Faz parte do imaginário da noite de Santo António sentir o apertão de São Miguel. Lembro com algum carinho aquela vez, ainda estudante universitária, em que desci as Escadinhas de São Miguel sentindo que não tinha apoiado os pés. Ia na onda da multidão que se movimentava no mesmo sentido, espremida e levantada do chão pelas pessoas que me circundavam. Também me lembro de, na mesma noite, estar a dançar por ali. Com que espaço, não sei. Aí falha-me a memória (ou está demasiado turvada pela sangria que jorrava das banquinhas de rua, nesse dia).
A quantidade de gente que circula por Alfama, em geral, e pelo Largo de São Miguel e redondezas em particular, não tem parado de crescer. Se já não tem a paciência de um estudante universitário para as multidões, as pisadelas e os encontrões, o melhor é mesmo evitar essa zona de Lisboa na noite de 12 de junho. A Bica, que era uma boa escapatória, já se tornou palco de enchentes também.
E há alternativas? É impossível encontrar zonas vazias e sossegadas nos bairros históricos de Lisboa, mas há lugares menos caóticos que Alfama, a Costa do Castelo e a Bica.
1. Bairro da Mouraria
No Largo da Severa e mais acima, na Rua da Guia, existe bailarico com a música pimba essencial a esta noite, mas também espontâneos com bandas de rua de vários estilos. E consegue-se efectivamente dançar a par, fazer comboios e “abanar o esqueleto”, com alguns centímetros de distância da pessoa do lado. Há uns quantos restaurantes e mesas postas no largo com banquinhas de bebidas e sardinha assada, como manda a tradição.
No Beco do Rosendo, na casa da associação Renovar a Mouraria, também há sardinhas, bebidas e música. Os lucros do restaurante são para a associação, que tem contribuído muito para desenvolver o bairro e ajudar os seus moradores.
2. Largo do Intendente
O Largo do Intendente tem vindo a aumentar de popularidade e é bem possível que, este ano, esteja mais cheio que nos anteriores. Ainda assim, será sempre menos confuso que Alfama. A festa no Intendente tem ainda a particularidade de não ter o arraial tradicional, com música pimba, mas concertos e DJs, com conceitos diferentes todos os anos.
3. Bairro da Graça
Apesar da proximidade da confusão do Largo das Portas do Sol, no bairro da Graça ainda é possível alguma tranquilidade. No jardim Augusto Gil (ao lado da igreja e do miradouro) e nas ruas circundantes há bailarico e mesas. O arraial da Vila Berta começou em 2010 e, na altura, era uma alternativa à confusão. Nos últimos anos ficou demasiado conhecido e é visto por muita gente como “O” sítio a ir, o que o tornou demasiado caótico (para além disso, agora cobram entrada).
4. Bairro da Madragoa
Mais afastadas do centro histórico à volta do Castelo e Bairro Alto, as festas do bairro da Madragoa são menos confusas, mas nem por isso menos tradicionais. O bairro está enfeitado com grinaldas e muita luz, como em Alfama, as ruas estão cheias de banquinhas para os comes e bebes do costume e há palcos montados para os bailaricos nos largos. A Rua da Esperança e o Largo de Santos são as zonas mais agitadas, mas embrenhando-se mais no bairro há mesas postas na rua pelos restaurantes – e pelos vizinhos – e animação por todo o lado.
5. Largo de Carnide
Fica completamente fora de mão para quem esteja a viver/ficar no centro de Lisboa, mas é uma óptima opção para fugir à confusão. No Largo de Carnide, à volta do coreto, parece que estamos numa qualquer aldeia de Portugal, e não em Lisboa. Com os enfeites e a animação típica dos Santos Populares fica ainda mais castiço. Uma vez que é uma zona mais pequena, e como os bons restaurantes da zona participam das festividades, a qualidade da comida é bastante superior à dos outros lugares.
Com todas estas alternativas, é possível passar uma noite de Santo António bem animada sem a confusão de Alfama. Mas, se quiser mesmo ver o que por lá se passa, é ir uns dias antes do 12 de junho – já há bailes e sardinhas, e a confusão é bem menor.
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