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A acampar na misteriosa Ilha dos Pinheiros (Pikitim #52)

Por Luísa Pinto | Volta ao Mundo em Família França Nova Caledónia Oceânia UNESCO
Atualizado em 15.09.2018 | Tempo de leitura: 6 minutos

Praia na Ilha dos Pinheiros
A Ilha dos Pinheiros tem praias magníficas

Conhecida por ter a maior lagoa do mundo, a Nova Caledónia é também reconhecida por muitas partes dessa lagoa estarem classificadas pela UNESCO como Património da Humanidade. E a misteriosa Île des Pins (Ilha dos Pinheiros), a sul da Grande Terre, é um bom sítio para usufruir desse património em pleno. Foi lá que montámos tenda.

Tinha sido uma longa jornada de carro a atravessar uma paisagem quase surreal, a das montanhas esventradas pela atividade de extração do níquel, onde a terra tem cores ocre e laranja e a estrada serpenteia ao longo de intermináveis quilómetros sem carros à vista, entre Kouaoua e Canala.

Estávamos na costa leste da Grande Terre, a principal ilha da Nova Caledónia, e tínhamos como destino a pequena vila de Thio. De permeio, tínhamos ainda sido obrigados a um compasso de espera na “estrada com horários” de Petchécara – um troço de 13 quilómetros tão estreito e íngreme que há horas destinadas ao trânsito em cada um dos sentidos.

Esperámos quase uma hora, para que chegassem as quatro da tarde e pudéssemos avançar, e assim chegámos ao parque de campismo de Ouroué uns quilómetros antes de Thio, já ao fim da tarde. O cansaço já pesava. Mas não o suficiente para que o entusiasmo e a ansiedade da Pikitim de viver a verdadeira aventura de acampar esmorecesse.

Tenda montada no gite Nataiwatch, excelente escolha de alojamento na Ilha dos Pinheiros

Desde que lhe disséramos que iríamos fazer uma fogueira para podermos cozinhar, que a Pikitim não pensava noutra coisa senão na missão que lhe tinha sido incumbida: ajudar a encontrar lenha. O céu ameaçava chuva e, com o parque deserto de clientes e donos, estávamos por nossa conta.

A Pikitim não nos quis ajudar a montar a tenda, nem a estender colchões e sacos-cama. Tratou de arranjar paus para a fogueira, verificando, nem sempre com sucesso, se estavam suficientemente secos (uma tarefa difícil, depois de uma tarde de chuva), e não arredou pé da fogueira que o pai estoicamente tentou fazer sem acendalhas.

Fogueira acesa, a maior das emoções. E o arroz que lá cozinhámos estava “ainda mais saboroso do que o costume”. A Piktim estava delirante. Estávamos de lanternas à cabeça, a ouvir as ondas e a apreciar um luar tímido, saboreando arroz de cenoura e salsichas de Toulouse, algo barato e fácil de encontrar nos supermercados locais. “A partir de agora, vamos sempre comer na fogueira, pode ser pai?”, pediu. O campismo tinha de continuar – e seria na Ilha dos Pinheiros!

Trilhos Ile des Pins
Caminhando pelo interior da Ilha dos Pinheiros

Planeámos passar boa parte da semana seguinte na misteriosa Ilha dos Pinheiros, apontando para lá todas as nossas expectativas relativamente ao usufruto da diversidade natural e da beleza classificada como Património Mundial das lagoas da Nova Caledónia. A Ilha dos Pinheiros integra uma das seis zonas protegidas da lagoa que envolve a costa do território ultramarino francês, considerada em literatura diversa como a “maior lagoa do mundo”.

Com os desejos da Pikitim no horizonte, preparámos a tenda e os mantimentos necessários para “cozinhar na fogueira todos os dias”. O isolamento da ilha torna-a ainda mais irresistível – e ou pescávamos peixe para pôr na grelha à noite, ou teríamos mesmo de levar a carne, latas de atum ou salsichas para fazer um apetitoso barbecue, porque não há supermercados em toda a ilha.

Montámos a tenda no Nataiwatch, um gîte (termo usado para designar o alojamento turístico local) localizado na bonita baía de Kanuméra, excelente base para conhecer as principais atrações da pequena ilha.

A Ilha dos Pinheiros é pequena em tamanho – 18 quilómetros de comprimento por 12 de largura – mas enorme em termos de beleza natural. A começar pelos tais pinheiros que lhe dão nome e marcam de forma indelével a paisagem, tanto pela sua abundância como pela curiosa forma colunar. E, depois, pela água cristalina que beija não só as areias de Kanuméra mas de toda a ilha, como foi bem visível do ponto mais alto da ilha – o Pic N’ga -, que atinge apenas os 263 metros.

Pic N'ga, Ile des Pins
Vista a caminho do Pic N’ga, o ponto mais alto da Ilha dos Pinheiros

Tendo uma festeira comunidade kanak como vizinhos, a estadia no Nataiwatch revelou-se prazenteira e animada. Passaram o fim-de-semana a cantar e a dançar – e a comer e a beber – e tinham sempre um simpático bonjour na ponta da língua para dispensar aos visitantes. Nós não tínhamos confiado na capacidade de pesca – até porque não dispúnhamos de material adequado nem da experiencia necessária – e, por isso, tínhamos levado para a ilha os mantimentos necessários para satisfazer os desejos da petiza.

A exceção à regra das refeições cozinhadas na fogueira do pai foi o almoço que encomendámos no Chez Regis, um restaurante existente ao lado da principal atração da ilha – a “piscina natural”, na Baía de Oro, assim chamada pela grande concentração de corais e peixes coloridos ali aprisionados na maré baixa. Encomendámos uma bougna, o prato típico da Nova Caledónia, também ele cozinhado na fogueira, ao longo de duas pacientes horas, com o frango em coco e limão embrulhado em folhas de bananeira. Um petisco!

Ilha dos Pinheiros, Nova Caledónia
Dias relaxados na Ilha dos Pinheiros, Nova Caledónia

O passeio até à Baía de Oro foi um deleite. Na travessia para lá, as águas eram tão límpidas que avistámos três tartarugas a nadar sem a mínima dificuldade. Era só deixar fluir o olhar, ao sabor do mesmo vento que empurrava a “piroga” que nos transportava. “Funciona!”, exclamou a Pikitim, ao perceber que basta uma vela e algum vento para fazer o barco andar. “Então, só quando não há vento é que os senhores têm de remar ou ligar o motor”, notou, perspicaz.

Chegar à piscina natural implica algum “exercício”, para além da travessia de “piroga”: um percurso pela selva de cerca de três quartos de hora (onde apareciam caranguejos gigantes para nos cumprimentar), e depois atravessar o braço de mar que ajuda a alimentar a piscina natural. Mas é um exercício prazenteiro, pela beleza do local, quase intocado, apesar de ser uma das principais atrações turísticas da ilha.

Baía de Oro, Ilha dos Pinheiros
A “piscina natural” da Baía de Oro, uma das principais atrações naturais da Ilha dos Pinheiros

De regresso ao Nataiwatch, não era necessário colocar o frontal na cabeça para conseguir ver o prato, nem comer sentados num tronco como fizéramos em Thio, porque havia mesas e eletricidade à disposição dos campistas. Mas a magia do marulhar das pequenas ondas continuava a mesma.

Na última noite que passámos por lá deixámo-nos assaltar por alguma tristeza. “É uma pena termos de devolver a tenda ao Simmon e ao Sylvain. Em Portugal vamos fazer campismo mais vezes. Pode ser?”, pediu a insaciável Pikitim. Está prometido.

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Este post pertence a uma série que relata uma volta ao mundo em família, com 10 meses de duração. Um projeto para descomplicar e mostrar que é possível viajar com crianças pequenas, por todo o mundo. As crónicas da viagem foram originalmente publicadas em 2012 na revista Fugas e no blog Diário da Pikitim.

Veja também o post intitulado Viajar com crianças: 7 coisas que os pais devem saber.

Saiba mais sobre: Volta ao Mundo em Família França Nova Caledónia Oceânia UNESCO

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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