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Por entre as brumas da Mata do Buçaco

Por Filipe Morato Gomes
Palácio Real - Palace Hotel do Buçaco
Edifício do antigo Palácio Real, hoje transformado no Palace Hotel do Buçaco

Andava há algum tempo para visitar a Mata do Buçaco, uma área natural da freguesia de Luso, no extremo noroeste da Serra do Buçaco. No final de 2017, por ocasião do Exodus Aveiro Fest, concretizei finalmente esse desejo. Foi uma visita relativamente curta mas, ainda assim, fascinante.

A Mata Nacional do Buçaco foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no início do século XVII. Trata-se da ordem monástica igualmente responsável pela construção do Convento de Santa Cruz do Buçaco, que haveria de ser parcialmente demolido para dar lugar ao Palácio Real, hoje transformado no Palace Hotel do Buçaco. São, sem dúvida, edificações de elevada beleza e relevância arquitetónica; mas centremo-nos, por agora, na mata envolvente.

Trilho da Água, Mata do Bussaco
Pormenor do Trilho da Água

Diz o site da Fundação da Mata do Buçaco que a localização geográfica da mata lhe confere “um microclima muito particular, com temperaturas amenas, elevada precipitação e frequentes nevoeiros matinais, que favorecem a ocorrência de elevada biodiversidade”.

Foi exatamente assim que encontrei a Mata do Buçaco: envolta em densas neblinas. O ambiente era quase místico, ao ponto de me vir à cabeça o imaginário de As Brumas de Avalon, a obra-prima literária de Marion Zimmer Bradley que devorei na adolescência. Assustadoramente belo!

A minha visita à Mata do Buçaco

O que fazer na Mata do Buçaco: visitar Fonte Fria
Fonte Fria, a mais célebre das fontes existentes na Mata do Buçaco

Assim que atravessei os muros que delimitam a Mata do Buçaco, entrei numa espécie de mundo encantado. Adiante, e já com o automóvel estacionado, pude finalmente explorar a mata a pé e desfrutar do espetáculo visual proporcionado pela floresta no meio de uma neblina intensa. Um privilégio!

Atualmente, a Mata do Buçaco ocupa mais de cem hectares, pelo que num par de horas só é possível explorar uma pequena parte da floresta: alguns trilhos; a Fonte Fria; o Vale dos Fetos; o Grande Lago; o Jardim Novo; e, claro, o arboreto. Não sou biólogo mas, diz quem sabe, a maioria da floresta é composta precisamente por arboreto.

“Arboreto é o resultado de um processo de florestação que, partindo de uma área já existente, foi sendo reflorestada pela ação dos monges. Da floresta original ainda restam alguns carvalhos, azereiros e loureiros. Mas foi devido aos Carmelitas Descalços que o arboreto ganhou a alma que se mantém, sobretudo após a introdução do cedro-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), o ex-líbris da mata. A partir de 1850 foram introduzidas muitas espécies exóticas como cedros, sequoias, araucárias, eucaliptos, pseudotsuga, entre outras.” – in Fundação da Mata do Buçaco

Fomos para lá.

Vale dos Fetos Buçaco
Vale dos Fetos na Mata do Buçaco

Seguindo por trilhos bem marcados, passei então pelo Vale dos Fetos e apreciei o Lago Grande. Caminhando em seu redor, acabei por chegar à Fonte Fria, a mais célebre das fontes existentes na Mata do Buçaco. A fonte faz parte do chamado Trilho da Água, que percorri parcialmente; e é nela que se unem as duas linhas de água predominantes da floresta.

Sempre envolto numa neblina mística e agradável, fui andando por terrenos alcatifados por mil folhas amareladas do Outono, subindo trilhos e degraus; até que cheguei ao chamado Jardim Novo.

Jardim Novo, Mata do Buçaco
Vista do Jardim Novo

Trata-se da área ajardinada que envolve o Convento de Santa de Cruz do Buçaco e o edifício agora transformado no Palace Hotel. Estava na principal zona edificada da Mata do Buçaco e, felizmente, não havia muita gente a visitá-la. Ainda havia muito para ver…

Desde logo, o Convento de Santa de Cruz do Buçaco. E, não menos relevante, o próprio edifício do hotel, que resulta de um projeto arquitetónico fascinante e emblemático. Para os entendidos, trata-se de uma estrutura em estilo neomanuelino que “exibe perfis da Torre de Belém lavrados em pedra de Ançã, motivos do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, alguns arabescos e florescências do Convento de Cristo“. E é belíssimo!

Onde ficar: Palace Hotel do Buçaco
Edifício do antigo Palácio Real, hoje transformado no Palace Hotel do Buçaco

Andei, observei, apreciei, fotografei imenso; mas acabei por não entrar no hotel. Não sei sequer se era permitido fazê-lo, mas não senti vontade de entrar. Preferi ficar no exterior, entre as brumas do Buçaco.

Com a neblina. As árvores. O som dos pássaros e da água. Embrenhado na Natureza!

Antes de regressar ao carro, e depois de um último olhar para os pormenores arquitetónicos do edifício transformado em hotel, voltei à porta do Convento de Santa de Cruz do Buçaco. Estava feliz!

Convento de Santa de Cruz do Buçaco
Entrada para o Convento de Santa de Cruz do Buçaco

Parafraseando uma vez mais a fundação que gere este tesouro natural candidato a Património Mundial de Portugal, a Mata do Buçaco é não só um “apaixonante recanto repleto de misticismo e história”, como “acolhe também tesouros do mundo natural”. Entre brumas, claro está.

Enquanto me despedia da Serra do Buçaco, só me ocorria que visitar a Mata do Buçaco deveria ser obrigatório!

Guia prático

Como chegar e organizar a visita

Há quatro ou cinco autocarros diários que ligam Coimbra ao Buçaco, mas é preciso gerir bem os horários para conseguir usar transportes públicos para visitar a Mata do Buçaco. De resto, só mesmo em carro próprio ou táxi.

A mata pode ser visitada diariamente entre as 9:00 e as 17:00. As crianças dos 7 aos 12 anos pagam 1€, e os adultos 2€. Note que é possível organizar visitas guiadas, mediante agendamento prévio. O custo do meio de transporte varia entre totalmente grátis (se visitar a Mata do Buçaco a pé ou de bicicleta) e os 30€ (para autocarros de turismo). Veja todas as informações sobre horários e preços no site oficial.

Mapa da Mata do Buçaco

Mapa da Mata do Buçaco
Mapa da Mata do Buçaco © Fundação da Mata do Buçaco

Onde ficar

Para vivenciar a experiência completa, nada como ficar hospedado no histórico Palace Hotel do Buçaco, que fica no coração da Mata do Buçaco.

Caso pretenda uma estadia mais em conta, na povoação de Luso há vários hotéis recomendados; é o caso da Vila Duparchy e do Alegre Hotel. Um pouco mais longe (na Mealhada) mas verdadeiramente excelente, considere também a Quinta de Lograssol como opção para se hospedar.

Procurar hotéis em Luso

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.