Destino: Europa

Ao longo do Douro, pelas margens do Porto

Por Ana Isabel Mineiro
Ponte da Arrábida, unindo o Porto a Gaia
Ponte de São João, unindo o Porto a Gaia

De Valbom à Foz, o Rio Douro entra em meio urbano e só sai quando se encontra com o mar. Acompanham-no as margens coroadas por um casario cada vez mais abundante, seis pontes e a incontornável Ribeira, ancoradouro de muitos barcos e ainda mais turistas. É uma dúzia de quilómetros planos por uma paisagem muito variada, que se percorre facilmente a pé ou de bicicleta. Ou até de automóvel – mas não é a mesma coisa.

Passadiço ribeirinho nas margens do Rio Douro

O rio já cá estava antes de a cidade chegar e crescer, e continuar a crescer. Agora delineiam-se e recuperam-se espaços como o Passadiço Ribeirinho, que pertence a Gondomar, e a zona de Observatório de Pássaros, a chegar à Pasteleira. Mas quem vem ao Porto pela primeira vez não precisa de saber os nomes, apenas de calçar uns sapatos confortáveis ou de montar na bicicleta e meter-se ao caminho, começando na ponta que mais lhe convier: Foz ou Valbom. Nós começámos por Valbom e almoçámos na Ribeira.

Esta é, sem dúvida, a parte mais tranquila do passeio, a que revela algum do bucolismo que o Douro vai ter mais acima. Só não podemos escolher um daqueles fins de semana de calor, durante os quais a ânsia de natureza e ar livre conquista os portugueses, que se lançam em passeios a pé e de bicicleta em qualquer espaço natural, beira-mar ou beira-rio, em magotes familiares.

Margens do rio Douro, Porto
As margens do Rio Douro são um local privilegiado para a prática de desporto

É bonito de ver, mas os espaços adequados não são assim tantos, e arriscamo-nos a ter de pedir licença para circular pelo bem estruturado passadiço, que não é assim tão largo.

As margens são verdes, as casas são espaçadas e invejáveis, metidas em pequenos bosques ou quintais. O rio aqui é manso e liso, sempre opaco mas só perturbado pelos ocasionais barcos de cruzeiro que sobem até à Régua, ou pelos esforçados apreciadores da arte do remo. Pelo caminho encontramos um Jardim de Ervas Aromáticas, com mais ervas do que aromáticas, onde é possível apenas vislumbrar uns pezinhos mais resistentes de alecrim e tomilho. Dizem que a intenção é que conta – e aqui está um jardim de intenções.

As crianças passam o seu bom bocado no Parque Infantil, junto a uma zona de merendas arborizada, com mesas e um rio que alarga e ganha barcos ancorados nas margens. A quietude de passear pelo campo é agora interrompida pelo cosmopolitismo da Pousada do Porto, que ocupa o belíssimo Palácio do Freixo, e pela pequena marina com esplanada e vista para uma das últimas pontes construídas sobre o Douro.

Termina aqui o Cruzeiro das Cinco Pontes, e começa para os caminhantes um troço mais árido, mas ainda assim adequado aos apreciadores de engenharia e arquitetura já que passamos por baixo de quatro pontes – Freixo, S. João, D. Maria e Infante, por esta ordem – ou de história, já que uma placa assinala o lugar onde as tropas portuguesas e britânicas atravessaram o rio em 1809 com a ajuda de um comerciante do Porto, para ir escorraçar as tropas francesas de Soult na outra margem. De resto, este é sobretudo o reino dos pescadores: o passeio largo e o muro baixo estão mesmo a jeito para instalar a panóplia de canas, cestos e cerveja que os acompanham num dia bem passado.

O desfile de pontes leva-nos a olhar para trás, para o lago liso que o Douro forma junto à marina, onde se refletem os edifícios cor-de-rosa da moagem. Para a frente fica o bulício da zona histórica da cidade e a famosa Ribeira, tema infindável de postais e canções.

Da Ribeira até à Foz

Acabou-se o sossego e as margens verdes e arborizadas. As casas amontoam-se pelas margens escarpadas, decoradas pela Muralha Fernandina e coroadas pela Sé Catedral. As melhores vistas obtêm-se atravessando a Ponte D. Luís I para o lado de Gaia, mas a colmeia colorida da Ribeira é bonita vista de qualquer ângulo, e as escadas e o funicular dos Guindais estão mesmo ali, para uma visão panorâmica da zona.

Nas vielas estreitas onde o sol não consegue chegar, encontramos um cenário de filme perfeito, e muitos dos monumentos que complementam a história do Porto e justificam a sua classificação como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, como a Capela de N. Sra. do Ó, os Pilares da Ponte Pênsil, a Casa do Infante ou a Igreja de S. Nicolau.

O Douro junto ao centro histórico do Porto
O Douro junto ao centro histórico do Porto

É o lugar para escolher uma esplanada e descansar, comer e beber, de dia ou de noite. Ou de apanhar um barco e ir ver o rio mais ao perto. O passeio continua pelo Muro dos Bacalhoeiros até às casas de Miragaia, que parecem enterradas no chão.

Quem já está cansado pode apanhar o elétrico e seguir até ao correr de palmeiras do Passeio Alegre, mas perde o Museu do Vinho do Porto, o Museu do Carro Elétrico – um favorito da criançada – e mesmo o Museu do Romântico, que vale bem o desvio colina acima. O melhor é mesmo continuar a pé ou de bicicleta, passando por baixo da última ponte antes do mar, a da Arrábida. Retirem-se as zonas mais recentemente recuperadas, como a zona junto ao Farol de S. Miguel, e temos o contacto direto com uma população que mantém os seus barquitos de recreio, as suas tabernas para jogar à bisca, a roupa a secar nas janelas.

Ganhe-se tempo a olhar no Observatório de Pássaros, com painel que ajuda a identificar as aves que por ali param – esta zona do estuário é tão importante para as populações migratórias que mereceu a delimitação em Gaia de uma Reserva Ornitológica. Várias espécies de gaivotas, garças e corvos-marinhos são os mais comuns, mas durante o verão um pequeno grupo de flamingos veio inspecionar a zona na esperança, talvez, de nidificar.

O passeio está a chegar ao fim. O Douro esgueirou-se em curvas para se enrugar aqui, em contacto com o mar, e ficar cada vez mais salgado. O Forte de S. João Baptista anuncia a chegada à Foz, uma das zonas mais caras da cidade, em todos os sentidos. O passeio ao longo da Avenida do Brasil conta com oito pequenas praias rochosas pontuadas por esplanadas, restaurantes e cafés para todos os gostos. Ficamos pela Praia do Ourigo, onde um glorioso fim de tarde pinta com tons dourados o mar, o rio e as margens da cidade.

O elétrico ainda passa junto às margens do rio
O elétrico ainda passa junto às margens do rio

Guia de viagens ao Porto

Este é um guia prático para viagens ao Porto, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos no Porto, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região do Douro.

Quando ir

A primavera e o verão são provavelmente as duas épocas mais agradáveis para visitar o Porto e caminhar pelas margens do Douro.

Como ir

Se viaja do Brasil, a TAP tem ligações aéreas diretas para o Porto a partir do Rio de Janeiro, e imensas rotas com escala em Lisboa a partir de várias cidades brasileiras.

Pesquisar voos

Hotéis e restaurantes no Porto

A lista de hotéis no Porto é infindável e de qualidade variável, mesmo reduzindo os lugares aos que ficam à beira-rio. Quanto a restaurantes e cafés, dada a pouca oferta pelo caminho do lado de Gondomar – Café Riviera e Clube Náutico, mesmo no início/fim do percurso, Marina do Freixo, no fim do Passadiço Ribeirinho e pouco mais -, recomendamos que se reserve as paragens de comes e bebes para a zona da Ribeira e da Foz, onde a oferta é muita. Uma das novidades é o Café Sport (Peter), que veio dos Açores para a Ribeira servir os melhores gins do país. Para celebrar a chegada à Foz e o fim do passeio, pode descansar sem se afastar da marginal e com vistas sobre o mar no restaurante italiano Varanda do Sol, na Rua Coronel Raul Peres 244, ou na pastelaria Tavi, na Rua Senhora da Luz 363.

Pesquisar hotéis no Porto

O passeio

A escolha do início do percurso visa começar no lado mais desabitado, onde é fácil estacionar um veículo – pode até escolher vários pontos ao longo do percurso com parques de estacionamento – ao passo que da Ribeira até à Foz é difícil estacionar, e muito mais fácil apanhar um transporte público até ao centro, e daí de volta a Valbom – Gondomar.

O Passadiço Ribeirinho pertence à Câmara de Gondomar e fica entre a Pousada do Porto e edifícios da moagem, e a zona do Gramido, com entrada por ambos os lados: um extremo fica no Centro de Desportos Náuticos e o outro convenientemente próximo à Marina do Freixo, pouco à frente dos edifícios da moagem, com uma rampa que desce para o parque de estacionamento e parque infantil. Da Marina do Freixo até à Ribeira a estrada segue fielmente as curvas do rio, passando por baixo das pontes até ao coração da zona histórica do Porto, que começa junto à Ponte D. Luís I. A partir daí continua-se sempre pela margem até ao Passeio Alegre e à Foz. Todo o percurso tem estrada e passeio, com alguns locais especialmente ajardinados e preparados para passeios pedestres e ciclovias.

Informações úteis

No posto central do Turismo do Porto, situado na Rua Clube dos Fenianos, ao lado da Câmara Municipal, pode também obter informações sobre transportes públicos, e também mapas e brochuras.

Para além dos pontos citados no texto, pode encontrar muitas outras sugestões no site www.portoturismo.pt. O site oficial do Turismo de Portugal oferece também informação atualizada sobre os principais pontos turísticos do Porto. Caso pretenda visitar algumas caves de Vinho do Porto, informe-se no espaço online da Associação das Empresas de Vinho do Porto.

Seguro de viagem

A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.

Fazer seguro na IATI (com 5% de desconto)

Ana Isabel Mineiro

Deixe um comentário