Manaus é a capital do Estado do Amazonas e raramente serve como destino em si mesmo. Na verdade, tende a servir mais como porta de entrada na Amazónia do que como destino de viagem propriamente dito.
Não espere a beleza do Rio de Janeiro nem o cosmopolitismo de São Paulo; não espere o decadente charme colonial de São Luís do Maranhão nem o ambiente festivo de Salvador da Bahia. Exceção feita ao imponente Teatro Amazonas, Manaus não tem muitos atrativos emblemáticos. É uma capital que cresceu muito nas últimas décadas, e – fica o aviso – é difícil que desenvolva um amor à primeira vista por ela.
Dito isto, é evidente que Manaus tem os seus encantos. A começar, claro está, pela zona em redor do Teatro Amazonas. Fica no coração histórico da cidade, é bonita, relativamente tranquila e facilmente visitável.
Pela minha parte, tive a felicidade de estar com gente muito interessante, que transformou a minha estadia. Foi, talvez, a maior riqueza que trouxe de Manaus. Do artista português Rui Machado a uma simpaticíssima mulher-polícia seguidora do Alma de Viajante – com quem partilhei deliciosas refeições -, passando por uma manauara que conheci no Festival de Parintins e me levou a passear pela zona de Ponta Negra, foram eles que fizeram a minha passagem por Manaus especial.
Assim, quer esteja de passagem para um hotel de selva, a atracar ou a partir num barco pelo Rio Amazonas, ou tenha chegado a Manaus com o propósito de visitar Manaus, eis algumas coisas que pode fazer enquanto está na cidade.
O que fazer em Manaus
Para o viajante, o ponto nevrálgico de Manaus é a Praça São Sebastião. É onde fica o Teatro Amazonas, ex-líbris da cidade; muito provavelmente, ficará alojado nas proximidades.
Manhã
Comece o dia bem cedo, visitando o Mercado Municipal Adolpho Lisboa, uma das relíquias arquitetónicas que restaram da época áurea da borracha. Fica junto ao porto de Manaus e vale bem a incursão. Caso prossiga viagem de barco depois do stopover em Manaus, aproveite para comprar uma rede junto ao mercado.
Siga então para a Praça São Sebastião, coração do centro histórico de Manaus – uma área organizada e segura -, com o objetivo de visitar o Teatro Amazonas (as visitas são guiadas e ocorrem a toda hora).
Depois de visitar o teatro, dê um pulinho ao Palácio de Justiça, que fica atrás, ou à casa onde morou Eduardo Ribeiro, na rua transversal (chama-se, precisamente Museu da Casa Eduardo Ribeiro).
Almoce no Tambaqui de Banda, um dos mais emblemáticos restaurantes do centro histórico de Manaus.
Nota: se tiver carro ou não se importar de usar um Uber, uma sugestão para uma refeição de peixe sui generis é a tasca Peixaria do Jokka Loureiro, um pouco afastada do centro.
Tarde
Depois de almoço, deixe-se ficar pela praça, visite a excelente Galeria Amazônica, na mesma calçada da Sorveteria Barbarella (um sorvete é sempre uma boa ideia para acalmar o calor de Manaus). A galeria tem uma coleção espetacular de artefactos indígenas com origem documentada e preços ótimos – excelente para fazer compras.
Para relaxar durante a tarde, o ideal é fazer como os manauaras e passear em Ponta Negra. Eu fui lá à noite, já estava tudo um pouco morto, mas vale bem a pena para desanuviar do ambiente mais pesado do centro de Manaus. Ponte Negra é, aliás, o local onde se instalaram alguns dos melhores hotéis de Manaus, com especial destaque para o Tropical – e muitos viajantes optam por ali montar a sua base.
Noite
De regresso ao centro de Manaus, volte novamente à Praça São Sebastião para beber uma cerveja gelada e comer uma sanduíche de pernil no Bar do Armando (que ferve de energia à noite). Quem sabe não há uma roda de samba. E não deixe também de arranjar espaço no estômago para comer um tacacá no Quiosque da Gisela (das 16:00 às 22:00) – é daquelas coisas que tem mesmo de provar.
Outras atividades em Manaus
Caso tenha mais dias em Manaus, eis um conjunto de outras atividades que pode organizar fora da cidade:
- Visitar a Catedral de Manaus.
- Fazer um passeio de barco para conhecer o chamado Encontro das Águas, onde os rios Negro e Solimões se encontram. Há o chamado “passeio curto”, bem como um tour de dia inteiro.
- Visitar o Museu do Seringal Vila Paraíso, onde se explica todo o ciclo da borracha.
- Visitar o MUSA – Museu da Amazônia.
- Ir até Presidente Figueiredo, localizada a 130km de Manaus, explorar as cascatas (cachoeiras) da região.
Guia prático
Como chegar a Manaus
O aeroporto de Manaus é servido por poucos voos internacionais, nenhum dos quais para a Europa. A partir de Portugal, eu voei com a TAP até Belém (a companhia tem atualmente dois voos diretos semanais a ligar Lisboa e a capital do Pará), e com a Azul de Belém a Manaus.
Outra alternativa, muito utilizada por locais e mochileiros, é viajar de barco pelo Rio Amazonas. As opções mais comuns são fazer a viagem entre Belém e Manaus, ou então dividir a viagem em Santarém e fazer um dos trechos de barco e outro de avião. Pode, por exemplo, voar até Belém e de lá subir o rio.
Se optar por subir o Amazonas de barco, convém saber que o alojamento mais confortável são os camarotes (também chamados de cabines), mas há poucos e são caros. Se optar por viajar no convés do navio, como faz a maioria das pessoas, vai dormir numa rede durante a viagem; tem de comprar a rede, mas são baratas – eu comprei uma por R$ 25.
Como ir do aeroporto para o centro
Para quem aterra no aeroporto de Manaus, a forma mais cómoda e confortável para chegar no centro da cidade é de táxi. Felizmente, o preço dos táxis é tabelado, facto que finta a desonestidade generalizada dos taxistas de aeroporto; infelizmente, é uma opção cara: R$ 60.
Alternativamente, o autocarro 306 liga o aeroporto ao centro de Manaus em pouco mais de meia hora, e custa apenas R$ 3,80. Foi o que eu fiz, mas tenha em atenção o seguinte: Manaus é uma cidade com graves problemas de segurança, e há muitos assaltos à mão armada nas ruas e em autocarros e minibus públicos.
Onde ficar em Manaus
Para o comum dos viajantes, a localização mais conveniente para se hospedar é a zona envolvente ao Teatro Amazonas, no centro de Manaus. Eu conheci o Local Hostel Manaus que, para quem aprecia o ambiente social de um hostel, é maravilhoso. E cheguei a ficar também alojado no Seringal Hotel, um pouco mais caro mas muito bem localizado. Ficam ambos pertíssimo da Praça São Sebastião, onde fica o teatro.
Outras opções interessantes no centro são os hotéis Go Inn e Casa Teatro. Ou, para algo mais chique (e caro), o excelente Hotel Villa Amazônia.
Por fim, se preferir ficar perto da famosa Praia de Ponta Negra, as escolhas mais consensuais (embora não isentas de críticas) são o Hotel Tropical e o Wyndham Garden Suites. Qualquer que seja a sua preferência, não faltam opções de hospedagem em Manaus; veja no link abaixo para conhecer os melhores hotéis.
Segurança
Como disse, Manaus sofre de um grave problema de insegurança, com muitos assaltos à mão armada e armas brancas. O alvo não são especificamente os turistas, até porque a zona em redor do Teatro Amazonas é bem policiada.
Seja como for, mantenha-se alerta e, se possível, evite andar com muito dinheiro, carteira, bolsas, máquinas fotográficas e até telemóvel. Aparentemente, o que os meliantes mais roubam é dinheiro, telemóveis e ténis de marca, mas com certeza não dizem que não a uma boa máquina fotográfica. Fique esperto!
Dito isto, andei por Manaus e não tive qualquer problema, incluindo na zona portuária nas traseiras do Mercado Municipal, de onde saem os barcos para Parintins. Use o bom senso e a intuição mas, em caso de assalto, não resista. A sua vida é mais valiosa do que tudo o que possa transportar consigo.
Seguro de viagem
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