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O que fazer em Ovar (um regresso às ruas da minha adolescência)

Por Filipe Morato Gomes
O que fazer em Ovar: visitar Cais da Ribeira
Vista do Cais da Ribeira, Ovar

Não falta o que visitar em Ovar, mas queria começar este texto dizendo que Ovar faz parte de mim. Tenho família na cidade, passei incontáveis verões em casa de primos e avós enquanto criança e adolescente.

Pedalei de bicicleta pelos trilhos da Ria de Aveiro. Calcorreei todos os pinhais da região. Mergulhei nas águas da deserta praia do Torrão do Lameiro. Empanturrei-me com deliciosas roscas de canela, frescas ou torradas. Comi caldeirada de peixe na então tasca Pinovai, pisando a areia do chão a poucos metros da praia do Furadouro. Chapinhei nas águas quentes do Areinho. Brinquei ao Carnaval de quando em vez. E até saí esporadicamente à noite na discoteca Pildrinha.

Mas, aos poucos, fui-me afastando da cidade. E o tempo passou…

Na verdade, raramente encarei Ovar como um destino turístico. É, para mim, local de família, espaço de memórias e emoções. Até porque, localizada entre as cidades de Aveiro e Porto, Ovar passa muitas vezes despercebida ao olhar do viajante. Decidi, pois, colocar um ponto final em tamanha injustiça, e fiz-me ao caminho para redescobrir as belezas do território vareiro.

Assim, planeei um roteiro em Ovar, com passagem por Esmoriz e Cortegaça, pensando o que fazer em Ovar na ótica do viajante – e não de quem tem ligações afetivas à cidade. Incluí museus e igrejas, passeios de bicicleta e stand up paddle, tanoarias e azulejos… e boa comida. É de tudo isso que este artigo trata: o melhor de Ovar, segundo os meus olhos, resumido em 17 locais a visitar e atividades que pode – e deve! – experimentar.

Eis, pois, muitas sugestões sobre o que fazer em Ovar, num roteiro pensado para três dias de estadia. Vamos a isso!

Ovar: o que ver, fazer e provar em 3 dias de viagem

Igreja de Válega

Ovar o que visitar: Igreja Paroquial de Válega
Nave da Igreja Paroquial de Válega

Acredito que a excêntrica Igreja de Válega não agrade a todos os católicos, habituados a espaços mais cinzentos e austeros. Para mim, no entanto, não crente mas apreciador da criatividade humana, achei-a uma igreja fascinante.

Trata-se de um templo de uma só nave, com a frontaria voltada a poente e onde se inclui um nicho dedicado a Nossa Senhora do Amparo, padroeira de Válega. É precisamente pela frontaria que começa o deslumbramento, com o olhar embasbacado pelos vibrantes painéis de azulejos figurativos oriundos da Fábrica Aleluia, de Aveiro.

Igreja de Válega, Ovar
Fachada principal da Igreja de Válega

No interior, com as paredes também revestidas com painéis de azulejos, vitrais com representações da vida de Maria, e uma capela-mor com vitrais representando cenas da liturgia católica, protagonizadas por quatro sacerdotes de Válega, a surpresa ganha ainda maior dimensão.

É, a todos os títulos, uma igreja surpreendente (e fundamental em qualquer roteiro em Ovar).

Nota: a paróquia local está a fazer um esforço para manter a porta da Igreja de Válega aberta de manhã e de tarde. Seja como for, é mais seguro tentar visitá-la de tarde – altura do dia em que as cores quentes do entardecer reforçam a beleza dos painéis de azulejos da frontaria.

Museu Escolar Oliveira Lopes

O que visitar em Ovar: Museu Escolar Oliveira Lopes
Visitar o Museu Escolar Oliveira Lopes é uma experiência emocional de regresso ao passado

As Escolas Primárias Oliveira Lopes foram uma das maiores referências educativas do concelho de Ovar, numa época em que a taxa de analfabetismo atingia cerca de 75% da população.

No caso de Válega, corria o ano de 1908 quando os irmãos Oliveira Lopes solicitaram autorização à Junta de Freguesia para edificarem uma escola, que seria posteriormente doada ao Estado. E assim, a 2 de outubro de 1910, dias antes da Implantação da República Portuguesa, era inaugurada a escola agora transformada em museu. Havia uma ala destinada à escola masculina; outra para a escola feminina; e uma terceira destinada à habitação dos dois professores.

Hoje em dia, o Museu Escolar Oliveira Lopes tem como missão auto-proposta “a salvaguarda e divulgação do legado das Escolas Primárias Oliveira Lopes e dos seus beneméritos, bem como a investigação e o estudo da evolução histórica do sistema educativo em Portugal”.

Na escola feita museu, encontram-se carteiras escolares, escrivaninhas, armários e expositores; um quadro de lousa rotativo; ábacos e caixas métricas; e fantásticos posters educativos colocados nas paredes da sala (vistos com o olhar de hoje, é difícil acreditar na complexidade dos currículos educativos de então!). Trata-se, pois, de uma viagem no tempo – uma visita emocional aos tempos da escola primária de antigamente. Acredito que os mais velhos se emocionarão ao percorrer o museu!

Museu Etnográfico de Válega

Interior do Museu Etnográfico de Válega

Completando o triângulo de espaços cuja visita recomendo em Válega, o Museu Etnográfico (instalado na Casa do Povo) foi uma das melhores surpresas que tive durante a minha visita a Ovar.

Duvido que “etnográfico” seja a denominação mais acertada, mas isso pouco importa. O museu em si é um espaço que inclui uma cozinha com lareira e potes de ferro, mesas antigas de madeira e armários recheados de peças de cozinha de cerâmica e memórias das artes latoeiras. A alma do Museu Etnográfico, no entanto, é outra. Ou melhor, outras. Chamam-se Graça Alves e Teresa Amaral, e são elas que tornam o espaço verdadeiramente acolhedor.

Um local feito com amor. E isso tanto emana das palavras das suas responsáveis como se nota em todos os detalhes.

Para incluir na lista com o que fazer em Ovar! Ou melhor, e não menos importante, o que provar em Ovar (veja abaixo).

Mercado Municipal de Ovar

O que visitar em Ovar: Mercado Municipal
Banca de fruta no Mercado de Ovar

Inaugurado em 1955 e da autoria do arquiteto Januário Godinho, o Mercado de Ovar constitui uma das referências da arquitetura pública da cidade.

Num estudo intitulado Arquitetura religiosa de Januário Godinho em Ovar e Válega, de Sofia Nunes Vechina, o Mercado de Ovar é referido como sendo “inovador pela proposta de um espaço aberto onde se distribuem com aparente liberdade diversos pavilhões”, ao mesmo tempo que se enaltece o “respeito pela tradição”, aproximando o espaço ao “conceito de feira”.

Foi exatamente essa dicotomia feira – mercado que me ocorreu enquanto visitava o Mercado Municipal de Ovar. Ao deambular pelas bancas de fruta, legumes e peixe fresco parecia estar de facto num mercado; ao passo que a zona exterior em tudo me lembrava uma feira.

Rótulos à parte, e sendo eu amante de mercados como espaços de compreensão de culturas e tradições, não poderia deixar de passar por lá. E recomendar!

Dica: para melhor sentir o pulsar do Mercado de Ovar, visite-o num sábado de manhã.

Casa-Museu Júlio Dinis

Casa-Museu Júlio Dinis
Sala da casa de D. Rosa Zagalo Gomes Coelho, tia de Júlio Dinis

Pequena mas bem cuidada, a Casa-Museu Júlio Dinis serve para perceber como uma curtíssima passagem de Joaquim Guilherme Gomes Coelho por Ovar teve tamanha influência na sua (curta) obra literária. Foram apenas quatro meses, passados na casa da sua tia paterna, mas que viriam a ser decisivos na recolha de matéria-prima valiosa para os seus escritos.

Foi em Ovar que o escritor Júlio Dinis (pseudónimo usado por Joaquim), oriundo de uma família burguesa, tomou contacto com uma sociedade rural que procurou conhecer, através da observação minuciosa e da escuta de conversas. Consta, por exemplo, que Júlio Dinis passava muito tempo na sala de casa, sentado na escrivaninha, com as portadas entreabertas mas sem que se visse de fora para dentro, a observar e ouvir – e anotar – as conversas da rua. E retirou também muita informação preciosa das conversas tidas com a sua tia.

Todo esse material foi usado para descrever a sociedade rural da época, com grande detalhe e mestria, em dois dos seus mais prestigiados livros: As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais.

A visitar!

Na Casa-Museu Júlio Dinis decorrem, também, exposições que, de alguma forma, possam ter alguma ligação com o objetivo do museu. Quando o visitei, estava em exibição uma bela exposição de fotografia com obras de Carlos Relvas, um dos mestres do retrato fotográfico.

Rua do Azulejo

Azulejos de Ovar
Painel de azulejos na fachada de uma casa vareira

A cidade de Ovar gosta de ser apelidada de Museu Vivo do Azulejo, fruto da quantidade e diversidade de fachadas azulejadas com origem nos séculos XIX e XX, ainda hoje existentes. É muito fácil, aliás, encontrar grande variedade de azulejos, muitos deles em bom estado de conservação, que conferem identidade ao perímetro urbano de Ovar. Como viajante, interesso-me por estes aspetos identitários dos locais que visito – e é aqui que entra a chamada Rua do Azulejo.

Nas palavras oficiais, a Rua do Azulejo é um projeto que, “através da criação de tapetes azulejares, reinterpreta o azulejo tradicional de forma lúdica e contemporânea, criando um percurso pelas principais fachadas azulejares do centro” de Ovar.

Na verdade, a Rua do Azulejo não é, de facto, uma rua. É um conceito, uma marca turística que se traduz numa pequena rota pedestre no centro de Ovar que permite apreciar alguns dos mais belos painéis de azulejos da cidade.

Saiba mais sobre os azulejos de Ovar

Antes de iniciar a curta caminhada pela Rua do Azulejo, passe no posto de informação turística, localizado perto da Câmara Municipal (ver mapa, abaixo) para recolher um muito útil folheto sobre os azulejos de Ovar.

Caso prefira, o turismo local organiza passeios guiados, com possibilidade de tomar contacto direto com a decoração dos azulejos e aprender sobre as três técnicas de impressão: estampagem, estampilhagem e o azulejo relevado.

Dica: caso tenha interesse mais profundo pelo mundo dos azulejos, entre em contacto com o ACRA – Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo de Ovar.

Capela do Passo de Verónica (e os outros seis “passos”)

Capela do Passo de Verónica, no Largo do Município
Pormenor da Capela do Passo de Verónica, localizada na Praça da República, Ovar

Crê-se que a Irmandade dos Passos de Nosso Senhor Jesus Cristo tenha sido oficialmente fundada por volta de 1572. Não dispondo de capela própria, a Irmandade tinha sede na Igreja Matriz de Ovar. Reza também a história que, “por ocasião das grandes solenidades”, se erguiam pequenos templos com imagens de roca representando a Paixão de Cristo ao longo da Rua da Amargura. E que só no século XVIII, surgiu o primeiro Passo de pedra e cal, representando a Última Ceia, a Oração de Cristo no Horto e o Pretório.

Para mim, mesmo não sendo especial amante de arte sacra e tendo apenas conhecido duas das sete capelas – a da Igreja Matriz e a Capela do Passo de Verónica -, creio serem estas capelas um dos tesouros mais fascinantes que descobri em Ovar.

É uma pena não estarem todas disponíveis para visita, nem que fossem visitas guiadas coordenadas pelo Turismo local. Fica a sugestão para as autoridades competentes.

Igreja Matriz de Ovar

O que ver em Ovar: Igreja Matriz
Nave central da Igreja Matriz de Ovar

Localizada em frente ao Mercado Municipal, a Igreja Paroquial São Cristóvão de Ovar, também conhecida como Igreja Matriz de Ovar, é o templo cristão mais importante da cidade. O edifício é formado por nave e capela-mor com duas torres sineiras nas laterais e, como seria de esperar, totalmente revestido a azulejos.

No interior, encontra-se a Capela dos Passos, datada do último quartel do século XVIII e totalmente revestida a talha dourada. É uma das tais sete Capelas dos Passos existentes na malha urbana de Ovar.

Stand Up Paddle na Ria de Aveiro

O que fazer em Ovar: Stand Up Paddle na Ria de Aveiro
Stand Up Paddle nos canais da Ria de Aveiro, em Ovar ©RedAnimal

Fazer Stand Up Paddle (SUP) nas águas calmas da Ria de Aveiro é, muito provavelmente, a melhor e mais surpreendente sugestão deste artigo. Para mim, foi o epílogo de um dia dedicado à Ria de Aveiro – entre passeios de bicicleta e visitas aos cais da ria -, e um dos melhores momentos que passei em Ovar.

Na verdade, tive sorte. O céu estava praticamente limpo, a temperatura amena, o pôr do sol belíssimo e… era noite de lua cheia. Tudo somado, foi uma experiência inacreditavelmente bela (e dura para os braços – mas isso é outra história), que recomendo sem reservas.

Foi lindo, lindo!

Para saber o calendário de atividades (os horários dependem sempre das marés), consulte a página do Facebook da RedAnimal Surf Shop.

Furadouro

Praia do Furadouro Sul, Ovar
Praia do Furadouro (Sul)

Já foi tempo em que a praia do Furadouro tinha um areal imenso. Os meus avós alugavam uma barraca de praia durante toda a época balnear e, em miúdo, apesar de estar longe de ser a minha praia de Ovar preferida, passei algum tempo no Furadouro.

Ora, mesmo não fazendo praia, o Furadouro é um lugar que vale a pena conhecer. Tem o ambiente típico dos locais de veraneio, mas ainda preserva uma comunidade muito ligada ao mar que o torna mais apelativo. Só não tem o Pinovai antigo, onde almocei muitas e muitas vezes – mas a vida é feita de mudanças.

Praia do Torrão do Lameiro

Praia do Torrão do Lameiro, Ovar
Vista da Praia do Torrão do Lameiro, com o tradicional barco de pesca em pano de fundo (no areal)

Ao contrário da concorrida praia do Furadouro, que nunca foi a minha onda, sempre admirei a mais selvagem praia do Torrão do Lameiro. Foi uma das praias da minha adolescência e, tantos anos volvidos, não está assim tão diferente. E isso é um elogio!

Trata-se de uma praia natural envolta num pinhal, com mar agitado e um extenso areal de areias finas – tão extenso que a falta de espaço nunca é um problema; e onde, ainda hoje, a Arte Xávega marca presença.

Atual merecedora de uma Bandeira Azul, recomendo vivamente fazer praia no Torrão do Lameiro; desde que o faça com especial cuidado para não causar impacto negativo no ecossistema dunar. E com muita atenção às correntes!

Há outras praias no município que, tendo tempo, pode aproveitar para conhecer. Entre elas, e para além da referida praia do Furadouro, sugiro as praias vizinhas de São Pedro de Maceda e dos Jerinhos, perto de Cortegaça.

Partir à descoberta dos cais da ria

Cais da Ribeira, Ovar
Vista do Cais da Ribeira na preia-mar

Uma das particularidades da Ria de Aveiro são os múltiplos cais existentes nas margens dos seus braços, em tempos extremamente importantes na economia da região. O Cais do Carregal, o Cais da Pedra, o Cais da Tijosa, o Cais do Puchadouro e o Cais da Ribeira são alguns desses atracadouros.

O Cais da Ribeira, por exemplo, constituiu uma plataforma logística de grande relevo na ligação entre o norte do distrito e a cidade de Aveiro, nomeadamente ligada a atividades como a pesca, a apanha do moliço, a produção de sal ou a carpintaria naval.

Hoje em dia, e apesar de terem naturalmente perdido essa relevância económica, os cais da Ria de Aveiro são um testemunho desses tempos que vale a pena manter vivos. Ainda hoje, há no Cais da Ribeira memórias vivas dos tempos em que o sal extraído nas salinas de Aveiro era transportado para Ovar através da ria.

Pela minha parte, usei a bicicleta para explorar toda a zona envolvente da ria, incluindo os seus cais – e julgo ser essa a forma mais agradável de o fazer.

Para alugar bicicletas, experimente os serviços da BeCycle, uma loja de gente boa localizada no Furadouro; e onde pode, também, provar iguarias vegetarianas, sumos naturais ou tijelas de açaí. Em alternativa, consta que a Câmara Municipal de Ovar vai em breve instalar um posto de aluguer de bicicletas junto ao Cais da Ribeira.

Fazer os Passadiços de Esmoriz

Passadiços de Esmoriz, Ovar
Passadiços de Esmoriz

A Barrinha de Esmoriz, também conhecida como Lagoa de Paramos, é um exemplo de que, quando o homem quer, é possível inverter o curso negro da história da poluição. Outrora uma “área crítica de recuperação ambiental”, menos de 20 anos volvidos a Barrinha está requalificada e foi devolvida à população.

“A Barrinha de Esmoriz / Lagoa de Paramos é a zona húmida mais importante no litoral norte de Portugal, ocupando 396 hectares dos concelhos de Espinho e Ovar. Consiste numa lagoa costeira que comunica periodicamente com o mar através de um canal no cordão dunar. As suas águas são salobras, mais salgadas junto da foz e mais salobras próximo do Rio de Lamas e do Rio Lambo, que aqui desaguam. As lagoas costeiras sofrem processos naturais de colmatação, devido à deposição de sedimentos, oriundos do mar e das linhas de água afluentes” – li num dos vários placards informativos presentes no local.

E é para melhor poder usufruir desse recuperado espaço natural que ali foram construídos os chamados Passadiços de Esmoriz – que permitem aceder a território hoje em dia habitado por múltiplas espécies de peixes, mamíferos e aves. Como aquela magnífica garça-real que avistei alimentando-se na lagoa…

Para facilitar o acesso, os Passadiços de Esmoriz têm várias portas de entrada. Eu comecei junto ao campo de jogos de Esmoriz e, apesar de regra geral preferir fazer este tipo de percursos a pé, desta feita escolhi a bicicleta. No total, são 8km de um percurso circular que não percorri na totalidade por ter saído junto à praia de Esmoriz. É um passeio belíssimo!

No final, terminando na praia de Esmoriz, nada melhor do que relaxar no agradável bar de praia Öshua Beach Lounge. É um espaço bonito, mas um pouco pretensioso para o meu gosto (pense num baloiço a pedir fotos para o Instagram, com as palavras Moët & Chandon estrategicamente colocadas no acesso ao dito).

Isto, claro, antes de ir petiscar para o mais terra-a-terra mas ainda mais apetecível restaurante Luciano, onde recuperará sem esforço as energias despendidas a fazer os Passadiços de Esmoriz.

Caso venha de Ovar, a sugestão da BeCycle é igualmente válida para ir até Esmoriz pela Ecopista do Atlântico (10km). Foi o que eu fiz.

Conhecer a Tanoaria Josafer (Esmoriz)

Tanoaria Josafer, Esmoriz
Trabalhador na Tanoaria Josafer, Esmoriz

A Tanoaria Josafer é um negócio familiar. Foi criada pelo avô de Sandra, que me apresentou o espaço ao longo de uma interessantíssima visita guiada, durante a qual fiquei a conhecer todo o processo de fabrico artesanal dos barris.

Não foi, na verdade, a primeira tanoaria que visitei, mas ficou-me na memória a paixão com que Sandra falou do negócio. Isso e o facto de, originalmente, os barris serem construídos para servirem como salgadeiras (salgar o peixe); e só mais tarde para o negócio do vinho do Porto.

De resto, para os amantes das artes da imagem, as tanoarias são quase sempre espaços muito fotogénicos e cinematográficos. Se for esse o seu caso, experimente visitar a Tanoaria Josafer ao fim da manhã de um dia soalheiro, altura em que os raios de sol penetram e dão “vida” ao pó das madeiras. Se tem tempo disponível e não sabe o que visitar em Ovar, anote esta dica.

Para organizar a visita à Tanoaria Josafer, consulte o site oficial. Caso pretenda comprar barris, visite a Loja dos Barris.

Relaxar no Parque do Buçaquinho (Cortegaça)

Parque do Buçaquinho, Cortegaça
A tranquilidade verdejante do Parque Ambiental do Buçaquinho

Passeando pela extensa área ao ar livre que constitui o Parque Ambiental do Buçaquinho, ninguém diria que aquele espaço, pujante de verde e vida, já foi uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

Há trilhos florestais para percorrer, a pé ou de bicicleta; uma torre de observação para subir e de cujo topo se tem uma vista privilegiada sobre o parque; lagoas de onde ecoa o coaxar dos anfíbios que as habitam; e até um jardim de ervas aromáticas. Um parque especialmente interessante caso viaje com crianças!

Degustar o pão-de-ló de Ovar (na Flôr de Liz)

Pão de ló de Ovar
Pão-de-ló com muito “pito”, na Flôr de Liz

Tal como discutir qual a melhor francesinha do Porto, discutir qual o melhor pão-de-ló de Ovar é tema para conversas acaloradas e quase sempre inconclusivas. Trata-se de um doce de origem conventual, feito com ingredientes simples – gemas de ovo, açúcar, farinha – e tradicionalmente cozido em formas forradas com papel de linho branco.

Dito isto, entre os que eu provei, recomendo sem qualquer hesitação o pão-de-ló da Flôr de Liz, confecionado no ponto exato, com muito “pito” (termo local para definir a humidade do pão-de-ló) – como um bom pão-de-ló vareiro deve ser. Talvez só perca para o pão-de-ló caseiro do meu tio Rui, mas esse é inigualável…

Mas não é tudo. A Flôr de Liz é um dos raros locais onde se pode degustar pão-de-ló de Ovar, sem ter de o comprar por inteiro. De preferência acompanhado de um bom vinho do Porto.

Outros locais recomendáveis são a São Luiz, tida como tendo o pão-de-ló mais antigo da cidade; e a Casinha do Pão de Ló, do outro lado da rua.

Provar as roscas de canela de Ovar

O que comer em Ovar: roscas de canela
Roscas de canela, um sabor da minha infância

Já aqui falei do Museu Etnográfico da Casa do Povo de Válega. Falta-me, porém, exaltar a qualidade das roscas de canela ali produzidas, à moda antiga. É um sabor único, que me remete para a infância, para degustar frescas sem mais nada ou torradas com manteiga. Experimente – não se vai arrepender.

Para encomendar as roscas de canela feitas no Museu Etnográfico, ligue 969610273 (no dia anterior).

Outros locais a visitar em Ovar

  • Museu de Ovar. Caso tenha mais tempo, pode também visitar o Museu de Ovar, que inclui no seu espólio pinturas, esculturas, cerâmicas, trajes tradicionais e até bonecas de todo o mundo. Não achei especialmente entusiasmante, talvez por falta de um fio condutor nas exposições; mas passe por lá e faça o seu julgamento.

Para outras ideias nas proximidades, veja também o que visitar em Aveiro e os passadiços de Aveiro.

Mapa com o que visitar em Ovar

Dicas para visitar Ovar

Onde ficar em Ovar

O Furadouro Boutique Hotel Beach & SPA é, muito provavelmente, o hotel mais popular de Ovar. Fica na praia do Furadouro, a dois passos do areal. Na mesma região, mas para um público mais descontraído, os estúdios do Furadouro Surf Camp, as instalações do Furadouro Terrace Hostel e a hospitalidade do Nine Senses são unanimemente elogiados. Ainda no Furadouro, embora mais afastado da praia, o Transats & Spa du Furadouro oferece instalações de grande qualidade, sendo uma sólida opção a considerar.

Caso prefira ficar no coração da cidade de Ovar, o AquaHotel, de três estrelas, é o hotel urbano mais consensual. Por fim, para uma alternativa diferente, no meio da natureza e com foco no birdwatching, atente na casa Be & See in Nature. Fica na Ria de Aveiro.

Para outras opções de hospedagem – incluindo apartamentos para férias em família -, pesquise usando o link abaixo.

Pesquisar hotéis em Ovar

Restaurantes em Ovar

Das divinas tapas contemporâneas do restaurante Toca (Ovar) às lulas grelhadas de O Tasco (Furadouro), passando pelos percebes e pelo peixe fresco do Luciano (Esmoriz) ou pela cozinha aconchegante da Gabi A Minha Casa (Ovar), há muito por onde aconchegar o estômago no município de Ovar. Pode experimentar à confiança.

Outro restaurante de Ovar que valerá a pena conhecer é o Oxalá. Não fiz lá qualquer refeição (é bastante caro), mas fica a referência para quem quiser experimentar.

De resto, caso viaje com um grupo de pelo menos 15 pessoas, recomendo vivamente que contacte o Museu Etnográfico de Válega e marque uma refeição (969610273). Não se vai arrepender.

Por fim, deixo aqui um pequeno segredo para os palatos mais gulosos. Desde há já vários anos que o pasteleiro que, em tempos, preparava os famosos eclairs da Padaria Progresso, abriu uma pequena pastelaria, com fabrico próprio, no lugar de Ribeira. É lá, na discreta e simples Confeitaria Resende, que pode provar os pastéis feitos pelas mesmas mãos de antigamente. Passe por lá. É deles também “a melhor bola [de Berlim] deste verão”, que pode encontrar à venda nas praias do Furadouro e – com sorte! – do Torrão do Lameiro.

Seguro de viagem

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Outros destinos a visitar em Portugal

Se está a pensar visitar Ovar, talvez tenha interesse em saber um pouco mais sobre o que ver e fazer noutras aldeias, cidades e ilhas portuguesas.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.