A capital da Polónia conta-nos um pouco da história da Europa Central, sobretudo a dos terríveis anos da II Guerra Mundial. Uma viagem por entre palácios e jardins à descoberta da Varsóvia antiga – classificada Património Mundial.
História da Europa em Varsóvia
O que vemos hoje é um magnífico trabalho de reconstrução segundo os planos originais: durante a Segunda Guerra Mundial, a seguir ao Levantamento do Gueto a cidade inteira revoltou-se, levando Hitler a ordenar a sua destruição e a deportação maciça dos seus habitantes. O gueto judeu de Varsóvia chegou a ser o maior da Europa, e um dos mais terríveis palcos do Holocausto; mais de um milhão de deslocados de todos os cantos do país foram empurrados para esta pequena parte da cidade, e no ano seguinte um quarto dos seus habitantes já tinha morrido de fome e epidemias.
Depois começaram as deportações para os campos da morte, sobretudo Treblinka e Oswiecim (Auschwitz), e quando restavam apenas cerca de sessenta mil habitantes os nazis invadiram o bairro, queimando e arrasando os edifícios. Hoje, do local resta um monumento que assinala a sua localização.
A reconstrução levou dez anos e o resultado incluiu hectares de prédios populares, feios e baratos, em redor das “ilhas” barrocas dos Nowe e Stare Miasto (Bairro Novo e Antigo), restauradas a preceito.
O Bairro Antigo faz agora parte do património da UNESCO e é o centro turístico da cidade, onde se concentram restaurantes, cafés e galerias de arte. Fica dentro das muralhas, precioso miradouro sobre o Rio Vístula, acessível pela torre barbacã ou pela Praça Zankowi, onde fica o castelo real, luxuosa residência da nobreza construída e ocupada desde o final do século XIII. As ruas exibem casas pintadas de cores frescas e outonais – amarelos, laranjas e verdes-pistácio – algumas com reluzentes pinturas douradas, levantando-se de um chão de pedra rústica.
Perto do castelo fica a coluna onde se equilibra a estátua de Sigismundo III, o fundador da capital, mirando as esplanadas cheias de gente e as tradicionais doroski (caleches) que passam junto às muralhas. Aos domingos, os únicos locais que atraem tanta gente como as esplanadas são, provavelmente, as muitas igrejas que se encontram espalhadas por toda a cidade. Os números oficiais dizem que são cerca de dois milhões e meio por ano, os turistas que procuram Varsóvia.
Pareceu-nos que tinham chegado todos ao mesmo tempo, tal a azáfama diária na praça do Mercado do Bairro Antigo: vendedores de flores, o clássico homem do realejo, músicos de rua em performances permanentes. Grupos guiados sucedem-se, em deambulações labirínticas por entre as exposições de pintura que ocupam um bom bocado da praça. Chefes de cozinha fardados, à maneira dos cafés alemães ou parisienses, convidam-nos para o interior dos seus restaurantes, enquanto japoneses e italianos se auto-fotografam em frente às belíssimas fachadas dos museus, ao pé do monumento a Copérnico ou da Casa de Chopin.
O Nowe Miasto fica a dois passos do primeiro mas é muito menos turístico, apesar de também ser feito de casinhas dignas de decorar uma caixa de bombons. Poços com estruturas de ferro, ursos, cisnes e carneiros de pedra decoram a praça central e algumas portadas.
Ali perto, na Rua Freta, fica a casa de Marie Curie e uma bela igreja dominicana. Mas nada parece ter força suficiente para arrancar os grupos de turistas do Bairro Antigo, à excepção de alguns palácios dos séculos de esplendor (XVII e XVIII), como os de Wilanów e Lazienki, que também se encontram completamente reconstruídos e abertos às visitas.
O Palácio de Wilanów, por exemplo, é um dos mais importantes edifícios barrocos do país. O exterior e os jardins valem a viagem – sobretudo na época das tulipas e das magnólias – e no Verão a afluência é tal que o turista individual tem muita dificuldade em se “infiltrar” nos grupos organizados que chegam de autocarro, única maneira de visitar o interior. Este palácio marca o fim da Estrada Real, que unia Wilanów ao castelo e ao Bairro Antigo, e os seus jardins valeram-lhe o nome de “Versalhes Polaco”. Já os Jardins Lazienki, do séc. XVIII, são um oásis verde no meio do betão, onde soam trinados de pássaros e melodias de Chopin, em concertos ao ar livre frequentes aos fins-de-semana, sobretudo entre Maio e Setembro.
Mandado construir pelo último monarca polaco, o Palácio Sobre a Água é apenas uma das suas belezas. Um magnífico restaurante nasceu no palacete Belvedere, sempre cheio de plantas exóticas e com uma vista soberba sobre o jardim. As alamedas de carvalhos descem até junto do lago, por entre os gritos dos pavões e as correrias dos esquilos. Este é, sem dúvida, o mais atraente dos muitos espaços verdes da cidade, e uma invejável ilha de paz no meio do tráfego crescente da cidade.
Duas personagens célebres da capital Varsóvia
É longa a lista de celebridades nascidas no território que é hoje a Polónia: Copérnico, o escritor Joseph Conrad, o Nobel da Literatura Czeslaw Milosz, o Papa João Paulo II, os cineastas Andrzei Wajda e Roman Polanski, são apenas alguns deles. Ligados à cidade de Varsóvia estão também dois dos mais famosos polacos de sempre: Fryderyk Szopen e Manya Sklodowska.
Escondidos debaixo do seu nome de baptismo, de difícil pronúncia para os não falantes desta língua eslava, Chopin (1810-49) e Marie Curie (1867-1934), um artista e uma cientista, são bem o exemplo de que esta cidade produz um pouco de tudo.
Nascido em Zelazowa Wola, a 50 quilómetros da capital, Chopin passou em Varsóvia parte da sua vida. Aqui estudou, no liceu e no Conservatório, dando o primeiro concerto oficial aos dezanove anos, depois de uma série deles em Viena. A sua casa fica na Krakowskie Przedmiescie, e guarda objectos pessoais como o último piano onde tocou. No parque Lazienki uma estátua celebra o compositor, que fixou residência em França.
Marie Curie nasceu na Rua Freta 16, e a sua casa também foi transformada em museu. À semelhança de Chopin, o seu país de adopção foi a França. Depois de casada com o seu colega de investigação, Pierre Curie, Manya Sklodowska recebeu o Prémio Nobel da Física – pela descoberta do Polónio e do Rádio, que levaria ao estudo do fenómeno da radioactividade – partilhado com Pierre e um outro colega, Becquerel. Após a morte do marido, torna-se a primeira mulher a leccionar na Sorbonne, e em 1911 alcança o seu segundo Nobel, desta vez em Química, pelo isolamento do Rádio. A exposição constante às radiações acabou por lhe tirar a vida, em 1934.
Guia de viagens a Varsóvia
Este é um guia prático para viagens a Varsóvia, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na capital da Polónia.
Quando ir
O Inverno será a única estação a evitar, pelo seu desconfortável rigor, o que não quer dizer que em épocas como a Primavera não ocorra também um ocasional nevão. De resto, como nas principais cidades europeias, Agosto é o mês com mais turistas.
Como chegar a Varsóvia
Um voo Lisboa – Varsóvia, com a TAP, pode rondar os 250 euros, valor bastante aceitável tendo em conta a distância entre as capitais de Portugal e Polónia. Há autocarros do aeroporto que fazem os trinta minutos de viagem até ao centro de Varsóvia.
Onde ficar
Pode escolher entre as grandes cadeias de Le Meridien e Sheraton ou os hotéis Ibis, mais funcionais, mas também encontra muitas pensões para viajantes independentes, e locais que aproveitam o charme dos bairros reconstruídos. O New World st. Hostel, na Nowy Swiat 27, tem dormitórios e duplos por cerca de 12 euros por pessoa. Mais caros são o Hotel Le Regina, na ul. Koscielna 12, ou o novo Oki Doki Castle Inn, na praça do Palácio Real, com uma decoração extravagante e preços que a acompanham.
Restaurantes
Alguns dos pratos mais conhecidos são a sopa de beterraba fermentada, bigos, uma espécie de guisado à caçador com carne variada e legumes, e os pierogi, raviolis com recheios que vão da carne aos cogumelos e couve. Também é de notar a variedade (e qualidade) das salsichas e o delicioso queijo fumado fabricado nos Montes Tatra. O restaurante Belvedere, nos jardins Lazienki, e o Dom Polski, na ul. Francuska 11 são dois dos clássicos da cidade. Mas há de tudo, do sushi à comida italiana e indiana. Para excelentes pierogi, experimente o U Hopera, na Krakowkie Przedmiescie 53. O 99, na Aleja Jana Pawla II 23, também é célebre pela sua comida internacional.
Informações úteis
A Polónia é um dos maiores países da Europa e tem 38 milhões de habitantes. O Norte, situado na costa do Mar Báltico, é plano; já no Sul levanta-se a cordilheira dos Cárpatos, que inclui o belíssimo maciço do Tatra. A região da Masúria é conhecida pelos seus lagos e é uma das mais visitadas. Parte da riqueza polaca encontra-se no seu subsolo; rica em minérios e carvão, a Polónia é sobretudo conhecida pelas minas de sal-gema, como as de Wieliczka. O país pertence ao espaço Schengen, pelo que apenas se exige um documento de identificação como o BI aos viajantes portugueses. As línguas estrangeiras mais faladas são o inglês e o alemão. A moeda é o zloty, e 1 euro vale pouco mais que 4 zloty.
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