Comecei a fazer sketchs há exatamente 10 dias. Tudo é novidade – as canetas de tinta-da-china, as aguarelas, o estar parado duas horas a desenhar e colorir, sentado ou de pé. As primeiras experiências foram no Porto e Matosinhos, desenhos que mostrei no post Os primeiros sketchs do meu diário gráfico.
Poderia esperar para saber um pouco mais até começar a mostrar os desenhos, mas gosto desta partilha e, na verdade, funciona quase como um incentivo. No manifesto dos urban sketchers, aliás, um dos pontos diz precisamente isso: “partilhamos os nossos desenhos online”. São oito as máximas explicitamente escritas, sendo que a última me é especialmente querida: “Mostramos o mundo, um desenho de cada vez”. É exatamente isso que pretendo fazer, mesmo que através de sketchs imperfeitos – pelo menos enquanto esta vontade de desenhar se mantiver.
Sempre que mostro os desenhos a alguém, dizem-me que tenho algum “jeito” ou “talento”. Se sim, estava completamente adormecido e despertou apenas na minha última viagem ao Irão. Ainda assim, tenho perfeita noção de que estou a começar. Sinto grandes dificuldades sempre que tento desenhar com perspetiva, pelo que por agora me tenho defendido optando por uma perspetiva frontal (ou quase frontal) em relação às fachadas principais dos edifícios. Tenho também fugido de linhas mais curvas, de movimento e da representação de pessoas, pois sei que aí terei mais dificuldades. O seu a seu tempo.
Por agora, deixo-vos com três sketchs feitos no Porto nos últimos dias, uma cidade recheada de excelentes motivos para desenhar.
Castelo do Queijo
Desenho feito de pé. Não estou inteiramente satisfeito com a proporção do Castelo do Queijo e com a coloração: já me apercebi que prefiro um aguarelado mais vagabundo, menos certinho. Além disso, havia uma dezena de homens a jogar cartas no areal, junto às rochas, motivos que ignorei por não saber desenhar pessoas. Ainda assim, gosto do resultado. Como me esqueci das aguarelas, o sketch foi pintado à posteriori, em casa, olhando para uma fotografia que tirei no local depois de desenhar.
Igreja de Santo Ildefonso, Batalha
Andava a passear pelo Porto e passei na Batalha a caminho da Muralha Fernandina. Não tinha a menor intenção de ali parar mas a fachada da Igreja de Santo Ildefonso chamou por mim. Sentei-me a desenhar. Deu-me algum trabalho, mas julgo que o resultado compensou o empenho: gosto muito do resultado final – do traço, da proporção, das cores e até do estilo de aguarelado que consegui (pintado in loco).
Cais da Ribeira
Segui então para a Ribeira, com o objetivo específico de desenhar algo. Olhei, olhei, olhei e escolhi uma pequena parte do casario ribeirinho. Não está perfeito, talvez tenha tentado dar demasiado detalhe aos prédios, e as cores estão um pouco estranhas – talvez tivesse sido boa ideia colorir de forma mais criativa, fugindo à realidade diante dos meus olhos.
Em suma, a tarde estava solarenga mas o ambiente que o sketch transmite é bem mais soturno. De resto, como o desenho permite alguma liberdade criativa, não rabisquei os taipais das obras que tapavam boa parte do muro de pedra à minha frente. Entre os três, este deve ter sido o sketch que me demorou mais tempo a fazer (pintado in loco).
Se está a pensar visitar o Porto, leia os artigos Património Mundial: Centro histórico do Porto e Os 15 melhores hotéis do Porto (segundo o booking).
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Rais me parta se não vou começar a desenhar também! Estou como a tua filha, furiosa que tu ficaste muita bom nisto em 10 dias!! Também quero! Humpft!
Muito bem! Parabéns pela cor e pela linha. Desenhar resume-se em três coisas: concentração, capacidade de observação e capacidade de descrição. Como observas e descreves através da escrita, quando pegas numa caneta ou pincel é fácil. As pessoas quando começam a aprender a desenhar, na verdade estão a aprender a observar e a descrever – tu isto já tens muito trabalhado. Que o processo criativo continue! Temos artista!
Nunca tinha pensado no ato de desenhar dessa forma, mas acredito que ajude. :)
Grande abraço.
Não resisto Filipe: para além de excelente escritor e contador de histórias, também um grande desenhador. Estão lindos os desenhos. Transportam-me automaticamente para o “meu lindo porto”, que também me deixou cores na memória. Quando fizeres o 1º workshop sobre desenho de viagens, considera a minha inscrição automática ;).
Beijinhos
Y.