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Ryoan-ji, o mais emblemático dos jardins zen de Kyoto

Por Filipe Morato Gomes
Lago do Templo Ryoan-ji, Kyoto
A tranquilidade do lago à entrada do complexo do Templo Ryoan-ji, em Kyoto

A cidade de Kyoto é o centro espiritual do Budismo zen no Japão e, sem surpresa, alguns dos mais sublimes karesansui (“jardins de paisagem seca”), vulgarmente conhecidos por jardins zen japoneses, podem ser encontrados em Kyoto.

Para ser honesto, não sabia muito sobre os jardins zen japoneses quando cheguei a Kyoto. Mas tinha há muito decidido que, a visitar um deles, seria o do Templo Ryoan-ji, situado bem perto do Templo do Pavilhão Dourado, no noroeste da cidade. Ambos integram a lista do Património Mundial do Japão.

Ora, a atração maior do Templo Ryoan-ji é precisamente o seu jardim zen. Pequeno, mas especial. São talvez 25 metros de comprimento, num espaço retangular com o chão coberto por gravilha e um conjunto de 15 pedras maiores cuidadosamente instaladas.

Ao terceiro dia em Kyoto, fui visitá-lo.

Conheça outros locais a visitar em Kyoto.

O jardim zen do templo Ryoan-ji

Visitar Kyoto: Templo Ryoan-ji
Interior do Templo Ryoan-ji, Kyoto

“Ryoan-ji (Templo do Dragão à Paz) é um templo zen localizado no noroeste de Kyoto, Japão. Pertence à escola Myoshin-ji do ramo Rinzai do budismo zen. O jardim do Ryoan-ji é considerado um dos exemplos mais finos de karesansui, um tipo redefinido de design de jardim zen japonês, geralmente demonstrando grandes formações de pedras arranjadas entre pedras lisas (rochas de rio cuidadosamente selecionadas e polidas) juntas em padrões lineares que facilitam a meditação.”, in Wikipedia

É isso. Os karesansui são, regra geral, “jardins de pedra”; construídos de forma harmoniosa apenas com gravilha e rochas e, por vezes, alguns elementos verdes como relva ou pequenos arbustos. Não têm água e baseiam-se nos princípios japoneses da simplicidade, elegância e contenção.

Foi isso mesmo que comprovei no jardim zen do Ryoan-ji. Não havia árvores frondosas, nem flores, nem verde para além do musgo e ervas que circundavam algumas das pedras.

Jardim de pedra, Templo Ryoan-ji
O famoso “jardim de pedra” – ou karesansui – do Templo Ryoan-ji

Mas nem tudo era tão simplista quanto parecia. Apesar da aparente simplicidade, o jardim zen de Ryoan-ji encerra uma complexidade inesperada: de nenhum local se conseguem ver as 15 pedras do jardim.

Inevitavelmente, cheguei com aquela secreta expectativa juvenil de que iria demonstrar o contrário mas, como é evidente, falhei nesses intentos. Por mais voltas que desse à zona onde me era permitido movimentar, havia sempre uma pedra escondida atrás de outra de maiores dimensões. Veredito? Nunca se conseguem ver todas as pedras. Mesmo.

Jardins zen japoneses: Ryoan-ji
O Ryoan-ji é um dos mais famosos jardins zen japoneses

Ora, se aos olhos de um leigo o jardim é algo simples, que em teoria instiga à meditação, silêncio e contemplação, o que significará realmente?

Ninguém sabe ao certo.

Alguns acreditam que o jardim representa “um tigre transportando filhotes através de um lago ou de ilhas num mar”, enquanto outros julgam que representa “um conceito abstrato como o infinito”. Depois de visitar Ryoan-ji, parece-me uma combinação de objetos e de espaço vazio difícil de interpretar; mas mais próximo da segunda hipótese.

Turista a visitar o Templo Ryoan-ji
Um visitante japonês dirige-se para o Templo Ryoan-ji

Seja como for, contemplar um karesansui é entender um pouco melhor a ancestral cultura japonesa. Se visitar Kyoto, não perca a oportunidade de conhecer o Ryoan-ji. É o mais famoso jardim zen de Kyoto e um dos mais aclamados do Japão.

Guia prático

Como chegar ao Templo Ryoan-ji

Depende, obviamente, da zona de Kyoto onde estiver instalado mas os autocarros urbanos 50 e 59 passam nas proximidades do Templo Ryoan-ji. São a opção mais prática para a maioria dos visitantes.

Recomendo que visite o Templo Ryoan-ji de manhã, o mais cedo possível, antes das multidões o invadirem. Apreciar o “jardim de pedra” requer disponibilidade mental para a contemplação; e o barulho não ajuda. De março a novembro o templo abre às 8:00; nos restantes meses às 8:30.

Onde ficar

Eu fiquei alojado num apartamento em Arashiyama, mas a maioria dos viajantes prefere ficar numa zona mais central de Kyoto – veja onde ficar em Kyoto mais mais detalhes. Entre os hotéis mais elogiados encontram-se os seguintes (para diferentes orçamentos):

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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