Empoleirada nos montes, a pequena aldeia de Nebaj é de difícil acesso, escassa nas modestas ofertas turísticas e não tem nada a que se possa chamar monumento. Mas é um dos lugares da Guatemala onde estamos mais próximos da cultura Maia pré-colombiana. Viagem a Nebaj, Guatemala.
A caminho de Nebaj
O mais certo é chegar cansado da viagem, por uma estrada de curvas e contracurvas, quase sempre sobre terra e pedra, sacudido e apertado entre dezenas de pessoas e galinhas. O cobrador pode até ter de fazer o seu serviço pendurado do lado de fora das janelas, com o autocarro em movimento.
A paisagem é lindíssima, com os montes verdes e nitidamente trabalhados por mãos humanas a estenderem-se até muito longe, as nuvens cada vez mais baixas. As montanhas de Cuchumatanes, de difícil acesso, conservaram um cenário natural antigo, assim como tradições e modos de vida ancestrais, que já vão desaparecendo em outros locais do país.
Vale a pena sair da cidade mais turística da província do Quiché, Chichicastenango, e mergulhar uns dias neste isolamento provinciano, mais próximo da alma Maia.
Situada na América Central e tendo por vizinhos o México, Honduras e Belize, a Guatemala tem a particularidade de cinquenta por cento da sua população ser de origem Maia, e muitos dos restantes ladinos, isto é, mestiços.
O número e as raízes profundas da sua cultura justificam que esta continue viva apesar das agressões contínuas; afinal, esta é a civilização que desenvolveu um calendário onde já se previam os eclipses do Sol e da Lua, conhecia o conceito de zero em matemática, e foi este o primeiro povo da região a criar uma escrita própria e a possuir livros.
O que é verdadeiramente espantoso é que um povo subjugado mantenha suficiente força espiritual para conservar tradições e carácter próprio. Nesta aldeia – como em algumas outras em volta – tanto se reza a Cristo ou à Virgem como à Pacha Mama, a mãe-terra; tanto se vai ao médico como ao xamane.
Bailes de Nebaj
Nebaj é de uma pobreza típica, com ruas que nasceram à sorte, o piso de terra percorrido por muitos pés descalços. Como é costume, a zona mais cuidada e de chão empedrado situa-se em volta da igreja, onde somos atraídos por música de flauta e tambores.
No adro tem lugar um baile de máscaras, com homens disfarçados que encenam a conquista da zona pelo espanhol Pedro de Alvarado.
Ficamos sem saber onde pôr os olhos, se no público ou nas danças: os bailarinos usam capas garridas e brilhantes, mas a assistência, sobretudo as mulheres, traz a roupa típica de todos os dias, em tons de vermelho e branco, cobertas de bordados e pompons, assistindo ao baile num silêncio sorridente.
Cenas cómicas, rodopios, e o rei Maia que vai cedendo, enquanto o seu “palhaço-ajudante” faz rir a audiência com saltos e gestos de bêbado.
O espectáculo desenrola-se durante todo o dia e parece uma transposição das festas ibéricas que celebram a luta entre mouros e cristãos. Só que aqui os conquistadores nunca chegaram a ganhar completamente o baile: a civilização que floresceu e se espalhou por toda a América Central enquanto a Europa se debatia na “idade das trevas”, e que sobreviveu seis vezes mais que o império romano, continua viva e prolonga-se, paralela a todas as convulsões políticas e globalizações. A aldeia do Nebaj é apenas um exemplo.
Guia de viagens a Nebaj
Este é um guia prático para viagens a Nebaj, na Guatemala, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região.
Quando ir
De Outubro a Maio faz frio nas montanhas – às vezes muito frio -, mas não chove; Junho e Julho são os meses mais chuvosos nesta região da Guatemala.
Como chegar a Nebaj
Voar para a Cidade da Guatemala com a Iberia fica por cerca de 1.200€. Depois continua-se de autocarro até Santa Cruz del Quiché, donde é suposto sair um autocarro para Nebaj, numa viagem de cerca de duas horas e meia; como nunca o vimos, acabámos por apanhar boleia de um camião. No regresso, havia um autocarro.
Hotéis e restaurantes
Na capital, pode ficar no Hotel Colonial na 7ª av., nº 14-19, onde um duplo custa cerca de 30€. Na aldeia de Nebaj, um duplo no Media Luna Medio Sol custa cerca de 10 a 12 €. Trata-se de um pequeno albergue muito recente, junto ao Restaurante El Descanso, que aceita reservas através do número 505 5749-7450.
Pesquisar hotéis na Cidade da Guatemala
Informações úteis
Na Guatemala, a maioria da população é Maia; na zona do Nebaj pertencem ao grupo dos Ixiles, que possuem uma língua e cultura específicas, mas o espanhol é a língua de comunicação, tal como no resto do país. A povoação tem sido alvo de projectos de desenvolvimento e intervenção de ONGs. Só nas cidades maiores é que há problemas de segurança e, ultimamente, recomenda-se que não se façam viagens nocturnas; os estrangeiros têm sido um alvo preferencial dos assaltantes. Fora dos lanços de estrada principais, os transportes são erráticos e a confirmar, terminando muitas vezes por volta das quatro da tarde, mas as boleias (pagas) são comuns.
A moeda é o Quetzal, e um Euro vale 9,6. O nível de vida é extremamente baixo, e os preços de transportes, comida e hotéis acompanham a tendência. As festas do Nebaj desenrolam-se durante a segunda semana de Agosto. À chegada ao aeroporto é paga uma autorização de estadia; para mais informações, consultar o Consulado da Guatemala, na Rua do Tronco, n. 375, 4465-275 S. Mamede de Infesta. Não há vacinas obrigatórias e os cuidados a ter com a saúde são os habituais nos países menos desenvolvidos: nada de alimentos crus, beber água engarrafada, algum cuidado na escolha dos locais onde se come.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Deixe um comentário