Ninguém vai até à povoação de Sigiriya com o único propósito de visitar Pidurangala; mas, uma vez nas redondezas, porque não aproveitar para subir ao topo da rocha que tem a melhor vista sobre a mais famosa fortaleza de Sigiriya?
Pidurangala é uma formação rochosa impressionante, localizada a pouquíssimos quilómetros de Sigiriya. Não está incluída na lista de Património Mundial do Sri Lanka e vive na sombra da sua vizinha mais afamada. Vantagem? Há poucos turistas a visitar Pidurangala (e seguramente nenhum grande grupo no seu autocarro de turismo).
A minha visita a Pidurangala
Saí da guesthouse Sigiriya Paradise Inn, onde estava alojado, de bicicleta. Percorri três quartos do perímetro da rocha de Sigiriya, sempre em piso de terra batida; entrei numa rua florestal em direção a Pidurangala e, em menos de nada, cheguei à entrada do templo budista.
Reza a história que a região de Pidurangala foi ocupada por monges budistas há dois milénios e meio. Os monges viviam nas caves em torno do rochedo de Pidurangala. Entrei no complexo, paguei o preço da entrada, e fui direto ao templo.
No templo, as paredes estavam profusamente decoradas com altos-relevos de figuras humanas, leões e outros mais pormenores decorativos. E uma porta. Lá dentro, a estátua de Buda reclinado; e pouco mais.
Não demorei muito a explorar o templo, já que o objetivo principal era subir ao topo de Pidurangala.
Saí e, à direita, havia duas escadas que desapareciam colina acima. Perguntei a um mochileiro que vinha a descer nesse momento qual a correta, e assim fiquei a saber que ambas iam dar ao mesmo local. Perfeito.
A primeira parte do trilho foi feita através de uma escadaria muito irregular que, apesar disso, é bastante fácil. Ainda era dia, mas os raios solares tinham dificuldade em penetrar na densa floresta. Fui caminhando, caminhando, caminhando… até que, um pouco mais acima, encontrei uma pequena cave onde repousava outro grande Buda reclinado, feito de tijolos.
A literatura oficial, plasmada num desdobrável entregue à entrada do complexo, afirmava que, à época, aquela era a maior estátua de Buda feita em tijolo existente em todo o mundo. Não tenho como confirmar a veracidade da afirmação, mas na verdade pouco importa.
A segunda (e última) parte da subida é muito pequena mas exigente. Não há trilho; é preciso escalar rochas graníticas – pelo que se exige alguma preparação física. Os últimos metros são especialmente demorados, principalmente no caso de haver gente a descer ao mesmo tempo. Era o caso. Não dava para passar, pelo que tive de esperar uns bons cinco minutos até que o pequeno grupo – que incluía algumas crianças – conseguisse descer as rochas.
Com o caminho livre, empreendi a última parte da ascensão. Lamentavelmente, depois de ter subido facilmente Sigiriya, cometi a asneira de ir para Pidurangala de chinelos. Erro crasso; tive de me descalçar para conseguir ultrapassar a última dificuldade.
Lá em cima, a vista era magnífica. De um lado, a rocha de Sigiriya envolta em selva. Em todo o resto, verde, muito verde – apenas pintalgado por um pequeno lago ou conjunto de casas.
Esperei quase até ao pôr-do-sol para observar as mudanças de tonalidades em meu redor. A vista era mesmo magnífica. Visitar Pidurangala tinha valido mesmo a pena!
Com o sol quase a desaparecer, era então altura de fazer o percurso inverso pelo trilho já escurecido pela densa floresta. Lá em baixo, a bicicleta aguardava intocada no local onde a deixara. Pedalei, feliz da vida, de regresso à povoação de Sigiriya.
Subir Pidurangala ou Sigiriya?
Honestamente, julgo que vale a pena subir a ambas. São experiências totalmente diferentes, de certa forma complementares.
A fortaleza de Sigiriya é mais famosa (está classificada como Património da Humanidade), mais fácil de subir, sempre ao sol e com mais turistas. O templo de Pidurangala é uma pequena pérola sem grande turismo (à exceção de alguns viajantes independentes), proporciona das melhores vistas sobre a vizinha Sigiriya e caminha-se pelo meio da selva.
A escolha não e fácil e eu recomendo subir às duas. Mas, se tivesse mesmo de escolher uma para visitar, provavelmente seria Sigiriya (apesar dos turistas).
Guia prático
Como organizar a visita a Pidurangala
Estive na dúvida entre visitar Pidurangala de manhã cedo ou ao final da tarde; mas acabei por optar ir perto do pôr-do-sol. E não me arrependo da decisão.
Para visitar Pidurangala, eu escolhi alugar uma bicicleta e pedalar até junto da bilheteira. É um passeio agradável e julgo ter sido a melhor opção. A entrada em Pidurangala custa 500 Rupias do Sri Lanka; não se aceitam Euros.
De resto, eis algumas dicas práticas para visitar Pidurangala:
- A caminhada até ao topo de Pidurangala é feita maioritariamente num trilho coberto por vegetação, pelo que o sol não é um problema (ao contrário da humidade). Dito isto, visite Pidurangala de preferência ao entardecer, altura em que a vista sobre a rocha de Sigiriya é magnífica.
- Pelo mesmo motivo, tenha cuidado com a hora de descida (ou leve uma lanterna boa); é que o trilho vai ficando bem escuro, mesmo antes do sol se pôr.
- Leve calçado confortável e não arrisque ir de chinelos; a última parte do trilho não é de todo adequada para Havaianas (falo por experiência própria, cometi o erro de achar que não haveria problema).
- Note que subir Pidurangala é mais difícil e cansativo do que subir ao topo de Sigiriya. Leve bastante água.
- Na zona inicial do trilho, junto ao templo budista, as mulheres devem levar as pernas e os ombros tapados; os homens não devem ir de calções. Dali para cima pode-se caminhar sem essas restrições de indumentária.
Onde ficar
Eu escolhi a guesthouse Sigiriya Paradise Inn por recomendação de amigos, e só tenho elogios a fazer a Milton e sua família. Os quartos são amplos e muito limpos, o chuveiro é maravilhoso, o pequeno-almoço farto e delicioso; e, acima de tudo, a família é simpática, prestável e acolhedora. Senti-me em casa.
Caso esteja esgotado, veja também a The Otunna, a Shady Mango Villa o The Nature Park Villa ou o Sigiriya Amenity Homestay; são todas guesthouses baratas e excelentes.
Se prefere hotéis mais caros e luxuosos, não se arrependerá de ficar hospedado no Amaya Signature Kandalama Dambulla, no Jetwing Vil Uyana ou no Heritance Kandalama. Para outras alternativas, veja todos os hotéis de Sigiriya clicando no link abaixo. Não faltam boas opções.
Seguro de viagem
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