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Gaia pela praia, do Douro até ao mar

Por Ana Isabel Mineiro | Última atualização em 27 Ago 2017 | Viagens | Europa Porto Portugal Vila Nova de Gaia Leave a Comment
Tempo de leitura: 8 minutos

Praias de Gaia
Praias de Gaia

Com uma costa fluvial e marítima tão bela como extensa, Gaia oferece ao visitante cerca de vinte quilómetros de caminho pedestre apoiado por pequenos cafés e restaurantes de praia. Chama-se Linha Azul e permite a qualquer instante uma interrupção para um mergulho ou um café – é só escolher a praia. Relato de uma caminhada pelo litoral de Vila Nova de Gaia.

Nas praias de Gaia – a “Linha Azul”

O percurso começa na ponte D. Luís, onde o cenário é o casario da Ribeira portuense com o rio aos pés. Do lado de cá, o Cais de Gaia tem cafés novos e antigos onde se pode tomar o pequeno-almoço. Frescura do rio, luz suave sobre o presépio de casas do outro lado, gaivotas madrugadoras que aproveitam o sossego para chegar perto da estrada. Os barcos rabelos, que agora só percorrem o rio durante as festas de S. João, encontram-se fundeados ao longo do cais. Na sombra ainda estão as caves de Vinho do Porto e as ruelas antigas e íngremes que, à imagem das mais conhecidas, do lado do Porto, de tão estreitas e fechadas vêem o sol apenas algumas horas por dia.

De bicicleta pela Linha Azul, Gaia
De bicicleta pela Linha Azul

O percurso da Linha Azul começa no fim deste aglomerado de casas, cafés, restaurantes e caves. Na nossa frente abre-se o rio, que parece mais largo, e a Ponte da Arrábida levanta-se muitos metros acima, ligando a mancha verde que se prolonga dos jardins do Palácio de Cristal aos centros comerciais do lado de Gaia.

A estrada é estreita e acompanha todas as (muitas) curvas do Douro, mas quem caminha – e quem pesca – tem direito a um passadiço de madeira paralelo, de cada vez que a estrada é demasiado apertada para todos.

Caminhamos assim sobre terra e água ao longo do rio, que se estende como uma segunda estrada lisa e verde, preenchido pelos reflexos das casas pálidas de Miragaia e o cinzento pesado do edifício da Alfândega. As gaivotas empoleiram-se nos varandins do caminho, no rio passam ocasionais barcos desportivos a remo, dirigidos pelos gritos do treinadores e acompanhados pelo grasnar das gaivotas, únicos ruídos que quebram o silêncio da água.

Passamos por baixo da ponte e entramos no reino dos pescadores: distribuem-se sobre as rochas na maré baixa, pelos muros junto ao rio e, claro, na Afurada, porto de pesca. Num quadriculado quase perfeito, as ruas partilham as casas entre o cais e a colina. Aqui o caminho dispersa-se e fazemos uma pausa para apreciar esta povoação tão castiça, a dois passos da grande cidade. A rua é de todos: é favor não tropeçar nos chinelos que muitos descalçam antes de entrar em casa.

Há portas por fechar e vizinhas que conversam enquanto assam sardinhas no passeio, em fogareiros de carvão, para que o cheiro não lhes empeste o lar. À saída da localidade, também são vozes de mulher que saem do lavadouro. As roupas, postas a secar em grandes cordas esticadas por varapaus, são bandeiras de pobreza que se aliam aos barcos de pesca ali próximos.

Bar de praia no litoral de Gaia
Bar de praia no litoral de Gaia

A seguir vem a parte pior do caminho, quando desaparece a “secção de peões” do percurso e temos de caminhar pela berma da estrada até à minha praia favorita: o Cabedelo. Enquanto não soube o nome da praia chamei-lhe “a praia das gaivotas”, por estas serem muitas vezes as únicas frequentadoras.

É apenas uma língua de areia entre o rio e o mar, mas nunca sofre de excesso de gente. O areal faz uma ligeira rampa em direcção à linha da água, ideal para nos reclinarmos, e há até uns penedos redondos que quebram a monotonia, dando-lhe o charme de uma praia selvagem. Mas ao fundo avista-se a linha de prédios da Foz do Porto, e em breve a nova marina vai alterar a paisagem – para melhor ou pior, ainda não se sabe.

O caminho recomeça em cima com um passeio largo, frequentado por corredores, patinadores e ciclistas. Ainda uma bela vista sobre o Porto e agora também sobre o alto mar, com praias estreitinhas e pedregosas a desfilarem até ao início do grande areal de Canide. A seguir, costas voltadas ao Norte, descemos para a areia sobre um passadiço feito de traves de linha-férrea recuperadas. Ideia genial, diga-se, quando a areia está quente demais, e também porque um pé descalço não aguenta toda a quilometragem do percurso.

Do Senhor da Pedra a Espinho

Quando chegamos a Miramar já conhecemos a parte mais agitada da costa de Gaia. É até aqui que se encontra a maior concentração de cafés e restaurantes, e também de curvas e pequenas subidas sobre as dunas, que um caminho bem delimitado nos impede de pisar selvaticamente, como acontecia antes.

Na estação própria, floresce a discreta vegetação da areia, os caniços ensombram algumas passagens de ribeiros que desaguam no mar, as esplanadas estendem as suas cadeiras até ao caminho e abrem-se, como flores, dezenas de guarda-sóis coloridos. A estrada de tabuinhas faz curvas e contra-curvas, acompanhando as linhas redondas das dunas e o areal é imenso, largo e comprido, sem os recantos discretos das praias mais perto do Douro.

Praia em Vila Nova de Gaia
Uma das muitas praias de Vila Nova de Gaia

Ao longe avista-se um ponto branco metido no mar, que a cada curva se vai transformando na imagem de uma pequena capela sobre um grupo de rochedos batidos pelas ondas. O nome é adequado ao sítio e a fama já vem de longe: diz-se que o Senhor da Pedra já era um altar de celebrações religiosas antes da cristianização.

Como templo cristão já vai nos quatro séculos e continua a ser lugar de muitas romarias pessoais, sobretudo por parte dos pescadores, e de uma grande romaria colectiva em Maio. As ruas interiores de Miramar, com muitas casas antigas recuperadas e bordejadas por árvores que formam túneis verdes e frescos, são talvez as mais bonitas da costa.

Daqui até Espinho, a praia é própria para pensadores solitários, namorados ou todos os que desejam apenas fazer exercício ao ar livre. Terminaram as esplanadas a cada cinquenta metros e podemos ver a linha contínua e quase recta até à cidade. Ideal para correr, ou para encontrar um cantinho discreto no enorme areal branco, e ficar a ver o mar.

Passamos pela Aguda e depois pela Granja, duas vilas piscatórias em cima do mar, de praias pequenas e algumas ruas onde ainda sobrevivem casas típicas da zona, pequenas e mimosas. Caminhamos ao longo do golfe já com os olhos na primeira esplanada de Espinho, junto à ponte. Mas não dizemos adeus ao mar: o comboio que nos leva de regresso a Gaia faz parte do caminho ao longo da costa, bem perto das ondas.

Ponte da Arrábida, unindo Porto e Gaia
Ponte da Arrábida, unindo Porto e Gaia
Praia de Miramar e capela do Sr. da Pedra
Vista sobre a praia de Miramar e a capela do Sr. da Pedra

Guia de viagens a Gaia

Este é um guia prático para viagens a Gaia, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos em Gaia, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região do Porto.

Quando caminhar

Para caminhar, no Verão recomenda-se começar de manhã cedo, parar à hora de maior calor e recomeçar depois das três e meia. Ou, porque não, dividir o percurso por duas manhãs. Ainda de Verão, não é de aconselhar que se faça o percurso ao contrário (a partir de Espinho) uma vez que teríamos que caminhar de frente para a nortada que varre esta costa quase diariamente, sobretudo a partir da tarde.

Como chegar a Vila Nova de Gaia

Vila Nova de Gaia é a margem Sul do Douro, junto ao Porto. A Ponte D. Luís, que marca o início do percurso e neste momento se encontra encerrada, tem acesso a partir da Avenida da República; basta seguir as placas que indicam “Cais de Gaia”. No fim do percurso, uma vez chegados a Espinho, resta-nos apanhar um comboio de regresso e sair no apeadeiro de General Torres, que fica muito próximo do Cais (se o cansaço for muito, a partir da praia de Miramar também é possível alcançar o apeadeiro local, muito próximo da praia, e regressar).

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Onde ficar

Em Gaia, duas das opções mais próximas do percurso são o Hotel Mercure Porto Gaia e o Hotel Park Porto Gaia, ambos bem assinalados e muito próximos da Ponte da Arrábida, que têm preços que rondam os 40€ por duplo com pequeno-almoço. Pode também, naturalmente, hospedar-se num hotel no Porto.

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Restaurantes no litoral de Gaia

A oferta é de tal maneira grande e variada, do início ao fim do percurso, que é difícil fazer uma escolha. Quase todos os cafés de praia oferecem sandes e refeições ligeiras. Apenas como exemplo, podemos citar, na Praia de Lavadores, O Castiço, que tem uma excelente salada da casa, ou o Mar à Vista, mais clássico.

Informações

Os sites oficiais do Turismo de Portugal e do Turismo do Porto oferecem informação atualizada sobre os principais pontos turísticos do Porto e Gaia. Caso pretenda visitar algumas caves de Vinho do Porto, localizadas do lado de Gaia nas margens do Douro, informe-se no espaço online da Associação das Empresas de Vinho do Porto.

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Filipe Morato Gomes

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, e sou blogger de viagens.

Tenho, atualmente, 47 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Sou também co-fundador da Hotelandia, onde se divulgam os melhores exemplos da hotelaria portuguesa, e dou workshops de Escrita de Viagens.

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