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Ecopista do Minho: Monção a Valença

Por Ana Isabel Mineiro | Viagens Europa Minho Portugal Valença
Atualizado em 10.07.2017 | Tempo de leitura: 7 minutos

Ecopista do Minho
Ecopista do Minho

A pé ou de bicicleta, este percurso ao longo do Rio Minho recupera o traçado da linha férrea e mostra-nos a paisagem à qual deu o nome, as suas sombras frescas e a fartura de água, os vinhedos de Alvarinho e antigos casarões de pedra. Viagem pela ecopista entre Monção e Valença, ao longo do Minho.

Monção, a terra da coca

Em Monção, a Coca é um bicharoco mítico e colorido, uma espécie de dragão multicolor que importa matar durante as festas de Corpo de Deus. Fora de época ninguém a vê. Mas há muitas outras coisas para ver: a parte antiga da vila, aconchegada nas muralhas onde ainda sobram alguns canhões, a Igreja Matriz e outras ao estilo nortenho, de um branco ofuscante e debruadas a pedra, as duas praças bem sombreadas, as vistas sobre o Rio Minho ou os montes do lado oposto. Sobretudo, o ambiente aconchegante das suas ruas e praças, uma combinação de detalhes arcaicos nas varandas de ferro e ocasionais brasões sobre as portas.

Ecopista Monção - Valença
Placas dão indicações sobre o que se descobre ao longo da ecopista

Aqui o “verde Minho” não é apenas um chavão turístico; mesmo em ano de seca, a província é verde a perder de vista. Até o rio, que se vê lá ao fundo das muralhas, é de um verde plácido.

Erguidas no cimo do monte por D. Dinis, as muralhas ocuparam território por onde já tinha passado um rol de povos, até os cristãos ficarem de vez, em 1093. Dada a sua importância estratégica, a Mons Sanctus dos romanos foi-se renovando e fortificando, sobretudo durante os períodos de luta contra Castela.

As portas em túnel que dão entrada na cidade revelam a espessura das suas defesas, e servem agora de baliza para jogos de futebol entre os miúdos dos bairros mais próximos.

Monção seria, sem dúvida, um excelente ponto de partida para uma caminhada ao longo do Rio Minho, não fosse a estação de caminhos-de-ferro ter sido engolida por casas e ruas, transformando-se numa espécie de ilha, à espera de recuperação. O início da ecopista fica apenas uns quilómetros adiante, junto a Cortes, na estrada para Valença.

Ecopista até aos vinhedos de Alvarinho

Sem romarias, a Capela da Sra. da Cabeça tem o aspecto pacato de qualquer capela minhota. O parque das merendas dá directamente para o pequeno apeadeiro recuperado, onde começa – ou termina – a ecopista do Rio Minho: catorze quilómetros ao longo do rio, quase sempre suficientemente perto para o ver e ouvir.

A pista é plana, e a largura de um comboio chega bem para que vários ciclistas e passeantes se possam cruzar sem problemas. Há bancos em lugares estratégicos, onde placas explicativas informam os interessados sobre alguns detalhes da paisagem.

Fortaleza de Valença
Vista da fortaleza de Valença

Em Lapela, por exemplo, talvez a mais bonita das aldeias por onde passamos, ficamos a saber que a Torre de Menagem foi levantada pela primeira vez na época de D. Afonso Henriques e mais tarde por D. João V (séc. XVIII), sobressaindo ainda hoje de um aglomerado de casas junto ao rio. Uma figueira conseguiu nascer lá no alto; “cuidado, que lhe pode cair um figo na cabeça!”, avisou um vizinho brincalhão. Já houve quem lhe espetasse arames para pôr a roupa a secar, e mesmo ao lado há um antigo espigueiro ainda em uso. Nada como esta familiaridade com as coisas antigas, que as mantém vivas enquanto esperam que os especialistas as avaliem.

A tira negra da pista atravessa pinhais, floresta, pequenos desfiladeiros abertos na rocha viva, campos verdes e floridos, vinhas e medas de palha. Do lado direito, o Rio Minho. Algumas pontes de metal cruzam os afluentes, que aqui chegam em ruídos de cascata.

O Rio Gadanha, por exemplo, é local de um belo miradouro sobre a praia fluvial, zona que pede imediatamente um piquenique e uma sesta à sombra. A água lisa e calma guarda as cores das margens, o verde da floresta e o cinzento dos penedos. De vez em quando, o contraste aparece sob a forma de um pequeno rebanho, roseiras bravas e garridas, bocas-de-lobo com três palmos de altura.

A pista também muda de cor e passa a vermelha. Depois vem uma surpresa: os Portões dos Crastos, em Friestas, uma fachada de quinta em estilo barroco que sobrevive desde o século XVIII e que, pelo estado em que está, pode já não sobreviver muito mais. Aqui estamos junto à estrada; refugiamo-nos de novo na pista para voltarmos ao ruído da água e dos pássaros.

A caminhada termina com uma marca inconfundível da zona: os vinhedos de Alvarinho. Do miradouro de Ganfei abrangemos um verdadeiro jardim de vinhas que vai até ao rio, agora mais longe. Do outro lado fica o casario de Tui, coroado pela catedral que enfrenta a fortaleza de Valença, duas varandas sobre o rio.

Contrastes de Contrasta (Valença)

Valença foi Contrasta até ao século XIII, altura em que D. Afonso III lhe mudou o nome. Praça-forte de grande valor histórico, ainda hoje a muralha dupla com fosso e bastiões sobre o Rio Minho, sempre de olho em Espanha, encerra ruelas e igrejas seculares, e mesmo um marco miliário do imperador Cláudio.

Torre de menagem de Lapela, Portugal
Torre de menagem de Lapela, Portugal

Só é pena que as ruas estreitas estejam tão pejadas de mercadorias várias, que transbordam das portas das lojas para os passeios, impedindo que se aprecie devidamente as belas fachadas quinhentistas e as suas varandas de ferro forjado.

A estátua de S. Teotónio, ilustre filho da cidade e padre confessor de D. Afonso Henriques, está no largo da Capela do Bom Jesus, assim como uma boa azáfama de cafés e restaurantes que se vão desenrolando pelas ruas.

O ar arcaico de Valença contrasta com o cosmopolitismo da cidade antiga: por todo o lado se ouve falar outras línguas para além do português, e não surpreende que a mais frequente seja o espanhol. Longe vai o tempo em que o ditado amaldiçoava ventos e casamentos vindos de Espanha, e só os romeiros que iam a Santiago podiam contar com a boa-vontade dos que os deixavam passar gratuitamente nas barcas que atravessavam para Tui.

A ponte internacional, prestes a festejar os cento e vinte anos, iniciou e reforçou uma época de intercâmbios económico-culturais, que culminam agora com a apresentação de uma candidatura comum a Património Cultural da Humanidade, que engloba a dita ponte, a Catedral de Tui e a Fortaleza de Valença.

Saímos pela imponente Porta do Sol, contornando parte da fortaleza pelo exterior, bem escondida pela sombra das árvores. Ali ao lado o Rio Minho continua tranquilo, indiferente às confusões da história.

Guia de viagens a Valença

Este é um guia prático para viagens no Alto Minho, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos em Valença ou Monção, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região.

Quando fazer a Ecopista

Embora as melhores épocas para caminhar ou andar de bicicleta sejam sempre as intermédias (Primavera e Outono), a verdade é que há partes do caminho bem sombreadas, o que permite um certo conforto em relação ao calor. No entanto, aconselha-se aproveitar a frescura da manhã.

Como chegar a Valença ou Monção

A partir do Porto, pode seguir-se sempre pela costa em direcção a Norte, ou apanhar a VCI em direcção a Braga e Valença. A Ecopista termina num pequeno apeadeiro à saída de Valença. Para fazer o percurso todo partir de Monção, seguir pela estrada de Melgaço até ao cruzamento para Cortes, onde há mesmo uma placa com a indicação Ecopista. Continua-se por mais dois quilómetros até ao Santuário da Sra. da Cabeça, e no seu apeadeiro recuperado encontramos algumas fotos de locomotivas antigas e uma pequena introdução escrita à história desta linha, que nos faz uma breve apresentação do passeio. Para regressar de Valença ao ponto de partida (Cortes), há autocarros a partir do terminal de autocarros.

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Onde ficar

Nesta zona do Alto Minho, o ideal é optar por uma das muitas casas de Turismo Rural para ficar a conhecer as antigas quintas construídas em pedra, perfeitamente integradas na paisagem mas cujos interiores estão adaptados aos confortos exigidos para uns dias de relaxamento. Um dos melhores exemplos é a Quinta de Santo António, que além de piscina tem uma grande oferta de actividades para os mais enérgicos, que incluem canyoning, caminhadas, passeios de jipe, canoagem, rafting, etc. O preço de um duplo para duas noites ronda os 65€.

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Restaurantes

Para além da possibilidade de comer na Quinta, o que o passeio requer é um piquenique ligeiro – e há bancos e mesas dispostos nos locais mais interessantes para o fazer. Chegados a Valença, pode experimentar-se, por exemplo, o Restaurante S. Gião, no Largo da Esplanada. Em Monção, o Deu-La-Deu, na Praça da República.

Informações úteis

No posto central de Turismo do Porto, situado na Rua Clube dos Fenianos, ao lado da Câmara Municipal, pode também obter informações sobre transportes públicos, e também mapas e brochuras.

O site oficial do Turismo de Portugal oferece informação atualizada sobre os principais pontos turísticos da região norte do país.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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