No dia 24 de julho de 1911, o explorador Hiram Bingham descobriu as ruínas de uma importante cidade do Império Inca, que ficou conhecida como Machu Picchu. Em 2011, o Peru assinala, a 7 de julho, o Ano do Centenário de Machu Picchu para o Mundo com a presença do Nobel da Literatura Vargas Llosa, e um espectáculo de luz e cor nas ruínas, classificadas como Património Mundial da Humanidade e uma das 7 Maravilhas do Mundo. Viagem a Machu Picchu, “a cidade perdida dos Incas”.
A cidade Inca de Machu Picchu
O centenário da descoberta da cidade inca de Machu Picchu vai ser celebrado com pompa e circunstância a 7 de julho, com a presença do Nobel de Literatura peruano Mário Vargas Llosa e um espectáculo musical de luz e cor no local. Mas a celebração vai durar o ano inteiro, com variadas iniciativas de especial incidência em toda a região, e a entrega oficial do acervo de milhares de peças que o seu descobridor, o explorador norte-americano Hiram Bingham, levou para Universidade de Yale e nunca mais devolveu.
Se há títulos de Maravilhas do Mundo merecidos, este é sem dúvida um deles, mas do ponto de vista do visitante, o sossego do lugar potencia a sua beleza extraordinária. Machu Picchu, “Velha Montanha” ou “Velho Pico”, em quíchua, fica no sopé de Huayna Picchu, a “Jovem Montanha”, 360 metros mais alta.
Diz-se que era refúgio de sacerdotes e virgens sagradas, e agora serve de miradouro sobre o vale do Rio Urubamba e as ruínas da cidadela, aos que se atrevem a subir o íngreme carreiro que leva aos templos e terraços construídos no cimo.
Mais selvagem e mais isolada do que Machu Picchu, dá-nos uma perspectiva inesquecível dos cumes mais próximos e da cidade, da sua nítida divisão em zona agrícola e zona urbana.
Cá em baixo, os encaixes das pedras revelam a arquitectura única dos incas, que criavam formas redondas ou piramidais com blocos de centenas de toneladas, e construíam pontes estreitíssimas em paredes de rocha – méritos que lhes valeram a suspeita de terem superpoderes e conseguirem voar.
Na altura da sua descoberta por Bingham, o local, hoje classificado pela UNESCO, estava coberto por uma floresta densa onde abundavam víboras e mosquitos, os quais foram progressivamente sendo substituídos por turistas não menos invasivos, ao ponto de hoje se questionar o número de visitantes diários.
No relato que faz no seu livro, o explorador confessa ter subido quase a rastejar grande parte da encosta rochosa e a pique, coberta por vegetação selvagem, que conferia ao sítio uma inacessibilidade quebrada apenas por alguns índios em busca de terreno de cultivo, aproveitando os terraços construídos pelos seus antepassados.
Revelar ao mundo as formas das casas, muralhas e templos foi um trabalho extenuante, que podemos apenas imaginar se fizermos a pé o trilho selvagem que desce até ao rio, em direcção à povoação de Aguas Calientes – e à desagradável comparação entre o que se constrói hoje e o que antes se conseguia edificar, mesmo no cimo de montanhas cobertas de floresta, a 2.400 metros acima do nível do mar.
Para além da quase inacessibilidade, também a meteorologia conspirou para que a cidade de Machu Picchu tivesse sido tardiamente encontrada; ainda hoje a visão das ruínas é frequentemente adiada por chuvadas ou nevoeiros cerrados, que lhe reforçam a atmosfera misteriosa.
Continua mesmo a discutir-se o porquê da sua construção neste local, mas provavelmente essa será uma falsa questão: o Caminho Inca, que atravessava o Império em todas as direcções, passa por ali mesmo, com entrada pela Porta do Sol. E indiferentes à passagem da gente e dos tempos, a Velha e a Jovem Montanhas celebram mais 100 anos de um Império que não morreu.
Quem era Hiram Bingham?
Sem ser arqueólogo, Hiram Bingham (1875 - 1956) foi o protagonista de uma das mais famosas descobertas arqueológicas da América do Sul. Académico e explorador norte-americano natural de Honolulu, no Havai, estava de passagem no Peru depois de participar num congresso pan-americano, em 1908, quando foi convencido por um político local a visitar as ruínas da cidade pré-colombiana de Choquequirao.
Entusiasmado com a possibilidade de descobrir cidades incas ainda por explorar, regressou em 1911 com uma expedição patrocinada pela universidade de Yale e pela National Geographic, na tentativa de encontrar Vitcos ou Vilcabamba, a última capital do Império Inca. Com a ajuda de agricultores locais, nomeadamente Melcheor Arteaga, que lhe apontou o cimo da montanha afirmando que tinha ali visto ruínas, a 24 de Julho de 1911, Bingham chegou ao grande complexo arquitetónico no cimo do monte Machu Picchu, depois de meio dia a subir a corta-mato por alcantilados íngremes a partir do vale do Rio Urubamba.
As suas escavações permitiram a descoberta de milhares de peças de prata, bronze, cobre e pedra, incluindo cerâmicas, jóias e armas, trazendo-lhe fama e fortuna pela divulgação que fez do sítio histórico, que apenas era conhecido localmente. Mais tarde, Bingham foi professor da Universidade de Yale e senador pelo Estado do Connecticut. A sua obra The Lost City of the Incas, que relata a exploração e descoberta de Machu Picchu, foi publicada pela primeira vez em 1930.
Veja também o guia de Machu Picchu para viajantes independentes.
Guia prático
Este é um guia prático para viagens a Machu Picchu, Peru, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região.
Quando ir
O Peru tem vários climas diferentes, de acordo com a localização geográfica e a altitude. Na zona sul dos Andes, onde se encontra Machu Picchu, a melhor época começa em Abril e continua até Outubro. De Junho a Setembro é a melhor altura para fazer trekking nas montanhas, como percorrer o Caminho Inca, mas é também a época mais turística, com hotéis cheios e preços inflacionados.
Como chegar a Machu Picchu
Voar de Lisboa para Lima, a capital do Peru – os preços variam consoante as épocas, rondando neste momento os 990 – e daí dirigir-se a Cuzco, a “capital Inca”, de avião ou de autocarro.
De Cuzco a Aguas Calientes, a povoação no sopé da montanha que dá pelo nome de Machu Picchu, o melhor meio de transporte para quem não quer fazer paragens intermédias é o comboio, que oferece três opções: Backpacker, que custa cerca de 48 dólares norte-americanos por uma ida (os preços estão afixados em dólares na estação); Vistadome, que inclui refeições e fica por cerca de 71 dólares, ou o luxuoso Hiram Bingham, com refeições gourmet e carruagens panorâmicas, por 294 dólares.
De Aguas Calientes, os autocarros que sobem até às ruínas saem todas as meias horas, das 6:30 às 13:00 horas; o último regressa às 17:30. O bilhete compra-se num guichet ao pé da paragem e custa 5 . O bilhete de entrada em Machu Picchu tem de ser comprado com antecedência em Cuzco ou em Aguas Calientes, no Instituto Nacional de Cultura, e custa 34 .
Entre as 10h e as 15h o local está demasiado cheio de turistas apressados – é a melhor hora para subir o Huayna Picchu, que tem o trilho aberto das 7:00 às 13:00, com registo obrigatório à entrada e o máximo de 400 pessoas admitidas por dia. Atenção: o caminho é extremamente íngreme, com “degraus” escorregadios escavados na rocha escorregadia, cordas e barras de metal cravadas nas paredes para melhor apoio.
Onde ficar e onde comer
Existe um bom hotel na entrada das ruínas, o Machu Picchu Santuary Lodge, mas não é barato, exige reserva prévia e costuma estar sempre cheio. Em Aguas Calientes não faltam ofertas mais interessantes e com os preços mais variados, do Pueblo Hotel, que cobra o mesmo que o anterior, a pequenas residenciais familiares como o Hostal Wiracocha Inn, que cobra o equivalente a cerca de 15 , pequeno-almoço incluído. Se preferir um ambiente urbano, os hotéis de Cuzco são de grande qualidade.
Restaurantes são às dezenas, e o melhor é rondar as portas e consultar os menus antes de se decidir. Há mesmo um vegetariano, o Govinda, numa das ruas principais junto ao rio.
Informações úteis
O Peru faz fronteira com o Equador, a Colômbia, o Brasil, a Bolívia e o Chile. A população, estimada em quase 29 milhões, tem origem multiétnica, com grupos ameríndios (sobretudo quíchua e aimará), mas também europeus, africanos e asiáticos. A língua oficial é o castelhano e a unidade monetária é o sole, que vale 0,27 cêntimos por unidade. Existem Multibancos nas grandes cidades e os cartões de crédito podem ser usados apenas em hotéis ou lojas mais luxuosas. Os preços mais altos são por vezes cotados em dólares, dada a grande afluência de turismo norte-americano.
Dados sobre Machu Picchu
Machu Picchu fica no sul do país, em plenos Andes, e é servido pela povoação de Aguas Calientes, que vive da proximidade deste extraordinário lugar histórico, crescendo sem ordem aparente junto ao Rio Urubamba. Percorrê-la a pé não deve levar mais de uma hora. Já o sítio histórico de Machu Picchu merece muito mais do que isso: um dia com muita água e um farnel distribuído pelos bolsos, uma vez que as mochilas têm de ficar no vestiário da entrada.
A cidade pré-colombiana foi construída no século XV, no cimo do monte Machu Picchu, a 2.400 metros de altitude, por ordem do imperador inca Pachacuti. Consta de duas áreas: a agrícola, com terraços e armazéns para os alimentos, e a urbana, com ruas, praças, templos e mausoléus reais. Apenas cerca de 30% da cidade é original – o resto foi reconstruído – mas a sua localização absolutamente extraordinária, e o facto de ter sido tão tardiamente descoberta, deram-lhe a aura de “cidade perdida dos Incas” que ainda hoje mantém.
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