Paço de Giela, arquitetura medieval em Arcos de Valdevez

Está a pensar visitar o Paço de Giela? Pois bem, é um exemplar notável da arquitetura medieval nobre em espaço rural, por muitos considerado um dos mais relevantes Monumentos Nacionais da sua época. Está implantado num pequeno outeiro na margem esquerda do Rio Vez, com vistas desafogadas sobre o vale e a vila de Arcos de Valdevez.

A sua origem está ligada à formação da “Terra de Valdevez” e esse é, por si só, um excelente motivo para o visitar. Atualmente, estão visíveis no Paço de Giela o corpo residencial, edificado no século XVI com janelas manuelinas e entrada fortificada, e a torre medieval, onde se instalou um bem conseguido núcleo museológico. Já lá vamos!

Por tudo isso, tinha mesmo de incluir uma visita ao Paço de Giela na lista de coisas a fazer em Arcos de Valdevez. Abaixo, partilho essa minha experiência.

Visitar o Paço de Giela: a minha experiência

A caminhada até ao Paço de Giela

No dia em que decidi visitar o Paço de Giela, apeteceu-me fazê-lo a pé a partir do centro histórico de Arcos de Valdevez. Eram apenas 1,5km mas, aquilo que à partida me pareceu uma boa ideia, rapidamente se transformou em algo desaconselhável.

Isto porque a partir de certa altura, e sendo o acesso feito por uma estrada nacional, deixa de haver passeios – e bermas, em algumas partes! -, fazendo com que a caminhada seja pouco agradável e de certa forma perigosa.

A Torre (Espaço Interpretativo)

Foi pela torre que comecei a minha visita ao Paço de Giela. E ainda bem que o fiz. O espaço interpretativo do Paço de Giela proporciona uma espécie de viagem no tempo, com recurso a uma aplicação multimédia interativa que permite acompanhar as diferentes fases de construção e remodelação do monumento, desde o século XIV até ao século XVIII.

Na verdade, o equipamento estava com alguns problemas, porventura por causa da humidade, pelo que não pude desfrutar convenientemente de todas as potencialidades. Felizmente, não menos interessante é um filme que visionei (na íntegra) no último piso da torre do Paço de Giela.

Trata-se de uma espécie de recriação histórica do episódio da batalha prestes a acontecer entre os cavaleiros Afonso Henriques, futuro Rei de Portugal, e Afonso VII, de Leão e Castela; o tal momento catalisador do Recontro de Valdevez, um torneio onde os portugueses saíram vitoriosos, permitindo com isso a afirmação crescente do jovem monarca e a independência de Portugal.

É, aliás, por essa razão que, hoje em dia, o município de Arcos de Valdevez utiliza a expressão “onde Portugal se fez” para se referir ao seu território.

Zona residencial do Paço de Giela

Só depois fui visitar o edifício contíguo à torre, versão mais moderna de um espaço com múltiplas vidas ao longo dos séculos. Foi pela primeira vez adossado à torre em finais do século XIV, com propósitos habitacionais, sendo posteriormente demolido e novamente edificado em finais do século XVI, por D. Francisco de Lima (3º Visconde de Vila Nova de Cerveira), com a forma arquitetónica que hoje é possível observar.

Ora, mesmo não estando intacto, o paço senhorial é de visita muito agradável. Não só pelo edifício em si mesmo, que beneficia de uma estrutura de visitação bem conseguida; mas também pelas incríveis vistas sobre todo o vale e a vila de Arcos de Valdevez.

Referência ainda para a existência de uma capela no complexo do Paço de Giela. Infelizmente, não tive oportunidade de a visitar, pelo que nada tenho a dizer a esse respeito.

Seja como for, tudo somado, é sem qualquer dúvida um dos pontos imprescindíveis em qualquer visita a Arcos de Valdevez.