Museu Pambata, da cadeia alimentar ao jogo das profissões (#20)

Museu Pambata, Manila
Ouvindo batimentos cardíacos em diferentes situações (parado, a dançar e em esforço de corrida) no Museu Pambata

Folheávamos um guia de viagens à procura de atividades para fazer em Manila, quando reparámos numa caixa intitulada “Manila for kids” onde, logo a abrir, se sugeria a visita a um museu chamado Pambata. Dizia: “a primeira paragem deverá ser no encantador Museu Pambata; as suas exposições interativas exploram Manila pelos olhos de uma criança”.

Algumas pesquisas depois, estava decidido: iríamos ao Museu Pambata logo pela manhã do novo dia. “O que é um museu?”, indagou a Pikitim, desconfiada, quando lhe contámos os planos para o dia. Mas quando lhe falámos da possibilidade de “entrar” num corpo humano e de brincar às profissões, não só a desconfiança desapareceu como a excitação tomou conta dela. Por essa altura, com o entusiasmo nos píncaros, já temíamos que as expectativas saíssem defraudadas.

Apanhámos um jeepney – uma longa carrinha com bancos laterais na parte traseira, transporte público usual e barato nas cidades filipinas – rumo ao Parque Rizal. Desde logo a Pikitim adorou andar de jeepney (nos dias seguintes não faltaram pedidos para “dar um passeio de jeepney”), pouco se importando com os gases do cano de escape inalados durante a viagem.

Transportes em Manila
Entrando num jeepney, em Manila

Íamos com o objetivo declarado de visitar imediatamente o museu mas, ao atravessar o espaço verde do Parque Rizal, a Pikitim não pode deixar de reparar num enorme parque infantil temático, com elefantes, dinossauros, tartarugas e muitos outros escorregas e casinhas de brincar em forma de animais. Resultado: mudança de planos e umas boas duas horas passadas a correr, saltar, escorregar e brincar no parque. É assim viajar com crianças!

Chegámos ao Pambata apenas ao início da tarde, repletos de excitação e altas expectativas. E a visita começou bem. Logo à entrada, o primeiro momento de entusiasmo numa sala dedicada aos oceanos, onde a miudagem podia vestir cabeças de peixes ou polvos feitas de tecido, num ambiente azul e verde a simular o fundo do mar povoado de algas, peixes e medusas.

Logo a seguir, na sala ao lado, uma bancada com borboletas e uma lupa permitia ver a bicharada ao pormenor. Adiante, ainda na área dedicada à Natureza, a Pikitim aprendeu (e registou na memória, como ficámos a saber dias mais tarde) o conceito de cadeia alimentar, ao ver um peixe grande que comia um peixe pequeno que comia algas, ou uma enorme águia que comia uma cobra que comia ratinhos.

Visitar o Museu Pambata, Manila
Brincando às profissões no Museu Pambata, Manila

Apesar de estar a gostar, não tardou a perguntar pela sala do corpo humano. Era o que mais queria visitar.

Subimos então ao primeiro andar do museu. À entrada, uma boca aberta com a língua de fora a fazer de rampa permitia à criançada entrar na sala propriamente dita através de um tubo – o esófago. E não faltavam possibilidades de interação e aprendizagem. Ouvir as batidas de um coração em repouso, a dançar ou em esforço de corrida, visualizar o tamanho dos intestinos, observar o que acontece à comida desde a boca até à sanita, ouvir diferentes sons produzidos pelo corpo humano, completar um puzzle com os principais órgãos internos do corpo, fazer um jogo para perceber a importância do tato, ver o coração a bombear sangue… tudo numa sala multicolorida e aprazível que incentivava todos os miúdos a interagir.

Para a Pikitim, a “loucura” ficava, no entanto, paredes-meias com a sala dedicada ao corpo humano: era um corredor que simulava um mercado de rua, com diferentes bancas onde ela se entreteve a brincar ao faz de conta até à exaustão (dos pais!). Foi vendedora de peixe, comercializou frutas e legumes e trabalhou numa padaria, mas a “profissão” preferida foi, sem sombra de dúvida, estar à frente de um restaurante de rua a cozinhar e servir a mãe e o pai transformados em clientes esfomeados. Foi a sua ala preferida do museu.

A visita prosseguiu. Numa outra sala, a Pikitim absorveu a mensagem de que é preciso poupar os recursos naturais do planeta, minimizando a água, a eletricidade e o papel que gastamos diariamente.

As noções não eram propriamente novas para a Pikitim – fazemos por incutir-lhe os princípios básicos da sustentabilidade desde cedo -, mas a verdade é que, desde a visita ao Museu Pambata, essas noções parecem ter-se enraizado de forma mais profunda. Desde esse dia, não lhe falta atenção para os descuidos dos adultos: “pai, esqueceste-te de apagar a luz, é preciso poupar o planeta” ou “mãe, não estragues a folha, podemos escrever do outro lado”, passaram a ser atitudes recorrentes na Pikitim.

Visitar Museu Pambata, Manila
Crianças na sala dedicada aos oceanos no interativo Museu Pambata

Sempre atenta, foi também em Manila que a Pikitim reparou pela primeira vez nos guias turísticos, nos motoristas de tuk tuk e nos vendedores de rua apregoando gelados, bebidas ou chapéus, que volta-e-meia nos interpelavam. “Estes senhores só querem vender coisas”, notou. “É verdade, filha, mas é o trabalho deles”, respondemos, para que fosse tolerante e não ficasse demasiado chateada com a insistência de alguns vendedores ambulantes.

Foram dias de aprendizagem contínua, os passados em Manila. Para além do Museu Pambata e dos fortuitos contactos de rua, houve ainda oportunidade de participar num walking tour direcionado para as crianças.

Ao terceiro dia em Manila, após um passeio em Intramuros – o centro histórico de Manila – mais dedicado aos pais do que à petiza, a Pikitim surpreendeu-nos com um pedido: “amanhã posso ir outra vez ao museu?”, referindo-se ao Pambata, também conhecido por Museu das Crianças.

Ficámos contentes, quase emocionados. E respondemos que sim, que poderia ir ao museu as vezes que quisesse. O Pambata tinha cumprido a sua missão. A primeira grande experiência museológica da Pikitim tinha ultrapassado as nossas melhores expectativas.

Guia prático

Onde ficar

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Sobre o Diário da Pikitim

Este post pertence a uma série que relata uma volta ao mundo em família, com 10 meses de duração. Um projeto para descomplicar e mostrar que é possível viajar com crianças pequenas, por todo o mundo. As crónicas da viagem foram originalmente publicadas na revista Fugas e no blog Diário da Pikitim.

Veja também o artigo intitulado Viajar com crianças: 7 coisas que os pais devem saber.

Luísa Pinto

Jornalista e mãe, gosta de livros, vinho tinto e experimentar camas em lugares novos. Deu a volta ao mundo com um filho, gostava de repetir a dose agora que tem dois. É orgulhosa co-fundadora da Hotelandia e do Rostos da Aldeia.