No rescaldo da minha última viagem ao Irão, tomei a decisão de tentar entrar no mundo do urban sketching, que tanto admiro. Entre outros, há muito que conheço o trabalho do Ricardo Cabral, de quem tenho o livro Israel Sketchbook; do Eduardo Salavisa, que acompanho no seu Diário Gráfico e de quem sou feliz proprietário dos Diários de Viagem em Cabo Verde; e, desde há dois anos, sou apaixonado pelo inacreditável talento do Luís Simões que anda a desenhar o mundo durante cinco anos.
Acontece que nunca me tinha dado para experimentar a arte do urban sketching até, como já aqui escrevi, ter privado em viagem com uma jovem de 78 anos que tinha começado nestas lides com 76 anos de idade. Sim, foi a querida Maria José que fez estalar em mim o click do desenho há apenas um par de semanas.
No sábado passado, fui então comprar o material básico indispensável: um caderno Moleskine próprio para aguarela, canetas de tinta-da-china de diferentes espessuras, uma pequena caixa de aguarelas com apenas 12 “pastilhas” (cores diferentes), e dois water brush para aguarelar os futuros sketchs. Sem demora – que a emoção era grande -, na tarde desse mesmo dia fiz o meu primeiro urban sketch, numa saída de campo acompanhado pela minha filha.
E para onde fomos? Baixa do Porto. Face à chuva que se abateu pelo Porto, acabámos por escolher a Leitaria da Baixa para desenhar. Estava a abarrotar de gente, facto que poderia dar um belo sketch com o ambiente do espaço mas, dadas as minhas limitações, optei por desenhar uma coisa simples para começar: a minha chávena de chocolate quente. Coisa simples, portanto, mas para primeiro sketch até que não ficou nada mal.
No dia seguinte (ontem), a chuva continuava a cair mas queria muito experimentar desenhar uma cena de rua. Linhas retas, estáticas, mais “fáceis” para mim. Desde que não fizesse em perspetiva nem desenhasse pessoas, estava na minha praia, pensei. E então saí de casa, caminhei em direção ao centro de Matosinhos, sentei-me no Café Lua e desenhei duas casas antigas à minha frente. O resultado deixou-me muito, muito satisfeito.
Hoje o dia amanheceu solarengo e convidativo para andar na rua. Fui até à praia de Matosinhos e decidi arriscar mais um pouco e experimentar um sketch com perspetiva, um desafio mais arrojado. Como seria de esperar, não saiu perfeito; tem com certeza erros de principiante mas ainda assim fiquei fascinado com o resultado final, que em nada me envergonha – especialmente para quem, como eu, vai apenas no terceiro sketch.
Não sei aonde isto me vai levar, nem tampouco se o entusiasmo será sol de pouca dura como aquelas paixões assolapadas que se desvanecem com o passar do tempo. Mas a verdade é que tenho andado um pouco cansado da fotografia e de andar com máquinas fotográficas em viagem. A câmara intimida, cria uma barreira com as pessoas, e o sketch, ao invés, une, cria laços e oferece uma oportunidade de ver e sentir os lugares da forma que mais gosto: devagar. É toda uma nova forma de viajar que se abre à minha frente.
Ainda estou muito “verde”, mas não queria deixar de vos mostrar estes primeiros desenhos. Bons ou maus, ficarão registados como os primeiros esboços de alguém habituado a viajar, escrever e fotografar, mas não a desenhar. Na verdade, nunca me tinha passado pela cabeça tornar-me num urban sketcher, mas estou a adorar desenhar. E estou fascinado com as aguarelas, que parece terem vida própria e um estilo meio vagabundo – bem a propósito da vida que tenho vivido.
Agora, é praticar, praticar, praticar. E vou começar a estar atento aos eventos e workshops dos Urban Sketchers Portugal Norte para aprender com quem já faz isto há muito tempo.
Nunca é tarde!
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