A Reserva Provincial Punta Tombo, na Patagónia argentina, é a maior e mais acessível colónia de pinguins de Magalhães do mundo. Os seus habitantes regressam todos os anos, oferecendo aos humanos uma oportunidade única para ver ao perto estes bichos tão curiosos. Um roteiro de viagem a Punta Tombo, Patagónia.
Puerto Madryn, base para explorar Punta Tombo
O melhor é ficar na pequena cidade de Puerto Madryn, para uma aproximação à paisagem e fauna da Patagónia na famosa Reserva Natural da Península Valdés: leões e elefantes-marinhos, guanacos (camelídeos parecidos com o lama), ñandus (emas da Patagónia), raposas e baleias, (apenas entre Maio e Dezembro), são alguns dos animais mais conhecidos e fáceis de avistar.
A paisagem, essa desenrola-se sempre igual durante milhares de quilómetros: campos semidesérticos de arbustos ressequidos e baixos, animados apenas pelo vento e por estes exemplares fugidios de uma fauna rica e sob protecção.
A estrada de Puerto Madryn a Punta Tombo rompe pela estepe, perdendo o asfalto nos últimos cem quilómetros, até chegarmos a um alto onde, pela primeira vez, se avista o mar. Paramos junto à única construção visível nas redondezas, que serve ao mesmo tempo de café, loja de recordações e posto de controlo dos guardaparques, onde se paga a entrada e se recebe alguns conselhos.
Entramos então na Reserva Provincial Punta Tombo, fundada em 1979 para proteger a maior colónia de pinguins de Magalhães do mundo, e que se estende sobretudo ao longo de uma enseada pedregosa com cerca de três quilómetros e meio. As luras dos casais espalham-se por todo o lado, e a maior parte regressa todos os anos para nidificar na mesma “casa”.
A colónia está no máximo, com cerca de quinhentos mil indivíduos. Os mais jovens ainda têm um aspecto despenteado, com tufos de penugem cinzenta a estragar o preto brilhante do smoking. Não têm medo das pessoas, não se desviam um milímetro, e se passamos muito perto param a olhar para nós, ante a difícil decisão de seguirem caminho ou espetarem-nos uma bicada na perna – até porque os guardas são verdadeiros guarda-costas, e não permitem que os visitantes se defendam.
Curiosamente, os pinguins parecem ciosos da sua importância; vê-se na calma com que atravessam o estradão, de bico no ar, a espreitar por cima do ombro, obrigando alguns carros a parar. Só é permitido sair dos veículos mais à frente e não faltam guardas para que as instruções sejam cumpridas.
Por todo o lado, criaturinhas pretas e brancas caminham desajeitadamente pela terra avermelhada da falésia, como marujos em direcção ao mar, onde brincam com as ondas e se aquecem sobre as pedras. É no mar que se parecem mais com aves; em terra são figuras dos desenhos animados, pequeninos e arrogantes.
Com o sol a pique, partilhei uma sombra com um jovem redondo e eriçado. Falei com ele – sem lhe tocar, interdição total! – e ele respondeu-me com piscadelas de olhos, como um gato consolado. Fiquei por ali algum tempo, a olhar o mar cheio de pintas negras, sentada ao lado do meu novo amigo, que parecia apreciar a paisagem como eu. Não admira a preocupação dos guardas: de vez em quando, até há quem tente levar um para casa.
Os pinguins de Magalhães, em Punta Tombo
Os pinguins são aves marinhas que não voam, mas as suas asas estão bem adaptadas à natação: podem atingir os oito quilómetros por hora debaixo de água. Passam a maior parte da vida no mar, onde Se alimentam de peixe e onde dormem, vindo a terra apenas para nidificar. Um pinguim de Magalhães adulto mede cerca de cinquenta centímetros e pesa cerca de cinco quilos. Tem o lombo negro, o peito branco, e distingue-se sobretudo pelo colar preto e branco entre a cabeça e o peito.
Todos os anos chega cerca de meio milhão de pinguins a Punta Tombo e o seu ritmo de vida é mais ao menos o seguinte: começam a chegar a partir de Agosto, e durante Setembro envolvem-se em lutas territoriais e na ocupação ou escavação de ninhos no solo; em Outubro e Novembro os ovos incubam e os primeiros pintos nascem; entre Dezembro e Fevereiro sucedem-se os últimos nascimentos e os jovens pinguins saem do ninho, começando a muda da pena e ocupando literalmente toda a praia, com os primeiros “banhos” vigiados pelos pais; em Março e Abril é a vez de os adultos mudarem as penas e começarem a sua migração para Norte, mantendo-se no mar de Maio a Agosto.
Dicas para visitar a Patagónia Argentina
Este é um guia prático para viagens a Punta Tombo, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de atividades na região da Patagónia argentina.
Quando viajar para Punta Tombo
A Argentina fica no hemisfério Sul, pelo que o nosso Inverno corresponde ao Verão austral. Mas no que toca à observação de pinguins é importante saber que eles estão ausentes de Punta Tombo entre Maio e Agosto.
Como chegar a Punta Tombo
Voar para Buenos Aires com a TAP e a Argentina Airlines, via Madrid, ronda os 900€. Daí há autocarros diurnos ou nocturnos muito confortáveis que fazem a longa viagem até Puerto Madryn; se preferir pode voar numa das linhas aéreas internas, por cerca de 200€. Junto à Península Valdés e a apenas 180 quilómetros da Reserva, esta cidade é um bom ponto de partida para a exploração da área: pode escolher entre uma viagem organizada de um dia (muitos hotéis oferecem estes serviços) ou alugar um automóvel e seguir a ruta (estrada) provincial nº3 em direcção a Rawson, passando pela cidade de Trelew, depois da qual deve seguir a ruta provincial nº1 durante pouco mais de 100 quilómetros. A Reserva está aberta das 8 às 17h.
Onde ficar em Puerto Madryn
Hotel Península Valdés, na av. Roca 155, com vista sobre o mar, sauna, bar, piscina e todas as comodidades de um quatro estrelas com duplos a partir de 90€. Mais em conta, o Hostal Viajeros, na rua Governador Maiz 545, com quartos duplos com pequeno-almoço por cerca de 35€, uma grande área ao ar livre, possibilidade de cozinhar e internet. A Posada del Catalejo, na rua Mitre 446 tem serviços e preços similares (cerca de 30€), pão e compota caseiros, e oferecem como boas-vindas uma visita à cidade. Todos os hotéis indicados organizam excursões à reserva de Punta Tombo e outras.
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Gastronomia Argentina
A Argentina é o paraíso dos carnívoros e a Patagónia famosa pelos seus assados de carneiro. Na esquina da av. Roca e a rua Alfonsina Storni, o restaurante La Vaca y el Pollito faz as honras da carne, assim como o Antigua Patagonia, entre a rua Mitre e Roque Saénz. Para desenjoar, na av. Gales 759 há uma boa pizzaria, El Padrino. Também há algumas marisqueiras junto à praia. Uma especialidade da zona é o “bolo galês” que acompanha o chá das cinco na aldeia de Gaimán, antiga colónia de galeses que fugiram à perseguição inglesa no séc. XIX.
Seguro de viagem
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