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Douz, o deserto em beleza

Por Ana Isabel Mineiro | Viagens África Douz Tunísia Desertos
Atualizado em 30.11.2022 | Tempo de leitura: 6 minutos

Douz, Tunísia
Douz, a caminho do deserto do Sahara

Douz é uma agradável vila tunisina que vive muito do turismo, tirando partido de uma localização privilegiada às portas do Deserto do Sahara. Um oásis sahariano, onde os turistas podem apreciar o deserto e as suas gentes, sem esforço ou sofrimento, e partir. Ou voltar.

Douz, deserto do Sahara

Os autocarros param junto ao cemitério que fica bem no meio da povoação. Por vezes o sol, demasiado ofuscante, ou o vento, que traz a areia para dentro das casas, obrigam quem chega a procurar refúgio o mais depressa possível. Passam derreados pelas mochilas berrantes, de calções e óculos escuros, seguem ao longo do cemitério para os pequenos hotéis e pensões do centro. Sabem que o deserto está perto, mas ainda não o viram. E mesmo o palmeiral do oásis, a sombra fértil que antecede as dunas, só consegue ver-se de algumas ruas.

Ruas de Douz, Tunísia
Ruas de Douz, Tunísia

Às quintas-feiras, o mercado dos animais instala-se por trás da mesquita junto ao souk (mercado). Os turistas chegam às escadas, de máquina fotográfica na mão, mas poucos são os que ousam descer e misturar-se naquele mar de gente e alimárias: do lado direito estão os dromedários, depois os burros, mulas e cavalos, e o restante chão está coberto de ovelhas e cabras de todos os tamanhos.

Os possíveis compradores deambulam por ali, apalpando garupas, observando dentes e pelagens. Muitos usam os trajos árabes dos beduínos, segurando o excesso de tecido com uma mão quando se baixam, corrigindo o cheche da cabeça, enrolando-o e desenrolando-o vezes sem conta.

Mulheres são raras e modestas, geralmente velhas beduínas com tatuagens no queixo e nas faces, agachadas de modo a caberem quase todas debaixo do lenço, uma mão a segurar os animais pelas cordas. Os que venderam com sucesso reconhecem-se pelo minúsculo bulezinho de chá e jogo de copos que trazem debaixo do braço e nos bolsos, distribuindo pelos presentes golos doces de contentamento.

Os turistas vêm à procura do deserto e de beduínos. Na região de Douz coexistem algumas das grandes tribos: os Mrazig, os Ghrib, os Aoulad Jaghoub, os Adara de Zaafrane e os de Sabria. Debaixo das t-shirts e das jeans estão genuínos beduínos, que conduzem os seus negócios docemente pelo souk, pelos hotéis e restaurantes da vila. E mostram o deserto aos turistas, o deserto onde já não moram há muito tempo mas que tratam como uma mobília antiga lá de casa, atravessando as dunas de mobilete e fazendo piqueniques na areia, onde grelham carne e fazem pão, acompanhando com legmi, a aguardente de palmeira.

Mercado dos animais, Douz
Mercado dos animais, Douz, Tunísia

Não são só os velhos garbosos, que passam de albornoz e cheche, nem os que levam uma vida de girassol, a mudar de esquina para acompanhar os lugares onde bate o calor, os verdadeiros beduínos. São-no quase todos, e sabem perfeitamente a que tribo pertencem; os outros, os sedentários que cultivavam o oásis – coisa que durante muito tempo foi considerada desprezível pelos nómadas – são os “papa-melancias”. Que aqui são bem boas, por sinal…

Os autocarros param junto ao cemitério que fica bem no meio da povoação. Por vezes o sol, demasiado ofuscante, ou o vento, que traz a areia para dentro das casas, obrigam quem chega a procurar refúgio o mais depressa possível. Passam derreados pelas mochilas berrantes, de calções e óculos escuros, seguem ao longo do cemitério para os pequenos hotéis e pensões do centro. Sabem que o deserto está perto, mas ainda não o viram. E mesmo o palmeiral do oásis, a sombra fértil que antecede as dunas, só consegue ver-se de algumas ruas.

O palmeiral de Douz

Douz nem é uma terra excepcionalmente bonita, mas é acolhedora, com algo de familiar. O que era bonito já foi devolvido ao deserto: as velhas aldeias de Glissia e Zaafrane, ali próximas, naufragam lentamente nas vagas de areia branca e fina como farinha, enquanto que, ao lado, junto aos palmeirais, se ergueram paredes novas de tijolo irritantemente cor-de-laranja, e dos terraços de cimento saem tufos de barras de ferro eriçadas.

Rua de Douz, Tunísia
Rua de Douz

Estes lares, aos quais custa chamar casas, nunca conseguirão transformar-se em areia branca, mas dos pátios continuam a sair dezenas de criancinhas descalças que não têm medo de cavalos ou dromedários. E dizem-me que nas duas estações de camelos de aluguer de Douz – perdão, dromedários – conta-se um total de seiscentas a setecentas cabeças. Como o tempo das caravanas já passou, a função principal dos bichos é agora passear os turistas, sorte que compartem com alguns cavalos.

Os hotéis de luxo também ficam no palmeiral, quase todos virados para a imensidão de dunas, onde também já nasceu um parque de campismo e uma pizzaria. É aqui que ficam os turistas que viajam em grupo: de um lado a frescura do oásis, da piscina e da cerveja; do outro o calor do deserto, os dromedários de aluguer, os fatos “de beduíno” todos iguais, às riscas brancas, os vendedores de cheches e de rosas do deserto.

No mês de Agosto, quando a temperatura sobe acima dos quarenta graus, são poucos os que se atrevem a sair da sombra e do ar condicionado. Mas esse é o mês dos casamentos, da música e das danças nos pátios, onde as verdadeiras rosas do deserto florescem em trajos típicos bordados a ouro, os cabelos soltos sacudidos com violência ao ritmo dos tambores.

Para muitos, é o cumprir de um sonho: passear umas horas na imensidão das dunas, bamboleando-se sobre o dromedário que um beduíno leva pela arreata. Ao longe, o deserto do Sahara a perder de vista, “grande, monótono, embalador”, como dizia Isabelle Eberhardt, mudando a cor de branco para avermelhado nas areias em redor de Ksar Ghilane. E quando chegarem a casa podem dizer: “Eu já estive no deserto”. Os que não dizem “já”, geralmente voltam.

Mercado dos animais em Douz
Beduíno no mercado dos animais em Douz, Tunísia
Douz, deserto do Sahara
Douz
Mesquita de Douz
Ao fundo, a mesquita de Douz, um oásis próximo do deserto do Sahara
 

Guia de viagens a Douz

Este é um guia prático para viagens a Douz, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos no deserto do Sahara, os melhores hotéis e atividades em Douz.

Como chegar a Douz

Para além dos pacotes de viagens que por vezes incluem Douz e dos charters para Djerba, a Tunisair tem um par de voos semanais de Portugal para Tunes, capital da Tunísia, a partir de onde se pode movimentar por via rodoviária rumo ao interior do país.

Onde ficar

Caso não chegue num charter à Tunísia, recomenda-se o Hotel Erryadh, na Mohamed el Ferjani, que cobra menos de 20 dinares por um quarto num funduk tradicional, pequeno-almoço incluído.

Pesquisar hotéis em Douz

Informações úteis

Não é necessário visto para a Tunísia. O nível de vida é bastante mais baixo do que em Portugal. A moeda é o Dinar tunisino e 1 euro vale 1,66 dinares. Há máquinas ATM e câmbio fácil nos correios. A Embaixada da Tunísia em Lisboa fica Rua Rodrigo Rebelo, nº 16.

Seguro de viagem

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Saiba mais sobre: Viagens África Douz Tunísia Desertos

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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