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Trekking no K2

Por Ana Isabel Mineiro | Trekking Viagens Ásia Islamabad Paquistão
Atualizado em 22.07.2017 | Tempo de leitura: 6 minutos

Trekking no K2, Paquistão

A propósito da recente subida ao cume do K2 por João Garcia, o maior alpinista português, relembro o trekking que antecede a ascensão. São sete dias sobre um dos mais longos glaciares do mundo, onde a beleza da paisagem e a imponência das montanhas justificam cada hora de caminho.

O K2 visto de baixo

Skardu é a única cidade do Baltistão, no Norte do Paquistão, situada em zona sensível a nível político e militar, próxima da fronteira indiana e da disputada área do Caxemira. Já foi capital de um reino mais vasto e território budista nos sécs. III e IV; a ocupação tibetana do séc. VIII deixou marcas na arquitectura e uma estátua de Buda a poucos quilómetros da cidade.

A partir do séc. X esta influência declinou, e um certo Ibrahim Shah, provavelmente de origem caxemirense, deu início ao período mais grandioso do Baltistão, que se prolongou, com interrupções, pelos sécs. XVI e XVII. Mas hoje, Skardu é apenas uma grande aldeia que se estende na areia branca do Rio Indo, no sopé do monte Karpochu. Cada vez há mais tráfego e construções de cimento com telhado de zinco, mas o vale continua lindíssimo: a vegetação é abundante e os minaretes das mesquitas levantam-se no meio do verde, cercados pelo serrilhado escuro das montanhas do Karakorum. É ponto de partida para muitos trekkings e escaladas: numa área de apenas cerca de cento e cinquenta quilómetros encontramos a maior concentração do mundo de picos com mais de sete mil metros de altitude, paredes gigantes que se levantam de todos os lados num serrilhado impressionante e quase intransponível.

Trilhos de montanha

Trekking e caminhadas: K2, Paquistão
K2, Paquistão

Os trilhos começam na aldeia de Askole, onde um jipe nos deposita depois de um dia a rodopiar por uma estrada de terra estreita e perigosa. O trilho leva-nos depois por moreias* até ao glaciar Baltoro, que tem cerca de sessenta quilómetros de comprimento. Não é de um branco ofuscante e azulado: está coberto por montes de terra e pedras que arrasta consigo, é rasgado por crevasses** e pequenos lagos de água esverdeada. Uma camada de cascalho desliza entre os nossos pés e o gelo. Formas extraordinárias vão aparecendo ao longo do caminho: a erosão por baixo de alguns pedregulhos forma “cogumelos” gigantes e do chão saem seracs ou penitentes de gelo, como é costume chamar a estas formações de um branco puro, em forma de torre ou vela de barco.

Os primeiros três locais de acampamento foram organizados por uma ONG que interveio na sustentabilidade ecológica do trilho, demasiado poluído pela passagem de dezenas de expedições por ano, e instalou aqui uma série de cabinas de casas de banho, água entubada e uma pequena casa-abrigo que vende coisas básicas; a partir de Urdukas, estamos por nossa conta. O acampamento de Goro2 fica a um dia de distância, num local que alguns têm dificuldade em alcançar, atravessando sobre troncos periclitantes o furioso jorro de água que o divide, fruto do avançar do dia e do calor. Mesmo quando não é profunda, a corrente é fortíssima e a água gelada; com os pés mal assentes sobre as pedras do leito e a força poderosa da água a desequilibrar, é fácil cair e ser arrastado com a carga às costas. A temperatura da água é tão baixa que provoca paragens cardíacas em alguns minutos, e há rochedos enormes escondidos na água baça. A sobrevivência é impossível.

Aproximação ao K2

K2, Paquistão
K2, Paquistão

Concordia é a zona de confluência dos glaciares Baltoro, Godwin-Austen e de mais um punhado de glaciares menores. E é também o local onde se avista pela primeira vez o fabuloso K2, a imagem perfeita da montanha perfeita, recortada num céu índigo. A banda sonora também é impressionante: constantemente se ouve o estrondo de enormes avalanches que vão resvalando pelas encostas. E até onde a vista alcança, é impossível avistar uma pincelada de verde.

Só no dia seguinte tentámos aproximar-nos mais um pouco deste gigante que parecia fechar o vale; com 8.611 metros de altura, é a segunda montanha mais alta do mundo. Subimos dunas de gelo frente à parede branca e ofuscante de luz que nos atrai como um íman. O Godwin-Austen, verdadeiro manto branco que lhe escorre do sopé, é a nossa nova estrada, e dos lados deslizam silenciosamente outros glaciares. Apesar de parecer próximo, o K2 fica a quinze quilómetros de Concordia – e duas horas e meia mais tarde fui vencida pela altitude e pelo cansaço. Há que ser filósofo durante um trekking: o verdadeiro prazer está distribuído por todo o caminho e não acumulado num só local. Mas para montanhistas como o João Garcia, este é um passeio pelo jardim antes da verdadeira caminhada. Alguém que consegue fazer nove picos de oito mil metros sem oxigénio, deve sentir-se à beira-mar neste oceano de gelo, a mais de quatro mil metros de altitude.

* Depósito de pedras e outros detritos arrastados pelos glaciares.
** Fendas no gelo causadas pela movimentação do glaciar, que variam em largura e profundidade.

Guia de viagens ao K2

Este é um guia prático para trekking no K2, Paquistão, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região.

Quando viajar para o Paquistão

A única possibilidade é o Verão, de meados de Junho a meados de Setembro. O frio abranda, embora a visibilidade fique por vezes afectada com as nuvens da monção que reina do outro lado das montanhas.

Como chegar

Antes de voar para Islamabad, deve pedir o visto na Embaixada do Paquistão em Lisboa, na Av. da República 20-1. A British Airways voa para Islamabad. A partir daí, ficará nas mãos da agência que escolheu – a que utilizo há anos é a Lost Horizon.

Pesquisar voos

Alojamento durante o trekking no K2

O trekking tem de ser feito através de uma agência, uma vez que se situa numa área restrita. Assim sendo, será a agência a cuidar de toda a estadia, desde hotel em Islamabad a tendas para o trekking.

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Gastronomia

Em Skardu há alguns restaurantes populares e um punhado de hotéis com restaurante, mas é mais fácil e prático comer na própria pensão/hotel. No Paquistão a carne é parte essencial das refeições, mas há bons caris de legumes, assim como pão.

Informações úteis

O dinheiro troca-se em banco ou agentes de câmbio. Esqueça os ATM e não conte muito com o cartão de crédito. O nível de vida é muito baixo e 1 euro vale cerca de 90 Rupias. Sendo o Paquistão um país islâmico e Skardu uma pequena povoação, aconselho às mulheres o uso do shalwar kamize, o tradicional conjunto de túnica e calças. Os homens devem abster-se de usar calções e nunca se apresentar de tronco nu em público. Na montanha impõe-se a roupa própria e os carregadores estão habituados a isso. A língua internacional mais falada é o inglês, a língua nacional é o urdu. Não há nenhuma vacina obrigatória, mas é preciso cuidado com a higiene: nada de alimentos crus ou fruta com casca, beber água engarrafada ou desinfectada com comprimidos.

Seguro de viagem

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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