
Hoje, na série de portugueses pelo mundo, vamos até ao Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, pela mão da Inês Alves. A Inês é freelancer em jornalismo e gestão de conteúdos digitais, comunicadora e blogger, e temporariamente assistente de bordo da Emirates Airlines. Está a viver no Dubai há 12 meses. Convidei-a a partilhar connosco as suas sugestões e dicas com o melhor que o Dubai tem para oferecer, de acordo com a sua experiência de vida na cidade.
É um olhar diferente e mais rico sobre o Dubai – o de quem vive por dentro o dia-a-dia de uma cultura tão distinta da ocidental, estando simultaneamente fora da sua “zona de conforto”, deslocado, como acontece a todos os viajantes. Este é o 18º post de uma série inspirada no programa de televisão “Portugueses pelo Mundo”.
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No Dubai com a Inês Alves (entrevista)
- Define Dubai numa palavra.
- O Dubai é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
- E o que mais te marcou no Dubai?
- Como caracterizas as pessoas do Dubai?
- Como terminarias esta frase: “Não podem sair do Dubai sem…”
- Como é viver num regime onde o papel da mulher é tão distinto do das tuas origens ocidentais? Visto de fora, parece difícil e castrador. Conta-nos como é na realidade.
- Quanto ao turismo, vamos tentar fazer um roteiro de 3 dias no Dubai. Indica-nos as coisas que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
- Já tiveste oportunidade de visitar outros emirados dos Emirados Árabes Unidos? Que recomendas a quem tenha mais tempo?
- Tens algumas dicas para se poupar dinheiro no Dubai?
- Falemos de comida. Que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar?
- Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e se possível barato. Onde vamos jantar?
- Diz-se que o Dubai tem alguns dos bares com mais glamour do planeta? O que sugeres a quem queira sair à noite?
- Escolhe um café e um museu.
- Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. Em que bairro nos aconselhas a procurar hotel no Dubai?
- Já entraste no Burj al-Arab hotel, autoproclamado “único hotel de 7 estrelas do mundo”? O que achaste?
- Tens alguma sugestão para quem quiser fazer compras no Dubai?
- Antes de te despedires, partilha o maior “segredo” do Dubai; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um parque, uma galeria de arte, algo que seja mesmo “a tua cara”.
- Guia prático
No Dubai com a Inês Alves (entrevista)
Define Dubai numa palavra.
Luxo.
O Dubai é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
O Dubai tem uma excelente qualidade de vida para quem cá procura morar. Os salários são bons, a cidade é segura, existem imensos eventos e atividades sempre a acontecer (a maior parte de caráter internacional, embora a tradição também seja celebrada com carinho pelas instituições culturais) e muitos espaços giros para descobrir.
O tempo é bom – à exceção do tórrido verão -, e as oportunidades existem. As pessoas são naturalmente bonitas pela tranquilidade que emanam, vestem bem, andam felizes, são bem-dispostas. Há uma coolness na cidade de que é impossível não gostar. O Dubai é uma cidade para descobrir.
A História a que um Europeu está normalmente habituado não existe, pelo que nós – aqueles que estão a viver no Dubai -, são quem, de momento, constrói essa história. Não foi ao acaso que o Sheik ruler do Dubai decidiu lançar recentemente a iniciativa #MyDubai, pedindo a todos os habitantes da cidade que utilizem esse tag nas fotos da cidade publicadas nas suas contas de Instagram e Facebook. A ideia é posteriormente criar um museu digital da cidade. O Dubai é isto. Mais do que História é inovação, possibilidade, o futuro agora. A sensação de que tudo pode (ainda) ser, resulta numa liberdade desafiante e motivadora para quem está a viver no Dubai.
E o que mais te marcou no Dubai?
Negativamente, a ostentação – é demasiada. Positivamente, a diversidade de espaços numa só cidade que outrora foi deserto.
Como caracterizas as pessoas do Dubai?
Há um misto. Há uma determinada camada Emirati que olha os estrangeiros com desdém – eles são a elite e nós os servos (literalmente assim); depois há uma outra camada mais instruída com uma visão muito desempoeirada e, portanto, mais acessível ao contacto.
Há os estrangeiros – o grosso da população – que trabalham em diversas áreas. E há uma camada pobre, que se dedica essencialmente à construção civil ou ao trabalho em supermercados e centros comerciais: indianos, filipinos, paquistaneses, imigrantes do Bangladesh. Muito se poderia contar sobre a vida destas pessoas, mas tantos artigos já foram escritos pela Time ou National Geographic e, além disso, não me cabe a mim julgar.
Como terminarias esta frase: “Não podem sair do Dubai sem…”
… se aventurarem num safari. Sem assistir a uma corrida de camelo (um dos poucos eventos gratuitos) ou à grande corrida de cavalos que acontece na Race course em Nad Al Sheba e reúne a elite árabe. Subir ao Burj Khalifa (fiquem-se pelo 123º piso do lounge Atmosphere e beberiquem um aperitivo enquanto assistem ao pôr do sol – lindo!).
Como é viver num regime onde o papel da mulher é tão distinto do das tuas origens ocidentais? Visto de fora, parece difícil e castrador. Conta-nos como é na realidade.
Honestamente, não noto diferença. Claro que já me aconteceu uma ou outra situação em que fui obrigada a “engolir sapos” – como, por exemplo, não se respeitar uma fila num supermercado ou não haver um “bom dia” antes de qualquer abordagem -, mas na vida diária é tudo tão perfeitamente ocidental que às vezes até me esqueço que estou a viver num país árabe. Não fossem estes défices comunicacionais que são, também, e sobretudo, educacionais, não daria conta. Na generalidade, sinto-me respeitada.
Quanto ao turismo, vamos tentar fazer um roteiro de 3 dias no Dubai. Indica-nos as coisas que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
- Um safari no deserto. No Dubai existem muitas empresas que organizam diversas tours pelo deserto e Emirados próximos – é explorar e escolher.
- Visitar a Jumeirah Mosque, na Jumeirah Road e passear pela Jumeirah Beach. O Burj Al Arab fica na Jumeirah Open Beach (é de passar para ver) e podem também explorar a afamada Kite Surf Beach, onde é possível praticar paddle (board).
- Visitar o Dubai Mall (beberiquem qualquer coisa no Vogue Café, situado no level shoe district) e subir ao topo do Burj Khalifa – a minha sugestão é que optem por ir ao lounge Atmosphere e tomem um aperitivo enquanto vêem o pôr-do-sol.
- Visitar os souks junto ao rio, no Creek, na zona antiga do Dubai. Podem também aproveitar para conhecer o Fish Market no mesmo dia.
- Sexta-feira é dia de mercado biológico no Safa Park. Passem por lá, explorem a zona e parem no The Archive, um café com muito boa onda e imensos livros de design, arquitetura, moda, escrita infantil… todos de consulta e leitura grátis.
- Visitem a Marina – experimentem o BiCE Sky Bar com uma vista fantástica sobre o Atlantis The Palm (resort famoso pela sua construção megalómana).
- Tomem um copo no Rixos The Palm, zona da palmeira construída em água.
- Visitem o Irish Village, zona onde decorrem os torneios de ténis e onde encontramos grande parte dos desportistas da cidade.
- Jantem perto das Fountains (também no Dubai Mall) e assistam ao espetáculo de água, música e luzes.
- Visitem o Mall of Emirates para o snowboard ou visita aos pinguins.
- Se tiverem tempo e vos apetecer, vão conhecer o complexo Jumeira Lakes Towers (JLT), é a nova coqueluche da cidade.
- Se adoram sair à noite, há imensas opções: Barasti Beach, Nasimi Beach, Mahiki, Cavalli Club, Armani Club. Quanto a mim, o melhor é sem dúvida o 360º. Tudo depende do tipo de ambiente que procuram.
Veja também o longo artigo sobre o que ver e fazer no Dubai e o mais sintético roteiro de um dia no Dubai.
Já tiveste oportunidade de visitar outros emirados dos Emirados Árabes Unidos? Que recomendas a quem tenha mais tempo?
Estive em Abu Dhabi e gostei. A cidade é mais voltada para o mar do que o Dubai. E o ordenamento do território, quanto a mim, parece ser muito mais coerente e natural. É a minha perspetiva, claro.
Tens algumas dicas para se poupar dinheiro no Dubai?
Evitar os táxis. Utilizar o metro ou, no meu caso, os transportes da companhia. De qualquer modo, no Dubai é inevitável: gasta-se imenso dinheiro em tudo.
Falemos de comida. Que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar?
Para provar a verdadeira comida Emirati, aconselho-vos a reservar uma cultural meal no Sheik Mohammed Centre for Cultural Understanding que, basicamente, funciona como um centro cultural e está localizado na zona antiga da cidade, mais tradicional. A experiência é gira: come-se à mesa com árabes e de acordo com as suas normas “em casa”. Foi aqui que experimentei o iftar na altura do Ramadão e recomendo. Os sabores são vários, mas a carne e os vegetais estão sempre presentes nos pratos.
Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e se possível barato. Onde vamos jantar?
Zaroob, na Sheik Zayed Road. É um must-go (mesmo). Muito bom, todo o estrangeiro chic lá vai (árabes também) e ainda por cima é barato. Ou Karachi, uma cadeia paquistanesa barata, género tasca que serve pequenas porções de carne, vegetais e frutas combinados em molhos ligeiramente picantes, que acompanham com uma espécie de pão amanteigado – divinal! Um petisco. Mas não se assustem com o espaço.
Diz-se que o Dubai tem alguns dos bares com mais glamour do planeta? O que sugeres a quem queira sair à noite?
O já referido 360º, no Jumeirah Beach Hotel, perto do Burj Al Arab. Ou, para uma noite mais romântica, qualquer restaurant-lounge no Madinat Jumeirah. Aproveitem uma abra tour, um pequeno barco que vos leva a conhecer os recantos deste espaço – muito bonito.
Mas há imensas opções para sair à noite no Dubai. E os festivais estão, cada vez mais, a aparecer e a fazer parte da rotina da população – o que é fantástico.
Escolhe um café e um museu.
Um café: o The Archive, no Safa Park.
Um museu: Museum Al Fahidi Fort. Para conhecer a cultura árabe e perceber como eram antigamente construídas as casas. Fazer isto antes de uma afternoon stroll pelos souks (joias, especiarias e têxtil) no Creek, em Deira, é uma boa ideia.
Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. Em que bairro nos aconselhas a procurar hotel no Dubai?
Na Sheik Zayed Road, muito central. Perto do aeroporto também existem alternativas agradáveis; no entanto, há o problema chato do trânsito – sempre muito, a toda a hora. Veja também o artigo sobre onde ficar no Dubai para dicas mais especificas sobre todas as zonas da cidade.
Já entraste no Burj al-Arab hotel, autoproclamado “único hotel de 7 estrelas do mundo”? O que achaste?
Nunca. Ainda. Mas já lá estive muito perto. Na praia e num restaurante no Madinat Jumeirah.
Tens alguma sugestão para quem quiser fazer compras no Dubai?
Explorem os centros comerciais e as lojas localizadas na Jumeirah Beach Road para compras com design local. Vão aos souks no Creek, em Deira, e não deixem de negociar valores. O Dubai Mall é um must-go pela dimensão do espaço e diversidade de oferta em shopping, comida, atividades. Às mulheres, não deixem de passar pelo level shoe district – de perder a cabeça. Logo ali no ground floor.
Antes de te despedires, partilha o maior “segredo” do Dubai; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um parque, uma galeria de arte, algo que seja mesmo “a tua cara”.
O Le Pain Quotidien, na Sheik Zayed Road, tem a melhor combinação de scones e cappuccino que alguma vez provei. O staff é cinco estrelas. A música e o espaço são maravilhosos de tão familiar e relaxantes. Demoro-me muito por lá sempre que preciso terminar um projeto freelance. Inspira-me.
Obrigado, Inês, pela tua visão sobre como é viver no Dubai. Encontramo-nos numa próxima viagem ao Dubai.
Guia prático
Hospedagem em Dubai
Leia o artigo sobre onde ficar no Dubai para dicas específicas sobre todas as zonas da cidade e os melhores hotéis em cada uma. Alternativamente, pode encontrar hotéis e apartamentos de qualidade usando o link abaixo.
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Leia os relatos de outros Portugueses pelo Mundo - os seus testemunhos sobre viver no estrangeiro são de uma riqueza extraordinária.