
Está a pensar o que fazer em Pristina, a capital do Kosovo? Eu, pessoalmente, não tinha grandes expectativas sobre Pristina. Mas cheguei de espírito aberto, disponível para o que a viagem me proporcionasse. E isso é quase sempre bom. E foi!
Pristina não é uma cidade recheada de atrações turísticas monumentais e museus imperdíveis. Não é Florença, Istambul ou Lisboa. É, no entanto, uma cidade incrivelmente vibrante, com um povo jovem e hospitaleiro e que adora a rua. O que mais me agradou em Pristina foi isso mesmo: o fervilhar das ruas e cafés, a juventude da população, a sede de viver.
Para aproveitar Pristina, é no entanto necessário estar disponível. Para as pessoas. Para conviver. Para estar. Simplesmente estar. Eis sete coisas que recomendo vivamente que faça numa viagem a Pristina.
O que fazer em Pristina
Passear na Mother Tereza Boulevard
Artéria pedonal mais importante do centro de Pristina, a Mother Tereza Boulevard é o local ideal para uma atividade fundamental para quem gosta de viajar sem pressas: observar. Percorri vezes sem conta a rua, seguramente uma das mais movimentadas pelas gentes de Pristina, embasbacado pelo fervilhar da rua (e pela beleza das mulheres, mas isso é outra história!). Sentar-se numa esplanada ou num dos bancos de pedra existentes ao longo da rua é um prazer que recomendo a todos.
Conhecer o monumento Newborn
O monumento Newborn é uma escultura tipográfica inaugurada a 17 de fevereiro de 2008, dia em que o Kosovo se autoproclamou um estado independente da Sérvia. Originalmente pintado em tons de amarelo, o monumento é redecorado anualmente.
Em outubro de 2016, altura em que visitei Pristina, o aspeto era o que se pode ver na foto. Junto aos arames farpados que simbolizam o amordaçamento do país (pelo que me foi dado a perceber, a falta de vistos para poderem viajar ou sair do país é dos problemas que mais revoltam as pessoas do Kosovo), encontrei frases simples mas poderosas, pintadas no Newborn atual: “Porque ele pode… e eu não?!”
Atualmente, é uma espécie de atração turística, mais relevante pelo significado histórico, patriótico e emocional do que pela beleza do monumento. Mas pergunte a alguém no Kosovo o que deve ver em Pristina e estou certo que o Newborn aparecerá na lista.
Visitar o Museu Etnográfico do Kosovo
Mesmo que não seja grande apreciador de museus, recomendo vivamente uma passagem pelo Museu Etnográfico do Kosovo. Está instalado numa propriedade ajardinada composta por duas casas distintas. Uma do século XVIII, morada original de uma família abastada da época; outra do século XIX, construída quando o crescimento da família clamou por mais espaço.
O museu permite ter uma visão sobre tradições e costumes da vida quotidiana do Kosovo, incluindo as roupas, o mobiliário, os instrumentos musicais e até sobre o casamento e a forma de encarar a morte.
Apreciar o edifício da Biblioteca Nacional do Kosovo
Goste-se ou não do delírio criativo do arquiteto croata Andrija Mutnjaković, de uma coisa estou certo: o edifício da Biblioteca Nacional do Kosovo é deveras original. E não deixa ninguém indiferente e sem opinião.
Como o meu foco estava no edifício propriamente dito, não cheguei a entrar. Mas vê-lo pelo exterior foi suficiente para perceber toda a controvérsia gerada à volta da criação de Mutnjaković. O edifício nada tem de convencional, as formas são arrojadas, tem quase uma centena de cúpulas e está totalmente revestido por uma rede de pesca feita de metal. Pela minha parte, gostei.
Visitar o Mosteiro de Gracanica
Fica fora da cidade, é certo, mas não serão os oito quilómetros de distância que o deverão impedir de conhecer um dos mais extraordinários mosteiros ortodoxos dos Balcãs. É um dos quatro “monumentos medievais” classificados pela UNESCO no Kosovo por refletirem “os pontos altos da cultura eclesiástica bizantina-Romanesca”.
À chegada ao Mosteiro Gracanica, é provável que se encontre com Trojan, um homem extraordinariamente conhecedor de tudo relacionado com o mosteiro. Apesar de afirmar que “não é guia profissional”, é um poço de sabedoria sobre Gracanica.
Lá dentro, os frescos são absolutamente estonteantes, estando representadas mais de 4.000 faces distintas nas paredes, colunas e tetos do mosteiro. Só tive pena de não ter tido permissão para fotografar e assim poder partilhar convosco tamanha beleza!
Fazer uma refeição no Liburnia
Sublime, é a palavra que me ocorre para classificar o restaurante Liburnia. É bastante mais caro que os restaurantes menos afamados da cidade, mas ainda assim uma pechincha se comparado com os preços de Portugal ou Brasil para restaurantes de qualidade similar (pense em pratos a 6€). Vá! O estômago agradece.
Deixar o tempo correr nos cafés de Pristina
Por último, mas não menos importante, saiba que os cafés são uma instituição em Pristina. É imperioso desfrutar desse prazer. Parar. Conversar. Simplesmente estar (quem acompanha o blog sabe que eu acredito que viajar devagar tem inúmeras vantagens). Entre todos os cafés que conheci, recomendo sem hesitações o Soma Book Store e o Dit-e-nat, localizados quase frente a frente no centro da cidade. Ficam a dois passos da Boulevard Mother Teresa. Não se vai arrepender.
Conheça os melhores cafés de Pristina.
Mapa com o que fazer em Pristina
É certo que há muito mais para ver ou fazer em Pristina, mas para uma estadia de dois dias, com tempo para aproveitar a companhia do hospitaleiro povo do Kosovo, estes lugares são um bom ponto de partida. E, se me permite um conselho, vá o quanto antes. O Kosovo não vai ficar eternamente um diamante por lapidar.
Veja um roteiro de uma semana no Kosovo.
Dicas para visitar Pristina
Como ir do aeroporto até ao centro de Pristina
Tinha lido algures que havia autocarros a cada duas horas para fazer os 18 kms que separam o aeroporto internacional de Pristina e o centro da capital do Kosovo. À chegada, indaguei junto do ponto de informações do aeroporto e a resposta foi clara: “só há táxis”.
Sem alternativa, restou-me apanhar um táxi no exterior do terminal das chegadas. O preço está tabelado, bem visível num placard colocado à saída do aeroporto: 15€.
Transporte para o mosteiro Gracanica
Esqueça os táxis e vá de transporte público. Basta apanhar um autocarro da estação de Pristina com destino a Gjilan (0,50€). Há uma paragem em frente ao mosteiro, logo após o centro de Gjilan.
Onde ficar em Pristina
Eu fiquei no Pristhina Center Hostel, mas a qualidade é mediana (e estou a ser simpático!). Vale pela localização, colchões de qualidade e simpatia do pessoal, mas há hotéis muito mais recomendáveis na capital do Kosovo. Seja como for, conheça os melhores hotéis de Pristina e decida de acordo com o gosto e orçamento.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Estive no Kosovo à cerca de 3/4 anos. Uma das coisas que mais me chamou a atenção, um pouco por todo o país, foi a forte pressão albanesa. A bandeira estava içada na grande maioria das habitações. Nos arredores das cidades havia muitas casas em construção, talvez paradas por falta de recursos financeiros. Alguns monumentos estavam ainda protegidos pela polícia internacional. Nesses, o controlo era apertado, mas a visita possível e memorável: monumentos em geral pequenos, mas repletos de frescos que deixava qualquer um de boca aberta. Havia livros de visita nesses monumentos com agradecimentos de exércitos de todo o mundo. Achei curioso, pois a maioria dos registos era ainda recente. Lembro-me de encontrar um de batalhão de Portugal em Gracanica.
Como é que as coisas estão agora? Ainda é assim?
Há algum tempo que tenho vontade de explorar os Balcãs. Tenho andado a adiar (porque aparece sempre alguma coisa que me atrai ainda mais) mas esta tua viagem tem despertado em mim novamente esta paixão antiga. Vamos ver quanto tempo me aguento! ;)
Olá Carla, és tu com os Balcãs e eu com África oriental… :)
Já tinha andado pelo Montenegro, Bósnia-Herzegovina e Croácia, mas por algum motivo nunca tinha vindo ao Kosovo. Valeu a pena ter ido. Sobre Pristina, adorei; foi uma cidade que, mesmo sem grandes “atrações”, me conquistou.
Beijo grande e boas viagens.
Uau, que viagem incrível! Não conhecia nada sobre a Pristina, fiquei super empolgado em viajar com vocês e agora tenho mais este destino em minha #BucketList. Muito obrigado!
Tenho seguido em “directo” a tua viagem pois tenho pensado na nossa próxima viagem ser Albânia, Kosovo e por aí… e agora decidimos mesmo ir aí o mais breve possível, até porque adiar… pode não ser boa ideia; já tenho ouvido relatos de que na Bósnia está a aumentar um pouquinho a tensão de novo o que só justifica uma ida breve! Abraços e boas viagens.
Obrigado Francisco, a mim também me dá prazer de viajar pelo olhar de outros bloggers. :)
Grande abraço e boas viagens.
Que ótimo post! Amei tudo! Fotos lindas, e ótimas dicas. Quero muito preparar um roteiro pra conhecer essa região interessantíssima!
Essa cidade é bem minha cara. Andar por aí, cafés, biblioteca…. Muito boa dica, vou anotar na minha lista de lugares para conhecer!
Perfeito este Post, parabéns! Nunca imaginei em conhecer Kosovo, já estive na Croácia e me apaixonei. Esta cidade me parece encantadora, com estes cafés e aquele restaurante super gracinha, amei!
Espero poder conhecer em breve! Assim aproveito e vejo mais um pedacinho da Croácia.
Adorei o post! Não conhecia nada de Kosovo e você me motivou a colocar na lista!
Realmente Kosovo não é aquele país que nos ocorre visitar assim à primeira. Mas até parece ter bastantes coisas para visitar. Gostei bastante do restaurante e do café!
Que prédio mais lindo esse da Biblioteca, muito bonito mesmo. Nós não fomos ainda para Kosovo, apesar de termos passeado bem perto. Muito boas dicas, já está favoritado para uma próxima viagem.
Só tenho uma coisa para dizer para esse post: UAU! Nunca pensei em visitar o Kosovo, sinceramente. Mas confesso que depois de ler o blog ele já entrou para a lista. As letras escritas “new born” e o questionamento das pessoas que vivem por lá me fez sentir um pouquinho a realidade deles. E o que é viagem se não se abrir para novas realidades? Post inspirador!
Estive em Pristina durante três meses, este ano (e antes disso já lá tinha ido duas vezes). É uma cidade que adoro simplesmente porque sinto que tudo o que lá alguém faça pode ser marcante na cidade. Está tudo a começar. E culturalmente, e mesmo em termos de eventos é uma cidade cheia de coisas: há feiras quase todas as semanas, há um festival de cinema, há semanas musicais, feiras do vinho.
E bares fantásticos. Dos que costumava frequentar, dit e nat e tingell tangell (que nos últimos tempos estava fechado, espero que temporariamente) eram os prioritários. e o tenetene, mesmo encostado ao hostel onde fazíamos voluntariado. Enfim é a cidade que conheço com mais vida. E adoraria voltar, talvez para trabalhar exactamente no ramo turístico. E nem foi a Peja! O desfiladeiro de Rugova é das coisas mais bonitas que já vi na vida.
Cumprimentos.
Estive há dias na Macedónia e Kosovo, utilizando muitas das sugestões do blog.
Identifiquei-me a 100% com todas elas, partilhando todas as opiniões positivas (ex.: Pristina, Lago Ohrid, restaurante Liburnia) e negativas (ex: Skopje).
Parabéns pelo excelente trabalho e obrigado pela ajuda no momento de planear uma viagem!
Abraço