Às seis da manhã deixei o conforto do meu alojamento na aldeia de Birkat Al Mouz e rumei à cidade de Nizwa. Não era um acaso estar ali a uma sexta-feira; tinha montado o meu roteiro em Omã de forma a conseguir visitar o mercado de cabras de Nizwa – que acontece todas as sextas-feiras de manhã cedo.
Pouco passava das seis e meia quando cheguei à cidade, e a confusão já estava instalada. O parque junto ao mercado de cabras de Nizwa estava já completamente lotado e, cansado de dar voltas e mais voltas, acabei por me afastar um pouco do souq e lá consegui lugar para estacionar o carro.
Caminhei em direção ao souq e, ao primeiro vislumbre do mercado de cabras, ainda ao longe, comecei a sentir aquela excitação juvenil de quem está prestes a vivenciar algo memorável. Para lá dos carros estacionados, junto à entrada do souq via centenas de homens omanitas, quase todos envergando o tradicional thawb (ou dishdasha).
Havia um frenesim tranquilo – se é que a expressão faz sentido. Aproximei-me; os olhos bem abertos, o coração aos pulos; e julgo que até a máquina fotográfica desatou a sorrir quando cheguei. É em lugares como aquele que melhor me sinto em viagem!
O mercado de cabras de Nizwa
Visualmente, o mercado de cabras explica-se em poucas palavras. No meio de um descampado de terra batida, existe um círculo semelhante a um coreto, coberto. À sua volta, centenas de homens ficam de pé, deixando um corredor circular – qual passagem de modelos – por onde os vendedores exibem as cabras.
Andam em círculos, exibindo o animal, na esperança que algum comprador se mostre interessado. Pareceu-me que vão também apregoando o preço de venda da cabra. Havia barulho e muito pó; mas a coisa parecia organizada e relativamente tranquila.
Os potenciais compradores não tiravam os olhos dos animais; havendo algum que lhes parecesse interessante, chamavam o vendedor e começavam a inspecionar a cabra.
Viam os dentes, apalpavam as tetas (alguns ordenhavam ligeiramente, para sair leite), e apertavam a zona da barriga do animal. O objetivo era avaliar se a cabra era saudável e de qualidade.
A maior parte das vezes, vi os potenciais compradores desinteressarem-se dos animais; fosse porque não tinham as qualidades pretendidas, fosse uma jogada tática para tentar baixar o preço. Outras vezes, o animal tinha vários omanitas interessados e acontecia uma espécie de leilão, com o vendedor a tentar conseguir o melhor negócio possível.
E eu observava, cirandando pelo recinto e tentando interferir o menos possível com os negócios. O mercado de cabras de Nizwa estava mesmo a fascinar-me!
Avistei também algumas mulheres envergando as tradicionais máscaras no rosto. Estavam recatadas, quase todas sentadas no chão, a guardar grupos de cabras amarradas em postes.
Não participavam no processo de venda, mas pareceu-me que a sua presença era importante. De vez em quando, um homem adulto vinha buscar uma das cabras amarradas, como se tivesse vendido uma e estivesse a levar outra para a passerelle.
Para além das cabras, havia também vacas, numa zona mais afastada do círculo onde os animais são exibidos. Julgo que depois das cabras seja a vez das vacas desfilarem diante dos potenciais compradores, mas não fiquei até ao final do mercado para confirmar, uma vez que tinha ainda de devolver o carro que tinha alugado em Muscat.
À saída, passei por um indivíduo, velho e de olhar cansado, que vendia cordas para que os proprietários tivessem com que amarrar as suas novas cabras. Uma oportunidade de negócio complementar.
Tive ainda tempo de percorrer outros dos souqs das redondezas mas, depois do mercado de cabras de Nizwa, pouco mais me apetecia ver. Estava de alma cheia. Foi uma experiência forte. Muito forte!
Foi, aliás, muito provavelmente, o momento mais marcante dos 11 dias a viajar em Omã.
Guia para visitar o mercado de cabras de Nizwa
Quando ir
O mercado de cabras de Nizwa acontece semanalmente, sempre à sexta-feira. É conveniente chegar por volta das 6:00 – 6:30, no máximo, para usufruir do espaço com maior autenticidade.
A partir das 7:30, os grupos de turistas estrangeiros começam a chegar ao souq e o cenário altera-se. Julgo que até atrapalham o negócio, pelo que não me admiro se, daqui a pouco tempo, as autoridades obrigarem os turistas a permanecer numa zona confinada, para não interferirem com os negócios no mercado de cabras de Nizwa.
Como chegar a Nizwa
A melhor forma de viajar em Omã é com um carro alugado mas, caso prefira transportes públicos, há vários autocarros oriundos de Muscat que param em Nizwa; veja os horários no site da Mwasalat (antiga ONTC – Oman National Transport Company).
Onde ficar
Os hotéis de Nizwa ficam quase todos afastados da cidade. Entre os mais recomendados encontram-se o Al Diyar Hotel; o Golden Tulip Nizwa (com piscina, o que é sempre agradável no fim de um dia de calor intenso); ou o Nizwa Hotel Apartments, no caso de preferir um aparthotel.
Dicas úteis
Por fim, algumas sugestões comportamentais para minimizar o impacto da sua presença no mercado de cabras de Nizwa:
- Tente não atrapalhar o funcionamento do mercado de cabras, lembre-se que não está num museu, mas sim num mercado real, do qual alguns omanitas dependem para ganhar dinheiro. E, por favor, não se meta no interior do círculo, por muito interessante que lhe possa parecer.
- Não se iniba de fotografar mas, para grandes planos, é sempre sensato pedir autorização. Os homens são afáveis e boa parte não lhe dirá que não. Quanto às mulheres com máscaras no rosto, resista à tentação de as fotografar – pelo menos de perto; ou então use uma lente grande angular e não aponte a câmara na direção das mulheres.
- Depois de satisfeita a natural curiosidade fotográfica, experimente pousar a máquina fotográfica e simplesmente observar o mercado de cabras de Nizwa; sem interferir.
- Não leve mochila às costas; vai atrapalhar as movimentações de compradores e vendedores nas alturas de maior azáfama.
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