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Lavapiés, o bairro madrileno da multiculturalidade e ativismo

Por Filipa Chatillon | Viagens Espanha Europa Madrid
Atualizado em 15.10.2022 | Tempo de leitura: 5 minutos

Lavapiés, Madrid
Lavapiés, Madrid. © Turismo de Espanha

“Tem características únicas, pela sua história, mas sobretudo pelo seus habitantes, tão variados que dá vontade de desenhá-los a todos, ao vê-los cruzar a praça. Aqui, convivem frutarias do Bangladesh, o primeiro centro de idosos para gays, lésbicas, transexuais e bissexuais de Espanha, barbeiros marroquinos, madrilenos de gema, grandes intelectuais, e músicos Senegaleses.” Assim apresenta a associação de comerciantes locais o seu bairro de Lavapiés.

Começou por ser um arrabalde da cidade medieval, onde se concentravam as populações judias e árabes. Após a sua expulsão, no final do século XV, transformou-se num bairro operário e recebeu vagas de imigração interna, especialmente andaluza. Os habitantes mais antigos e tradicionais de Lavapiés, os chamados manolos, representantes da Madrid castiza, resultam da mistura dos habitantes madrilenos antigos com estes imigrantes.

A partir da década de 1960 começaram a chegar os imigrantes estrangeiros que compõem hoje em dia quase metade da sua população e lhe trazem a multiculturalidade que o caracteriza.

Nos anos 1980 surgiram em Madrid vários movimentos okupa, que ocuparam edifícios desabitados, transformando-os em centros sociais e de movimentos ativistas. Este movimento aconteceu por toda a cidade, mas teve uma expressão mais marcada em Lavapiés. Até hoje, o bairro é associado ao ativismo político e social e tem mais associações autogeridas e comunitárias que qualquer outro de Madrid. Por esta razão, há quem considere Lavapiés um bairro imune à gentrificação, pelo menos tão marcada como aconteceu em Malaseña (mas este é um tema polémico). Certo é, que nos últimos anos, muitos jovens, artistas e intelectuais se mudaram para Lavapiés, abrindo novos espaços ou impulsionando a sua renovação.

Plaza Lavapiés, Madrid
Plaza Lavapiés, Madrid ©iStock.com

Este espírito de intervenção, preocupação social e procura de meios alternativos de organização da sociedade sente-se não só nestes centros, mas também pelos cafés e restaurantes do bairro, palcos de discussões informais e encontro de pessoas de diferentes ideologias mas valores comuns. Para além disto, muitos destes bares funcionam também em cooperativa, continuando um modelo organizacional muito associado à zona.

Este caldeirão de história, nacionalidades, arte, ideias e ideologias é o grande atrativo de Lavapiés. Mais do que um qualquer edifício histórico ou que a tipicidade das ruas, é o espirito do bairro que leva as pessoas até ele. Exploremo-lo:

1. Centro Social Autogestionado La Tabacalera – Ocupando 9.000 dos 30.000m2 de uma antiga fábrica de tabaco, este centro social, formado em 2010, resgatou da ruína o edifício, abandonado há mais de 10 anos. Existe um banco de tempo e realizam-se múltiplas atividades, gratuitas e propostas por qualquer pessoa, cumprindo os princípios que estão na origem do centro: recursos próprios, horizontalidade e cooperação, autocrítica e transparência, participação direta, critica e experimentalismo, vontade de gerar riqueza cultural e social. Nas palavras do centro “ teatro, música, dança, pintura, aulas, conferências, reuniões, cinema, eventos, intervenções no bairro… Tentamos que nenhuma atividade predomine sobre as outras e que o caráter coletivo, publico e de transformação social esteja presente em todas.”

2. La Casa Encendida – Centro Social e Cultural, da Fundación Obra Social y Monte de Piedad de Madrid. Tem exibições de arte contemporânea, em todas as suas vertentes, e realiza cursos na mesma temática, ambiente e solidariedade. Proporciona vários programas de apoio a jovens artistas, e disponibiliza os espaços da biblioteca, mediateca, hemeroteca, laboratório de rádio, fotográfico e multimédia a todos os públicos. No último piso tem um terraço com uma vista desafogada sobre a cidade.

3. Cine Dore – Edifício modernista, de 1922, é atualmente o local da Filmoteca Espanhola. Tem por isso uma programação que foge do mais comercial, apresenta os filmes nas suas versões originais e promove conferências e sessões comentadas.

4. Mercado de San Fernando – Segundo Daniel, madrileno e arquiteto: “Verdadeira conversão do mercado tradicional em lugar de encontro para comprar e para comer. Preços justos, qualidade mais que digna e nada de essa pretensão a design universal e armadilha para turistas que é o Mercado de San Miguel. Destaco o lugar La Buena Pinta. Não se bebem melhores cervejas em toda Madrid”.

Esta conversão segue o espírito do bairro Lavapiés. Foram os comerciantes que se juntaram numa associação que revelou os preços reais de concessão dos postos de venda, e os abriu a iniciativas das pessoas do bairro. São estes mesmos comerciantes que fazem a gestão do mercado.

5. Biblioteca de Las Escuelas Pias – Uma antiga Igreja do século XVIII, em ruínas, recuperada de maneira espetacular, combinando restauração do original com elementos modernos. Tem salas de aulas da Universidade à Distância e uma biblioteca. No último piso tem o restaurante e bar Gau & Cafe com um terraço com vista para o bairro e preços mais acessíveis que os outros “rooftops” de Madrid. Nos dias de sol é difícil conseguir mesa.

6. La Infinito – Pequeno café, livraria em segunda mão e sala de teatro. Bom para pequenos-almoços, acolhedor e com brunch com música ao vivo uma vez por mês.

7. Melo’s – Um dos clássicos castizos do bairro. “Siempre lleno, siempre bueno”. Para comer zapatillas, umas tostas (gigantes) de pernil de porco e queijo de tetilla. As croquetas também são famosas.

8. Bodegas Lo Maximo – Um antigo bar de bairro, com o típico balcão em aço inoxidável, renovado mas mantendo algum do seu espírito tradicional. Bom ambiente para beber um copo.

9. As esplanadas – Toda a zona de Lavapiés, como a vizinha La Latina, é conhecida pela vida das esplanadas, que se estendem ao longo das ruas. A Calle Argumosa é famosa pelos restaurantes de tapas e a Calle Lavapiés pelos restaurantes indianos. A dificuldade em conseguir lugar nestas esplanadas tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, e algumas das tabernas mais tradicionais foram já substituídas por lugares mais modernos e descaracterizados, mas continua a ser um bom sitio para aproveitar as tardes de sol. Para a noite, os cafés e bares nas Calles Ave Maria ou Colegio.

No mapa abaixo, centrado no bairro madrileno de Lavapiés, encontra as localizações de todos os locais referidos:

Como chegar ao bairro Lavapiés

Utilize o metro de Madrid [ver mapa] e saia na estação Lavapiés, em plena Plaza de Lavapiés.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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