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À décima viagem, o Irão continua lindo (mesmo no inverno)

Por Filipe Morato Gomes | Viagens Irão Médio Oriente
Atualizado em 15.10.2022 | Tempo de leitura: 6 minutos

Fresco do profeta Maomé

Terminou hoje a décima edição da viagem Segredos da Pérsia e, posso dizê-lo sem receio de exagerar, foi uma das melhores de sempre.

Desde logo, porque anos de experiência fazem com que a viagem, promovida pela Nomad e que tenho privilégio de liderar, esteja cada vez mais afinada e, dessa forma, a possibilidade de ocorrerem erros é cada vez menor. Mas não foi só isso, até porque o Irão continua muito dinâmico e imprevisível. Foi pelo grupo, pelo clima que encontrámos e pelas novas descobertas que fizemos.

Uma viagem memorável

Antes de tudo, é justo dizer que tive a sorte de estar acompanhado por um excelente grupo de viajantes, um dos mais fáceis de gerir com que me deparei em todas as edições desta aventura persa. Gente descomplicada, que não reclama por passar seis horas num autocarro, que alinha em tudo sem muitas hesitações – mesmo jantar em casa de um desconhecido ou atividades fora do “programa” oficial -, de sentidos despertos, sedenta de beber todos os momentos da viagem como se fossem os últimos. Gente com o tal “espírito Nomad”. Fiz amigos novos, que tenho a certeza reencontrarei noutros contextos vida afora. E isso diz muito deste grupo.

Entre os viajantes, uma jovem urban sketcher de 78 anos, exemplo de vitalidade, energia, curiosidade, espírito aventureiro e tudo de bom que se possam lembrar. Já era apaixonado pelos magníficos sketchs do Luís Simões no seu arrojado World Sketching Tour mas, ao presencear o efeito que o ato de desenhar provoca, tomei uma decisão para 2015: vou tentar aprender a fazer sketchs (e ver se arrasto a minha filha no processo). É que, se a máquina fotográfica tende a criar barreiras, o caderno e as aguarelas aproximam. E de que maneira! Vi o que aconteceu sempre que Maria José desenhou e mostrou os seus sketchs aguarelados aos iranianos, e não me recordo de forma mais extraordinária para criar laços e empatia com desconhecidos.

Além disso, o clima. Depois da experiência muito dura da anterior edição de inverno, onde apanhámos o maior nevão das últimas décadas, com frio, muito frio e alguma chuva que fizeram com que as visitas às mesquitas, palácios e demais atrações fossem feitas a um ritmo muito elevado, tinha receio que, um ano depois, o cenário se repetisse. Não poderia estar mais enganado!

Durante toda a viagem, com exceção do dia da visita a Persépolis, o Irão recebeu-nos com um acolhedor sol de inverno. Nem demasiado calor, penoso para as mulheres por causa das restrições no vestuário, nem demasiado frio como apanhara um ano antes. Foi o clima perfeito, seguramente melhor que na maioria das edições anteriores da viagem.

Por fim, duas descobertas brutais. Por mais vezes que faça o mesmo itinerário, nunca há duas viagens iguais. Isso é ponto assente. Mas nem sempre os momentos inicialmente não previstos acrescentam algo novo à viagem. Desta vez, houve dois locais, para mim até então desconhecidos, que me marcaram por serem absolutamente maravilhosos. O Irão continua a surpreender-me! Para além da hospitalidade do seu povo, é por isso que não me canso de lá voltar!

Vou contar-vos o que se passou.

Certo dia, por uma coincidência incrível, um iraniano chamou-nos para visitar uma mesquita fechada ao público. Ele era guia e acompanhava dois turistas norte-americanos. Conhecia o homem que toma conta da tal mesquita e, vendo-me por perto, perguntou-me se queria ir. Desafiei o grupo e, num instante, juntámo-nos ao guia iraniano.

Assim que Saede abriu a porta da mesquita, recuei mil anos no tempo. Nunca tinha visto aquela porta abrir-se em múltiplas passagens por aquela rua. Lá dentro, uma mesquita de madeira em que o espaço para as mulheres estava um palmo acima do dos homens – “aqui, as mulheres são mais importantes do que os homens”, disse Saede, apontando para o chão; “mas só um bocadinho”, sorriu.

Noutro compartimento, um antigo templo de fogo Zoroastra transformado em local de culto muçulmano. Ao fundo, um mirhab feito de 366 pedaços de madeira (um por cada dia do ano) profusamente trabalhado e que, segundo Saede, terá 1.320 anos de idade (não tenho como comprovar, da mesma forma que não tenho por que duvidar). Ao lado, um pequeno minab com oito séculos de existência, também em madeira, com uma jarra e peixes esculpidos que, disse, “simbolizam a vida”.

Parece pouco, mas não é. Foi um daqueles momentos mágicos, emotivos q.b., que dificilmente conseguirei traduzir em palavras. Agora, que já sei onde procurar Saede, só espero encontrá-lo por perto nas próximas viagens para que me abra novamente a porta desta cápsula do tempo!

Noutra cidade, uma viajante tinha um livro sobre o Irão onde era mencionado um mausoléu do século XVI que albergava um fresco com uma “rara representação do profeta Maomé”. Já tinha passado dezenas de vezes naquela rua e nunca me tinha dado para entrar naquele edifício igual a tantos outros. Decidi perguntar – sim, era ali. Pedi permissão e entrámos num compartimento modesto. E ali estava ele, o profeta, com a cara dissimulada por um véu. Uma fascinante descoberta!

Houve ainda outro momento que tenho de partilhar. Não foi a primeira vez que assisti a algo semelhante mas, por algum motivo que a razão desconhece, desta vez emocionei-me. Estava na mesquita Iman de Esfahan quando um iraniano começou a cantar num local com uma acústica absolutamente incrível (é possível ouvir ecos amplificados do mais ínfimo dos sons, incluindo o toque numa folha de papel).

Não faço ideia do que ele estava a dizer mas fechei os olhos e fiquei a absorver o momento, a sentir aquela energia inexplicável que me tocou de forma intensa, ao ponto de cerrar os lábios para me conter. Ainda assim, quando ele terminou de cantar, tinha umas lágrimas teimosas a escorrer pela face. Não consigo explicar o que aconteceu, mas já há muito aprendi a não tentar perceber tudo o que vejo e sinto em viagem. É deixar fluir, absorver o momento e juntá-lo no baú dos tesouros das minhas muitas viagens.

Por tudo isto e muito mais, esta foi uma viagem memorável!

Percalços de uma viagem de aventura

Houve, naturalmente, alguns percalços, por casualidade concentrados no final da viagem. Desde logo, um atraso no voo doméstico entre Shiraz e Teerão que, apesar de não ser previsível, acabou por não ter demasiado impacto no penúltimo dia da viagem.

Mais desagradável foi o Museu de Arte Contemporânea estar encerrado no dia em que o pretendíamos visitar. Para além do ambiente sofisticado da Casa dos Artistas, a grande maioria dos viajantes tinha interesse em conhecer o museu e aprofundar contacto com o lado menos tradicional, mais artístico e liberal da capital iraniana. Infelizmente, apanhámos o museu entre coleções e, como tal, de portas fechadas.

Pior foi um suposto “jantar nómada”. Sou avesso a refeições apresentadas como tendo música ao vivo e danças tradicionais mas, mesmo assim, decidimos experimentar. Na verdade, éramos os únicos turistas mas nem por isso a refeição ficou na memória pelas melhores razões. E nem a suposta “tenda” se safou (como diria uma das viajantes do grupo, “a única coisa nómada da tenda eram os tapetes”). Gosto de experimentar coisas novas, é certo, mas esta foi provavelmente a pior e mais cara refeição de toda a viagem, uma experiência a que seguramente pouparei os futuros viajantes pelos Segredos da Pérsia.

Próximas edições dos Segredos da Pérsia

Neste ano de 2015, voltarei ao Irão mais três vezes – em março, setembro e novembro -, partilhando uma pequena parte do meu querido Irão com mais 30 viajantes. Para quem não conhece e tem curiosidade, espreite a minha conta do Instagram onde partilho muitas e belas fotos deste fantástico país.

Dou-me agora conta que esta foi a primeira vez que escrevi sobre uma das minhas viagens como líder Nomad. À décima, decidi fazê-lo – julgo que é bom sinal! Até breve, Irão. Obrigado, Irão. Foi uma viagem fascinante.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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