Vai visitar Arcos de Valdevez e procura o que fazer na cidade? Pois bem, eu cheguei a Arcos de Valdevez com vontade de me reencontrar com a vila minhota, onde não ia há já alguns anos. E a primeira impressão foi a de um povoado bonito e bem cuidado, com espaços verdes e ruas pedonais, que soube evoluir sem necessidade de crescer em altura ou virar as costas aos seus habitantes. E, no meio de tudo isso, o chilrear dos pássaros.
Pode parecer estanho, mas ouvir constantemente o chilrear da passarada foi das coisas mais agradáveis que senti enquanto passeava por Arcos de Valdevez. Uma sensação de paz em meio urbano. Impagável!
De resto, a assinatura usada pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez (“onde Portugal se fez”) tem tudo para deixar o viajante intrigado. Não por acaso, quando fui visitar Arcos de Valdevez e conheci os responsáveis da autarquia, eles fizeram questão de dar algumas explicações sobre o chamado Recontro de Valdevez e a origem da expressão – não fosse a mesma causar mal-entendidos.
Aqui fica, a esse respeito, um breve apontamento histórico.
Recontro de Valdevez (ou Torneio de Valdevez)
Corria o ano de 1141 quando Afonso Henriques, futuro Rei de Portugal, invade e conquista castelos em território galego, provocando a ira do seu primo Afonso VII, Imperador de Leão e Castela.
Como represália, os exércitos leoneses avançam rapidamente sobre o Condado Portucalense; encontram-se, frente a frente, em Valdevez, estando a batalha iminente.
Contudo, por acordo comum, ambos aceitam trocar o combate pela realização de um bafordo (ou torneio), que ficou conhecido como Recontro de Valdevez. Os portugueses saem vitoriosos, permitindo assim a autonomia e a afirmação crescente do jovem monarca e a independência de Portugal.
É por essa razão que, hoje em dia, Arcos de Valdevez utiliza a expressão “onde Portugal se fez” para se referir ao seu território.
Dito isto, e como resultado desta viagem recente, saiba o que fazer em Arcos de Valdevez (segundo o meu olhar).
- 1 Recontro de Valdevez (ou Torneio de Valdevez)
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O que fazer em Arcos de Valdevez
- 2.1 Pelourinho (na Praça Municipal)
- 2.2 Casa das Artes e Biblioteca
- 2.3 Ponte da Vila (ou Ponte Velha de Arcos de Valdevez)
- 2.4 Cruzeiro do Senhor dos Milagres
- 2.5 Paço de Giela
- 2.6 Igreja da Misericórdia
- 2.7 Capela de Nossa Senhora da Conceição
- 2.8 Relógio de Água (e Igreja de Nossa Senhora da Lapa)
- 2.9 Provar charutos na Doçaria Central de Arcos de Valdevez
- 2.10 Comer um petisco na Tasca do Delfim
- 3 Outros lugares a visitar no município de Arcos de Valdevez
- 4 Mapa com as principais atrações de Arcos de Valdevez
- 5 Dicas para visitar Arcos de Valdevez
O que fazer em Arcos de Valdevez
Pelourinho (na Praça Municipal)
Reza a história que, em 1515, D. Manuel I concedeu foral à vila de Arcos de Valdevez, facto que impulsionou a construção do pelourinho no centro da Praça Municipal.
Segundo a literatura oficial, trata-se de um pelourinho “singular, com um pilar torso e roca cónica, apresentando um fuste robusto enrolado por três colunelos, colmatado por um capitel em forma de taça, e decorado com os escudos nacionais e esferas armilares”.
É um dos mais emblemáticos locais a conhecer quando visitar Arcos de Valdevez – a caminho do Jardim dos Centenários.
Casa das Artes e Biblioteca
Mistura de biblioteca com casa de espetáculos e eventos culturais, o edifício da Casa das Artes de Arcos de Valdevez fica no muito agradável Jardim dos Centenários, onde me sentei à sombra das árvores para combater o calor estival. Só depois fui conhecer o interior.
Assim que entrei, subi à biblioteca e fui recebido pela simpatia de Francisco. Bom conversador, chamou a atenção para os tetos pintados das salas de todo o piso, que visitei tranquilamente. Foi um tempo bem passado, confesso; mas, tudo somado, não diria que é um espaço fundamental para o viajante. A não ser que haja algum espetáculo a ver ou exposição a visitar.
Ponte da Vila (ou Ponte Velha de Arcos de Valdevez)
Embora a Ponte da Vila atual seja uma construção da segunda metade do século XIX, estima-se que a ponte medieval original date do início do século XIII. Infelizmente, não restaram elementos arquitetónicos da construção primitiva, mas nem por isso a ponte é menos interessante. É, aliás, uma espécie de imagem de marca de Arcos de Valdevez!
Estando hospedado no Ribeira Collection Hotel, na margem oposta do Rio Vez, atravessei a ponte vezes sem conta. É lá, do outro lado da ponte, que fica o Cruzeiro do Senhor dos Milagres.
Cruzeiro do Senhor dos Milagres
“Implantados nas rotas viárias, nomeadamente em encruzilhadas ou junto a estruturas de travessia, os cruzeiros serviam como marcos de caminho, não só indicando direções, mas também tendo uma função religiosa. Efetivamente, estes padrões carregavam uma cultura popular de proteção, sendo erguidos para proteger as almas de quem por eles transitava ou marcando a memória de determinado acontecimento.
O Cruzeiro do Senhor dos Milagres parece ter sido concebido precisamente com esta função de salvaguarda, tendo sido erigido em 1831 a pedido da população de Arcos de Valdevez. O cruzeiro seria pago com o imposto do real de água, comprovando a devoção popular das gentes locais.”
O cruzeiro está localizado à saída da Ponte Velha de Arcos de Valdevez, na fronteira do centro histórico da vila. Tem uma imagem representativa de Cristo no seu topo.
Paço de Giela
O Paço de Giela é um exemplar notável da arquitetura medieval, por muitos considerado um dos mais relevantes Monumentos Nacionais da sua época. Está implantado num pequeno outeiro na margem esquerda do Rio Vez, com vistas desafogadas sobre o vale e as terras de Valdevez.
A sua origem está ligada à formação da “Terra de Valdevez” e esse é, por si só, um excelente motivo para o visitar. Atualmente, estão visíveis no Paço da Giela o antigo corpo residencial, edificado no século XVI com janelas manuelinas e entrada fortificada, e a torre medieval, onde se instalou um muito bem conseguido núcleo museológico. Fundamental visitar!
Espaço Interpretativo do Paço de Giela
O espaço interpretativo do Paço de Giela proporciona uma espécie de viagem no tempo, com recurso a uma aplicação multimédia interativa que permite acompanhar as diferentes fases de construção e remodelação do monumento.
Não menos interessante é o filme que recria o episódio catalisador do Recontro de Valdevez, protagonizado pelos cavaleiros Afonso Henriques e Afonso VII de Leão e Castela. A ver.
Igreja da Misericórdia
A Igreja da Misericórdia foi construída após a fundação da Confraria da Misericórdia na vila de Arcos de Valdevez. Trata-se de uma igreja relativamente pequena mas bem cuidada, maioritariamente decorada em estilo barroco.
Lá fora, no largo anexo à fachada posterior da igreja, existe um cruzeiro que merece igualmente a atenção do visitante. Fica no coração do centro histórico.
Caso seja apreciador de arte sacra, não faltam igrejas para visitar em Arcos de Valdevez. Entre aquelas que eu não conheci, destaque para a Igreja da Lapa e Igreja Matriz de Arcos de Valdevez, e ainda a Igreja S. Paio.
Capela de Nossa Senhora da Conceição
Tido como o monumento mais antigo da vila, provavelmente edificado nos finais do século XIV, a pequena capela funerária de Nossa Senhora da Conceição “apresenta-se singela na espacialidade e decoração”, com destaque para “os elementos decorativos do arco da entrada principal (gótico)”. Fica como curiosidade histórica, para os interessados.
Relógio de Água (e Igreja de Nossa Senhora da Lapa)
Localizado no Largo da Lapa, o Relógio de Água é outro dos ex-líbris do centro histórico de Arcos de Valdevez. Não é nada de verdadeiramente espetacular, mas como instalação artística tem o seu interesse. A fonte tem a seguinte inscrição, da autoria de Marc Augé:
“Oh Tempo
Suspende o teu voo!
De acordo
Disse o tempo,
Mas por quanto tempo?”
Provar charutos na Doçaria Central de Arcos de Valdevez
Sendo os charutos o doce típico de Arcos de Valdevez, é proibido sair da vila sem os provar. Trata-se de um doce de origem conventual, com forma cilíndrica (semelhante a um charuto), sendo o exterior em massa de hóstia e o recheio um delicioso creme de ovos – um pouco à imagem dos ovos moles de Aveiro.
Dito isto, o melhor local para os provar é a Doçaria Central de Arcos de Valdevez, localizada no coração da vila. A recomendação foi-me feita por diferentes habitantes locais, a quem perguntei repetidamente onde podia comer os melhores charutos de Arcos. Não hesite!
Comer um petisco na Tasca do Delfim
Ir à Tasca do Delfim é uma experiência em si mesma. Não pelos petiscos ou pelo vinho, mas algo se passa assim que se cruza uma das duas portas de entrada na tasca. É magia no ar. Há lugares assim…
Colecionador de concertinas e tido como o “melhor tocador de concertina de Arcos de Valdevez”, Delfim Amorim criou um espaço de difícil catalogação. É uma tasca, mas não é apenas uma tasca. Para além dos petiscos e do vinho verde, ali praticam-se as artes de tocar concertina e de cantar ao desafio, tradições tão enraizadas na cultura popular do Alto Minho. E depois há a decoração, deliciosamente caótica, incluindo dezenas de concertinas em exposição.
Consta que o filho de Ti Delfim vai seguindo as pisadas do pai, entretanto falecido. Não tive o prazer de o encontrar no estabelecimento, mas isso pouco importa; até porque qualquer pretexto é bom para voltar à Tasca do Delfim.
Outros lugares a visitar no município de Arcos de Valdevez
Bar do Rio, em Gondoriz
Localizado em Gondoriz, a escassos 5km de Arcos de Valdevez, o Bar do Rio é um espaço incrivelmente agradável e tranquilo, com ambiente cuidado e serviço de qualidade.
É uma espécie de bar de praia sem praia (se é que isto faz algum sentido!), com uma esplanada maravilhosa na margem do rio. Ou, nas palavras dos próprios, “uma aproximação direta com a Natureza, numa esplanada debruçada sobre as águas do límpido Rio Vez, junto à Ecovia do Vez”.
Sistelo
Aldeia recentemente elevada a íman turístico devido a uma bem gizada estratégia comunicacional, a região de Sistelo tem a particularidade de oferecer paisagens pouco comuns em território nacional.
Falo dos Socalcos de Sistelo, criados para favorecer a agricultura e pecuária em terrenos difíceis, sendo por isso um símbolo da convivência secular entre Homem e Natureza – um pouco à imagem das paisagens vinhateiras do Douro.
Quando publiquei esta foto no Instagram, escrevi o seguinte: “Não exagero se disser que esta foi das paisagens mais bonitas que vi em Portugal nos últimos tempos. Com alguma sorte, o momento foi perfeito: o céu estava carregado de nuvens que dançavam ao sabor do vento contra o céu azul, fazendo com que a paisagem mudasse a cada instante com a luz e as sombras em constante movimento. E ali fiquei tempos infinitos, no pequeno miradouro a caminho do lugar de Porta Cova, a apreciar os socalcos de Sistelo”.
Não deixe, pois, de visitar a aldeia de Sistelo; e, mesmo que não tenha tempo para caminhadas mais longas, não deixe de fazer os Passadiços do Sistelo. Vai gostar.
Espigueiros do Soajo
Estando em Arcos de Valdevez, é impensável não aproveitar para visitar o Soajo e, entre outras coisas, conhecer os seus espigueiros.
Pela minha parte, o Soajo traz-me recordações dos tempos da adolescência. As férias de verão a acampar em Travanca; as idas matinais à padaria; os mergulhos nas águas geladas das Lagoas de Travanca; as caminhadas guiadas por cartas militares na Serra do Soajo; e muitas outras. Imprescindível!
Santuário de Nossa Senhora da Peneda
A lenda de Nossa Senhora das Neves e a provável edificação de uma pequena ermida no local da aparição, durante o século XIII, criaram um forte culto religioso durante a Idade Média, que levou à posterior construção do monumento atual: o Santuário de Nossa Senhora da Peneda. É, seguramente, um dos locais mais carismáticos de todo o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
A romaria de Nossa Senhora da Peneda realiza-se na primeira semana de setembro e segue a tradição das grandes peregrinações marianas; é, seguramente, uma das mais fascinantes romarias do Alto Minho.
Mapa com as principais atrações de Arcos de Valdevez
Dicas para visitar Arcos de Valdevez
Como chegar a Arcos de Valdevez
Tendo como referência a cidade do Porto, a melhor forma de chegar a Arcos de Valdevez é seguir pela A3 até Ponte de Lima e, daí, prosseguir pela IC28 e EN101. São aproximadamente 100km de viagem.
Onde ficar em Arcos de Valdevez
Caso queira pernoitar na vila de Arcos de Valdevez, saiba que há alguns hotéis muito interessantes. Desde logo, o Ribeira Collection Hotel, uma opção de grande qualidade e localização praticamente imbatível (pelo menos enquanto o Sr. Jorge, chefe de sala, lá trabalhar, é um prazer frequentar o hotel). Ainda no coração da vila, o cosmopolita Luna, de quatro estrelas, é outra das opções mais elogiadas.
Hipótese mais criativa, embora mais afastada do centro de Arcos de Valdevez, é o belíssimo turismo rural Moinho do Ázere; adoraria ter conhecido, mas não tinha disponibilidade nas minhas datas. Dito isto, se preferir ficar fora da cidade, a Quinta do Olival merece também toda a atenção.
Pesquisar hotéis em Arcos de Valdevez
Gastronomia e restaurantes em Arcos de Valdevez
Não faltam boas opções para almoçar ou jantar em Arcos de Valdevez. Entre os restaurantes que experimentei, destaque para o despretensioso Manjar das Hortas, do Sr Perfeito, com comida regional bem confecionada e a bom preço.
Num registo mais jovem e cosmopolita, o Origens é paragem obrigatória junto ao Rio Vez. Por fim, para um lanche num espaço diferente, experimente o criativo Café das Flores. Foi-me igualmente recomendado o restaurante O Braseiro, mas não tive oportunidade de experimentar.
Quanto aos pratos tradicionais, referência para a carne de vaca cachena, de preferência acompanhada por arroz de feijão “Tarrestre”; para o Cozido à Minhota; e ainda para o Cabritinho Mamão da Serra.
De resto, há pelo menos duas guloseimas que não pode deixar de provar quando visitar Arcos de Valdevez. Falo dos já referidos charutos dos Arcos e dos chamados rebuçados dos Arcos.
Seguro de viagem
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Outros destinos a visitar em Portugal
Se está a pensar visitar Arcos de Valdevez, talvez tenha interesse em saber um pouco mais sobre o que ver e fazer noutras aldeias, cidades e ilhas portuguesas.
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