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Vereda do Pico Branco e Terra Chã, Porto Santo para além da praia

Por Filipe Morato Gomes
Vereda do Pico Branco e Terra Chã (PS PR 1)
O cenário é árido e montanhoso ao longo da Vereda do Pico Branco e Terra Chã (PS PR 1)

Quem conhece Porto Santo sabe que a ilha não é só praia. É certo que os quase nove quilómetros de areal atraem a maioria dos visitantes, mas a pequena ilha é mais do que isso.

Por mais bela que seja a praia, eu não sou pessoa de ficar a lagartar durante muito tempo, razão pela qual, à priori, Porto Santo nunca seria um destino de viagem apropriado para mim.

Ora, se é verdade que a ilha de Porto Santo está vincadamente associada a praia, considerada por muitos a melhor praia do arquipélago da Madeira, não é menos certo que existem caminhadas em Porto Santo muito interessantes. Há pelo menos dois trilhos pedestres marcados na ilha: a Vereda do Pico Castelo e a Vereda do Pico Branco e Terra Chã. E isso foi razão mais do que suficiente para passar um dia em Porto Santo.

Vereda do Pico Branco e Terra Chã (PS PR 1)

Caminhadas em Porto Santo: Vereda do Pico Branco e Terra Chã
O início da caminhada PS PR 1, com a estrada regional em baixo

Assim que saí do ferryboat, dirigi-me ao centro de Vila Baleira, principal povoação de Porto Santo, para comprar água e fruta para levar na caminhada. Tinha analisado o percurso de ambas as caminhadas e optei por fazer a Vereda do Pico Branco e Terra Chã (PS PR 1), na ponta nordeste da ilha. E em boa hora o fiz.

No caminho, não resisti a parar no Miradouro da Portela, situado no topo de uma colina sobranceira a Vila Baleira. Estava lá um autocarro de turistas acabados de sair do ferryboat. Um jovem casal de holandeses chegou entretanto de bicicleta.

Prossegui viagem pela Estrada Regional 111.

Consta que a vereda foi originalmente traçada para facilitar a passagem de burros de carga na época em que os habitantes locais semeavam cevada em Terra Chã.

Vereda do Pico Branco e Terra Chã
Caminho resguardado na primeira parte da vereda

A vereda tem apenas 2,5 quilómetros de extensão até ao ponto mais distante, Terra Chã; incluindo a ida até ao topo do Pico Branco, o total chega a 5,4 quilómetros. Nada de muito exigente, portanto.

A caminhada ao Pico Branco e Terra Chã tem duas partes muito distintas. Primeiro sobe-se um pouco por terrenos pedregosos até chegar à chamada rocha do Cabeço do Caranguejo, ponto a partir do qual a paisagem muda radicalmente. Por esta altura, tinha-me já cruzado com centenas de lagartixas e bastantes coelhos.

A partir desse momento, passei a estar rodeado por ciprestes e miradouros com vistas absolutamente maravilhosas, até que, com pouco mais de dois quilómetros percorridos, cheguei a uma bifurcação no caminho: à esquerda, o acesso ao topo do Pico Branco (200 metros); à direita, o caminho até Terra Chã (400 metros).

Paisagens de Porto Santo
A paisagem montanhosa de Porto Santo é belíssima

Fui primeiro ao topo do Pico Branco; com 450 metros de altitude, é o segundo ponto mais alto da ilha de Porto Santo. E valeu bem o desvio. Para além da sensação de conquista (ainda que modesta), as vistas do topo do Pico Branco abrangem boa parte da ilha.

Voltei à bifurcação e prossegui em direção a Terra Chã. A paisagem continuou espetacular, com o trilho a seguir junto à escarpa, numa zona onde não é de estranhar se avistar cagarras e garajaus.

Mas a surpresa veio adiante.

Caminhadas em Porto Santo: PS PR 1
Um momento alto da caminhada, perto do Pico Branco

Às tantas, depois de uma curva a circundar a falésia, avistei uma casa. Era o final do trilho, mas estava intrigado. Sentei-me num banco de pedra a comer uma laranja, descansar um pouco e desfrutar da paisagem – escarpas áridas e o Oceano Atlântico lá em baixo -, mas era a casa que me intrigava.

Estava fechada, sem vivalma, mas não parecia abandonada. Só mais tarde esclareci o mistério no site do Turismo da Madeira. A casa no final da Vereda do Pico Branco e Terra Chã serve de ponto de apoio à missão de “realizar estudos científicos” para “apoiar a propagação de plantas endémicas e a sua reintrodução no meio”.

Ciprestes Porto Santo
Na segunda parte da caminhada, o trilho segue por escarpas com vegetação

Pouco depois, empreendi o caminho de regresso (pela mesma vereda). Não encontrei ninguém em toda a Vereda do Pico Branco e Terra Chã. Só quando estava quase a chegar à Estrada Regional 111 me cruzei pela primeira vez com outros caminheiros. Era o casal que avistara no Miradouro da Portela: tinham vindo de bicicleta desde Vila Baleira. Bravo!

Cheguei ao carro verdadeiramente feliz. Para mim, foi uma caminhada extraordinária. Acredito, aliás, que seja uma das mais bonitas caminhadas de Porto Santo. Ou a mais bonita.

Seja como for, é seguramente uma forma de desfrutar de Porto Santo sem ser na praia.

A caminho de Terra Chã
A caminho de Terra Chã, já perto do final do trekking
Vista para o Oceano Atlântico, Porto Santo
Vista para o Oceano Atlântico
Ilha de Porto Santo
Ilha de Porto Santo
Paisagem Porto Santo
Gostei muito da paisagem ao longo da vereda

Dicas para fazer a Vereda do Pico Branco e Terra Chã (PS PR 1)

Como chegar

Eu fui de ferry a partir da ilha da Madeira. Não há dúvida que ter um carro alugado facilita muito a locomoção em Porto Santo, até porque os táxis podem ficar caros contando com o tempo de espera. Em último caso, pode tentar pedir boleia; há quase sempre turistas a circular. Pode trazer o carro no ferry da ilha da Madeira.

Segurança

A caminhada não é perigosa, mas tem zonas de escarpa onde um pé em falso pode ser desastroso. Recomenda-se prudência e que respeite as regras básicas de segurança em montanha:

  • Desde logo, não faça a caminhada sozinho;
  • Leve água e alguns alimentos (barras de cereais e fruta, por exemplo);
  • Leve agasalhos – o tempo é imprevisível e a zona é muito ventosa;
  • Leve um telemóvel;
  • Use calçado apropriado (a sério, nem pense fazer a Vereda do Pico Branco e Terra Chã de havaianas).

Onde dormir

Assumindo que passa mais do que um day tour a Porto Santo e não regressa imediatamente à Ilha da Madeira, não faltam opções de alojamento em Porto Santo. Recomendo vivamente a Casa do Velho Dragoeiro, mas veja abaixo que hotel mais se adequa ao seu orçamento e estilo de viagem.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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