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Vindimas no Douro, entre os bardos da Quinta de Ventozelo

Por Filipe Morato Gomes | Hotelaria Viagens Douro Europa Portugal Viseu
Atualizado em 24.02.2022 | Tempo de leitura: 9 minutos

Vindimas no Douro: Quinta de Ventozelo
Vindimas na Quinta de Ventozelo, com o rio Douro em pano de fundo

“O Douro numa quinta“. Assim se apresenta ao mundo a excelsa Quinta de Ventozelo, localizada entre o Pinhão e Ervedosa do Douro, no Alto Douro Vinhateiro. Estávamos em plena época de vindimas no Douro quando rumei a São João da Pesqueira para conhecer aquela que é por muitos considerada como uma das melhores quintas no Douro.

Beneficiando de uma localização excecional, com vista para a vila de Pinhão, a Quinta de Ventozelo espraia-se ao longo de um amplo anfiteatro que vai desde o rio Douro até à cota de 600 metros de altitude. São, no total, 400 hectares de paisagens bucólicas, metade dos quais com vinhas cultivadas – que fazem de Ventozelo, também, uma das maiores quintas do Alto Douro Vinhateiro.

Quinta de Ventozelo, Ervedosa do Douro
A Quinta de Ventozelo vista do rio Douro

Nas palavras dos próprios, a quinta é “atravessada por diversas ribeiras e linhas de água rodeadas por galerias ripícolas, que lhe conferem paisagens de grande diversidade e riqueza natural e também exposições [solares] e microclimas muito diversos”.

E é, acrescento eu, um espaço lindíssimo na margem esquerda do rio Douro, onde Homem e Natureza convivem há séculos em perfeita harmonia. Venha daí nesta viagem pelos socalcos ancestrais do Alto Douro Vinhateiro, na especialíssima época das vindimas.

Conteúdos do Artigo
  • 1 Vindimas no Douro
    • 1.1 Quinta de Ventozelo, uma das melhores quintas do Douro
    • 1.2 As vindimas no Alto Douro Vinhateiro
    • 1.3 Centro Interpretativo de Ventozelo
  • 2 Guia prático
    • 2.1 Quando são as vindimas no Douro
    • 2.2 Como chegar
    • 2.3 Tours no Douro
    • 2.4 Gastronomia
    • 2.5 Onde ficar
    • 2.6 Seguro de viagem

Vindimas no Douro

Vindimas no Douro
Vindimas no Alto Douro Vinhateiro

Tenho família perto de Mesão Frio, razão pela qual já participei em várias vindimas no Douro. Por isso mesmo, desta feita a ideia era mais documentar as vindimas do que apanhar ou pisar uvas no lagar.

E foi exatamente isso que fui fazer à Quinta de Ventozelo.

Quinta de Ventozelo, uma das melhores quintas do Douro

Casa Grande, Quinta de Ventozelo
Vista da Casa Grande, onde pernoitei na Quinta de Ventozelo

“Estamos a honrar a memória de todos quantos construíram Ventozelo ao cuidar das vinhas e dos muros. Da produção de azeite, de mel e dos vinhos, do Porto e do Douro. Da preservação da floresta e das espécies cinegéticas. Do património construído e imaterial. Da memória do lugar”.

Jorge Dias, Diretor-geral do Grupo Gran Cruz

Já estive em excelentes projetos de enoturismo no norte de Portugal, cada um deles com valências distintivas. Recordo, por exemplo, a arquitetura e o extraordinário design de interiores do Monverde Wine Experience Hotel, em Amarante; ou o requinte do Six Senses Douro Valley, instalado na icónica Quinta do Vale Abraão.

Lagar da Quinta de Ventozelo
Espaço junto ao lagar da Quinta de Ventozelo

E a Quinta de Ventozelo não lhes fica atrás. Para quem procura um espaço vinícola para pernoitar e viver as vindimas no Douro, poucas propriedades oferecem tão boas condições como a Quinta de Ventozelo.

Porque combina hospedagem de grande qualidade com paisagens idílicas; piscinas irresistíveis com vista para o rio; boa gastronomia; genuínas preocupações de sustentabilidade e com a economia de proximidade (até fazem troca direta de víveres com os produtores locais!); e, claro, o tradicional ambiente das vindimas.

As vindimas no Alto Douro Vinhateiro

Vindimas no Alto Douro Vinhateiro
Trabalhadores das vindimas no Alto Douro Vinhateiro

Os dias começavam cedo. A ideia era já estar nas vinhas quando os trabalhadores chegassem aos socalcos para fazer as vindimas, apanhando a luz sorridente do amanhecer tão precocemente quanto possível. E assim foi.

Numa propriedade tão vasta como a Quinta de Ventozelo, tudo tinha de estar bem organizado para que as equipas de homens e mulheres pudessem fazer o seu trabalho. E estava. Pela minha parte, saía de carro da Casa Grande, procurava saber em que área da quinta os trabalhadores iriam estar a vindimar nessa manhã, e seguia para lá.

Trabalhadores nas vindimas
Há trabalhadores de todas as idades nas vindimas do Douro

Os trabalhadores eram deixados numa zona da propriedade onde os tratores haviam já lançado os cestos vazios para as uvas, espaçados por poucos metros. Por isso mesmo, ao longo da manhã não ouvi uma única vez o grito característico de “ceeesto!” – som que tinha na memória – sempre que alguém precisava de um vazio. Pela simples razão de que havia cestos de sobra espalhados pelos bardos.

E assim fui conversando com os trabalhadores enquanto cortavam as uvas, interrompidos pela ocasional passagem do trator para as recolher. A maioria das pessoas era oriunda da região; e até encontrei algumas que conheciam a família do avô Queiroz (avô da minha mulher), da aldeia de Vila Marim, em Mesão Frio.

Vindimas no Douro
Vindimas no Douro

Tendo ido várias vezes vindimar em casa do avô Queiroz, não pude deixar de reparar que, ao contrário do que lá acontecia, onde o almoço era providenciado pelo dono da quinta no meio das vinhas, em Ventozelo cada trabalhador levava a sua marmita para almoçar.

Habituado ao que vira durante anos do outro lado do rio, com panelões de bacalhau com batatas para um almoço conjunto às 9:30 da manhã, confesso que me pareceu estranho não haver aquele momento de partilha, em tempo de vindimas, à hora da refeição.

Uvas para vinho do Porto
Pormenor das uvas apanhadas na Quinta de Ventozelo

Seja como for, a experiência de ali estar, em pleno período de vindimas no Douro entre bardos que dão origem a vinhos do Porto deliciosos, é sempre mágica. Mesmo trocando as tesouras pela máquina fotográfica.

Aos poucos, o sol ia ficando mais abrasador, a luz menos interessante para filmar e fotografar; e, por isso, era hora de recolher ao núcleo urbano da quinta e visitar o lagar e o Centro Interpretativo de Ventozelo – um dos espaços mais inesperados de toda a quinta.

Centro Interpretativo de Ventozelo

Museu em Ventozelo
Interior do Centro Interpretativo de Ventozelo

“Pare, Escute… e Sinta Ventozelo”

Uma das valências inovadoras do projeto de enoturismo na Quinta de Ventozelo é o seu Centro Interpretativo. Trata-se de um núcleo museológico que permite ao visitante saber mais sobre a quinta, “criando pontes para o conhecimento da própria região duriense através de experiências sensoriais e lúdicas”.

Além de uma exposição muito interessante, que inclui artefactos ligados à cultura vitivinícola do Alto Douro Vinhateiro, é possível assistir a um filme revelador do quotidiano na quinta, nomeadamente as diferentes fases da vinha, a fauna da região e até as sonoridades próprias do lugar.

Nas palavras da museóloga Natalia Fauvrelle, “a ideia é transmitir algumas noções essenciais daquilo que é Ventozelo de forma leve e numa linguagem simples. Dar a conhecer o espaço onde se impõe, a par da vinha, uma área de floresta única no Douro que é um nicho de biodiversidade; e dar a conhecer a sua longa história, que remonta à época romana”. Um espaço a visitar.

Piscina com vista para o rio Douro, Quinta de Ventozelo
Piscina com vista para o rio Douro, o refúgio perfeito para o final da tarde

O final dos dias, esses, foram quase invariavelmente passados na fotogénica piscina instalada defronte da Casa Grande, com beiral infinito e vista reconfortante sobre o rio Douro. Arrisco-me a dizer que é uma das piscinas com melhores vistas que conheço no Douro (ou mesmo em Portugal!).

Tudo somado, não exagero se disser que a Quinta de Ventozelo me pareceu uma das propriedades mais bem preparadas para proporcionar experiências de enoturismo enriquecedoras em todo o Douro Vinhateiro. E não apenas em contexto de vindimas.

Se gosta de boas vistas sobre o rio Douro, conheça também os miradouros do Parque Natural do Douro Internacional, a montante.

Sala de provas da Porto Cruz
Uma belíssima parede na sala de provas da Porto Cruz, para onde seguem as uvas colhidas na Quinta de Ventozelo

Guia prático

Quando são as vindimas no Douro

Como é natural, as vindimas não têm data fixa e dependem de muitos fatores, incluindo as condições climatéricas e o estado de maturação das uvas. Seja como for, na região do Douro, a vindima é feita geralmente durante o mês de setembro.

Ou seja, apesar de poder visitar o Douro durante todo o ano, talvez o final do verão e o outono sejam as épocas mais interessantes. Por um lado, como referido acima, é durante o mês de setembro que, regra geral, ocorrem as vindimas; e, logo a seguir, as vinhas começam a ganhar as tonalidades outonais (amarelos, laranjas, vermelhos e castanhos), conferindo uma beleza inigualável aos socalcos do Alto Douro Vinhateiro.

Como chegar

A aldeia de Ervedosa do Douro pertence ao município de São João da Pesqueira e está localizada na margem esquerda do rio Douro.

Para lá chegar, e tendo como referência a cidade do Porto, o melhor (e mais bonito) trajeto é seguir sempre pela A4 em direção a Vila Real; de lá prosseguir pela A24 até Peso da Régua e cruzar o rio Douro; e depois fazer a belíssima EN222 até à Quinta de Ventozelo. São sensivelmente 150km de viagem.

Tours no Douro

Alternativamente, saiba que existem vários programas de viagem ao Douro Vinhateiro de grande qualidade, com saída do Porto. Regra geral, os melhores tours no Douro incluem visita a adegas vinícolas (com prova de vinhos), cruzeiro de uma hora no rio Douro e um “almoço típico” português. Deixo por isso à sua consideração estas três excelentes opções para conhecer o Douro num tour de qualidade:

  • Do Porto: viagem de vinho de um dia ao Vale do Douro
  • Excursão de Vinhos no Douro com Almoço e Cruzeiro
  • Porto: Excursão pelo Vale do Douro c/ Vinhos, Barco e Almoço

Gastronomia

Embora as refeições nem sempre tenham corrido na perfeição, com alguns equívocos incompreensíveis dos funcionários, não há como negar o toque do chef Miguel Castro e Silva no comando da cozinha da Quinta de Ventozelo. Gostei especialmente da criatividade das opções vegetarianas que tive oportunidade de provar; e de um peixe grelhado preparado pelo chef, absolutamente delicioso.

De resto, destaque para os fartos e maravilhosos pequenos-almoços servidos em Ventozelo.

Onde ficar

Na Quinta de Ventozelo, naturalmente. A qualidade é notória, as preocupações de sustentabilidade não são apenas um chavão turístico e a gastronomia é uma mais-valia indesmentível.

Em concreto, o Ventozelo Hotel & Quinta possui 29 quartos distribuídos por sete edificações distintas, muitas das quais antigas construções agrícolas que ganharam uma nova alma e função – como a Casa do Feitor, antigos celeiros, uma casa de armazenamento de alfaias agrícolas e o edifício dos Cardanhos, onde, outrora, os trabalhadores ficavam instalados.

Alternativamente, caso a Quinta de Ventozelo não tenha disponibilidade ou prefira outras quintas para participar nas vindimas no Douro (ou experiências distintas), considere a vizinha Quinta da Gricha; a Quinta de la Rosa ou, a jusante, a Quinta do Vallado. Pode também pesquisar as melhores quintas do Douro usando o link abaixo.

Pesquisar hotéis no Douro

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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