos importante, fotografe com discrição e respeite quem não quiser ser fotografado.

Por fim, duas regras básicas comuns a todo o Sri Lanka: descalce-se antes de entrar no templo; e não se fotografe de costas para representações de Buda (esqueça as selfies).

Onde ficar

Eu fiquei hospedado no belíssimo Gem River Edge, um hotel gerido pela portuguesa Carla Silva que recomendo vivamente. Se estiver esgotado (tem apenas seis quartos), considere em alternativa a simples Kataragama Homestay ou o mais luxuoso Tamarind Lake. Ou conheça todos os hotéis de Kataragama usando o link abaixo.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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