O arquipélago de Zanzibar foi ponto fulcral do comércio internacional de escravos, a par com as rotas comerciais para o interior de África. Juntamente com o comércio de marfim, cravo e especiarias, o tráfico de escravos ganhou grande relevância económica na região, ao ponto de ser um dos responsáveis pelo florescimento da principal cidade na ilha Unguja: Stone Town.
“A expansão árabe/islâmica na costa oriental de África e nas ilhas próximas propiciou a criação de feitorias comerciais de Zanzibar até à região de Sofala, destinadas a organizar o comércio do ouro proveniente do interior. O comércio de escravos e a sua exportação para o Oriente era já um fenómeno antigo que tinha levado à criação de redes comerciais internas polarizadas no litoral.”, in Lugares de Memória da Escravatura e do Tráfico Negreiro, de Isabel Castro Henriques
Foi um pouco desse fenómeno que fui conhecer no Museu da Escravatura de Stone Town.
A minha visita ao Museu da Escravatura
Impressionante e imperdível. O Museu da Escravatura de Stone Town é isso e muito mais. Pequeno e criado com poucos recursos, mas muito, muito elucidativo, o museu explica detalhadamente o funcionamento dos mercados de escravos que afetaram sobremaneira a população negra de países como a Tanzânia, o Malawi ou a Zâmbia, vendidos para mercadores árabes que os levavam para Omã, Iémen ou as Seycheles, entre outros.
Observei, lentamente, lendo os textos, claros e explicativos, expostos em enormes painéis verticais. Mas foram as fotos que mais me marcaram.
As fotografias expostas permitiam visualizar de forma clara as infames caravanas de escravos e o funcionamento do mercado de escravos em Zanzibar, onde comerciantes de diferentes regiões vinham comprar e vender escravos. Imagens incrivelmente reveladoras do sofrimento e desumanidade da época da escravatura.
Saindo da exposição, havia um monumento de homenagem aos escravos e, mais impactante, as chamadas slave chambers. À entrada dessas câmaras subterrâneas, uma placa dizia, em jeito de explicação:
“Durante o comércio de escravos, estas duas salas subterrâneas eram usadas para manter os escravos antes de serem levados ao mercado para serem leiloados. Uma pequena cabana estava no alto e havia um grande buraco usado como entrada para as câmaras de escravos. Os escravos eram mantidos em condições terríveis, muitos morreram sufocados e com fome”.
E, de facto, o espaço era inacreditavelmente claustrofóbico, húmido e escuro; e com um teto extremamente baixo (não teria um metro de pé direito). Um horror!
Guia prático
Para informações práticas sobre quando ir e como chegar a Zanzibar, veja as dicas publicadas no roteiro com o que fazer em Stone Town. Recomendo também a consulta ao meu roteiro de 8 dias em Zanzibar.
Onde ficar
Eu fiquei hospedado no Ten to Ten Stone Town Zanzibar, e confesso que não é nada de especial – dá para dormir e é barato. Para hotéis de melhor qualidade, recomendo os elegantes Tausi Palace Hotel, Spice Palace Hotel e Antonio Garden Hotel; a muito elogiada guesthouse do Stone Town Café; o popular hotel de três estrelas Al-Minar Hotel; o funcional Swedzan House ou o hotel bom e barato Balcony House.
Se é luxo que procura (e está disposto a pagar por isso), a resposta é o Park Hyatt Zanzibar. Para outras opções de alojamento em Stone Town, utilize o link abaixo.
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Seguro de viagem
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