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Guia de Machu Picchu: manual de sobrevivência para o viajante independente

Por Fernando Carvalho da Silva | Dicas de viagem América do Sul Américas Cuzco Machu Picchu Peru
Atualizado em 26.12.2022 | Tempo de leitura: 9 minutos

Visitar Machu Picchu
Vista sobre Machu Picchu © Fernando Carvalho da Silva

Machu Picchu é um dos destinos mais marcantes de todo o continente americano e, com as restrições atuais ao número de visitantes, nem sempre é fácil organizar a viagem. Eu visitei Machu Picchu em 2005, pelo que a minha experiência é pouco relevante neste momento.

Felizmente, tenho um amigo de longa data que esteve em Machu Picchu recentemente e partilha esta espécie de manual de sobrevivência. Trata-se de um guia de Machu Picchu com todas as dicas para que possa planear a sua viagem. Tem a palavra o Fernando Carvalho da Silva.

Machu Picchu: manual de sobrevivência

Este não é o género de texto que costume escrever. Mas deu-me tanto trabalho chegar a Machu Picchu que achei por bem partilhar a minha experiência, à laia de manual de sobrevivência para o viajante independente.

Infelizmente, para quem gosta de viajar ao sabor do vento, Machu Picchu não é um lugar onde se possa bater à porta e entrar. Antes pelo contrário, é daqueles sítios, que obrigam o viajante a planear a sua ida com meses de antecedência. Meses? Não, não é uma hipérbole. São mesmo meses!

Passei horas a ler guias, blogs e a recolher informações de outros viajantes. Vi como operam os tours organizados. E no final fiz um puzzle da informação, chocalhei, baralhei e voltei a dar. Segui algumas dicas. Noutros casos, fiz o contrário. Por fim, utilizei uma das minhas técnicas preferidas, a da Ovelha Negra. Mas, vamos por partes:

Preço

Talvez tenha ouvido dizer que o Peru é um país barato. Tal é verdade para quem foge dos locais hiper turísticos. Porém, visitar Machu Picchu é caro. Um dia no cimo desta magnifica montanha implica a entrada no Sítio Arqueológico (de 24€ a 40€), o bilhete de comboio (pelo menos 100€) e ainda um autocarro (23€). A isto recomendo acrescentar um pequeno tour em grupo (10€). Por isso, prepare-se para gastar cerca de 160€ por pessoa (isto se levar água e umas sanduíches).

Em que cidade dormir

Crianças em Ollantaytambo, Peru
A vila de Ollantaytambo tem muitas atrações. Não é só para passar a noite… © Fernando Carvalho da Silva

Onde dormir? Não me refiro ao hotel, mas sim à cidade (ou vila) que lhe vai servir de base para visitar Machu Picchu. A meu ver, há três opções: Aguas Calientes, Cusco ou algo pelo meio.

Aguas Calientes, a pequena vila no vale junto a Machu Picchu, é, infelizmente, um aglomerado de prédios feios que cresceu desorganizadamente com o fluxo de turistas. Para além disso, é cara e o serviço deixa muito a desejar. A sua única vantagem é a localização, bem no sopé das montanhas onde fica este monumento.

A não ser que queira tentar ver o nascer do sol na montanha, num dos poucos dias não nublados do ano (por alguma razão a floresta que a circunda é chamada de Húmida), não há vantagem em ficar em Aguas Calientes. Os viajantes que estão a fazer a trilha Inca, indo a pé até Machu Picchu, também pernoitam por Aguas Calientes. Se assim não for, recomendo optar por uma das vilas no Vale Sagrado para lhe servir de base durante uns dias.

Outra opção é começar a sua viagem em Cusco. A antiga capital Inca é uma cidade mágica, que merece ser visitada com calma. Mesmo muita calma, pois fica a mais de três mil metros de altitude e com ladeiras bem íngremes. Daí que quem começa em Cusco a sua estada nos Andes tem, no mínimo, garantida uma grande dor de cabeça. Sim, a falta de oxigénio tem os seus efeitos secundários e as qualidades terapêuticas do chá de coca não são infinitas. Portanto, se planear uns cinco dias nesta parte do Peru (o que não é muito), guarde o final da visita ao Vale Sagrado para aqui pernoitar em Cusco (o seu corpo vai agradecer).

Das pequenas vilas do Vale Sagrado, escolhi Ollantaytambo. Uma simpática terra, muito bem localizada no Vale Sagrado. Tem estação de comboios para ir diretamente para Machu Picchu e pode usá-la como base para visitar o resto do vale (que não deve ser descurado). E, a sua altitude pouco superior a dois mil metros, permite-lhe fazer uma boa aclimatização antes de se dedicar a “escalar” as ladeiras de Cusco.

Pesquisar hotéis em Ollantaytambo

Os bilhetes para Machu Picchu

Templo do Sol, Machu Picchu
Templo do Sol, Machu Picchu © Fernando Carvalho da Silva

Esta é uma das fases mais complicadas do processo. Há diversos bilhetes e horários à escolha:

  • Apenas o sítio arqueológico de Machu Picchu.
  • O sítio arqueológico de Machu Picchu e Huayna Picchu (o bilhete mais “raro”. Tente reservar com uns três meses de antecedência).
  • O sítio arqueológico de Machu Picchu e a Montanha de Machu Picchu (aquela que fica nas “traseiras” da típica fotografia de Machu Picchu).

Além do mais, alguns bilhetes têm um número de vendas diário muito limitado. Portanto, se não tiver cuidado, a sua ida a Machu Picchu pode condicionar toda a sua viagem ao Peru! E se pensa que pode chegar lá e comprar um bilhete na candonga, esqueça, pois o seu bilhete está personalizado e só lá entra com a apresentação do passaporte (ou fotocópia). Com direito a uma carimbadela da “alfândega Inca” e tudo.

Por isso, assim que puder, compre os seus bilhetes online em www.machupicchu.gob.pe. Contudo, certifique-se que há bilhetes de comboio para o dia e hora escolhidos. Não convém ficar apeado. Quanto maior o grupo – no meu caso éramos seis -, mais difícil se torna este processo de compra de bilhetes (vai dar por si a testar datas, com várias páginas da internet abertas).

Como ir

Esta parte é fácil. Para quem não vai a pé montanha acima, a única maneira de ir para Machu Picchu é de comboio. O percurso até à estação de Aguas Calientes segue ao longo do Rio Urubamba, que só por si, já vale a viagem. E em seguida montanha acima, aos ziguezagues num pequeno autocarro, mesmo até à entrada do parque.

Há duas companhias a fazer o percurso de caminho de ferro e os bilhetes podem, e devem, ser comprados online nos sites Inca Rail ou Peru Rail, assim que tiver comprado os seus bilhetes de entrada para Machu Picchu. Os horários e preços são bem variados pelo que, mais uma vez, a compra antecipada pode significar uma grande poupança.

Logo que comprar o bilhete, irá receber, por email, um voucher que depois, já no Peru, servirá para levantar, na bilheteira da estação, os bilhetes do comboio (e isso implica a apresentação do seu passaporte ou fotocópia). Pois… Nada é simples.

Chegado a Aguas Calientes terá ainda que comprar o bilhete do autocarro. Felizmente o último, para subir até ao sítio arqueológico propriamente dito. É um esplêndido percurso de cerca de 30 minutos, ziguezagueando montanha acima.

O que levar

O parque arqueológico é bastante grande e, quem quer, acaba por andar bastante. Leve apenas uma pequena mochila com o essencial (água, comida e um impermeável).

Se for como eu e as fotos do telemóvel não o satisfazem, recomendo uma câmara fotográfica que seja leve. E não deixe de levar um bom zoom para melhor captar os pormenores da paisagem. Uma câmara fotográfica mirrorless alivia o peso sem comprometer a qualidade. Eu uso uma Fuji (com a qual fiz as fotografias do artigo). A qualidade é soberba e no fim do dia não tenho o ombro dorido.

Como fazer

Monumentos em Machu Picchu
Machu Picchu – monumentos e Natureza © Fernando Carvalho da Silva

Não sou, de todo, daqueles viajantes que gostam de planear a sua viagem ao minuto. Aliás, a surpresa é um elemento que procuro nas minhas viagens. Muitas das recordações de viagem que guardo com mais carinho vieram do imprevisto (ou do improviso). Todavia, e não é demais repetir, aqui não dá! O meu planeamento teve apenas um objectivo: ir a Machu Picchu com o menor número de pessoas possível.

Mas, então, o que fiz de tão diferente? Na verdade, nada de especial. Reparei que muitos tours são “vendidos” para ir ver o nascer do sol em Machu Picchu. Apenas optei por não o fazer. A isto chamo a “técnica da Ovelha Negra”. Ou seja, fugir a sete pés dos rebanhos (de turistas), fazendo o inverso do que a maioria faz (na verdade, a minha mulher Joana é a verdadeira “criadora” desta técnica, que tem vido a aprimorar ao longo dos anos). Nem sempre é fácil. Por vezes, é até impossível. Porém vale sempre a pena tentar! E desta vez resultou.

Assim sendo, aproveitei para dormir até a uma hora civilizada. Apanhei o comboio e cheguei a Aguas Calientes pelas 10:00. Segui logo no primeiro autocarro para o topo da montanha, sem tempos de espera. E já lá em cima, contratei o tour e passei pela bilheteira, mais uma vez, sem ter qualquer fila.

O sítio arqueológico encontrava-se repleto de turistas (mesmo não sendo época alta) mas, com a paciência ainda em alta e concentrado nas explicações da guia, a manhã passou a correr.

Findo o tour, e com o estômago a reclamar (no sítio arqueológico não se pode comer nem há casa de banho), saí para uma pausa retemperadora que se revelou de charneira. Foi com espanto que, enquanto comia, via a fila para o autocarro de regresso, passar de grande a monstruosa. Ou seja, os turistas que, pouco dormiram, e chegaram a Machu Picchu para ver o nascer do sol, estavam a debandar às centenas! Para eles o dia tinha terminado. Para mim ainda nem estava a meio. Assim, regressei para junto dos monumentos e tinha Machu Picchu só para mim (e mais uma pequena centena de pessoas).

A tarde foi dedicada a palmilhar, de lés a lés, este local mítico. Não apenas os antigos templos e palácios. Mas, principalmente percorrer as veredas que nos levam até à Ponte Inca e à Porta do Sol. E, de caminho, apreciar a paisagem, a floresta tropical e as árvores, cobertas de bromélias e orquídeas. Só me ficou a faltar subir ao Huayna Picchu, cujo bilhete não comprei com a antecedência necessária!

Acima de tudo, passei o resto do dia a usufruir do local. E que bom foi poder sentar-me descansadamente a ver o tempo mudar nas montanhas que me cercavam. Os historiadores e arqueólogos que me perdoem, mas, para mim, Machu Picchu vive da sua paisagem e da sua beleza natural. Aliás, acho que os Incas tinham a mesma opinião. Senão porque fazer uma cidade num local tão inacessível?

Agora posso dizer que fui a Machu Picchu e gostei! E o tempo gasto em planeamento foi fundamental para que assim fosse.

Machu Picchu, a velha montanha festeja 100 anos.

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A Natureza é a rainha em Machu Picchu
A estrada a serpentear montanha acima
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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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