“É mais barato viver na Suécia que em Portugal”

Por Filipe Morato Gomes

Dinheiro

Foi como se tivesse levado um murro no estômago quando Tiago, um português a viver em Gotemburgo há sete anos, se saiu com esta frase durante uma agradabilíssima tarde passada em conjunto na região de Gotemburgo. E disse-o com toda a naturalidade, começada com um inequívoco “tenho a certeza que…”. Para não deixar dúvidas.

Estou a terminar a minha viagem de uma semana por território sueco. Hoje, ao fim da tarde, entrarei num comboio rumo à Dinamarca e, entre escritos sobre Estocolmo e o planeamento do que aí vem, tenho tido tempo para absorver o que vi e vivi nestes últimos sete dias na Suécia. Desde o primeiro instante que ando fascinado; e saio de alma cheia.

Tal como saí de Cuba, há uns anos, a pensar nas evidentes contradições do sistema vigente no país de Fidel Castro, com gente pobre mas patriótica e acérrima defensora do regime, saio da Suécia a redefinir o conceito de qualidade de vida e a pensar no verdadeiro sentido da social-democracia. E as comparações com Portugal são inevitáveis.

Na Suécia, o sistema está montado para que a diferença entre estratos sociais seja a menor possível. O diretor de uma empresa ganha mais que um chefe intermédio e mais ainda que um seu operário fabril – como é lógico –, mas as diferenças não são obscenas como em Portugal. E todos, todos ganham o suficiente para viver com dignidade.

Os suecos incentivam a natalidade como em nenhum outro país que conheço, criando condições para que o dinheiro não seja problema na hora de decidir ou não ter um filho. Basicamente, tiram os problemas financeiros da equação na hora de decidir trazer ao mundo um descendente. As creches são totalmente gratuitas (e existem em número suficiente), bem como toda a educação é universal e gratuita. Os cuidados médicos são gratuitos.

No que toca aos estudos universitários, cada jovem tem direito a receber um subsídio mensal a rondar os 900€ – 1.000€ (sim, leu bem!), uma parte a fundo perdido e outra num empréstimo com juros muito baixos, como forma de os tornar financeiramente independentes dos pais durante a Universidade. Explicaram-me que o subsídio tem a duração do curso, mais um ou dois anos. Os jovens usam esse dinheiro para sair de casa dos pais e tornarem-se independentes, viajar durante um ano (e como é importante ganhar mundo como parte do crescimento pessoal!) e, posteriormente, pagar os seus estudos universitários. Chegam à universidade com outra maturidade e a saber o que querem. Posteriormente, uma vez com rendimentos do seu trabalho, vão pagando suavemente o empréstimo estatal.

E mesmo os menos jovens podem usufruir desse benefício: se alguém tiver 40 anos, quiser mudar de vida e voltar a estudar, tem direito ao subsídio. A ideia é que todos possam estudar, crescer, serem felizes e competentes.

A Suécia está invariavelmente entre os primeiros países do mundo a abrir as suas fronteiras a refugiados de zonas de conflito. Desde a revolução persa até hoje. Aliás, o governo da Suécia acolhe de braços abertos quem se queira mudar para o seu país para produzir – especialmente os mais qualificados. Pagam até para que os imigrantes possam aprender a língua sueca, em cursos organizados pelo Estado.

Nos condomínios suecos, ninguém tem máquina de lavar em casa. Existe uma lavandaria comunitária que os condóminos usam gratuitamente mediante marcação prévia. No condomínio onde fiquei alojado em Gotemburgo, na companhia de um casal brasileiro, até havia no pátio brinquedos comunitários para as crianças. E estamos a falar de um país rico como poucos!

Os cães não podem ficar sozinhos em casa por mais de seis horas seguidas. Há gente a recusar trabalhos a tempo inteiro – optando por part-times – por causa dos seus animais de estimação.

Quanto a preços, o álcool é caro, é certo; as refeições ao jantar também. Mas almoça-se por preços perfeitamente aceitáveis (toda a gente almoça fora) e, tendo em conta os salários, nem as contas do supermercado nem as rendas são comparativamente exorbitantes. E há até coisas realmente mais baratas que em Portugal, como os automóveis.

“Sabes, a teoria dos impostos altos na Suécia é um mito”, continuou Tiago. “Em Portugal paga-se mais impostos do que aqui”. Bum! Outro murro no estômago. E explicou-me que ganha muitíssimo bem na Suécia e que, mesmo assim, paga menos impostos do que se trabalhasse em Portugal. Factos são factos: em Portugal, o salário do Tiago seria taxado a 45%, na Suécia não paga mais de 32%. E o Tiago ainda tem todas as benesses do sistema social sueco e pode ter filhos sem fazer contas.

Contra todas as ideias preconcebidas, é muito provável que, de facto, seja “mais barato viver na Suécia que em Portugal”. E isso dá que pensar. E muito!

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Filipe Morato Gomes

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

20 comentários em ““É mais barato viver na Suécia que em Portugal””

  1. Ricardo

    Filipe, se um amigo te pedisse para recomendar um país da Europa para trabalhar, viver e criar filhos, seria a Suécia o teu país de eleição?
    Obrigado

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    • Filipe Morato Gomes

      Julgo que sim. Do que eu conheço, não me ocorre outro país tão bom para criar uma família como a Suécia. Claro que há o reverso da medalha para quem vem do Sul da Europa, como seja os invernos longos com dias minúsculos, e pessoas sem a espontaneidade e calor dos latinos.

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      • Carlos

        Nunca nos devemos esquecer que aqui a educação é péssima, a saúde deixa muito a desejar (em caso de dúvidas pode sempre visitar as urgências, ou ir a um médico quando estiver bem doente e vai obter as melhores receitas do mundo, como um copo de água por exemplo, falo por experiência própria).
        Apesar de alegarem que a saúde e educação são de gratuitas, estas são pagas e bem pagas pelos altos impostos. A saúde é paga inicialmente por nós, quando nos dirigimos a um médico ou fazemos um exame, até atingir um determinado plafond inicial, proposto por cada Câmara, só depois é que é gratuita, mas obviamente até fazer um ano, depois voltamos ao ciclo inicial, não esquecendo que a maioria das pessoas não atinge o plafond, logo a saúde não é gratuita.

        Em relação ao ensino, eu preferia continuar a pagar o ensino como em Portugal, e ter a garantia de qualidade do mesmo.

        É o que sempre digo, uma viagem não nos faz conhecer a realidade de um país e não é a opinião de uma pessoa que vem de um meio mais pobre em Portugal que nos faz ver a realidade de um outro país de acolhimento. Porque todos os olhos são diferentes e logo a realidade muda à vista de cada um.

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  2. Cátia

    Suécia é um país que me atrai para trabalhar na minha área: Turismo :)

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  3. Tiago

    Ola Filipe,
    Para mim é um problema entre a cultura nórdica e a cultura latina. A comparação que fizeste com Portugal podias ter feito com Espanha, França ou Itália, ias ter o mesmo resultado. O problema não é só os políticos mas a mentalidade das pessoas; acreditas que se em Portugal pusesses num condomínio uma máquina de lavar roupa ia dar resultado? Eu tenho muitas dúvidas. Se amanhã começar a partilhar uma máquina de roupa com 2 ou 3 vizinhos e conto isso, sabes qual vai ser o primeiro pensamento? “O fulano não tem dinheiro para ter uma máquina de lavar roupa é por isso que partilha com o vizinho… ” e não vai pensar que além do dinheiro que se poupa é sobretudo ecológico!
    Os políticos são culpados de muita coisa mas, em vez de estarmos à espera que o outros façam, porque não começamos por mudar a nossa maneira de pensar?

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  4. João Leitão VIAGENS

    Nas fábricas da suécia, as pessoas que chegam mais cedo estacionam o carro mais longe da porta, porque têm tempo de caminhar até à entrada. Deixando assim os lugares junto da porta vagos, para o caso de alguém chegar atrasado ou em cima da hora, e não ter assim tempo para entrar… Há preocupação cívica e com o vizinho do lado. Em Portugal seria: oh estaciono mesmo na porta porque sou o rei, e o último haha burro vai ter que andar isto tudo – vai chegar ainda mais atrasado. ora bom exemplo das mentalidades do norte e do sul. mas nós temos os pastéis de belém.

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    • Mariana

      Sim! E estacionam já o carro virado ao contrário, porque sabem que no final do dia de trabalho vão estar mais cansados para manobrar e assim já fica numa posição mais facilitada :)

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    • Ricardo

      Este comentário deve ter sido feito com base neste email que circulou há anos, certo? :)

      ———- Forwarded message ———-
      Subject: É extenso, mas vale a pena ler (Conceito de vida na Suecia — Volvo)

      RELEMBRANDO A QUALIDADE DO TRABALHO E DE VIDA]

      Está soberbo por isso não deixes de ler até ao fim – pois a meio vais perceber verdades que alterarão o teu comportamente e as tuas reacções
      perante determinadas atitudes pré estabelicidas nesta sociedade que nos sufoca…

      Olá,

      Já vai para 15 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Aqui, qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra.

      Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos, australianos, asiáticos, etc) ficamos aflitos para obter resultados imediatos, numa ansiedade generalizada. Porém, o nosso sentido de urgência não surte qualquer efeito neste país. Os suecos discutem, discutem, fazem “n” reuniões e ponderações. E trabalham num esquema bem mais “slow down”.
      O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles, com a maturidade da tecnologia e da necessidade; aqui, muito pouco se perde.

      É assim:

      1. O país é cerca de 3 vezes maior que Portugal;

      2. O país tem 2 milhões de habitantes;

      3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (Lisboa,tem 1 milhão);

      4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia,…

      5. Parater uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

      Digo a todos estes nossos grupos globais de trabalhadores: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários. Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, comopovo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar-vos uma breve história, só para vos dar uma noção…

      A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estava presente. Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro… Depois, com um pouco mais de intimidade, uma manhã perguntei-lhe:

      – Você tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o estacionamento está vazio e você deixa o carro à ponta do parque.

      Ele respondeu-me, simples, assim:

      – É que, como chegamos cedo, temos tempo de andar. Quem chegar mais tarde já vem atrasado, precisa mais de ficar perto da porta. Você não acha?

      Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania! Serviu também para rever os meus conceitos. SLOW vs FAST.

      Há um grande movimento na Europa hoje, chamado SLOW FOOD. A Slow Food International Association – cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede em Itália (o site, é muito interessante. Veja-o). O que o movimento SLOW FOOD prega, é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, “curtindo” a sua confecção, no convívio com a família, com os amigos, sem pressas e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do FAST FOOD e tudo o que ele representa como estilo de vida, em que o americano “endeusificou”.

      A surpresa, porém, é que esse movimento SLOW FOOD serve de base a um movimento mais amplo chamado SLOW EUROPE, comosalientou a revista Business Week na sua última edição europeia. A base de tudo, está no questionar da “pressa” e da “loucura” gerada pela globalização, pelo apelo à “quantidade do ter” em contraponto à qualidade de vida ou à “qualidade do ser”.

      Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 h / semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade crescer nada menos que 20%.
      Esta chamada “slow atitude” está a chamar a atenção, até dos americanos, apologistas do “Fast” (rápido) e do “Do it now” (faça já).

      Portanto, esta “atitude sem-pressa” não significa, nem fazer menos, nem menor produtividade.

      Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais “qualidade” e “produtividade” com maior perfeição, atenção aos pormenores e com menos “stress”. Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do “local”, presente e real, em contraste com o “global” – indefinido e anónimo.

      Significa a retoma dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercivo, mais alegre, mais “leve” e, portanto, mais produtivo onde os seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

      Gostaria que vocês pensassem um pouco sobre isto. Será que os velhos ditados “Devagar se vai ao longe” ou “A pressa é inimiga da perfeição” já não merecem a nossa atenção, nestes tempos de loucura desenfreada?

      Será que as nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de “qualidade sem-pressa”, até para aumentar a produtividade e qualidade dos nossos produtos e serviços, sem a necessária perda da “qualidade do ser”?

      No filme “Perfume de Mulher”, há uma cena inesquecível. Um personagem cego, interpretado por Al Pacino, convida uma moça para dançar e ela responde-lhe:

      – Não posso, porque o meu noivo deve chegar dentro de poucos minutos.

      – Mas, num momento, se vive uma vida. (responde ele, conduzindo-a num passo de tango). E esta pequena cena é, para mim, o momento mais marcante do filme.

      Algumas pessoas correm atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim.

      Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que existe.

      TEMPO, toda a gente tem, por igual.

      Ninguém tem mais, nem menos, que 24 horas por dia.

      A diferença é O que cada um faz do seu tempo.

      Precisamos de saber aproveitar cada momento, porque, comodisse John Lennon, “A vida, é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro”.

      Parabéns por ter lido até o fim. Muitos não leram esta mensagem até ao fim, porque não podem “perder” o seu tempo neste mundo globalizado.

      Pense, e reflita até que ponto vale a pena deixar de “curtir” a sua família, ou os seus amigos. Deixar de estar com a pessoa amada, ou passear na praia no fim de semana.

      Amanhã, poderá ser tarde demais.

      Um Bom Dia a todos!!!

      Responder
      • Clementina

        Muito bom! Obrigada pela partilha.

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        • Arnaldo Fonseca

          Muito obrigado pela partilha, foi útil.

          Responder
      • Carlos Pacheco

        Muito bom mesmo. outras mentalidades. Obrigado pela partilha.

        Responder
  5. Ruben

    Eu vivo na Suécia e posso confirmar tudo o que foi escrito no artigo, excepto o facto dos cuidados médicos serem gratuitos. Isso não é para sempre. Só o são até aos 18 anos. Ainda assim, nem tudo é um mar de rosas. O mercado imobiliário é uma delas, por exemplo. Arranjar casa/apartamento para alugar é muitíssimo difícil. A não ser que estejas disposto a comprar…

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  6. Bennet

    Ótimo post e muito informativo, não sabia que era mais barato viver na Suécia do que em Portugal. O mundo está realmente mudando.

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    • Filipe Morato Gomes

      É preciso não ler este texto de forma literal. É claro que um café é mais caro na Suécia, um jantar idem, bem como a maior parte dos produtos e serviços. Não é o valor absoluto dos bens que está em discussão, mas sim o que o salário bruto de um profissional na Suécia “vale” naquele país, comparado com o de um profissional idêntico em Portugal.

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  7. Jéssica Rosa

    Olá Filipe,

    Descobri o blog e fiquei fã incondicional!

    Teria de alguma forma ficado com o contacto do Tiago?
    Sou brasileira, vivo em Portugal, a cinco anos e meio e precisava de algumas informações sobre a Suécia, a minha área de formação é o Turismo com mestrado voltado para Arte e Património.

    Obrigada!

    Responder
  8. João Reis

    Boa tarde. Meu nome é João, tenho 42 anos e vivo em Portugal. Estou a pensar ir para a Suécia para trabalhar.
    Gostaria de saber o que me poderiam aconselhar no que fazer e como o fazer para ir preparando a ida para esse bonito país.
    Gostei muito do artigo sobre o estilo de vida Sueco, realmente muito atrativo.
    Agradeço a disponibilidade,
    Cumprimentos,
    João

    Responder
    • Filipe Morato Gomes

      Parece-me uma pergunta demasiado vaga: o que precisa de saber, em concreto, sobre viver na Suécia?

      Responder
      • João Reis

        Obrigado pela disponibilidade.
        Eu possivelmente terei q ter um nif sueco, onde o terei q conseguir?
        Poderia me dar algumas sugestões de agencias d emprego.
        A nivel de habitacao, como sera melhor para arranjar( atraves de imobiarias? , e se preciso fiador como ca em Portugal)

        Responder

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