Não há volta a dar: Alhambra é um monumento incontornável em qualquer viagem a Granada. É uma das grandes atrações da Andaluzia – e não é difícil perceber os motivos.
Trata-se de uma cidade medieval amuralhada e autónoma, localizada na colina La Sabika, e que, à época, albergava palácios, mesquitas, escolas, oficinas e todos os demais serviços fundamentais para o seu funcionamento. Felizmente, hoje em dia o complexo de Alhambra continua muito bem preservado e está aberto ao turismo.
Visitar os Palácios Nasridas (ou Nazaríes, no original em espanhol) é uma experiência incrível. Desde logo, o magnífico Palácio de Comares; os pormenores decorativos de inspiração mourisca e as janelas com arabescos; a cúpula de mocárabes da Sala das Abencerragens; espaços como o Pátio dos Leões; o arrojado Palácio de Carlos V; e todas as salas monumentais e os pequenos recantos que fui encontrando enquanto passeava tranquilamente por Alhambra. Faltam palavras para descrever tamanha riqueza arquitetónica e decorativa.
Só tive pena de não ter tido oportunidade de conhecer a villa de Generalife e os seus extensos jardins; mas a chuvada que se abateu nesse dia sobre Granada, com direito a alerta vermelho e notícias televisivas, não convidava a grandes passeios. Seja como for, e apesar dos muitos turistas, Alhambra é mesmo de visita obrigatória. Venha daí.
A minha visita a Alhambra
Julgo que aquela foi a minha primeira visão desafogada do palácio-fortaleza de Alhambra. Caminhava pelo bairro Albaicín, a minha grande paixão granadense, quando me acerquei do Miradouro San Nicolás. Na colina em frente, toda a imponência de Alhambra se desnudou perante os meus olhos. Sem filtros nem neblinas.
O céu estava carregado e chovia a espaços, mas por ali fiquei a absorver a magnitude de Alhambra. Ao meu lado, havia gente a tocar flamenco, hippies a vender artesanato, um par de vendedores ambulantes e alguns turistas. No dia seguinte estaria eu do lado de lá, em Alhambra.
Ao início da tarde, apanhei um minibus de Albaicín para Alhambra. Saí com bastante antecedência – e ainda bem que o fiz, já que o trânsito no centro de Granada estava caótico. Chegado a Alhambra, e como tinha ainda algum tempo, optei por descer na paragem junto à entrada principal.
Atravessei os jardins caminhando até aos Palácios Nasridas. E esperei pela minha vez. Não fora o mau tempo e teria conseguido apreciar a magnífica vista sobre Albaicín e a zona baixa de Granada. Vinte minutos depois, começou o deslumbramento.
Uma vez lá dentro, fui explorando e tentando distanciar-me dos grandes grupos. Não estava a contar com Alhambra só para mim mas, por vezes, os grupos numerosos, entrando numa divisão dos Palácios Nasridas ao mesmo tempo, tornavam a visita menos tranquila. Talvez uns auscultadores com música apropriada tivessem resolvido o problema, permitindo-me imergir de corpo e alma nos arabescos de Alhambra; mas não fui prevenido para tal.
Ainda assim, Alhambra é tão avassaladora que dificilmente alguém não sairá de lá embasbacado.
Eis alguns dos espaços mais fascinantes dos Palácios Nasridas (agrupamento constituído pelos palácios de Mexuar, de Comares e dos Leões).
Palácios Nasridas
Mexuar
A Grande Sala de Audiências, ou Mexuar, é o ponto de partida para a visita palaciana. Apesar da exuberância decorativa da sala, que terá servido para audiências e reuniões importantes, foi dos espaços que menos pude apreciar em Alhambra (muita gente concentrada no início da visita). Do outro lado do Mexuar, encontra-se o acesso ao Pátio Dourado.
Pátio e Quarto Dourados
O Pátio Dourado era uma espécie de antecâmara onde os sultões recebiam os seus súbditos. Do lado de lá da porta, o Quarto Dourado funcionava como sala de espera. É apenas um ponto de passagem – mas um belo ponto de passagem! Prosseguindo a visita, chega-se ao chamado Pátio das Murtas.
Pátio de Comares (ou das Murtas)
A visita prossegue através do chamado Pátio de Comares, centro nevrálgico do homónimo palácio e residência oficial do sultão e sua família. O pátio inclui um lago a todo o comprimento, ladeado por uma cerca viva de murtas. Logo depois, uma das salas mais espetaculares de Alhambra.
Salão dos Embaixadores (ou Sala do Trono de Alhambra)
Assim que entrei na Sala do Trono de Alhambra fiquei boquiaberto. Estou acostumado a ver decoração islâmica nas minhas viagens, mas o geométrico trabalho em madeira patente no teto é de uma beleza estonteante. Dele se diz, aliás, ser uma obra-prima de carpintaria islâmica. São mais de 8.000 peças de madeira encaixadas como um puzzle, que aparentemente são uma representação dos “Sete Céus”. Fiquei com o pescoço dorido de tanto olhar para cima…
Miradouro da Grade
Trata-se de um pequeno corredor com vistas desafogadas sobre o histórico bairro de Albaicín, onde vale a pena parar para contemplar. Adiante, o muito fotografado Palácio dos Leões.
Pátio dos Leões
Imagem icónica de Alhambra, o Pátio dos Leões está rodeado de 124 colunas de mármore, para lá das quais se encontram as espetaculares salas das Abencerragens e das Duas Irmãs. Infelizmente, ao visitante está vedado o acesso ao centro do pátio e à fonte dos Leões.
Sala das Abencerragens e Sala das Duas Irmãs
Não obstante a magnificência decorativa da Sala das Duas Irmãs e da Sala das Abencerragens, bem patentes na portentosa cúpula de mocárabes, foi uma janela profusamente decorada com motivos de inspiração árabe que me chamou a atenção. Sim, uma janela!
Dá pelo nome de Miradouro de Daraxa e é dos locais mais poéticos de Alhambra. Não resisti a ficar tempos infinitos olhando recanto tão perfeito e geométrico. Foi, juntamente com a imponente Sala do Trono de Alhambra, o local onde mais me envolvi com Alhambra.
Guia prático
Quando ir
Embora teoricamente seja possível visitar Alhambra em qualquer altura do ano, eu recomendo a primavera e o outono, por forma a evitar as temperaturas mais extremas da Andaluzia.
Como chegar a Alhambra
Como referido acima, a minha recomendação é ir de autocarro e regressar a pé. Estando em Albaicín, por exemplo, pode apanhar o minibus C32 (1,40€) até uma das entradas de Alhambra.
No regresso, vá a pé. É uma caminhada muito agradável, sempre a descer, que desemboca na Plaza Nueva, sensivelmente na divisória entre o bairro Albaicín e o centro de Granada. Perfeito para continuar a explorar a cidade, portanto.
Comprar bilhetes para visitar Alhambra e os Palácios Nasridas
Não se desloque até Alhambra sem ter comprado previamente o bilhete. Caso contrário dificilmente conseguirá visitar o complexo, além de ser uma forma de minimizar o impacto das longas filas.
Como organizar a visita a Alhambra
Depois de ter feito algo totalmente diferente e após refletir no assunto, julgo que a melhor estratégia para visitar o complexo de Alhambra é a seguinte:
- Ir de minibus e chegar com cerca de duas horas e meia de antecedência em relação à hora marcada no bilhete.
- Da entrada, seguir primeiro até Generalife e visitar os jardins e o palácio homónimo.
- Terminada a visita, caminhar até ao extremo oposto do complexo e visitar a alcáçova. Trata-se da área militar de Alhambra (é uma das partes mais antigas do complexo).
- Finalmente, dirigir-se para os Palácios Nasridas, ali perto, em cuja entrada terá de mostrar o ingresso.
- No final da visita, sair pela Porta da Justiça e descer até o centro de Granada a pé.
Se verificar que não tem tempo para visitar a alcáçova antes dos Palácios Nasridas (que têm horário marcado), dirija-se primeiro aos palácios e deixe a fortaleza para o final.
Alternativamente, pode chegar em cima da hora aos Palácios Nasridas (é para estes que serve o bilhete) e só depois ver as outras atrações de Alhambra, de acesso livre em termos de horário. Foi esta a minha estratégia e resultou bem, mas só porque não visitei Generalife. Caso o tivesse feito, teria sido obrigado a caminhar “para trás” desnecessariamente.
Veja o seguinte mapa, para entender melhor a geografia de Alhambra (em espanhol).
Outras dicas úteis
Algumas dicas adicionais para visitar Alhambra sem sobressaltos:
- Compre os bilhetes online para os Palácios Nasridas com três meses de antecedência (o máximo permitido). Pode parecer exagero, mas tenha em atenção que Alhambra é o monumento mais visitado de Espanha. É também possível fazer uma visita noturna aos três Palácios Nasridas: Palácio de Mexuar, Palácio de Comares e Palácio dos Leões.
- Se optar por uma viagem de última hora e já não houver bilhetes disponíveis para Alhambra no dia pretendido, há duas soluções possíveis de modo a não sair de Granada sem visitar Alhambra. Primeiro, o Granada Card, que pode ser comprado online e inclui ingresso em Alhambra (sem hora marcada). Segundo, integrar um grupo (com guia) para visitar Alhambra.
- Os bilhetes são pessoais e intransmissíveis; leve os bilhetes impressos (ou no telemóvel) e documento de identificação.
- Não se esqueça que a única atração com hora marcada é a dos Palácios Nasridas; não se atrase. O restante complexo de Alhambra pode ser visitado a qualquer hora.
- Apesar de haver horário marcado para entrar nos Palácios Nasridas, não há duração limite para a visita a Alhambra. Veja com calma, “finte” os grandes grupos organizados e desfrute. Alhambra merece tempo. No total, incluindo Generalife e a alcáçova, dificilmente demorará menos de três ou quatro horas para ver tudo.
- Existe uma aplicação com o Guia Oficial de Alhambra para tablet ou smartphone.
Onde ficar
Para tentar decidir que zona da cidade melhor se adequa ao seu perfil de viajante, veja o texto onde ficar em Granada.
Optando pelo centro de Granada recomendo, entre outros, o Eurostars Catedral, um hotel tradicional com excelente relação qualidade/preço e localização imbatível para quem quer ficar no centro de Granada. Pessoalmente, gosto ainda mais do Room Mate Leo (lindo, não?). Para quem quer ainda mais conforto e pode pagar por isso, o belíssimo Gar Anat Hotel Boutique e a extravagante Casa 1800 são duas excelentes escolhas de hospedagem em Granada. No extremo oposto, dos hotéis mais económicos, atente no Hostal Lima, no Granada Old Town Hostel e no vizinho Hostal Verona. Para quem prefere apartamentos veja por exemplo os magníficos estúdios Palacio Cabrera – Lillo.
Em Albaicín, no que toca a apartamentos, há uns extraordinários chamados Smart Suites Albaicín. Alternativamente, o fantástico Shine Albayzín, o tradicional Palácio de Santa Inés, ou ainda o Hotel Santa Isabel La Real, a La Posada de Quijada ou a Casa del Aljarife são também excelentes escolhas. Ficará muito bem instalado em qualquer um destes hotéis – embora num ou noutro os preços possam ser acima da média. Se, ao invés, prefere poupar no alojamento, espreite os mais económicos Cuevas Coloras Hostel e White Nest Hostel.
Seja como for, encontra todos os melhores hotéis de Granada (para todos os gostos e orçamentos) no link abaixo.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Confesso que ainda não tive a oportunidade de visitar a Alhambra, mas já está na minha lista há imenso tempo! Adorei ler este post, transportou-me para lá e deixou-me com ainda mais vontade de visitar! Só é pena ter tantos visitantes, imagino que por vezes seja um pouco difícil abstrair-se desses grupos de que falaste!
Link para comprar bilhetes para Allambra?
Comprei na VIATOR já pagos e cancelaram…
Olá! O Granada Card inclui entrada nos Palácios Nasridas? Obrigada
Depende do cartão: uns incluem a visita aos Palácios Nasridas e outros não.