
Com tantos trilhos em paisagens magníficas, ir para o Parque Nacional da Peneda-Gerês e não fazer alguns desses percursos pedestres é um erro crasso que tentei não cometer na minha visita ao Soajo.
O Trilho Caminhos do Pão, Caminhos da Fé, por exemplo, é uma pequena rota circular, com início precisamente na vila do Soajo e sem grande dificuldade. Passa junto a alguns moinhos em mau estado de conservação, por brandas como a de Murço, vacas cachenas a pastar e caminhos pisoteados pelos chamados romeiros da Peneda.

É precisamente essa mistura entre os espaços ligados ao cultivo do milho e à produção de pão, por um lado, com os caminhos que levavam os peregrinos até ao Santuário de Nossa Senhora da Peneda, por outro, que deu nome ao trilho (Caminhos do Pão, Caminhos da Fé).
Numa parte do chamado percurso longo, aliás, o traçado é comum a um outro trilho bem marcado, conhecido como Rota dos Romeiros da Peneda – Rota do Soajo.
Saí então da vila do Soajo de manhã cedo, e comecei a subir por caminhos empedrados em direção à Branda de Murço. No início da caminhada, avistei logo alguns moinhos abandonados que, juntamente com os espigueiros do Soajo, são sinais evidentes da importância que a cultura do milho teve na região.
“Quando era miúdo, aqueles campos estariam cheios de milho, mas hoje não há gente para os trabalhar”, confidenciou-me Manuel Lage, amigo novo e companheiro de caminhada.
Logo a seguir, cruzei-me com um casal de caminhantes, ainda sem saber que seriam as únicas pessoas que encontraria ao longo do percurso.
Continuámos em ritmo de passeio, à conversa, por entre a vegetação serrana e grupos de vacas cachenas, ouvindo o chilrear da passarada. Passámos a Branda de Murço e o local onde os percursos curto e longo se separam. Até que começámos a descer em direção ao Soajo, com a paisagem alternando entre espaços com vista para a serra e caminhos de pedra murados. Muito bonito!
Quando, por fim, chegámos à zona urbanizada do Soajo, estava feliz por ter acordado cedo e empreendido a caminhada. No fundo, foi um pequeno mas agradável passeio nos arrabaldes da vila do Soajo, muito fácil e com diversidade paisagística. Recomendo.
Ficha técnica: Trilho Caminhos do Pão, Caminhos da Fé (PR7 AVV)
- Tipo de percurso: Circular
- Início / Final: Casa do Povo, Soajo
- Distância: 5,4 km (percurso longo)
- Duração: 2,5 horas (nas calmas)
- Dificuldade: Fácil
- Altitude máxima: 589 m
- Desnível acumulado: 311 m
- Sinalização: O percurso está bem marcado, com as habituais listas vermelhas e amarelas, as indicações de “Pequena Rota”.
- Acessibilidade: Muito fácil (veja como chegar ao Soajo, abaixo). Note que, apesar de não estar referido, existe transporte público desde Arcos de Valdevez, mas com pouca frequência.
- Mais informações no site da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez: percurso longo e percurso curto.
Guia prático
Como chegar ao Soajo
Tendo como referência a cidade do Porto, a melhor forma de chegar ao Soajo é seguir pela A3 até Ponte de Lima e, daí, prosseguir pela IC28, EN203 e EM530, respetivamente. São pouco mais de 110km até ao Soajo.
Onde dormir no Soajo
No Soajo, o ideal é ficar numa casa tradicional dentro da vila. Eu fiquei na Casa do “Ti Viúva”, uma casa da família do meu amigo Manuel Lage, e recomendo sem reservas. Outras alternativas de grande qualidade são as Casas do Cavaleiro Eira e a Casa Rautau.
Caso, por algum motivo, prefira dormir em Arcos de Valdevez (em vez de ficar no Soajo), o Ribeira Collection Hotel é uma opção de grande qualidade. Outra hipótese mais criativa onde tinha adorado ficar era o turismo rural Moinho do Ázere, perto de Arcos de Valdevez; mas não tinha disponibilidade nas minhas datas.
Onde comer no Soajo
Para além da afamada carne de cachena, uma vaca de pequeno porte típica das zonas montanhosas do Gerês e comum no menu de muitos restaurantes, vale a pena passar pelo restaurante Espigueiro do Soajo para provar o naco de vitela cozinhado em vinho tinto. É delicioso.
Num registo mais simples, o Café Jovem é sempre uma boa escolha (ao almoço). Eu acabei por repetir a visita, uma vez que as diárias são saborosas, muito generosas e a preço imbatível (6€, incluindo sopa, prato, bebida, sobremesa e café).
Seguro de viagem
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