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Dubai por quem lá vive: Inês Alves

Viver no Dubai: Semana de Moda do Dubai
Inês Alves com uma blogger de moda na Semana de Moda do Dubai

Hoje, na série de portugueses pelo mundo, vamos até ao Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, pela mão da Inês Alves. A Inês é freelancer em jornalismo e gestão de conteúdos digitais, comunicadora e blogger, e temporariamente assistente de bordo da Emirates Airlines. Está a viver no Dubai há 12 meses. Convidei-a a partilhar connosco as suas sugestões e dicas com o melhor que o Dubai tem para oferecer, de acordo com a sua experiência de vida na cidade.

É um olhar diferente e mais rico sobre o Dubai – o de quem vive por dentro o dia-a-dia de uma cultura tão distinta da ocidental, estando simultaneamente fora da sua “zona de conforto”, deslocado, como acontece a todos os viajantes. Este é o 18º post de uma série inspirada no programa de televisão “Portugueses pelo Mundo”.

Conteúdos do Artigo

No Dubai com a Inês Alves (entrevista)

Define Dubai numa palavra.

Luxo.

O Dubai é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.

O Dubai tem uma excelente qualidade de vida para quem cá procura morar. Os salários são bons, a cidade é segura, existem imensos eventos e atividades sempre a acontecer (a maior parte de caráter internacional, embora a tradição também seja celebrada com carinho pelas instituições culturais) e muitos espaços giros para descobrir.

O tempo é bom – à exceção do tórrido verão -, e as oportunidades existem. As pessoas são naturalmente bonitas pela tranquilidade que emanam, vestem bem, andam felizes, são bem-dispostas. Há uma coolness na cidade de que é impossível não gostar. O Dubai é uma cidade para descobrir.

A História a que um Europeu está normalmente habituado não existe, pelo que nós – aqueles que estão a viver no Dubai -, são quem, de momento, constrói essa história. Não foi ao acaso que o Sheik ruler do Dubai decidiu lançar recentemente a iniciativa #MyDubai, pedindo a todos os habitantes da cidade que utilizem esse tag nas fotos da cidade publicadas nas suas contas de Instagram e Facebook. A ideia é posteriormente criar um museu digital da cidade. O Dubai é isto. Mais do que História é inovação, possibilidade, o futuro agora. A sensação de que tudo pode (ainda) ser, resulta numa liberdade desafiante e motivadora para quem está a viver no Dubai.

E o que mais te marcou no Dubai?

Negativamente, a ostentação – é demasiada. Positivamente, a diversidade de espaços numa só cidade que outrora foi deserto.

Como caracterizas as pessoas do Dubai?

Há um misto. Há uma determinada camada Emirati que olha os estrangeiros com desdém – eles são a elite e nós os servos (literalmente assim); depois há uma outra camada mais instruída com uma visão muito desempoeirada e, portanto, mais acessível ao contacto.

Há os estrangeiros – o grosso da população – que trabalham em diversas áreas. E há uma camada pobre, que se dedica essencialmente à construção civil ou ao trabalho em supermercados e centros comerciais: indianos, filipinos, paquistaneses, imigrantes do Bangladesh. Muito se poderia contar sobre a vida destas pessoas, mas tantos artigos já foram escritos pela Time ou National Geographic e, além disso, não me cabe a mim julgar.

Como terminarias esta frase: “Não podem sair do Dubai sem…”

… se aventurarem num safari. Sem assistir a uma corrida de camelo (um dos poucos eventos gratuitos) ou à grande corrida de cavalos que acontece na Race course em Nad Al Sheba e reúne a elite árabe. Subir ao Burj Khalifa (fiquem-se pelo 123º piso do lounge Atmosphere e beberiquem um aperitivo enquanto assistem ao pôr do sol – lindo!).

Viver no Dubai: Marina
Vista da Marina do Dubai

Como é viver num regime onde o papel da mulher é tão distinto do das tuas origens ocidentais? Visto de fora, parece difícil e castrador. Conta-nos como é na realidade.

Honestamente, não noto diferença. Claro que já me aconteceu uma ou outra situação em que fui obrigada a “engolir sapos” – como, por exemplo, não se respeitar uma fila num supermercado ou não haver um “bom dia” antes de qualquer abordagem -, mas na vida diária é tudo tão perfeitamente ocidental que às vezes até me esqueço que estou a viver num país árabe. Não fossem estes défices comunicacionais que são, também, e sobretudo, educacionais, não daria conta. Na generalidade, sinto-me respeitada.

Quanto ao turismo, vamos tentar fazer um roteiro de 3 dias no Dubai. Indica-nos as coisas que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.

  1. Um safari no deserto. No Dubai existem muitas empresas que organizam diversas tours pelo deserto e Emirados próximos – é explorar e escolher.
  2. Visitar a Jumeirah Mosque, na Jumeirah Road e passear pela Jumeirah Beach. O Burj Al Arab fica na Jumeirah Open Beach (é de passar para ver) e podem também explorar a afamada Kite Surf Beach, onde é possível praticar paddle (board).
  3. Visitar o Dubai Mall (beberiquem qualquer coisa no Vogue Café, situado no level shoe district) e subir ao topo do Burj Khalifa – a minha sugestão é que optem por ir ao lounge Atmosphere e tomem um aperitivo enquanto vêem o pôr-do-sol.
  4. Visitar os souks junto ao rio, no Creek, na zona antiga do Dubai. Podem também aproveitar para conhecer o Fish Market no mesmo dia.
  5. Sexta-feira é dia de mercado biológico no Safa Park. Passem por lá, explorem a zona e parem no The Archive, um café com muito boa onda e imensos livros de design, arquitetura, moda, escrita infantil… todos de consulta e leitura grátis.
  6. Visitem a Marina – experimentem o BiCE Sky Bar com uma vista fantástica sobre o Atlantis The Palm (resort famoso pela sua construção megalómana).
  7. Tomem um copo no Rixos The Palm, zona da palmeira construída em água.
  8. Visitem o Irish Village, zona onde decorrem os torneios de ténis e onde encontramos grande parte dos desportistas da cidade.
  9. Jantem perto das Fountains (também no Dubai Mall) e assistam ao espetáculo de água, música e luzes.
  10. Visitem o Mall of Emirates para o snowboard ou visita aos pinguins.
  11. Se tiverem tempo e vos apetecer, vão conhecer o complexo Jumeira Lakes Towers (JLT), é a nova coqueluche da cidade.
  12. Se adoram sair à noite, há imensas opções: Barasti Beach, Nasimi Beach, Mahiki, Cavalli Club, Armani Club. Quanto a mim, o melhor é sem dúvida o 360º. Tudo depende do tipo de ambiente que procuram.

Veja também o longo artigo sobre o que ver e fazer no Dubai e o mais sintético roteiro de um dia no Dubai.

Já tiveste oportunidade de visitar outros emirados dos Emirados Árabes Unidos? Que recomendas a quem tenha mais tempo?

Estive em Abu Dhabi e gostei. A cidade é mais voltada para o mar do que o Dubai. E o ordenamento do território, quanto a mim, parece ser muito mais coerente e natural. É a minha perspetiva, claro.

Tens algumas dicas para se poupar dinheiro no Dubai?

Evitar os táxis. Utilizar o metro ou, no meu caso, os transportes da companhia. De qualquer modo, no Dubai é inevitável: gasta-se imenso dinheiro em tudo.

Restaurante Karachi, Dubai
Petiscos no restaurante Karachi, Dubai

Falemos de comida. Que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar?

Para provar a verdadeira comida Emirati, aconselho-vos a reservar uma cultural meal no Sheik Mohammed Centre for Cultural Understanding que, basicamente, funciona como um centro cultural e está localizado na zona antiga da cidade, mais tradicional. A experiência é gira: come-se à mesa com árabes e de acordo com as suas normas “em casa”. Foi aqui que experimentei o iftar na altura do Ramadão e recomendo. Os sabores são vários, mas a carne e os vegetais estão sempre presentes nos pratos.

Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e se possível barato. Onde vamos jantar?

Zaroob, na Sheik Zayed Road. É um must-go (mesmo). Muito bom, todo o estrangeiro chic lá vai (árabes também) e ainda por cima é barato. Ou Karachi, uma cadeia paquistanesa barata, género tasca que serve pequenas porções de carne, vegetais e frutas combinados em molhos ligeiramente picantes, que acompanham com uma espécie de pão amanteigado – divinal! Um petisco. Mas não se assustem com o espaço.

Diz-se que o Dubai tem alguns dos bares com mais glamour do planeta? O que sugeres a quem queira sair à noite?

O já referido 360º, no Jumeirah Beach Hotel, perto do Burj Al Arab. Ou, para uma noite mais romântica, qualquer restaurant-lounge no Madinat Jumeirah. Aproveitem uma abra tour, um pequeno barco que vos leva a conhecer os recantos deste espaço – muito bonito.

Mas há imensas opções para sair à noite no Dubai. E os festivais estão, cada vez mais, a aparecer e a fazer parte da rotina da população – o que é fantástico.

Escolhe um café e um museu.

Um café: o The Archive, no Safa Park.

Um museu: Museum Al Fahidi Fort. Para conhecer a cultura árabe e perceber como eram antigamente construídas as casas. Fazer isto antes de uma afternoon stroll pelos souks (joias, especiarias e têxtil) no Creek, em Deira, é uma boa ideia.

Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. Em que bairro nos aconselhas a procurar hotel no Dubai?

Na Sheik Zayed Road, muito central. Perto do aeroporto também existem alternativas agradáveis; no entanto, há o problema chato do trânsito – sempre muito, a toda a hora. Veja também o artigo sobre onde ficar no Dubai para dicas mais especificas sobre todas as zonas da cidade.

Procurar hotéis no Dubai

Já entraste no Burj al-Arab hotel, autoproclamado “único hotel de 7 estrelas do mundo”? O que achaste?

Nunca. Ainda. Mas já lá estive muito perto. Na praia e num restaurante no Madinat Jumeirah.

Viver no Dubai: prédios
No Dubai, tudo é construído em grande escala

Tens alguma sugestão para quem quiser fazer compras no Dubai?

Explorem os centros comerciais e as lojas localizadas na Jumeirah Beach Road para compras com design local. Vão aos souks no Creek, em Deira, e não deixem de negociar valores. O Dubai Mall é um must-go pela dimensão do espaço e diversidade de oferta em shopping, comida, atividades. Às mulheres, não deixem de passar pelo level shoe district – de perder a cabeça. Logo ali no ground floor.

Antes de te despedires, partilha o maior “segredo” do Dubai; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um parque, uma galeria de arte, algo que seja mesmo “a tua cara”.

O Le Pain Quotidien, na Sheik Zayed Road, tem a melhor combinação de scones e cappuccino que alguma vez provei. O staff é cinco estrelas. A música e o espaço são maravilhosos de tão familiar e relaxantes. Demoro-me muito por lá sempre que preciso terminar um projeto freelance. Inspira-me.

Obrigado, Inês, pela tua visão sobre como é viver no Dubai. Encontramo-nos numa próxima viagem ao Dubai.

Guia prático

Hospedagem em Dubai

Leia o artigo sobre onde ficar no Dubai para dicas específicas sobre todas as zonas da cidade e os melhores hotéis em cada uma. Alternativamente, pode encontrar hotéis e apartamentos de qualidade usando o link abaixo.

Procurar hotéis no Dubai

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.