A cidade de Ovar gosta de ser apelidada de Museu Vivo do Azulejo, fruto da quantidade e diversidade de fachadas azulejadas com origem nos séculos XIX e XX, ainda hoje existentes. São, no total, cerca de 800 as fachadas identificadas; mais de metade das quais no centro de Ovar.
É muito fácil, aliás, encontrar grande variedade de azulejos ao caminhar pela cidade, muitos deles em bom estado de conservação, que conferem identidade ao perímetro urbano de Ovar. Como viajante, interesso-me por estes aspetos identitários dos locais que visito – e é aqui que entra a chamada Rua do Azulejo.
A Rua do Azulejo, Ovar
Nas palavras oficiais, a Rua do Azulejo é um projeto que, “através da criação de tapetes azulejares, reinterpreta o azulejo tradicional de forma lúdica e contemporânea, criando um percurso pelas principais fachadas azulejares do centro” de Ovar.
Manda a verdade dizer que a Rua do Azulejo não é, stricto sensu, uma rua. É um conceito, uma marca turística que se traduz numa pequena rota pedestre no centro de Ovar que permite apreciar alguns dos mais belos painéis de azulejos da cidade.
E como chegaram esse azulejos às paredes das casas de Ovar? “Embora não esteja comprovado, alguns historiadores defendem que o fenómeno de revestir as fachadas com azulejos terá sido espoletado pela emigração, e retorno, dos portugueses do Brasil” (veja, a esse propósito, a Rota dos Brasileiros de Torna-Viagem, em Paredes).
“O aparato dado aos edifícios era uma das melhores formas de demonstrar o poder aquisitivo e posição social, a par de outras vantagens associadas à utilização dos azulejos como material de revestimento exterior”, incluindo “a resistência e durabilidade; a reflexão da luz; e a sua fácil limpeza e manutenção”.
Era tudo isso que eu queria conhecer durante a minha visita a Ovar.
Para tal, visitei o centro histórico de Ovar acompanhado por profissionais do turismo local, prestáveis e conhecedores. E, com a sua ajuda, comecei a olhar para os azulejos de Ovar com outros olhos.
Apreciei os azulejos com “temas vegetalistas e florais” da Casa do Povo; a fachada com ornamentos em cerâmica na Casa de São Lourenço; motivos de inspiração Arte Nova; os chamados azulejos pombalinos, pintados à mão e estampilhados; azulejos relevados; e um sem-fim de cores vibrantes, desenhos e padrões que tornam Ovar numa verdadeira Cidade Museu Vivo do Azulejo. Wow!
A caminhada não foi muito demorada – a extensão da Rua do Azulejo é relativamente curta -, mas valeu bem a pena.
Antes de me dedicar a outros passeios na região, como fazer os passadiços de Esmoriz, tive ainda tempo para experimentar com as minhas mãos a técnica de estampilhagem, imprimindo uma a uma as cores de uma figura vareira num pequeno azulejo branco. E isso fez-me lembrar, de certa madeira, o tempo em que eu revelava, de forma manual e meticulosa, as minhas fotografias num laboratório improvisado que tinha em casa.
Nota: são três as principais técnicas de impressão utilizadas nos painéis de azulejos decorativos em Ovar: estampagem, estampilhagem e o azulejo relevado.
Tudo somado, julgo que vale bem a pena dedicar algum tempo a conhecer este importante património decorativo tão característico de Ovar. E nada melhor do que explorar com calma e tempo a chamada Rua do Azulejo. De preferência acompanhado por quem percebe do assunto.
Se gosta de azulejos, não deixe também de visitar a Igreja de Válega.
Mapa da Rua do Azulejo
Guia prático
Como organizar a visita pelos azulejos de Ovar
Antes de iniciar a curta caminhada pela Rua do Azulejo, passe no posto de informação turística, localizado perto da Câmara Municipal, para recolher um muito útil folheto em papel sobre os azulejos de Ovar. Foi desse folheto (pode também consultá-lo em pdf) que retirei boa parte das informações que constam neste artigo.
De resto, saiba que pode ter explicações durante o passeio. O turismo local (turismo@cm-ovar.pt) organiza visitas guiadas à Rua do Azulejo, com possibilidade de tomar contacto direto com a decoração dos azulejos e aprender sobre as três técnicas de impressão (estampagem, estampilhagem e o azulejo relevado).
Dica: se tiver um interesse mais profundo pelo mundo dos azulejos, entre em contacto com o ACRA – Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo de Ovar.
Onde comer
Das divinas tapas contemporâneas do Toca (Ovar) às lulas grelhadas de O Tasco (Furadouro), passando pelos percebes e pelo peixe fresco do Luciano (Esmoriz) ou pela cozinha aconchegante da Gabi A Minha Casa (Ovar), há muito por onde aconchegar o estômago no município de Ovar. Pode experimentar à confiança.
Outro restaurante de Ovar bem referenciado (mas mais caro) é o Oxalá. Não fiz lá qualquer refeição, mas fica a referência para quem quiser experimentar.
De resto, não deixe de experimentar as roscas de canela, amassadas à mão, preparadas no Museu Etnográfico da Casa do Povo de Válega.
Onde ficar em Ovar
O Furadouro Boutique Hotel Beach & SPA é, muito provavelmente, o hotel mais popular de Ovar. Fica na praia do Furadouro, a dois passos do areal. Na mesma região, mas para um público mais descontraído, os estúdios do Furadouro Surf Camp, as instalações do Furadouro Terrace Hostel e a hospitalidade do Nine Senses são unanimemente elogiados. Ainda no Furadouro, embora mais afastado da praia, o Transats & Spa du Furadouro oferece instalações de grande qualidade, sendo uma sólida opção a considerar.
Caso prefira ficar no coração da cidade de Ovar, o AquaHotel, de três estrelas, é o hotel urbano mais consensual. Por fim, para uma alternativa diferente, no meio da natureza e com foco no bird watching, atente na casa Be & See in Nature. Fica na Ria de Aveiro.
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