A cidade de Kyoto é o centro espiritual do Budismo zen no Japão e, sem surpresa, alguns dos mais sublimes karesansui (“jardins de paisagem seca”), vulgarmente conhecidos por jardins zen japoneses, podem ser encontrados em Kyoto.
Para ser honesto, não sabia muito sobre os jardins zen japoneses quando cheguei a Kyoto. Mas tinha há muito decidido que, a visitar um deles, seria o do Templo Ryoan-ji, situado bem perto do Templo do Pavilhão Dourado, no noroeste da cidade. Ambos integram a lista do Património Mundial do Japão.
Ora, a atração maior do Templo Ryoan-ji é precisamente o seu jardim zen. Pequeno, mas especial. São talvez 25 metros de comprimento, num espaço retangular com o chão coberto por gravilha e um conjunto de 15 pedras maiores cuidadosamente instaladas.
Ao terceiro dia em Kyoto, fui visitá-lo.
Conheça outros locais a visitar em Kyoto.
O jardim zen do templo Ryoan-ji
“Ryoan-ji (Templo do Dragão à Paz) é um templo zen localizado no noroeste de Kyoto, Japão. Pertence à escola Myoshin-ji do ramo Rinzai do budismo zen. O jardim do Ryoan-ji é considerado um dos exemplos mais finos de karesansui, um tipo redefinido de design de jardim zen japonês, geralmente demonstrando grandes formações de pedras arranjadas entre pedras lisas (rochas de rio cuidadosamente selecionadas e polidas) juntas em padrões lineares que facilitam a meditação.”, in Wikipedia
É isso. Os karesansui são, regra geral, “jardins de pedra”; construídos de forma harmoniosa apenas com gravilha e rochas e, por vezes, alguns elementos verdes como relva ou pequenos arbustos. Não têm água e baseiam-se nos princípios japoneses da simplicidade, elegância e contenção.
Foi isso mesmo que comprovei no jardim zen do Ryoan-ji. Não havia árvores frondosas, nem flores, nem verde para além do musgo e ervas que circundavam algumas das pedras.
Mas nem tudo era tão simplista quanto parecia. Apesar da aparente simplicidade, o jardim zen de Ryoan-ji encerra uma complexidade inesperada: de nenhum local se conseguem ver as 15 pedras do jardim.
Inevitavelmente, cheguei com aquela secreta expectativa juvenil de que iria demonstrar o contrário mas, como é evidente, falhei nesses intentos. Por mais voltas que desse à zona onde me era permitido movimentar, havia sempre uma pedra escondida atrás de outra de maiores dimensões. Veredito? Nunca se conseguem ver todas as pedras. Mesmo.
Ora, se aos olhos de um leigo o jardim é algo simples, que em teoria instiga à meditação, silêncio e contemplação, o que significará realmente?
Ninguém sabe ao certo.
Alguns acreditam que o jardim representa “um tigre transportando filhotes através de um lago ou de ilhas num mar”, enquanto outros julgam que representa “um conceito abstrato como o infinito”. Depois de visitar Ryoan-ji, parece-me uma combinação de objetos e de espaço vazio difícil de interpretar; mas mais próximo da segunda hipótese.
Seja como for, contemplar um karesansui é entender um pouco melhor a ancestral cultura japonesa. Se visitar Kyoto, não perca a oportunidade de conhecer o Ryoan-ji. É o mais famoso jardim zen de Kyoto e um dos mais aclamados do Japão.
Guia prático
Como chegar ao Templo Ryoan-ji
Depende, obviamente, da zona de Kyoto onde estiver instalado mas os autocarros urbanos 50 e 59 passam nas proximidades do Templo Ryoan-ji. São a opção mais prática para a maioria dos visitantes.
Recomendo que visite o Templo Ryoan-ji de manhã, o mais cedo possível, antes das multidões o invadirem. Apreciar o “jardim de pedra” requer disponibilidade mental para a contemplação; e o barulho não ajuda. De março a novembro o templo abre às 8:00; nos restantes meses às 8:30.
Onde ficar
Eu fiquei alojado num apartamento em Arashiyama, mas a maioria dos viajantes prefere ficar numa zona mais central de Kyoto – veja onde ficar em Kyoto mais mais detalhes. Entre os hotéis mais elogiados encontram-se os seguintes (para diferentes orçamentos):
- Mugen ou Yadoya Manjiro – dois ryokan sobre os quais dizem maravilhas;
- Yoko and Akira Guesthouse – uma pousada boa e barata no coração de Kyoto;
- The Prime Pod – um hotel cápsula de Kyoto ultramoderno com toques de requinte (um dos melhores do Japão);
- The Pocket Hotel Kyoto Shijo Karasuma – um hotel económico e muito popular entre os viajantes independentes.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.