No meu roteiro na Argélia, tinha ponderado visitar três grandes complexos arqueológicos com ruínas romanas – Djémila, Timgad e Tipasa. Todos têm enorme relevância histórica, fazendo parte da lista de Património Mundial da Argélia. Eis as palavras da UNESCO sobre Tipasa:
“O sítio arqueológico de Tipasa é um dos mais extraordinários complexos arqueológicos do Magreb, e talvez um dos mais significativos para o estudo dos contactos entre as civilizações indígenas e as diferentes ondas de colonização do século VI a.C. ao século VI d.C”. in UNESCO.
Estando em Argel, fui então visitar Tipasa na primeira etapa do périplo pelos vestígios romanos em território argelino.
A minha visita às ruínas de Tipasa
Cheguei a Tipasa de autocarro, vindo da capital Argel. Estava-se no início das férias escolares, razão pela qual havia vários grupos de crianças a visitar Tipasa. E grupos de jovens amigos. E famílias a fazer piqueniques. Não estava, pois, o mais tranquilo dos ambientes; mas não tinha escolha. Comprei o bilhete e entrei no complexo arqueológico.
Tipasa é uma antiga cidade romana, construída em duas ou três pequenas colinas junto ao Mar Mediterrâneo. Não restam muitos vestígios da maioria das edificações mas, entre as ruínas ainda parcialmente visíveis, encontram-se três igrejas, cemitérios de grandes dimensões, um teatro e um ninfeu (santuário consagrado às ninfas aquáticas).
Fui explorando as ruínas em cada uma das colinas, tentando afastar-me da multidão; até que, ao fundo, junto a um muro de pedra, avistei um segurança. Aproximei-me e perguntei-lhe onde era o limite do complexo arqueológico de Tipasa. Em vez de me indicar onde terminava a antiga cidade romana, fez questão de me acompanhar.
Mostrou-me os banhos públicos; uma igreja; vários cemitérios com túmulos de pedra, alguns cobertos por mosaicos, em torno das basílicas romanas existentes em Tipasa. Atravessámos uma área florestal, mais afastada, onde éramos os únicos seres humanos presentes.
Parecia genuinamente interessado em partilhar comigo o seu conhecimento sobre Tipasa; em mostrar-me os recantos da antiga cidade. De vez em quando, enquanto caminhávamos, apontava para o chão, com a maior das naturalidades: “ossos humanos”, dizia.
Às tantas, depois de me mostrar tudo o que queria, regressámos ao ponto onde nos tínhamos encontrado. Despedimo-nos, e eu fui visitar o anfiteatro romano de Tipasa. Foi o regresso à confusão. No anfiteatro, estavam largas dezenas de crianças sentadas e alguns monitores a organizarem jogos tradicionais.
Para mim, era hora de sair do recinto e seguir para o Mausoléu Real da Mauritânia. É parte integrante do complexo arqueológico de Tipasa, mas fica a alguns quilómetros de distância. Apanhei um táxi e fiz-me ao caminho.
Mausoléu Real da Mauritânia
O Mausoléu Real da Mauritânia é um monumento funerário localizado na estrada entre Cherchell e a capital Argel. No túmulo, estão sepultados o rei berbere Juba II e a rainha Cleópatra Selene II, “soberanos da Numídia e da Mauritânia”.
Infelizmente, não é possível entrar no monumento, pelo que a visita se limita a circunscrever o mausoléu circular, apreciando a sua arquitetura monumental. Ainda assim, dei o tempo por bem empregue.
Guia para visitar Tipasa
Como organizar a visita a Tipasa e ao Mausoléu Real
A partir de Argel, é possível visitar Tipasa usando transportes públicos. Para tal, dirija-se ao terminal de autocarros de Tafourah, perto da estação de comboios, e apanhe um minibus para Tipasa (115 dinares argelinos, preço de março de 2018). Uma vez no terminal de Tipasa, pode caminhar até às ruínas ou, mais aconselhável, apanhar um táxi (é longe). Foi o que fiz.
Terminada a visita às ruínas de Tipasa, vá de táxi até ao Mausoléu Real da Mauritânia. Eu combinei com o taxista ir até ao mausoléu, esperar, e depois deixar-me no terminal de autocarros. Ficou tudo por 1.000 DNZ (cerca de 5€).
Tenha em atenção que a partir do meio da tarde há poucos autocarros para Argel (especialmente à sexta-feira). Se for tarde quando terminar a visita ao mausoléu, em vez de regressar a Tipasa peça ao taxista para o deixar na estrada secundária (não na autoestrada) que liga Tipasa a Bou Ismail, faça sinal de paragem a um minibus que siga para Bou Ismail e, de lá, mude para outro rumo a Argel (estação de Tafourah). Note que a viagem pela estrada secundária é substancialmente mais lenta; mas não se preocupe, é mais simples do que parece.
Em alternativa, se preferir fazer tudo de carro e acompanhado por um guia, contacte “Chouchou”, uma guia de Argel com excelentes referências facilmente acessível via facebook. O único problema é o preço: ela cobra 100€ por dia (até 4 pessoas).
A entrada nas ruínas romanas de Tipasa e no Mausoléu Real da Mauritânia custa 100 dinares cada.
Onde ficar
Não creio que se justifique ficar alojado em Tipasa, até porque é possível (e fácil) visitar Tipasa numa daytrip desde Argel. Assim sendo, para quem gosta de ficar em apartamentos, recomendo sem reservas o airbnb onde fiquei no centro de Argel (entretanto desativado). Se preferir um hotel, recomendo o City Hotel Alger, muito bem localizado para quem quer explorar o centro. Numa zona mais nobre da cidade, o Lamaraz Arts Hotel é um dos mais elogiados hotéis de Argel (tem quatro estrelas); mas eu gosto ainda mais do moderno AZ Hôtel Kouba.
Seja como for, vá pesquisando hotéis em Argel usando o link abaixo, uma vez que, com o incremento gradual do turismo, é natural que outros bons hotéis vão surgindo nas centrais de reservas online.
Seguro de viagem
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