
Dar a conhecer à Pikitim um dos melhores jardins zoológicos do mundo era um dos objetivos desta passagem por Singapura. Talvez com mais um ou dois anos de idade apreciasse melhor a magnificência do conceito, mas a Pikitim ainda assim adorou. Teve medo, é certo, mas adorou. Elegeu os pinguins e os esquilos os animais preferidos. E para a história fica a tirada sobre os jaguares: “Pai, o jaguar é que tem sorte, não tem de lavar os dentes”.
O Jardim Zoológico de Singapura é, muito justamente, tido como um dos melhores – o melhor? – do mundo, e para isso muito contribui o conceito de “espaço aberto” aplicado à forma como a maioria dos animais são mantidos em cativeiro. Praticamente não há jaulas. Passa-se a poucos metros de animais como leões, zebras e girafas, como se eles estivessem ao alcance de uma corrida. Há uma aparente ausência de barreiras entre animais e visitantes. Um fosso bem dissimulado com recurso a vegetação é, em boa parte dos casos, a explicação para a ilusão.
Ora, do metro e pouco de altura de uma miúda de quatro anos e nove meses esse fosso é quase sempre invisível. Noutros casos, não há mesmo barreiras físicas a separar os animais dos trilhos dos visitantes, como é o caso do espaço reservado aos cangurus. E foi precisamente aí que começaram a surgir as indecisões, os pés a não se levantarem imediatamente do chão, o corpo de petiza a querer ficar junto à segurança dos pais e, por fim, a verbalização dos receios, dizendo que não queria ver os animais grandes como elefantes ou leões. “Tenho medo”, assumiu a Pikitim.
Não conseguimos desmontar na totalidade esses receios, irracionais mas compreensíveis. Mas a pequena foi percebendo que não havia assim tanto perigo, especialmente com a visita à casa do Tigre Branco – a que chamou, à primeira vista, “tigre das neves” – onde não existia mesmo qualquer perigo. No caso, o fosso era bem grande e visível.
Esteve também a assistir à alimentação de um casal de jaguares e já não se impressionou com o animal a abocanhar os pedaços de carne atirados pelo tratador. Foi quando se saiu com uma preciosidade daquelas que merecem ser registadas para todo o sempre: “Pai, o jaguar é que tem sorte, não tem de lavar os dentes”.
Mesmo as cobras, classificadas com um sonoro “que nojo!” acabaram, no fim de contas, por merecer alguma atenção da sua parte. “Olha esta, que gorda” – foi, por exemplo, a sua reação ao ver uma píton de grandes proporções separada apenas por um vidro.
Houve um animal, no entanto, que mereceu resistência até ao final: o elefante. Não conseguimos demovê-la da ideia fixa de os não querer ver. Quando a hora de fecho do Jardim Zoológico se aproximava, trocou inclusive os elefantes por uma brincadeira com as suas fitas. “E quais foram os teus animais preferidos?”, perguntámos, à saída do zoo de Singapura. “Os pinguins e os esquilos”. Pequenos e inofensivos, como convém. “E as zebras”, acrescentou.
Curiosamente, a Pikitim haveria de ver elefantes poucas horas depois, bem grandes e bem de perto, durante os magníficos três quartos de hora que dura a viagem do Night Safari, uma espécie de zoo noturno paredes-meias com o Jardim Zoológico de Singapura que permite ver animais em atividade noturna.
Um pequeno veículo – estilo aqueles comboios turísticos que existem nas ruas pedestres das cidades portuguesas em tempos de veraneio – vai percorrendo lentamente recriações dos vários ambientes selvagens do planeta, permitindo observar a forma como os animais se alimentam à noite. O comboio passeia-se entre elefantes, búfalos e garças, leões e veados, hienas e hipopótamos, girafas e zebras sem que estes se incomodem com a passagem dos turistas boquiabertos.
É verdade que a Pikitim teve medo, por vezes, até porque os sons da “floresta” na escuridão não são brincadeira de meninos. Mas a maior parte do tempo distraímo-la a tentar ser a primeira a ver o próximo animal. “Olha aquele elefante… ali… que grande!”, acabou por dizer entusiasmada (e os elefantes eram o seu grande medo no Jardim Zoológico, lembram-se?).
Prova superada, Pikitim. Foi um dia em cheio, entre animais, no Jardim Zoológico de Singapura.
Guia prático
Onde ficar em Singapura
Eu fiquei alojado no simples mas decente hostel Mitraa Inn. É relativamente bem localizado, na zona de Little India; mas o principal motivo para a escolha foi o preço. Entre os hotéis em Singapura com melhor relação qualidade/preço estão o incrível AMOY by Far East Hospitality e as cápsulas do moderno Cube Boutique Capsule Hotel @ Chinatown.
Se quiser ficar alojado em Marina Bay, um dos melhores hotéis é o The Fullerton Bay Hotel Singapore, embora o mais emblemático e popular seja, de longe, o Marina Bay Sands. São ambos dispendiosos, mas consta que valem pela experiência. Para outras opções utilize o link abaixo.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Sobre o Diário da Pikitim
Este post pertence a uma série que relata uma volta ao mundo em família, com 10 meses de duração. Um projeto para descomplicar e mostrar que é possível viajar com crianças pequenas, por todo o mundo. As crónicas da viagem foram originalmente publicadas na revista Fugas e no blog Diário da Pikitim.
Veja também o artigo intitulado Viajar com crianças: 7 coisas que os pais devem saber.
Queridos amigos:
Uma delícia… não me lembro de outra palavra!
beijos e abraços para os três, da família Carneiro!
Apesar da “loucura” que pensamos sobre a nossa viagem, ela é mesmo para meninos comparada com a vossa, que deve ser ao mesmo tempo, além de desafiante, gratificante, por permitir ver o mundo atraves doutros olhos, menos “poluidos” pela sociedade. Um grande abraço e até já! Amanhã partimos para vos/nos encontrarmos!
Apareçam, apareçam! E seremos 5numundo! ;-)
Filipe . vou passando por aqui sempre que me lembro. Continuação de boa viagem Isabel Carvalho
Desejo-vos a maior sorte para a vossa aventura. Desfrutem da melhor maneira essa vossa maravilhosa viagem e só tenho inveja de não poder estar no vosso lugar. Boa sorte e vão dando notícias
Eu também gosto muito de esquilos e pinguins, a Pitikim tem bom gosto! :)