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Cataratas do Niagara, uma beleza natural engolida por hotéis e casinos

Por Filipe Morato Gomes | Viagens América do Norte Américas Canadá Ontário Toronto
Atualizado em 6.10.2021 | Tempo de leitura: 9 minutos

Cataratas do Niagara
À esquerda, as chamadas Cataratas Americanas; ao fundo, as  Horseshoe Falls, no lado canadiano

As Cataratas do Niagara ficam no rio que lhes deu nome, na fronteira entre o Estado norte-americano de Nova Iorque e a província canadiana de Ontário.

Apesar de o Rio Niagara ter apenas 40 quilómetros de extensão – entre o Lago Eire e o Lago Ontário -, forma diversas quedas de água ao longo do seu percurso. A maior de todas, conhecida em todo o mundo como Cataratas do Niagara, foi batizada de Horseshoe Falls. Ora, estando eu a fazer um roteiro por Toronto, tinha mesmo de visitar as Cataratas do Niagara e observar presencialmente tamanha força da Natureza.

Apesar de não serem as maiores cataratas do mundo, as Cataratas do Niagara são um conjunto de quedas de água com uma força avassaladora. Não por acaso, o nome Niagara vem da palavra indígena Onguiaahara, que significará algo como “trovoadas das águas”. Uma referência ao barulho ensurdecedor provocado pela queda das águas. Consta que têm o maior caudal do planeta.

Ora, apesar de saber que não ia para um paraíso natural isolado, daqueles que requerem horas de caminhada para lá chegar, fiquei ainda assim um pouco desiludido com a disneyzação de Niagara.

O problema é que a queda de água está literalmente entre duas cidades, uma no lado norte-americano e outra no lado canadiano (ambas chamadas de Niagara Falls e ligadas entre si pela Ponte do Arco-Íris), que se desenvolveram tendo como base o turismo nas Cataratas do Niagara.

Eis, pois, o relato da minha experiência.

Visitar as Cataratas do Niagara: a minha experiência no lado canadiano

Horseshoe Falls, Cataratas do Niagara, Canadá
Vista das chamadas Horseshoe Falls, as Cataratas do Niagara canadianas

Eram oito em ponto quando uma carrinha da empresa Chariots of Fire chegou à afamada Praça Dundas, apelidada com algum exagero de “mini Times Square”. Ao volante, seguia Mel, um canadiano de Edmonton a viver em Toronto há várias décadas. Era ele o guia para a visita às Cataratas do Niagara.

Dentro da carrinha, um grupo composto por seis professoras mexicanas, duas canadianas de Vancouver – mãe e filha – em férias por Toronto e um jovem italiano em dia de aniversário. Juntos, iríamos conhecer o lado canadiano das Cataratas do Niagara.

A viagem de carro entre Toronto e a cidade canadiana de Niagara Falls demorou pouco mais que hora e meia. E fomos diretos à Torre Skylon.

A Torre Skylon

Torre Skylon, Niagara
Uma turista observa as Cataratas do Niagara a partir da Torre Skylon

Tinha subido à CN Tower durante a minha visita a Toronto e achei que valeu a pena. Ora, tendo a Skylon uma das vistas mais espetaculares sobre as Cataratas do Niagara, não resisti e também decidi subir. E ainda bem que o fiz.

Dessa forma, fiquei a perceber melhor a envolvência das cataratas, preenchida por edifícios, hotéis e casinos; a beleza pura da força da Natureza, assim o cérebro conseguisse fazer zoom para enquadrar apenas as quedas de água; e as notórias diferenças entre o lado canadiano e o lado dos Estados Unidos da América (muito mais espetaculares as vistas das Cataratas do Niagara a partir do Canadá).

Saí da Torre Skylon pronto para me aproximar das águas.

Foi também na Torre Skylon que tive novo contacto com a última praga do turismo de massas: as fotografias falsas. Tal como noutras atrações, os visitantes são obrigados a passar por uma zona onde os funcionários assumem que todos querem tirar uma fotografia em fundo verde, para depois inserir digitalmente numa envolvência real.

O resultado final pode ser uma brincadeira (fotos com turistas de ar assustado a descer as Cataratas do Niagara numa pipa de vinho) ou pura falsidade (turistas a posar diante das cataratas, de noite). Confesso que não tenho paciência para este tipo de negócio.

O passeio de barco até às cataratas

Passeio de barco nas Cataratas do Niagara
A bordo do Hornblower, junto às Cataratas Americanas

A paragem seguinte foi junto ao cais de embarque dos cruzeiros da Hornblower, única entidade oficial a organizar, do lado canadiano, os curtos passeios de barco até bem perto da zona inferior das cataratas.

Apesar da reduzida altura das Cataratas do Niagara, aproximar-se delas é uma experiência marcante. E molhada. Com o barco pertíssimo das cataratas, sabe bem levar com os salpicos (eufemismo para uma grande molha) resultantes da força estonteante com que as águas do Rio Niagara caem em queda livre, acompanhado por um bruá ensurdecedor.

Fantástico!

Ao invés dos casinos e hotéis gigantes.

Os casinos

Fosse por ignorância ou pura ilusão, não estava à espera de encontrar um ambiente estilo Disneyland no lado canadiano das Cataratas de Niagara. Talvez no lado americano, admiti, mas não no canadiano. Mas é exatamente isso que acontece.

Sim, a povoação de Niagara Falls parece um parque temático da Disney. Não há outra forma de o dizer. Juntando a isso as torres dos casinos e hotéis, pareceu-me um péssimo exemplo sobre a orientação que é dada aos destinos. Sobre o efeito do turismo. Sobre a tal disneyzação de Niagara.

São opções, é certo. Enquanto viajante, creio que muito se ganharia se a área tivesse sido gerida de forma a proporcionar uma experiência mais próxima da Natureza. Infelizmente, é um parque de diversões com vista para as impressionantes Cataratas do Niagara.

Whirlpool Aero Car

Whirlpool Aero Car
Vista do Whirlpool Aero Car (parado no outono)

Depois de visitar as Cataratas do Niagara, decidimos aproveitar o tempo para conhecer a região vinícola de Niagara-on-the-lake. O guia e motorista não fez qualquer referência ao Whirlpool Aero Car – e eu, que pouco planeei a viagem e talvez por isso desconhecia a sua existência -, pelo que, quando lá parou, fiquei agradavelmente surpreendido.

Projetado pelo engenheiro espanhol Leonardo Torres Quevedo, o Whirlpool Aero Car é um teleférico sobre os rápidos “Classe 6” do Rio Niagara, e está em operação desde o longínquo ano de 1916.

Infelizmente, dada a época em que visitei Niagara, o teleférico não estava em funcionamento; mas imagino que atravessar o rio daquela forma seja, digamos, emocionante. Só para quem não tem medo nem vertigens!

Niagara-on-the-lake, a região vinícola do ice wine

Niagara-on-the-lake
Rua principal de Niagara-on-the-lake

Ao final da manhã deixámos as Cataratas do Niagara para trás, mas o passeio não tinha ainda terminado. Era então hora de visitar a povoação de Niagara-on-the-lake e as quintas vinícolas que produzem o adocicado ice wine, do qual a península do Niagara é responsável por três quartos da produção mundial.

Eu – ignorante me confesso – nunca tinha ouvido falar de ice wine, um tipo de vinho doce produzido a partir de uvas vindimadas enquanto se encontram congeladas na vinha (regra geral à noite). Dessa forma, obtém-se um suco de uva super-concentrado (a senhora da Lakeview Wine Co. que me explicou o processo falou de uma gota por cada uva) para posterior processamento. O resultado desse mosto prensado a partir das uvas congeladas é uma reduzida quantidade de vinho mas muito concentrado e muito doce.

Ice wine, Niagara
Provando ice wine na Lakeview Wine Co.

Eu provei e gostei. E, não menos importante, fiquei a conhecer o ice wine. A paragem valeu a pena. De palato adocicado e alma aquecida, era então hora de regressar a Toronto.

Guia prático

Como chegar

Apesar de ser possível ir de Toronto até às Cataratas de Niagara de transportes públicos, pesando os prós e os contras optei por ir num pequeno grupo organizado pela já referida Chariots of Fire. E, apesar do custo mais elevado, julgo ter valido a pena, até porque permitiu incluir a povoação de Niagara-on-the-lake e a visita a uma quinta vitivinícola (e provar ice wine).

Para visitar as Cataratas do Niagara com outras agências – que não a Chariots of Fire -, saiba que pode também comprar antecipadamente na GetYourGuide.

A única coisa que desgostei foi do facto de não ter tido mais tempo para caminhar junto ao rio e na cidade; mas, sendo uma tour organizada, com tempos contados, já estava mais ou menos a contar com isso. De resto, não havia necessidade de cobrarem um valor ligeiramente acima do preço normal para subir à torre Skylon e para fazer o passeio de barco nas Cataratas do Niagara.

Dito isto, alugar um carro é, naturalmente, uma alternativa válida; especialmente compensadora caso viaje com outras pessoas.

Caso prefira ir de transportes públicos, a MegaBus tem imensas partidas diárias de Toronto para Niagara Falls, com preços de C$18 (+ taxas). A viagem demora entre 90 e 120 minutos, dependendo do trânsito.

Passeio de barco e subida à Torre Skylon

Para além de observar as cataratas do nível da estrada, pode subir à Torre Skylon e descer ao nível da água a bordo de um barco. A questão é: vale a pena?

No que toca à Torre Skylon, o que mais gostei foi de ficar com uma perspetiva geral do espaço envolvente; da posição das Cataratas do Niagara ensanduichada por duas cidades; de constatar a proximidade dos casinos e hotéis do lado canadiano.

Ou seja, permitiu-me ter uma visão global, antes de me aproximar das quedas de água. Vale a pena; mas faça-o antes de tudo o resto. O que não vale a pena é pagar o valor extra para subir ao nível superior. A vista é melhor do piso de observação (tudo envidraçado).

Quanto ao passeio de barco da Hornblower, apesar do preço um pouco salgado, acho que é das melhores coisas que se pode fazer em Niagara Falls. Recomendo vivamente. A outra opção, porventura ainda melhor, são os históricos passeios de barco a vapor da Maid of the Mist (Donzela da Neblina); mas as partidas são do lado dos Estados Unidos da América e, de qualquer forma, no mês em que visitei (novembro) não estavam a funcionar.

Onde ficar

Eu não fiquei a dormir em Niagara Falls mas confesso que fiquei com vontade de sentir a cidade depois da maioria dos turistas abandonar as Cataratas do Niagara. Deve ser uma bela experiência.

Caso opte por fazê-lo, saiba que os preços são incrivelmente baixos (comparado com Toronto), especialmente fora de época. Saiba também que há dois tipos de hotéis dominantes: os grandes hotéis, em altura, com vista para as cataratas; e os pequenos bed& breakfast nos arredores da povoação.

Assim, se privilegia a vista e quer um quarto com vista para as quedas de água, dificilmente poderá escolher melhor do que o cinco estrelas Marriott on the Falls. Ou então o vizinho The Oakes Hotel Overlooking the Falls. São ambos muito elogiados, oferecem boa localização junto às cataratas e excelente relação qualidade/preço.

Se prefere um ambiente mais intimista (como eu gosto) mesmo sem as vistas para as cataratas, recomendo sem reservas o Always Inn B&B ou as acolhedoras Butterfly Manor, Acacia Bed and Breakfast e Blue Gables Bed and Breakfast. Note que não ficam no centro da povoação.

Uma alternativa intermédia poderá ser o hotel temático Cadillac Motel Niagara, com bom preço e bem localizado no coração do povoado. Para encontrar outras hospedagens nas Cataratas do Niagara use por favor o link abaixo.

Pesquisar hotéis nas Cataratas do Niagara

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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