Com uma vista privilegiada sobre o Rio Douro, a localidade de Barca d’Alva e a tristemente abandonada estação de caminhos-de-ferro na outra margem, a casa de turismo rural Terra d’Alva oferece condições ímpares para uns dias de descanso no interior do Parque Natural do Douro Internacional. Conforto, simpatia, simplicidade… e as arribas do Douro ali tão perto. Visita à casa de turismo rural Terra d’Alva.
Terra d’Alva
Visita-se a abandonada estação de caminhos-de-ferro de Barca d’Alva, quase em ruínas, as escadas inexistentes, as paredes a descascar, os tetos esburacados, o interior vazio de serventia, os letreiros de pedra a anunciar inutilmente “Transmissão e telégrafo” ou “Cantina”, e quase apetece chorar. Como é possível as autoridades deixarem o património histórico e cultural chegar a este ponto de decadência e abandono? Estou no interior do Parque Natural do Douro Internacional, num marco da Linha do Douro que já o não é, próximo da região de onde emana uma das marcas portuguesas com maior notoriedade internacional – o Vinho do Porto -, e não posso deixar de me indignar. Olho para a outra margem e observo o outro lado da moeda, a face de quem acredita no potencial turístico duriense, de quem renova o velho sem o descaracterizar – antes dando-lhe vida e utilidade -, de quem ama e respeita esta paisagem que até a UNESCO protege, de quem investe e cria espaços como Terra d’Alva.
É de lá, da borda da piscina altaneira, com o Douro ao fundo, o afluente Águeda a montante, avistando a defunta estação a partir do terreno da unidade de turismo rural Terra d’Alva, rodeado das vinhas, laranjeiras, oliveiras e amendoeiras ainda em flor da Quinta Joanamigo, que a contradição me ocorre. Porque é uma casa magnificamente recuperada e adaptada para o turismo rural; porque a localização e as vistas são magníficas; porque esta região – e esta casa – merecem toda a atenção de quem ousa optar pelos ambientes rurais do interior norte de Portugal em detrimento dos grandes hotéis do litoral. Porque o Douro Internacional vale a pena conhecer.
Terra d’Alva é, na verdade, o nome dado a duas casas de turismo de habitação contíguas – o Espaço do Alpendre e o Espaço do Pátio -, passíveis de serem alugadas individualmente ou em conjunto. São, no total, quatro quartos e um mezanine adorado pela pequenada, capazes de alojar oito a dez pessoas. As casas oferecem kitchenettes, quartos na medida certa, espaços comuns amplos na casa do Alpendre, menos generosos na casa do Pátio, uma televisão que podia até nem lá estar e uma lareira a esquentar as noites frias de um inverno no alto Douro.
Não seria preciso muito mais para a felicidade momentânea mas há, ainda, uma piscina para usufruto comum, um pátio recatado no Espaço do Pátio e um aprazível alpendre no Espaço do Alpendre – áreas simples mas com bom gosto, escolhidas como mote para os nomes das casas. E ainda a tranquilidade do Douro à vista desarmada, o delicioso pão dependurado à porta todas as manhãs, as laranjas doces e sumarentas para alegrar o amanhecer com sumos naturais, ou a simpatia de Isabel Matos Ferreira, a minha anfitriã na Terra d’Alva.
Isabel conta que abriu o espaço ao turismo em 2008 e que, apesar da juventude da casa, tem já um conjunto de hóspedes repetentes, que voltam pelo menos uma vez por ano; são portugueses, holandeses, espanhóis. O livro de visitas, recheado de elogios em várias línguas, comprova a boa impressão deixada em quem se aloja na Terra d’Alva.
Folheio o livro. À parte alguns desenhos, referências à simpatia ou ao sossego que se vive na casa e promessas de regressos breves, é sobre a piscina que mais ali se escreve. E com razão. Nos dias quentes de verão – e como são quentes os dias de verão em Barca d’Alva, garante Isabel -, quando as tardes ao relento são difíceis de suportar, resta a proteção das paredes de pedra ou a piscina. Visito a casa em meados de março e o tempo ameno, frio até, não me impele para a água. Mas imagino-a nas tardes quentes. Em crepúsculos abafados. Quando noite, piscina e Touriga Francesa se juntam num abraço de amor, é fácil conjeturar que o tempo para, os corações incandescem, as estrelas sorriem e a estação de caminhos-de-ferro, do outro lado do rio, suspira pelo dia em que viverá momentos tão belos.
Não faltará muito para mais gente poder desfrutar deste ambiente. Estão previstas três ou quatro novas unidades para os próximos anos, a surgirem, muito provavelmente, num terreno ao nível do rio, a escassos metros das águas do Douro, por entre fileiras de laranjeiras. Troca-se a vista altaneira pela adjacência do Douro; mantém-se tudo o resto que encanta quem se hospeda na Terra d’Alva.
Guia prático
Este é um pequeno guia com informação prática para planear a sua estadia na casa de turismo rural Terra d’Alva.
Como chegar à Terra d’Alva
De Lisboa ou Porto, deverá seguir pela autoestrada A1 até à saída para a A25, direção Viseu. Uma vez na A25, pode usar a saída 32 e seguir pela EN332 para Almeida, embora se aconselhe que prossiga até Vilar Formoso, pois encontrará uma estrada em melhores condições. A partir de Almeida, deve passar as localidades de Figueira de Castelo Rodrigo e Escalhão, antes de chegar a Barca d’Alva. Aqui chegado, atravesse a ponte para a margem esquerda do Rio Douro e prossiga cerca de 500 metros; imediatamente antes de uma pequena ponte deverá virar à esquerda por um caminho de terra batida que dá acesso à casa de turismo rural Terra d’Alva.
O que fazer em Barca d’Alva
A localização no interior do Parque Natural do Douro Internacional, uma região de grande beleza natural, faz com que não faltem oportunidades para inúmeras atividades de lazer possíveis de serem organizadas a partir da casa de turismo rural Terra d’Alva. A começar, desde logo, pelas caminhadas que se podem fazer nas redondezas, nomeadamente no impressionante e rudemente belo Desfiladeiro do Diabo, ou passeios a lugares como o Penedo do Durão, a aldeia abandonada de Raposo ou o belo castelo de Figueira de Castelo Rodrigo.
Outras opções incluem passeios a cavalo pelas escarpas e vinhedos da região, ou ainda o aluguer de um barco à vela e de caiaques para passeios no Rio Douro e no seu afluente Águeda – tudo disponível para aluguer diretamente na casa Terra d’Alva.
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