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Convento de Cristo, uma lição de arquitetura em Tomar

Por Filipe Morato Gomes
Visitar Convento de Cristo, Tomar
Castelo de Tomar. Adiante, a Porta do Sol; à direita, a Alcáçova do castelo

Procura informações e dicas para visitar o Convento de Cristo, em Tomar? Pois bem, eu estava na região de Tomar para participar pela primeira vez no Festival Bons Sons, e decidi aproveitar para explorar um pouco da cidade e, claro, conhecer o Convento de Cristo.

Antes de mais, convém dizer que o Convento de Cristo não é um monumento per se. É, ao invés, o nome pelo qual é geralmente conhecido o conjunto monumental constituído pelo Castelo Templário de Tomar, o Convento da Ordem de Cristo da época do Renascimento, a atual Mata dos Sete Montes, a Ermida da Imaculada Conceição e o Aqueduto dos Pegões.

São, por isso, vários monumentos extraordinários debaixo da mesma denominação.

Visitar Convento de Cristo: Claustro da Micha
Claustro da Micha, no interior do Convento de Cristo:

O conjunto integra, aliás, a lista de Património Mundial em Portugal, e integra alguns dos mais importantes testemunhos da história da arquitetura portuguesa. São disso exemplo a Charola românica da igreja, o Claustro de D. João III e a famosa janela Manuelina da Sala do Capítulo.

Fui conhecer.

O que ver no Convento de Cristo

Eis alguns dos pontos mais emblemáticos do Convento de Cristo. Ou, pelo menos, os que me chamaram mais a atenção. As citações com informações históricas foram retiradas do site oficial do convento.

Castelo de Tomar

Jardins do Convento de Cristo, Tomar
Jardins do Convento de Cristo (Praça das Armas)

Estacionei o carro no parque exterior, entrei no Castelo de Tomar e, adiante, os jardins do mosteiro abriram-se perante os olhos da criançada (era uma visita em família). O verdadeiro prazer estava a começar, ainda para mais sabendo que foi assim que Tomar nasceu:

“Tomar nasce da doação do Castelo de Ceras e seu termo aos Templários, por D. Afonso Henriques em 1159. O território era atravessado a sul pelo rio Tomar, com um fértil vale limitado a poente por uma cadeia de colinas de relevo acentuado. Foi numa dessas colinas, sobranceira ao rio, que Mestre D. Gualdim Pais, fundou, em 1160, o castelo e vila de Tomar.”

Por opção, não investi muito tempo a explorar os jardins. Mas gostei do que vi. Depois, atravessei a chamada Praça das Armas, subi a escadaria de acesso ao convento e dirigi-me à bilheteira do monumento. E entrei.

Claustro da Lavagem

Azulejos no Claustro da Lavagem, Convento de Cristo
Pormenor dos azulejos no Claustro da Lavagem

Ainda antes de entrar na zona da Charola, demorei algum tempo a explorar o Claustro do Cemitério e o Claustro da Lavagem, ambos com azulejaria particularmente interessante. Talvez a importância histórica ou arquitetónica desta zona do mosteiro não seja tão relevante como outras, mas eu adorei.

Sacristia Filipina

Sacristia Filipina, Convento de Cristo
A minha filha na Sacristia Filipina

Verdadeiramente impressionante, com um jogo de luzes magnético, a Sacristia Filipina foi um daqueles locais onde o tempo quase parou. Sentei-me no chão, e fiquei calmamente a contemplar os deliciosos pormenores arquitetónicos, incluindo o teto profusamente trabalhado. E ainda não tinha sequer chegado à Charola.

Charola do Convento de Cristo

Charola
Charola do Convento de Cristo

Porventura o ex-líbris maior do Convento de Cristo, a par da afamada januela Manuelina e do Claustro Principal, julgo ser justo dizer que a Charola românica é a atração principal do mosteiro. Diz a literatura oficial:

A Charola era o oratório privativo dos Cavaleiros, no interior da fortaleza. A sua tipologia é comum das igrejas bizantinas, a qual volta a integrar o românico com o movimento das Cruzadas.

Nesta tipologia o templo tem como base uma planta se desenvolve em torno de um espaço central, o qual, na rotunda templária, tem a forma de um prisma octogonal, ou tambor, que se desdobra em dezasseis faces no paramento do deambulatório, encerrando deste modo a volumetria do edifício. Concluída em 1190, a Charola tinha a entrada virada a oriente. Foram as obras de D. Manuel I que a estabeleceram a sul, na nave com que ampliou a igreja, extramuros do castelo.

Mesmo que não seja apaixonado por história e religião, estou certo que a Charola do Convento de Cristo o impressionará. É algo único.

Claustro Principal (ou de D. João III)

Claustro de D. João III
Claustro de D. João III

“O Claustro Principal é a obra magna do convento renascentista edificado por D. João III, extramuros do castelo, e rodeando a nave com que o pai, D. Manuel I, ampliou a igreja templária.”

Obra-prima da arquitetura renascentista europeia, o Claustro Principal do Convento dos Templários seria razão bastante para visitar o monumento. Andei, espreitei, explorei. É uma área magnífica do Convento de Cristo.

Janela do Capítulo

Janela manuelina, Convento de Cristo
A janela Manuelina da Sala do Capítulo

“Ladeada por dois gigantescos contrafortes, ou botaréus, esta janela é ornada por um exuberante universo figurativo onde estão presentes os temas de marinhagem – a madeira, o cordame, as bóias, etc., – as insígnias da Ordem – a cruz heráldica, esfera armilar, o brasão do reino, – e figurações simbólicas, particulares à mística da Cavalaria Espiritual e à missão que a Ordem de Cristo tinha na empresa das Descobertas.”

Porventura uma das imagens mais marcantes do Convento de Cristo, a janela manuelina da Sala do Capítulo não me cativou por aí além. É riquíssima, com certeza. Bela e magnânime, seguramente. Mas talvez a envolvência (ou o aparente mau estado de conservação) fez com que a janela Manuelina não me fizesse sentir aquele arrepio dos grandes momentos. Ou talvez esperasse outra coisa; não sei. Dito isto, não sou naturalmente especialista em arte.

Aqueduto do Convento

“…uma grandiosa obra de engenharia hidráulica que percorre uma extensão de cerca de seis quilómetros, dispondo de um total de 180 arcos para as passagens aéreas da conduta.”

Já tive oportunidade de visitar o Aqueduto dos Pegões, e a obra é absolutamente fascinante. Recomendo que, para além do Convento de Cristo propriamente dito, inclua o aqueduto na sua lista com o que fazer em Tomar. Garanto que não se vai arrepender.

Mais fotos do Convento de Cristo

Pormenor da janela manuelina, Convento de Cristo
Pormenor da janela Manuelina
Claustro da Hospedaria
Claustro da Hospedaria
Claustro da Lavagem, Convento de Cristo
Convento de Cristo, Tomar

Dicas para visitar o Convento de Cristo

Localização, horário e preços

O Convento de Cristo fica muito perto do centro histórico de Tomar. O acesso é fácil de carro mas, além da entrada no monumento, o pequeno parque de estacionamento exterior também se paga. Caso pretenda evitar isso, a solução é subir a pé desde o centro da cidade (é perto).

A entrada no Convento de Cristo custa 10€ por pessoa. Existe um ingresso combinado chamado Rota Património Mundial, que permite o acesso ao Convento de Cristo, ao Mosteiro de Alcobaça e ao Mosteiro da Batalha por 15€. É válido por 7 dias. Note que, desde 2024, os portugueses e residentes em território nacional podem visitar o Convento de Cristo gratuitamente, em qualquer dia da semana. Basta apresentar o cartão de cidadão.

Quanto aos horários, o monumento está aberto todos os dias exceto os dias 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio e ainda 24 e 25 de dezembro.

Onde ficar em Tomar

Veja o artigo sobre melhores hotéis de Tomar, onde explico as minhas escolhas. Em resumo, eu fiquei hospedado no Thomar Boutique Hotel, e só posso recomendar. A localização é excelente, as acomodações elegantes e confortáveis, o staff muito profissional. Numa palavra, recomendo!

Outras excelentes opções para dormir em Tomar são o Hotel Casa dos Ofícios, de quatro estrelas; a belíssima Thomar Story – Guest House (dos mesmos proprietários do hotel homónimo); e o elegante O Paço. Por fim, caso procure um apartamento em Tomar, o Estúdio 81 e o Flattered to be in Tomar estão, seguramente, entre as melhores escolhas.

Note que não falta oferta hoteleira em Tomar, pelo que, caso estes locais não lhe agradem (ou estejam esgotados), pode pesquisar alternativas usando o link abaixo.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.