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Gjakova, querida Gjakova, queria tanto ter-te conhecido noutras circunstâncias

Por Filipe Morato Gomes
Gjakova, Kosovo
Vista noturna da atraente Gjakova (como eu a não vi) © ShkelzenRexha (Own work) [CC BY-SA 3.0], via Wikimedia Commons

Tal como espero conseguir inspirar quem me lê, também eu gosto de me inspirar em blogs de viagem quando planeio uma. Foi por isso que fiquei entusiasmado ao ler um artigo que falava de uma terra chamada Gjakova (ou Dakovica), da qual nunca tinha ouvido falar. E que fantástico é descobrir lugares novos! E foi assim que, depois de ler as palavras de Kinga, decidi visitar Gjakova durante a minha viagem pelo Kosovo.

Estava em Prizren e o dia era de chuva. “Chegou o Inverno”, ouvi várias vezes nos dias anteriores, acompanhado por um encolher de ombros como que a demonstrar a resignação pela inevitabilidade climatérica.

O dia estava mesmo feio, mas meti-me ainda assim ao caminho na esperança secreta de que em Gjakova o cenário fosse mais risonho. Dirigi-me à estação de camionagem de Prizren e, minutos depois de lá ter chegado, estava a bordo de um autocarro rumo a Peja. A paragem em Gjakova aconteceu quase uma hora depois mas, num ápice, as ilusões desapareceram: chovia copiosamente.

Já que ali estava, decidi conhecer o que me tinha levado até Gjakova: o velho bazar a céu aberto da cidade, tido como o mais antigo bazar do Kosovo, e o trabalho da artista local Mimoza Rraci referido no tal artigo.

Caminhei até ao bazar e deparei com um ambiente quase fantasmagórico. Ruas desertas, incluindo a artéria pedonal mais emblemática, várias lojas fechadas e um céu que de amigável pouco tinha. Continuava a chover copiosamente e só um punhado de malucos como eu andava na rua.

Bazar Gjakova, Kosovo
Era assim que gostava de ter encontrado o bazar de Gjakova © Floating My Boat

Apesar de munido de um guarda-chuva barato comprado em Prizren, restou-me refugiar num café, pedir o inevitável macchiato e tentar localizar a loja-atelier da artista. Mimoza tinha-me dito via Facebook para perguntar no centro da cidade pela localização da loja que alguém haveria de me indicar. E assim foi. Os jovens do café conheciam-na.

Sem esperança na melhoria do tempo, fui ao encontro da loja de Mimoza Rraci. Era um espaço pequeno, sem qualquer indicação do seu nome no exterior. Espreitei e reconheci num pedaço de madeira uma frase que anteriormente já me chamara a atenção: “Buy my art before I’m dead”.

Espreitei e, ao fundo, avistei a jovem Mimoza Rraci. Entrei, falamos por breves momentos e logo a seguir comecei a explorar com o olhar o seu trabalho. Detive-me numa ou noutra peça exposta e acabei por comprar um colar de madeira com uma pintura abstrata que me agradou. Não conversámos muito – não sei se pela tristeza do clima, se por ter faltado empatia, ou se a artista é uma pessoa reservada por natureza. Restou-me despedir, e assim terminou a minha inglória passagem por Gjakova.

Até à próxima, Gjakova

Visitar Gjakova: velho bazar
Pormenor do velho bazar de Gjakova @ Floating My Boat

Gostava de ter conhecido Gjakova melhor. Gostava de ter tido oportunidade de fotografar a mesquita Hadum e o velho bazar com outras condições (mas a máquina nem saiu da mochila!). Gostava de ter conhecido Mimoza melhor. Gostava de ter falado com as gentes de Gjakova, que têm fama de serem incrivelmente acolhedoras (mas as ruas estavam vazias).

Ainda assim, não dei a manhã por perdida. Porque Gjakova tem charme. O bazar a céu aberto é belíssimo (e imagino que seja vibrante, a avaliar por fotos como as de Kinga no Floating My Boat – que gentilmente me deixou aqui reproduzir – ou Larissa no The Blonde Gypsy). A paisagem envolvente também. Mas terá de ficar para a próxima vez que visitar Gjakova. Não digo que não volte.

Até porque sei que este foi apenas um dia menos feliz na vida de um vagabundo.

Guia prático

Como chegar a Gjakova

Gjakova faz parte da rota de viagem entre o Lago Koman, na Albânia, e Prizren, no Kosovo. Não posso falar da viagem pela rota albanesa mas de Prizren não tem nada que enganar. Na estação de camionagem, verifique a parte frontal dos autocarros: se tiver Gjakova escrito, serve; há autocarros a cada meia hora, mais coisa menos coisa.

Onde ficar em Gjakova

Cheguei a ponderar dormir em Gjakova para desfrutar mais tranquilamente da cidade, mas acabei por não o fazer. Se a sua opção for diferente, saiba que o hotel mais famoso da cidade é o Hotel Çarshia e Jupave. E não é caro.

Reservar hotéis em Gjakova

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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